COSTUMES BÍBLICOS: agosto 2019


A DOUTRINA DO NOVO NASCIMENTO

NICODEMOS E JESUS
Uma das passagens mais conhecidas nos Evangelhos é o diálogo entre Jesus e Nicodemos, em João 3: 1-21. Vários textos encontrados no Talmud mencionam um “Nakdimon ben Gurion”. Há uma boa chance de estarmos falando sobre uma e a mesma pessoa. Os seguintes pontos emergem à medida que folheamos a literatura extra-bíblica judaica:
Nakdimon ben Gurion foi responsável por não apenas proferir uma oração que causou a queda da chuva, mas também proferiu uma oração subsequente que fez o sol brilhar. “Somente pelo sol de cada um dos três homens o sol brilhou, e eles são Moisés, Josué e Naquidon ben Gurion.” (Tratado Ta'anith , III.19b; Gittin , 56a; Avodah Zarah , 25a.)
Nakdimon ben Gurion era um homem de grande riqueza, listado entre três ricos habitantes de Jerusalém que doaram seus recursos para abastecer Jerusalém por três anos durante o cerco das tropas de Vespasiano durante a Guerra Judaica. (Tratado Gittin, 56a.)
Um Nakdimon ben Gurion também é mencionado em Ketuboth 65-67, como um homem de grande riqueza que, ao arranjar o casamento de sua filha, alcançou um milhão de denários de ouro, mas mais tarde foi empobrecido pela queda de Jerusalém ou por seu próprio orgulho em dar esmola.
Na Guerra Judaica , 2.451, Josefo confirma a grande riqueza de Nakdimon ben Gurion.
Com exceção de Josefo, os textos que mencionam Nakdimon ben Gurion são todos muito posteriores ao Evangelho de João, embora eles possam de fato preservar as tradições anteriores. Todas essas evidências juntas indicam que, se Nicodemos de João é o Nakdimon ben Gurion (o qual ele provavelmente é) mencionado em Josefo e na literatura talmúdica, muito do comportamento de Nicodemos no Evangelho pode ser melhor entendido agora que sabemos um pouco mais sobre ele.(Fonte: Israel Biblical - Por Dr. Eli Lizorkin-Eyzenberg)
O tema central da conversa de Jesus e Nicodemos será a necessidade de um novo nascimento, de uma regeneração espiritual que faz a pessoa se tornar membro do reino de Deus. Desta grande doutrina, Jesus passará a outros pontos fundamentais da fé cristã e, levantando o véu que cobria o futuro, mostrará o Messias debaixo da figura de uma vítima que generosamente se sacrifica pela salvação do mundo.
Toda a cena é admirável por sua simplicidade, por sua dignidade e por sua aprazível serenidade. Conforme seu costume, Jesus se esforçará, mesmo com escasso resultado no princípio, em elevar o espírito do seu interlocutor às regiões superiores. De quanta honra Jesus o cobriu, revelando-lhe maravilhas tão admiráveis e abrindo-lhe tão grandiosos horizontes!
Tornemos a imaginar os dois interlocutores sentados um perto do outro em um modesto divã, em um aposento mobiliado de maneira simples, ao modo oriental, e iluminado apenas por uma pequena lâmpada de barro, colocada sobre um candelabro.
Após a saudação de costume, Nicodemos diz respeitosamente a Jesus: Rabi, bem sabemos que és Mestre vindo de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele (Jo 3.2). Estas palavras muito significativas revelam que outros israelitas das classes superiores tinham experimentado, como Nicodemos, a influência dos milagres e da pregação de Jesus; daí o verbo no plural: sabemos. Com isto, Nicodemos reconheceu também o direito que Jesus tinha de ensinar as Escrituras, mesmo que não tivesse recebido nenhum título oficial para isso, pois o próprio Deus o autorizara diretamente, concedendo-lhe poder para realizar milagres entre o povo.
O Salvador respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus (Jo 3.3). Os comentaristas têm observado que esta resposta está além de uma linguagem externa para Nicodemos; refere-se ao pensamento íntimo de Jesus.
Rabino lendo a Torá, tendo na
testa um filactério. Nicodemos
se vestia como ele.
O que é necessário fazer, pergunta Nicodemos, que atitude devem ser praticadas para se gozar dos bens do reino que o Messias ia fundar em breve? Antes de todas as coisas, Jesus lhe diz que é preciso regenerar-se espiritualmente e, pela intervenção divina, ser transformado intimamente em todo o seu ser moral.
Nicodemos, que não compreende o que Jesus diz, pede-lhe uma explicação: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer? (Jo 3.4). Logo, percebe-se que Nicodemos ainda permanecia no terreno puramente natural, enquanto Jesus queria levantá-lo às altas regiões do espiritual. Contudo, por diversas passagens do Antigo Testamento, Nicodemos poderia lembrar que existe uma renovação espiritual da alma e do coração (Sl 51.9-12; 86.4,5; Ez 11.19,20; 36.26-28).
Os próprios amigos de Nicodemos, os rabinos, não chamavam seus alunos de meninos recém-nascidos? Mas os preconceitos farisaicos dele o cegavam. E, talvez, Nicodemos também estivesse fingindo não entender para saber a verdade que Jesus queria comunicar. Então, o Mestre respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus (Jo 3.5).
Eis outra regra do método pedagógico de Jesus. Diante de uma explicação que Nicodemos lhe pede, Jesus responde repetindo quase as mesmas palavras, porém realçando-as e dando-lhes outro ângulo para torná-las ainda mais claras. O renascimento que se exige como condição para se entrar no reino de Deus consiste, pois, no batismo, que se compõe de dois elementos: um material, a água, e o outro, espiritual e divino, o Espírito Santo. Agora vejamos: o batismo é precisamente aquilo que o precursor havia anunciado como  instituição reservada ao Messias, em oposição a seu simples batismo de água, incapaz de apagar pecados.
Com uma comparação fundamental na lei das semelhanças, Jesus explica a necessidade da regeneração por meio do batismo cristão: O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito (Jo 3.6).
A carne significa a natureza humana, com seus instintos corrompidos; o espírito, a natureza espiritual, com suas inclinações celestiais e aspirações superiores. Mas, conforme disse vigorosamente Paulo (1Co 15.50), a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus (1Co 15.50). É necessário que o Espírito Santo os transforme e espiritualize. Esta transformação é o resultado da atuação do Espírito Santo dentro da pessoa.
Indo ainda mais longe, Jesus recorre a uma expressiva imagem para declarar a possibilidade, a realidade e a natureza imaterial do renascimento cristão: O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito (Jo 3.8). O vento é, com efeito, um dos elementos mais sutis do nosso mundo atual. E, ainda hoje, com todos os progressos da meteorologia, ele  encerra vários mistérios. Sua presença é notada por um zumbido e por seus efeitos. A nova vida que o batismo com o Espírito Santo nos proporciona é também misteriosa e, na maioria dos casos, só podemos ver suas evidências pelos seus resultados.
Nicodemos, porém, não compreendia ainda este mistério e confessa ingenuamente: Como pode ser isto? (Jo 3.9). Jesus respondeu-lhe, não sem certa ironia: Tu és mestre em Israel e não sabe isso? (Jo 3.10). Como doutor da lei e encarregado de instruir as pessoas, Nicodemos deveria conhecer, ainda que somente em seu conjunto, estas doutrinas que, conforme já dissemos, podem ser lidas em vários textos do Antigo Testamento.
Contudo, será que Nicodemos, tal como os outros, teria uma venda sobre os olhos quando lia as Escrituras (2Co 3.13)? Por sorte, ele havia se deparado com o verdadeiro Mestre de Israel, que, com delicada bondade, faria inesquecíveis revelações sobre a natureza superior, sobre a missão que tinha de cumprir aqui na terra e sobre o resultado de sua vinda ao mundo.
Neste ponto, o diálogo se transformou em um eloquente monólogo, e o doutor da lei manteve silêncio, contentando-se apenas em escutar o Mestre divino com respeitosa atenção. O pensamento de Jesus tomou um novo vôo, elevando-se às mais altas regiões. Citaremos, na íntegra, esta admirável página, na qual tudo se enlaça estritamente como os elos de uma corrente:
Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho.
Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?
Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu.
E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado;
Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.
Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.
Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus. (Jo 3:11-21)

