COSTUMES BÍBLICOS: Jacó


Jacó

Jacó era filho de Isaque e Rebeca, neto de Abraão. Mas, se Abraão era o fiel servo de Deus, sempre disposto a obedecer, independentemente do preço a ser pago, Jacó não era farinha do mesmo saco.
A história do nascimento já sinaliza o que ele viria a ser. Rebeca teve gêmeos, e ele foi o segundo a nascer. Os dois devem ter "lutado" muito durante a gestação, e Jacó saiu da barriga da mãe segurando o calcanhar do primogênito Esaú.
O homem do contra 
Esperto e sempre disposto a levar vantagem pessoal, Jacó parece ser, desde o início, o típico homem do contra. Num primeiro momento, conseguiu fazer com que o faminto e exausto Esaú abrisse mão do direito de primogenitura em troca de um prato de comida.
Se Esaú era caçador e homem de ação, Jacó era calmo e introspectivo, preferindo o ambiente caseiro do acampamento familiar. Isaque tinha predileção por Esaú, o primogênito, mas Jacó era o favorito de sua mãe, a hábil e manipuladora Rebeca. Foi a prontidão e vigilância de Rebeca que permitiu a Jacó sair em vantagem.
Jacó ficou rico, cuidando bem dos rebanhos de seu sogro.
Idoso e cego, vendo que a vida lhe chegava ao fim, Isaque pediu a Esaú que lhe preparasse sua comida predileta, como prelúdio para a benção que daria ao filho o direito à herança da família. Rebeca escutou o que Isaque disse a Esaú e elaborou o plano de cobrir as mãos e o pescoço de Jacó com pele de cabrito, para que ele se parecesse com Esaú e também para vencer a resistência de Jacó, que temia ser amaldiçoado pelo pai. Aquele era o momento crucial. Uma vez proferida, a benção não poderia ser revogada, pouco importando os protestos de Esaú. Assim, Jacó passou a fazer parte da linhagem de Abraão e Isaque, a linhagem que recebeu a promessa de vir a ser uma grande nação (sendo que tudo isso já estava implícito nas palavras que Deus havia dito a Rebeca em Gn 25.23).
Novas áreas a explorar 
Jacó, muito perspicaz, concluiu que era uma boa idéia ficar tão longe quanto possível de seu irmão furioso, e, assim, mudou-se para a casa de um tio, o irmão de Rebeca, que vivia em Harã. Labão era bem diferente do sereno Isaque e do infeliz Esaú; nele Jacó encontrou alguém à sua altura. Apaixonado pela filha mais moça de Labão, Jacó teve de trabalhar sete anos para poder casar com ela. Mas, na hora H, o astuto Labão entregou Lia, a filha mais velha, para só então oferecer a Jacó a filha mais moça, que se chamava Raquel.
Ao todo, Jacó trabalhou 14 anos para o tio Labão. Mas aqueles não foram perdidos. Jacó acumulou riquezas e conhecimento, igualando-se ao próprio Labão. A história das ovelhas e das cabras (Gn 30.25-43) dá a entender que Jacó entendia o processo de procriação de animais de uma maneira que escapava a seu tio. E Jacó se valeu desse conhecimento para tirar uma grande vantagem. Nessa mesma época a família de Jacó aumentou. AS constantes desavenças entre Raquel e lia, juntamente com a preferência de Jacó por Raquel, prepararam o terreno para uma disputa familiar que, mais tarde, acabaria trazendo problemas para José.
Não obstante, o fato de ter tantos filhos, aliado a seu sucesso como pastor de ovelhas, fez de Jacó alguém que merecia respeito. Não é de surpreender, portanto, que Labão passe a tratar o sobrinho e ex-dependente com frieza. E Jacó, aproveitando a ausência temporária de Labão, tratou de fugir, de volta à terra de Canaã. Labão estava furioso. Mas o fato de, no final, fazerem um acordo no sentido de cada um respeitar o território do outro mostra claramente o novo status que Jacó havia alcançado: ele era, agora, um homem independente, com razoável quantia de bens.
A virada 
É nesse momento que começa a aparecer o outro lado de Jacó, a saber, o seu relacionamento com Deus. Anteriormente, quando fugia do irado Esaú, Jacó havia tido um sonho fantástico em que aparecia uma escada cujo topo atingia o céu (Gn 28.10-22). (mais tarde Jesus faria referência a essa visão, Jo 1.51. "E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.").