AS IDEIAS GERAIS DO ENSINO DE JESUS A NICODEMOS

Indicaremos, em poucas palavras, a ordem geral das ideias que esses versículos nos trazem e insistiremos em alguns pontos particulares.
Três ideias principais se desenvolvem sucessivamente.
  1. Não obstante Jesus trazer ao mundo uma doutrina nova, superior àquela que até então se conhecia, esta merece ser crida por sua palavra, porque ele veio do céu e morreria um dia na cruz pela redenção da raça humana. Por desventura, nem todos os homens se salvarão, porque nem todos aceitarão crer no Filho de Deus nem fazer as obras que ele manda que sejam feitas. Mas aqueles que se perdem, serão, eles próprios, culpados de sua condenação.
  2. O segundo ponto que devemos observar nessa exposição de Jesus é a sua beleza imensamente comovedora. Vemos, por antecipação, a cruz de Jesus levantada como sinal infalível da salvação. O fato histórico e impalpável símbolo da morte do Salvador no Calvário ocorreu no deserto de Faram, durante o quadragésimo e último ano das peregrinações do povo hebreu. Como os israelitas estavam cansados de tanto peregrinar, lançaram ao céu uma daquelas queixas blasfemas, e Deus os castigou enviando uma multidão de serpentes abrasadoras, cujas picadas semeavam, em todas as partes do acampamento, a morte. Imediatamente, tiveram de arrepender-se e implorar a divina misericórdia, que não lhes fora recusada. Mas o Senhor determinou vincular a cura a um sinal exterior. Sua ordem foi: E disse o Senhor a Moisés: Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela.
    E Moisés fez uma serpente de metal, e pô-la sobre uma haste; e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia.(Nm 21:8,9).
  3. A serpente de bronze era, pois, símbolo da salvação, com vantagem de exigir e despertar a fé, virtude tão amada por Deus. Um olhar de fé e de contrição dirigido ao divino Cordeiro crucificado produziria resultados ainda mais admiráveis. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo 3:16). Esta é a finalidade generosa e dupla da morte do Salvador, cuja razão última, soberanamente inefável, não é outra senão o amor infinito de Deus que, para salvar a linhagem humana, caída e gravemente culpada (Jo 1.10; 6.33,51; 7.7; 12.31; 17.14,25), não vacilou em sacrificar o seu Filho unigênito, fazendo-o morrer em uma cruz. Sem medo de exagero, podemos dizer que esta passagem é uma das mais belas e consoladoras de toda a Bíblia. A palavra de Jesus, sem perder sua sensibilidade habitual, adquire aqui uma majestade incomparável. E tanto maior é a doçura dessas palavras quanto mais terríveis são as que se seguem. Apesar do valor infinito do sacrifício expiatório oferecido a Deus pelo Messias, nem todos os homens se salvarão. Mas o Cristo - e este pensamento é de uma delicadeza insuperável - não quer exercer outra função senão a de Salvador. A função de juiz que condena não se harmoniza nem com seu amor nem com o amor de seu Pai. Se muitos pecadores forem condenados para sempre, terão de culpar-se unicamente a si mesmos, e também às suas próprias obras e à sua consciência.
Qual foi a conclusão prática da conversa de Jesus com Nicodemos? O evangelista não diz expressamente; porém, não é arriscado supor que a alma sincera e leal de Nicodemos tenha ficado vivamente impressionada a recebido favoravelmente a boa semente que, pouco a pouco, haveria de germinar, crescer e frutificar, até transformá-lo em um discípulo do Salvador e em um amigo.
Nicodemos é, pois, aquele que um dia defendeu Jesus perante o Sinédrio, que havia dado ordem de prendê-lo sem prévio julgamento. Porventura, condena a nossa lei um homem sem primeiro o ouvir e ter conhecido o que ele faz? (Jo 7.51). E, assim mesmo, sem medo algum, ele se ocuparia, com José de Arimateia, da sepultura de Jesus e renderia ao sagrado corpo do Mestre as últimas honras, com uma piedosa prodigalidade, reveladora do profundo amor que tinha para com Cristo (Jo 19.39-41).

JESUS PERDIDO E ACHADO NO TEMPLO

JESUS PERDIDO E ACHADO NO TEMPLO
Devemos lembra-nos que, de todos os evangelistas, Lucas é o que melhor nos permite conhecer a natureza humana do Verbo encarnado. Esse evangelista é o que nos ensina acerca do crescimento de Jesus, pois isto faz parte de seu plano narrativo. Assim, antes de falar sobre os progressos intelectuais e morais do Filho de Deus, Lucas relata as diferentes fases do seu desenvolvimento físico, mostrando-o ainda no ventre materno (Lc 1.42), em seguida como bebê (Lc 2.17,27,40), e depois como um menino de 12 anos (Lc 2.43).
A primeira dessas referências a que antes aludimos é muito significativa: E o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele (Lc 2.40). Este versículo nos mostra três fatos distintos: Em primeiro lugar, Jesus crescia e desenvolvia-se. O corpo dele crescia regularmente, semelhante, como nos diz Isaías (Is 53.2), a um renovo, cujo caule se alargava e crescia pouco a pouco. Jesus também se fortalecia; um vigor sadio corria em suas veias, enquanto a "seiva" se espalhava pelos ramos da planta robusta. O detalhe seguinte diz muito: ele era cheio de sabedoria, e isto aponta para o Espírito.
À medida que Jesus se desenvolvia fisicamente, sua sabedoria também aumentava, conforme depois estudaremos. A palavra sabedoria deve ser levada em consideração em sua concepção hebraica: como sinônimo de inteligência. Por fim, e a graça de Deus estava sobre Ele. Este terceiro dado se  refere à alma do menino, na qual a graça, a misericórdia e o favor do céu se uniram, para protegê-lo e dirigi-lo.
Esta simples observação do evangelista é tão profunda que nunca conseguiremos alcançar o seu sentido total. Mas isso é suficiente para saber o que o Espírito Santo quis nos revelar acerca da infância de Jesus, desde o regresso deste do Egito até atingir a idade de 12 anos. Pouca coisa aparentemente. Mas que riqueza de ideias em tão poucas palavras! Elas nos traçam o delicado perfil do Salvador em seus primeiros anos.
Ele foi a criança ideal. Todas as características convenientes à sua idade brilhavam nele e manifestavam-se em suas palavras e em sua conduta. Admiremos a disposição humilde do Filho de Deus, que voluntariamente se tornou homem submetendo seu crescimento físico, intelectual e emocional a todas as condições normais do desenvolvimento humano. Jesus, pois, cresceu e desenvolveu-se segundo as condições normais da vida. Seu crescimento ocorreu sem entorpecimentos, sem enfermidades, sem problemas.
É grato imaginá-lo na sua idade primeira como um gracioso menino! A seguir, diremos algo sobre a discussão que nos tempos antigos surgiu acerca da beleza ou da feiura física do nosso Senhor Jesus Cristo; contudo, quaisquer que tenha sido s seus traços físicos [ha indícios seguros, que tenha sido maravilhosamente belo, segundo escritos de historiadores judeus dos tempos dEle. Leia sobre, AQUI], não podemos deixar de admirar a nobreza de sua alma que, desde sua infância, manifestou-se em seu semblante.
Paralelamente ao seu crescimento físico, ocorria o seu crescimento intelectual e moral; mas isto não era nada deslumbrante, de extraordinário, de milagroso. Ano após ano, Jesus ia revelando suas qualidades de espírito e de coração que convinha à sua idade e situação, mas sem ultrapassar as leis do desenvolvimento comum.
A expressão empregada neste lugar por Lucas, a qual mais adiante estudaremos, nada mais diz e nada mais expressa do que um crescimento natural e regular, ainda que para nós seja admirável seu crescimento sendo ele Filho de Deus.
Não nos esqueçamos, porém, de que, se o Verbo Encarnado extremou sua condescendência até revestir-se das fraquezas e imperfeições da infância, deveríamos muito mais ter cuidado de atribuir-lhe os defeitos morais dessa natureza. Paulo escreveu: Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino (1Co 13.11). Mas é difícil imaginar essa realidade em Jesus, cujos pensamentos, sentimentos e linguagem só nos parecem infantis externamente.
Assim, pois, durante seus primeiros anos, Jesus não foi aquele menino prodígio que os evangelhos apócrifos descrevem. Isto teria sido contrário ao plano divino; plano segundo o qual Jesus deveria permanecer humilde, oculto e desconhecido dos homens até sua aparição ministerial na história.
Além disso, imaginar Jesus realizando contínuos milagres durante o tempo de sua infância  está em contradição evidente com a história evangélica, que nos mostra que em Caná ele realizou seu primeiro milagre no princípio de sua vida pública (Jo 2.11) e que seus compatriotas de Nazaré ficaram extremamente surpresos quando o viram falar como profeta e executar ações maravilhosas (Mc 1.27; 2.12; 6.2-6).
Um só fato notável, referido por Lucas com expressiva simplicidade, ocorreu durante um longo período da vida de Jesus em Nazaré, e tal fato nos permite vislumbrar os progressos que dias após dia se efetuavam no intelecto e na alma do divino menino: cena delicadíssima que, como um claro raio luminoso, desfaz por alguns instantes a obscuridade em que a adolescência de Jesus estava mergulhada (Lc 2.41-51).
Jerusalém do Monte das Oliveiras,
mostrando as multidões na
 cidade na época da Páscoa (1911)

PEREGRINAÇÃO A JERUSALÉM

Já mencionamos as três peregrinações que a cada ano os judeus deviam fazer até Jerusalém e ao Templo por ocasião das solenes festas da Páscoa, do Pentecostes e dos Tabernáculos (Êx 23.14-17; 34.22,23; Dt 16.16). A vida do povo teocrático se concentrava naquela época em um movimento intenso em torno do santuário único, que era considerado o palácio do Deus e Rei de Israel. Ao longo dos tempos, se havia tornado menos rígido o preceito não só para aqueles membros da nação que em grande número viviam no estrangeiro, como também para os que residiam nos distritos palestinos mais distantes. Cada judeu costumava contentar-se com uma só peregrinação, e a da Páscoa, cuja solenidade lembrava as graças e as glórias de natureza superior, exercia especial atrativo sobre todos eles.
Milhares e milhares de fiéis vinham de todas as partes a Jerusalém. Só os homens eram obrigados a esses preceitos, e nenhuma menção se fazia das mulheres; mas estas, no espírito de piedade, faziam prazerosamente essas peregrinações, como, em outro tempo, Ana, mãe de Samuel (1Sm 1.7), como Maria, mãe de Jesus, e como as santas mulheres da Galileia, mencionadas em diversas passagens do evangelho  (Mt 27.55; Mc 15.47).
Disse Lucas: Ora, todos os anos, iam seus pais [de Jesus] a Jerusalém, à Festa da Páscoa. E, tendo ele já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa. Será que isto queria dizer que Jesus nunca havia participado de anteriores peregrinações com José e Maria e que os acompanhava pela primeira vez? Não. Isto está de acordo com o que pensa a maioria dos comentaristas acerca deste ponto; além disso, é difícil admitir que os pais de Jesus tivessem ido outras vezes a Jerusalém e deixado o menino em Nazaré, aos cuidados de outras pessoas.
O Talmude fala de crianças de 3 anos cujos pais as levavam ao Templo sobre seus ombros, e de crianças de 5 anos, a quem os pais davam a mão para ajudá-las a subir os degraus do santuário. Se o evangelista declarou a idade de Jesus, não foi somente para fixar a data exata do episódio, mas principalmente pela importância que essa idade tinha entre os judeus.
No princípio dos 13 anos era quando todo jovem israelita começava a ser, segundo as regras estabelecidas pelos rabinos, bar-mitsevah, filho do preceito, ou ben-hattorah, filho da lei, ou seja, sujeito a todas as prescrições da lei mosaica, mesmo as mais pesadas, como o jejum e as peregrinações ao Templo. E assim foi, pois um oriental, aos 12 anos, deixa de ser criança para tornar-se um adolescente e um jovem forte a quem a fadiga não amedronta.
O evangelista Lucas omite os pormenores da viagem para a festa, mas nos permite completar sua narração. As solenidades pascais eram celebradas em meados do mês de Nisã, pelo qual começavam o ano religioso dos hebreus (começava com a lua nova do nosso mês de março e terminava com a lua nova de abril); e como a distância de Nazaré a Jerusalém era percorrida em pelo menos três dias de viagem, era necessário começar a viagem por volta do dia dez.
Raramente, os peregrinos faziam essa viagem isoladamente. Os habitantes de cada localidade, quando não de várias aldeias, uniam-se para formar uma caravana que caminhava piedosa e alegremente, orando e cantando Salmos, especialmente os chamados cânticos dos degraus ou subidas. Eram os Salmos 120 a 134 que, por seu tom animado e por seu caráter mais nacional, eram ideais para essas ocasiões.
Já citamos integralmente o Salmo 122, que vivamente expressa os sentimentos de um peregrino israelita ao dirigir-se à cidade, cujas maravilhas de todo tipo ele pondera com orgulho. Por sua descrição, podemos imaginar o coração daquelas multidões judaicas que em tais ocasiões se deslocavam por todos os caminhos.
Um mês antes da festa, os judeus tinham o cuidado de colocar as estradas em bom estado e de fazer reparos nas pontes. Nos arredores de Jerusalém, renovavam a pintura dos sepulcros (ou também os cercavam) para torná-los mais visíveis e evitar que os peregrinos, tocando-os distraidamente, ficassem legalmente impuros.