Ele marcou o lugar e lhe deu um nome, pois aquele era um ponto de encontro entre Deus e a humanidade. Mas, por mais que um senso de destino tenha influenciado seu modo de agir em Harã, parece que as implicações morais daquela visão tiveram pouco efeito sobre ele. Agora, em sua viagem de volta à terra natal, onde possivelmente teria de encarar a fúria de seu irmão, Jacó teve seu caminho literalmente barrado pelo mistério de Deus.
Jacó havia feito o possível para tentar impressionar Esaú com as riquezas que havia acumulado e, se necessário negociar um acordo de paz. Na noite que antecedia o encontro, ao transpor o vau do Jaboque, Jacó se deparou com um estranho. Aquela luta, que durou a noite toda, deu início a uma nova etapa na vida de Jacó. Aquele era, com certeza, o velho e astuto Jacó, que, vendo-se em desvantagem diante de um opositor tão poderoso, pediu-lhe, antes de tudo, não o nome, como de se esperar, mas a sua bênção. Só então ele deixaria ir.
Mas quando o misterioso estranho o havia abençoado (sem revelar seu nome), Jacó percebeu que mancava, ao afastar-se do ribeiro na hora do amanhecer. Ele saía ferido daquele encontro. Vemo-lo enfraquecido, com uma fraqueza nunca antes vista. Ao mesmo tempo, porém, Jacó era maior do que havia sido até então, pois agora ele tinha um novo nome, Israel, porque ele havia "lutado com Deus e com os homens" e saído com a vitória. Dessa vez Jacó ficou admirado: "Eu vi Deus face a face, e ainda estou vivo".
Em nenhum momento da luta de Jacó com o anjo do Senhor, ele (Jacó) detalhou o que queria, apenas que o Senhor o abençoasse. Deus conhecia o coração de Jacó e sabia que o que pesava a ele, era o seu nome que conotava trapaceiro ou enganador.
Na maior luta que possamos estar enfrentando, Deus sabe o que de fato vai nos abençoar e nos fazer feliz.
De volta ao lar 
O encontro com Esaú foi tranquilo. Também este havia prosperado. Os dois se abraçaram, mais por respeito do que que por afeição, e acabariam por se separar, partindo em direções opostas. Jacó comprou terras em Siquém, onde construiu um altar para El, o Deus de Israel. Depois, ele se mudou para Betel, onde havia tido aquele primeiro sonho, nem sempre devidamente lembrado. E ali a sua condição de patriarca foi definitivamente estabelecida através de nova manifestação de Deus. As promessas feitas anteriormente a Abraão e Isaque que foram, agora, confirmadas para ele também.
Nesse ponto a história de Jacó se dissolve, por assim dizer, na história de seus filhos, acima de tudo na história de José, seu filho predileto, nascido da amada Raquel, e que teria todo aquele sucesso no Egito. Mas Deus lhe apareceu mais uma vez, quando estava de mudança para o Egito (Gn 46.3-4), assegurando=lhe que a promessa continuava de pé, para ele e as gerações subsequentes.
Deus agindo 
Esta é, talvez, o motivo condutor de toda essa narrativa: Deus realiza os seus propósitos, não apenas por meio da extraordinária fidelidade de Abraão, mas também através de coisas mais suspeitas como o interesse próprio e a ambição pessoal. Jacó tem o seu lado bom. Ele amava Raquel com amor sincero, e sua tristeza diante da suposta morte de José foi profunda. Mas ao longo de sua vida ele procurou levar vantagem em tudo, disposto, inclusive, a pisar os outros para alcançar seus objetivos. No entanto, e isto está implícito na história, Deus nos toma assim como somos. Até mesmo um ardiloso trapaceiro como Jacó tem seu lugar no estabelecimento da vontade de Deus e pode, no final, ser transformado por um encontro com o mistério de Deus.
A história de Jacó se inicia em Gn 25, e ele é o personagem principal da narrativa até o final do cap. 35. Gn 50 registra sua morte. 
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Filipenses 1:9-11

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