A MULTIDÃO QUE ACORRIA À CIDADE SANTA NO PERÍODO DAS FESTAS

Na Cidade Santa, eram preparadas as estalagens e hospedarias e acumulavam-se provisões para receber dignamente os irmãos que vinham de distantes pontos da Palestina e do Império Romano. Mas onde hospedar tantos peregrinos, cujo número alcançava, às vezes, vários milhões na Festa da Páscoa?
O próprio historiador Flávio Josefo chega a mencionar que houve uma época em que três milhões de peregrinos foram a Jerusalém para a Festa da Páscoa. Em outra passagem, ele diz que o número de cordeiros imolados para o salão de banquetes do dia 14 de Nisã foi de 256 mil, e como normalmente se contavam dez peregrinos para cada cordeiro pascal, teríamos a soma de dois milhões e quinhentos e sessenta e cinco mil peregrinos em Jerusalém.
Contudo, com relação a esse detalhe da hospedagem, temos de lembrar, em primeiro lugar, que as casas da cidade abriam hospitaleiramente as portas para os peregrinos e que as aldeias mais próximas também se preparavam para recebê-los; além disso, mesmo que algumas se tornassem incapazes de abrigar uma multidão tão grande, muitas tendas eram armadas nos descampados ao redor da cidade. Portanto, para ninguém faltava abrigo provisório.
A festa era inaugurada no dia quatorze de Nisã, ao cair da tarde, com um solene banquete em que se comia o cordeiro pascal. O dia quinze era especialmente o grande dia da Páscoa; celebrava-se como um Sábado de rito superior (Êx 12.16; Lv 23.7), e eram oferecidos a Deus sacrifícios de natureza especial. No dia dezesseis, ocorria uma regozijada cerimônia, chamada de Omer, que atraía grande número de espectadores. Consistia na consagração ao Senhor das primícias das colheitas (Lv 23.10).
Na tarde do dia quinze, quando o Sol se punha, três homens, escalados antecipadamente, saíam com a sua foice e a sua cesta e iam cortar, em campo previamente indicado, normalmente no vale de Cedrom, um feixe de cevada que, em seguida, levavam ao Templo. No dia seguinte pela manhã, as espigas eram debulhadas; os grãos, depois de ligeiramente tostados, eram moídos com grandíssimo esmero e, com uma parte da farinha misturada com azeite, era feita uma massa, da qual se queimava um punhado no altar dos holocaustos.
Os cinco dias entre o dia dezessete e o vinte e um de Nisã eram considerados festivos. No dia vinte e dois, o último, era observado um descanso como no dia quinze, mas celebrado com menor solenidade. Os peregrinos não eram obrigados a permanecer em Jerusalém durante o oitavo dia; podiam ir embora a partir da manhã do dia dezessete, e muitos usavam desta permissão.
Tomada ao pé da letra a breve nota cronológica de Lucas relativa a José e Maria - E, regressava eles, terminados aqueles dias (Lc 2.43) -, parece que a família de Jesus não pensou na volta senão depois do dia vinte e dois de Nisã, o que, por outra parte, está mais de acordo com seus piedosos costumes. Deve ter sido, pois, na manhã do dia vinte e três quando, ao voltarem para a Galileia com a caravana de que fazia parte, que José e Maria se deram conta de que Jesus havia permanecido em Jerusalém. Este foi um ato deliberado, premeditado, da parte de Jesus, que ele mesmo explicou a razão.
No primeiro momento, nem Maria nem José notaram a ausência do menino, cuja conduta nunca havia sido para seus pais motivo da mais leve inquietude. Logo, ele não tinha necessidade de ser continuamente vigiado; pelo contrário, merecia inteira confiança. Além disso, é preciso ter assistido à partida de uma numerosa caravana oriental para constatar a confusão que costuma reinar em torno disso. Múltiplos grupos se formam e se desfazem; homens, mulheres, crianças e animais de carga se agitam em confusa mistura; ouvem-se gritos ensurdecedores de pessoas que se chamam e se procuram mutuamente; tudo é um ir e vir entre bulício e agitação. Finalmente, começa a partida. Muitos idosos e mulheres montam sobre seus asnos; os homens e os jovens caminham a pé. Cem incidentes retardam ou aceleram a marcha. As crianças, que no princípio estavam ao lado do seu pai ou da sua mãe, unem-se ao grupo de amigos ou vizinhos.

JESUS ENTRE OS DOUTORES

Só mais tarde, quando os viajantes pararam para passar a noite, e os membros de cada família se reuniram em um acampamento comum, é que Maria e José puderam perceber o desaparecimento de Jesus. Depois de o terem procurado em vão de grupo em grupo, entre parentes e conhecidos, decidiram voltar a Jerusalém. Mas não devem ter empreendido aquela triste viagem imediatamente, e sim no dia seguinte, pela manhã; de outro modo, teriam corrido o risco de cruzar, sem vê-lo, com aquele a quem buscavam.
Ao longo da caminho, fizeram ansiosas pesquisas, olhando por todas as partes, informando-se com as pessoas que passavam. As buscas prosseguiram depois na cidade. Horas dolorosas, durante as quais o coração de Maria deve ter sentido profunda dor.
Por fim, no terceiro dia, ao contar a partir daquele que começaram a viajar para voltar a Jerusalém, José e Maria acharam Jesus no Templo; ou seja, em uma das várias construções que rodeavam o santuário e serviam para diversos usos, como, por exemplo, para os cursos acadêmicos dos rabinos. Ali, segundo a expressão de Lucas, o menino estava assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os (Lc 2.46), mas não como mestre, em lugar elevado, segundo uma errônea interpretação tem atribuído e divulgado, e sim ao modo dos discípulos, no chão, conforme o costume oriental (At 22.3), nos espaços que os venerados rabinos deixavam livres, colocados em semicírculos.
Tem-se tentado formar a lista dos doutores mais famosos daquela época, que podem ter sido testemunhas da cena com que tão expressivo termo Lucas se refere. Mas só tem-se chegado a vagas conjeturas, que não têm senão um interesse muito secundário, tão-somente de erudição.
Nesse episódio, Jesus escutava atentamente as graves palavras que os doutores trocavam entre si e com os assistentes, propondo-lhes em seguida questões com acento de graciosa modéstia: o qual não destoava certamente dos costumes de então, a julgar por várias passagens do Talmude, em que se nos apresentam os rabinos discutindo com seus discípulos, perguntando-lhes e incentivando-os a proporem observações e réplicas, aos quais eles respondiam.
Facilmente, podemos imaginar como Jesus se envolveu na discussão. Interrogado talvez por um doutor, [Leia mais sobre esta conversa, AQUI] satisfez a este plenamente com suas respostas. Iniciou-se então um vivo diálogo entre os dois; outros doutores tomaram parte no diálogo, e a sabedoria de Jesus se manifestou cada vez com maior brilho naquele torneio intelectual, cujo objetivo era, sem dúvida, a explicação de passagens difíceis dos livros sagrados.
Depois de ter respondido, chegou a vez se Jesus perguntar, assombrando os assistentes, tanto pela agudeza de suas perguntas como pela habilidade de suas respostas. Nossa piedade gostaria de conhecer o tema geral dessa espécie de argumentação na qual Jesus teve um papel tão brilhante, mas o Espírito Santo não quis satisfazer a nossa curiosidade neste particular, e não devemos cair na indiscrição de levantar hipóteses que não conduziriam a nada.
Neste aspecto, os escritos apócrifos procederam sem escrúpulos. O evangelho apócrifo de Tomé diz que o menino se pôs a dizer aos rabinos o número das esferas e corpos celestes, sua natureza e suas operações; que lhe explicou a física, a metafísica, a hiperfísica, a hipofísica e muitas outras coisas mais. Provavelmente, não foi isso. Mas é bom deixar claro que todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas (Lc 2.47). As testemunhas daquela cena ficaram admiradíssimas diante da inteligência daquele menino e das palavras que ele pronunciava com tanta clareza. O termo original em grego para admiravam significa ficaram fora de si.
Grande também foi a admiração de seus pais quando o viram no meio daquela séria assembléia e desempenhando tal papel, pois conheciam suas reservas e seus silêncios habituais, e o cuidado que Jesus tinha até então de ocultar sua natureza superior. Como nunca ele havia se manifestado daquela maneira, não estavam preparados para o espetáculo que de improviso se ofereceu à sua vista.
Uma doce queixa escapou do coração de Maria; mas não podemos qualificá-la de reprovação, pois Maria se contentou em deixar que os próprios fatos falassem: Filho, por que fizeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu, ansiosos, te procurávamos (Lc 2.48).

JESUS E O OFÍCIO QUE ELE DEVERIA EXERCER

A esta dupla pergunta, Jesus respondeu com outras duas: Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai? (Lc 2.49) Com estas palavras de insondável profundidade, Jesus expôs respeitosamente à sua mãe a razão misteriosa de sua conduta durante os três dias que havia transcorrido. Em outras palavras ele lhes disse: "Vocês não sabiam? Não sabem melhor do que ninguém quem eu sou e que missão como Messias e como Filho de Deus devo exercer?"
Jesus também manifestou estranheza. Surpreendeu-se de que aqueles seres tão unidos a ele pelos laços mais estreitos, o de mãe e de pai adotivo, não o entendessem. Qual era seu dever máximo, superior a todos os outros, no que concernia à sua conduta pessoal? Ele resumiu: Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?
Conforme a interpretação constante de exegetas e teólogos, Jesus atribuiu aqui a Deus o título de Pai no sentido literal e restrito, em sentido único. O fato é inegável, e não se consegue entender por que não teríamos de dar a este título, a partir daqui, o valor que tão normalmente ele tem no decurso da história evangélica. Desde as primeiras palavras que dele conhecemos, Jesus se proclama Filho de Deus, como tantas outras vezes o fará mais tarde (João cita outras várias expressões do Salvador, que têm estrita afinidade com esta em João 8.29; 12.49).
Maria acabava de mencionar o pai adotivo de Jesus: Eis que teu pai e eu, ansiosos, te procurávamos. Mas Jesus se referiu a um Pai infinitamente mais elevado, o único que correspondia à realidade dos fatos, conforme nos tem ensinado Mateus e Lucas no decurso de sua narrativa. Com estas sublimes palavras, Jesus esclareceu o motivo pelo qual ele tinha ficado em Jerusalém: assuntos ligados diretamente a seu Pai.
Maria e José possuíam sobre Jesus direitos muito legítimos, mas muito acima deles estavam os direitos de seu Pai, e estes eram os que traçavam o dever supremo, que às vezes exigiam dele certa independência, mesmo tendo ele respeito para com aqueles que lhe eram mais caros depois de seu Pai celestial.

O ESPANTO DE JOSÉ E DE MARIA

Quando Maria e José ouviram esta resposta, o assombro deles aumentou. O escritor sagrado acrescenta: E eles não compreenderam as palavras que lhes dizia (Lc 2.40). Contudo, diante disso tudo, voltamos a repeti-lo, eles conheciam perfeitamente a origem e a natureza divina de Jesus, como também sua vocação messiânica. Mas não lhes havia sido revelado ainda o plano divino da Redenção em todo o seu conjunto. Os detalhes concretos deste plano, tal como ia realizar-se na vida de Cristo, permaneciam para eles um mistério, até que pouco a pouco a luz brilhou em seu espírito. Consequentemente, vimos que eles não conseguiram atingir toda a extensão, toda a profundidade das palavras que Jesus lhes dirigiu quando o acharam em meio aos doutores. Nova prova de que, em seu desenvolvimento exterior, não havia nada de maravilhoso, de milagrosamente extraordinário.
Jesus nunca havia pronunciado palavras tão significativas. Mas com que piedoso respeito José e Maria recolheram aquelas palavras da boca do filho e que grande alegria sentiram ao acharem-nas dignas daquele de quem se diria mais tarde: Nunca homem algum falou assim como este homem (Jo 7.46)! Pelas palavras de Jesus, podemos vislumbrar a profundidade de sua alma. Nelas podemos ver, conforme se tem reconhecido muitas vezes, o programa íntegro de seu futuro ministério, de sua missão como Messias. Elas têm caráter marcadamente profético.
Sem este quadro delicado, não teríamos podido suspeitar a trajetória que o desenvolvimento do Salvador seguiu nem os atrativos intelectuais e morais com que ele edificava os que viviam ao seu redor.
Lucas terminou esta narração com duas reflexões dignas de nota. A primeira foi: e desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito (Lc 2.51a), que resume, em termos muito bem expressivos, a obediência do Verbo encarnado, durante os dezoito anos que ainda haveriam de transcorrer. Não poderíamos dizer que o evangelista, ao escrever estas palavras, quis deixar bem claro que não havia nelas a mais ligeira atitude de insubordinação no ato que acabava de contar? Sua segunda reflexão nos leva a penetrar de novo na alma de Maria, para nos lembrar que ela guardava no coração todas essas coisas, ou seja, ela meditava continuamente sobre isso.
E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em
graça para com Deus e os homens (Lc 5.52).

BANIDOS DO JARDIM -[גָרֶשׁ - garesh] - NA VISÃO HEBRAICA

“Banido” é גָרֶשׁ (garesh)
Somente depois de desobedecerem ao mandamento de Deus, a dissonância da vergonha e da insegurança começa a caracterizar o primeiro casal. Nós lemos sobre o novo tipo de relacionamento com o Criador que foi caracterizado por desconexão, medo e vergonha .



אַלֹהִים מִתְהַלֵּךְ בַּגָּן לְרוּחַ הַיּוֹם וַיִּתְחַבֵּא הָאָדָם וְאִשְׁתּוֹ מִפְּנֵי יהוה אֱלֹהִים בְּתוֹךְ עֵץ הַגָּן׃
Eles ouviram o som do SENHOR Deus movendo-se no Jardim na hora do dia; e o homem e sua mulher esconderam-se do Senhor Deus entre as árvores do Jardim. (Gn 3: 8)
וַיִּקְרָא יהוה אֱלֹהִים אֶל־הָאָדָם וַיֹּאמֶר לוֹ אַיֶּכָּה׃
O SENHOR Deus chamou ao homem e disse-lhe: "Onde você está?" (Gen 3: 9)
וַיֹּאמֶר אֶת־קֹלְךָ שָׁמַעְתִּי בַּגָּן וָאִירָא כִּי־עֵירֹם אָנֹכִי וָאֵחָבֵא׃
Ele respondeu: “Ouvi o som de Ti no Jardim e tive medo porque estava nu, por isso me escondi” (Gn 3:10).
וַיֹּאמֶר מִי הִגִּיד לְךָ כִּי עֵירֹם אָתָּה הֲמִן־הָעֵץ אֲשֶׁר צִוִּיתִיךָ לְבִלְתִּי אֲכָל־מִמֶּנּוּ אָכָלְתָּ׃
Então Ele perguntou: “Quem te disse que você estava nu? Comeste da árvore de que te proibi de comer? ”(Gn 3:11)
וַיֹּאמֶר הָאָדָם הָאִשָּׁה אֲשֶׁר נָתַתָּה עִמָּדִי הִוא נָתְנָה־לִּי מִן־הָעֵץ וָאֹכֵל׃


O homem disse: “A mulher que puseste ao meu lado deu- me do madeiro e eu comi” (Gn 3:12).
Parte do raciocínio aqui é dar-lhe uma maneira simples de entender o básico de como as palavras funcionam em uma frase hebraica . Essas idéias são destinadas a provocar em você um compromisso e desejo de estudo mais sério. Então, nesta seção, vou mostrar como o hebraico anexa sufixos e prefixos para expandir o significado de uma palavra em uma frase. Por exemplo, no versículo 6, vemos que Eva, depois de violar o mandamento de Deus, deu o fruto proibido ao marido para comer. A frase “também para o marido” גַּם־לְאִישָׁהּ (gam le-ishah) tem a letra הּ (ei) depois da palavra אִישׁ (ish) - “marido” tornando-se “o marido dela”. A palavra também começa com a preposição לְ (le) - “for”. Então, vemos que apenas uma palavra em hebraico לְאִישָׁהּ(le-ishah) traduz-se em não menos que quatro palavras inglesas "para marido dela". Na verdade, essa é uma ocorrência normal na família de antigas línguas semíticas, como árabe, aramaico e hebraico.
Quando Deus entra no Jardim para passar o tempo com sua criação final, Ele encontra algo “inesperado”. (Porque a história bíblica é contada em termos totalmente antropomórficos, devemos continuar lendo e falando sobre isso nos mesmos termos). De repente, Adão e Eva se sentem desconfortáveis ​​na presença de Deus. É muito interessante observar como o autor descreve esse encontro. Dando tradução literal para o início da sentença וַיִּשְׁמְעוּ אֶת־קוֹל יהוה אֱלֹהִים מִתְהַלֵּךְ בַּגָּן ele traz para fora esta frase fascinante: " e eles ouviram a voz do Senhor Deus andando ao redor do Jardim”(Vs. 8). É comum falar de ouvir pessoas andando por aí ou ouvir a voz de alguém, mas falar da voz andando é muito incomum. Como eles poderiam ouvir “a voz andando”? Sem abordar os jogos de Adão (a culpada foi a culpa), Deus questiona Eva, apenas para obter uma resposta similar dela (a serpente era a culpada). Ao ouvir isso, o Senhor pronuncia uma maldição permanente sobre a serpente em ordem inversa da progressão da mudança de culpa que ele acabou de ouvir dos humanos.
עָי עָשִׂיתָ זֹּאת אָרוּר אַתָּה מִכָּל־הַבְּהֵמָה וּמִכֹּל חַיַּת הַשָּׂדֶה עַל־גְּחֹנְךָ תֵלֵךְ וְעָפָר תֹּאכַל כָּל־יְמֵי חַיֶּיךָ׃
(…) Porque você fez isso, Mais amaldiçoado será do que todo o gado e todos os animais selvagens: Em sua barriga você rastejará e sujeira comerá todos os dias da sua vida. (Gn 3:14)
וְאֵיבָה אָשִׁית בֵּינְךָ וּבֵין הָאִשָּׁה וּבֵין זַרְעֲךָ וּבֵין זַרְעָהּ הוּא יְשׁוּפְךָ רֹאשׁ וְאַתָּה תְּשׁוּפֶנּוּ עָקֵב׃
Vou colocar inimizade entre você e a mulher, e entre a sua descendência e a dela; Golpearão a vossa cabeça, e tu golpearás o calcanhar deles. ”(Gn 3:15)
A palavra hebraica אָרַר (arar) é geralmente traduzida como “maldição” e, portanto, em nossa mente, carrega um significado incerto, embora certamente negativo. Muitos usos indicam que deve ser definido ao longo das linhas de "ligação", "frustrar" ou "restringir" alguém ou algo . (Gênesis 3:14; Ex. 22:28; Jó 3: 8) Isso corresponde ao conteúdo da serpente que está sendo amaldiçoada (limitada e restrita) mais do que qualquer outra vida animal. A Bíblia Hebraica nunca identifica a serpente com Satanás. A história bem conhecida que é pensado para realmente colocar Satanás no Jardim do Éden (Ezequiel 28: 13-15), certamente não o coloca lá na forma de uma serpente, mas na forma de um arcanjo. Não foi até o final do primeiro século judeu Anti-Romano documento, que chamamos de Livro do Apocalipse, que a "antiga serpente" é claramente identificada com o presumível chefe dos poderes demoníacos - ο οφις ο αρχαιος (ho ofis ho archaios) “A antiga serpente” ος εστιν διαβολος και ο σατανας. (hos estin diabolos kai ho satanas) “ele é o diabo e Satanás” (Apocalipse 20: 2). O Senhor realmente não amaldiçoou Eva, mas em vez disso emitiu uma forte medida disciplinar. Nós lemos em Gênesis 3:16:
אֶל־הָאִשָּׁה אָמַר הַרְבָּה אַרְבֶּה עִצְּבוֹנֵךְ וְהֵרֹנֵךְ בְּעֶצֶב תֵּלְדִי בָנִים וְאֶל־אִישֵׁךְ תְּשׁוּקָתֵךְ וְהוּא יִמְשָׁל־בָּךְ׃
E à mulher Ele disse: “Eu tornarei mais severas as tuas dores na gravidez; Na dor você terá filhos. Mas o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará. ”(Gn 3:16)
Há duas coisas que afetarão significativamente a mulher. Primeiro, ela “sofrerá grandemente no parto” הַרְבָּה אַרְבֶּה עִצְּבוֹנֵךְ (harabba arbeh itzvonech) . Em segundo lugar, ela terá um desejo especial por seu marido (presumivelmente um que ele não terá por ela), como "ele governará sobre ela" (yimshal bach).Este é um texto confuso que poucos fizeram muito sentido, especialmente quando tentamos entendê-lo do ponto de vista dos nossos valores modernos igualitários. Adão não recebeu ação disciplinar pessoal, como Eva. No entanto, ele não escapou de consequências dolorosas de sua desobediência. Deus anuncia que Ele está amaldiçoando o chão por causa do Adão. É claro que Deus considera Adão responsável por tudo o que aconteceu. A queda da humanidade do favor total de Deus é causada em última instância, não pela serpente, nem por Eva, mas pelo próprio Adão.
וּלְאָדָם אָמַר כִּי־שָׁמַעְתָּ לְקוֹל אִשְׁתֶּךָ וַתֹּאכַל מִן־הָעֵץ אֲשֶׁר צִוִּיתִיךָ לֵאמֹר לֹא תֹאכַל מִמֶּנּוּ אֲרוּרָה הָאֲדָמָה בַּעֲבוּרֶךָ בְּעִצָּבוֹן תֹּאכֲלֶנָּה כֹּל יְמֵי חַיֶּיךָ׃
A Adão Ele disse: “Porque você fez como disse sua mulher e comeu da árvore sobre a qual eu te ordenei: 'Você não comerá dela' Maldito seja o solo por sua causa; Por labuta comeis todos os dias da tua vida ... (Gen 3:17)
וַיִּקְרָא הָאָדָם שֵׁם אִשְׁתּוֹ חַוָּה כִּי הִוא הָיְתָה אֵם כָּל־חָי׃
O homem nomeou sua esposa Eva, porque ela era a mãe de todos os vivos. (Gn 3:20)
A palavra inglesa “Eva” não é o nome original da primeira mulher humana . Seu nome era o hebraico חַוָּה (chava), que tem uma conexão raiz hebraica com um verbo לִחְיוֹת (lichyot) “viver”, e palavras como חַי (chai) e חַיִּים (chayim) comunicando a idéia de “vida”. Em hebraico, portanto, faz todo o sentido chamar a chamar a mulher de Adão de חַוָּה (chava) , porque ela um dia se tornará a mãe de “todos os viventes” כָּל־חָי (kol chai). A acusação de Deus contra Adão tem a ver com Adão preferindo a voz da linda e graciosa criação de Deus (Eva) sobre a voz de seu Criador, a despeito do mandamento explícito de não comer da árvore proibida. No entanto, em grande misericórdia para a sua criação final, Deus não amaldiçoa o próprio Adão, mas apenas o solo אֲרוּרָה הָאֲדָמָה (arurah haadama). Esta maldição será removida mais tarde por causa da fé e sacrifício do descendente de Adão, Noé. As ações posteriores do Senhor estavam longe de um julgamento caprichoso. Em vez disso, eles já estavam direcionados para a restauração da humanidade e tudo o que a humanidade deveria nutrir e proteger.
וַיַּעַשׂ יהוה אֱלֹהִים לְאָדָם וּלְאִשְׁתּוֹ כָּתְנוֹת עוֹר וַיַּלְבִּשֵׁם׃
E o SENHOR Deus fez trajes de pele para Adão e sua mulher, e os vestiu. (Gn 3:21)
A palavra hebraica para as vestes que Deus fez para Adão e Eva provavelmente deveria ser traduzida como “túnicas”. Neste caso não eram túnicas feitas de tecido, mas de “pele” ou “pele” - כָּתְנוֹת עוֹר (katnot ou). É lógico que, uma vez que o primeiro ser humano (Adão) desobedecesse ao único mandamento de Deus, frustrando assim Seus propósitos para sua criação e papel no mundo, os animais tinham que morrer; o sangue precisava ser derramado. Entendemos isso porque lemos que Deus “vestiu” Adão e Eva (yalbishem) com as túnicas feitas de pele de animal, estabelecendo assim a base para as futuras práticas de sacrifício de animais de Israel. [Incrível, não?!!!]
וַיֹּאמֶר יהוה אֱלֹהִים הֵן הָאָדָם הָיָה כְּאַחַד מִמֶּנּוּ לָדַעַת טוֹב וָרָע וְעַתָּה פֶּן־יִשְׁלַח יָדוֹ וְלָקַח גַּם מֵעֵץ הַחַיִּים וְאָכַל וָחַי לְעֹלָם׃
E o SENHOR Deus disse: “Agora que o homem se tornou semelhante a um de nós, conhecendo o bem e o mal, e se ele estender a mão e tirar também da árvore da vida e comer, e viver para sempre!” (Gn 3 : 22)
אַלֹהִים מִגַּן־עֵדֶן לַעֲבֹד אֶת־הָאֲדָמָה אֲשֶׁר לֻקַּח מִשָּׁם׃
Então o SENHOR Deus baniu-o do Jardim do Éden, para lavrar o solo de onde ele foi levado. (Gn 3:23)
וַיְגָרֶשׁ אֶת־הָאָדָם וַיַּשְׁכֵּן מִקֶּדֶם לְגַן־עֵדֶן אֶת־הַכְּרֻבִים וְאֵת לַהַט הַחֶרֶב הַמִּתְהַפֶּכֶת לִשְׁמֹר אֶת־דֶּרֶךְ עֵץ הַחַיִּים׃
Ele expulsou o homem e estacionou a leste do Jardim do Éden os querubins e a ardente espada que sempre gira, para guardar o caminho para a árvore da vida. (Gn 3:24)
A palavra hebraica traduzida “banido” é גָרֶשׁ (garesh) . No hebraico moderno, esta é a própria raiz que é usada para formar uma variedade de palavras hebraicas ligadas ao divórcio de um casal. Em um sentido muito real, o Senhor Deus “se divorcia” de Adão e Eva do Jardim do Éden (e de Si mesmo), por causa do perigo claro e imediato que a Árvore da Vida agora apresentava a eles. Apesar do que é tradicionalmente considerado, Deus não julgou Adão e Eva enviando-os para longe do Jardim do Éden. Exilá-los do Jardim do deleite não era disciplinar, mas protetor e misericordioso. Agora que eles foram expostos ao conhecimento do bem e do mal, o bem fundado temor de Deus era que a humanidade permanecesse nesse estado de miséria e morte para sempre, se eles também continuassem a comer da “árvore da vida eterna” עֵץ הַחַיִּים (etz hachayim), que também foi localizado no mesmo jardim. Assim foi para sua própria segurança, esperança e redenção que Deus agora os baniu do Jardim.
(O texto é parte de artigos publicados originalmente em Israel Bible Center/Editado por Costumes Bíblicos)

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AS COLUNAS DA VERDADE

O QUE É A VERDADE?
Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. (João 16:13)
Podemos perceber neste versículo, que o apóstolo menciona a vinda do Espírito Santo e o chama de Espírito da Verdade e diz que Ele nos guiará a TODA VERDADE. Perceba a palavra "TODA". Toda aqui está no coletivo, mostrando que a Verdade não é apenas um aspecto, não é apenas um item. Mas a Verdade é um conjunto de coisas. Assim como você tem uma cadeira e ela tem 4 pernas, a Verdade de Deus é uma só, porém as Escrituras a apresenta em 5 colunas.
Nós vamos analisar agora estas colunas da Verdade, dentro das Escrituras Sagradas e vamos entender o que isto tem a ver com o contexto da grande guerra entre o bem e o mal. De acordo com a Palavra de Deus, o que é a Verdade?
Estamos vivendo numa época em que as pessoas com a mente da era pós-moderna, chega a afirmar que não existe uma verdade absoluta. Algumas pessoas afirmam que a verdade é relativa. Mas a Bíblia Sagrada, ela ensina que há uma verdade absoluta. Veja aqui:
Mas o Senhor Deus é a verdade; ele mesmo é o Deus vivo e o Rei eterno; ao seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação. (Jr 10:10/ARC). Ou seja o profeta Jeremias está dizendo que a Verdade é Deus. Então Deus, o Criador dos Céus e da Terra, é a Verdade.
Agora, o que mais é Verdade de acordo com as Escrituras? Veja:
Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. (Jo 14:6/ARC) Que texto maravilhosos! Aqui Jesus afirma ser a Verdade! Então lá em Jeremias 10.10 Deus é a Verdade, em João 14.6, Jesus é a Verdade. O que mais é Verdade de acordo com as Escrituras? Veja:
Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade. (1Jo 5:6/ARC) Amém? O Espírito Santo é a Verdade. Está claro aqui! Então nós percebemos que não somente em 1João fala isso, mas no evangelho de João 16.13 fala: "quando vier o Espírito da Verdade". Portanto, o Espírito Santo é a Verdade.  O que mais as Escrituras apresenta como sendo a Verdade? Veja:
Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. (Jo 17:17/ARC) A Palavra (a Bíblia) também é a Verdade! O salmista chega a dizer: Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho. (Sl 119:105/ARC) A Palavra, a Bíblia toda é a Verdade, o Antigo Testamento e o Novo Testamento. Vimos até agora 4 colunas da Verdade. E a quinta, o que é? Onde está? Em Salmos 119.151 - Tu estás perto, ó Senhor, e todos os teus mandamentos são a verdade. (Sl 119:151/ARC). Agora sabemos qual é a quinta coluna da Verdade! Glória a Deus por isto! Todos os Mandamentos são a Verdade. Se você verificar o verso 142 do mesmo Salmo (119) está escrito assim: A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua lei é a verdade. (Sl 119:142/ARC) Bom, agora está claro. Vimos as cinco colunas da Verdade.
  • DEUS
  • JESUS
  • ESPÍRITO SANTO
  • BÍBLIA
  • DEZ MANDAMENTOS
Estas são as colunas da Verdade. Agora você pode entender perfeitamente o que João 16.13, apresenta: Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. (Jo 16:13/ARC) Percebeu? "TODA" a Verdade. Tá no coletivo, mostrando um conjunto de coisas! E agora você sabe o que é "TODA" a Verdade.
Mas o que isso tem a ver comigo e com você? TODA VERDADE? (Guarde esta palavra no coração: Toda Verdade).
Na Palavra de Deus, nós encontramos uma citação incrível. Está em João 8.32 - E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (Jo 8:32/ARC) Então vimos que há 5 colunas da Verdade. Agora Jesus diz: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".

Vamos analisar item por item.

FALANDO SOBRE DEUS - Deus sendo a Verdade. Quem é Deus?
  • DEUS É AMOR
  • SÓ ELE MERECE ADORAÇÃO
  • SÓ ELE PODE PERDOAR
FALANDO SOBRE JESUS
  • JESUS É O ÚNICO MEDIADOR
  • É O NOSSO ADVOGADO
  • É NOSSO SUFICIENTE SALVADOR
FALANDO SOBRE O ESPÍRITO SANTO - O Espírito Santo é:
  • ONIPOTENTE
  • ONIPRESENTE
  • ONISCIENTE
  • ELE CONVENCE DO PECADO
FALANDO SOBRE A BÍBLIA
  • A BÍBLIA NOS SANTIFICA
  • NOS ILUMINA
  • CONDUZ A VERDADE
FALANDO SOBRE A QUINTA COLUNA - OS DEZ MANDAMENTOS É UMA LEI DE AMOR:
  • AMOR A DEUS
  • AMOR AO PRÓXIMO - Jesus resumiu os Dez Mandamentos em Mt 22.34-40. Pois bem, analisamos as cinco colunas da verdade.
Jesus chega a dizer que quem conhece a Verdade, a Verdade liberta essa pessoa. Agora a pergunta: Será que quem conhece a Verdade é de fato liberto? Será que a verdade tem poder para libertar uma pessoa? E ainda, libertar do quê? será que é possível uma pessoa conhecer a Verdade e não ser liberto? Ou será que todos que conhece a Verdade ou que conhecerem a Verdade, serão libertos? O que você pensa sobre isto?
É possível conhecer Toda a Verdade e não ser liberto? Ou todos que conhecem a Verdade serão libertos? Porque em João 8.32 Jesus afirma: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".
Vamos analisar a história de uma pessoa que conheceu Toda a Verdade mas que não foi liberto.

SATANÁS
A Escritura Sagrada, afirma que Satanás conhece Toda Verdade. O Diabo morou lá em cima, no Céu! Portanto, ele conhece: Deus, Jesus, o Espírito Santo, a Bíblia e os Dez Mandamentos! Então concluímos que Satanás conhece Toda a Verdade. Se Satanás conhece Toda a Verdade, por que ele não foi liberto? Qual o seu problema?
O Diabo morou no Céu. Conhece tudo de perto. Visivelmente e literalmente. Mas, porque ele é o Diabo se ele conhece Toda a Verdade?
Jesus disse: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". Por que que Satanás conheceu tudo e não foi liberto? A resposta está em João 8.44 - Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. (Jo 8:44/ARC)
Então o problema de Satanás é exatamente este que aparece no em João 8.44. Ele jamais se firmou na Verdade.
Olhem, uma coisa é conhecer a Verdade. Outra coisa, é se firmar nela.
A propósito, você conhece a Verdade?
Você está firme na Verdade?
Fazendo um paralelo: Uma coisa é casar. Outra coisa é permanecer casado e feliz. Casar é fácil. Já permanecer casado e feliz já não é tão fácil.
Uma coisa é conhecer a Verdade teoricamente. Outra coisa é se firmar nela. Ora:
"O Diabo é Diabo porque não se firmou na Verdade". Muitos estão na mesma situação do Diabo! Conhecem a Verdade, mas, não se firma na Verdade.
Quantas pessoas tem acesso a Palavra de Deus,mas não se firmam na Verdade.
Há duas formas de se conhecer a Verdade:
Teórica
Prática.
Deus quer que conheçamos a Verdade na teoria e também na prática. Se você conhecer a Verdade na prática, você será liberto! Totalmente liberto. (Jo 8.32)
O problema é que nos nossos dias, existem muitas campanhas de libertação!!
Falsa Libertação
Eles distribuem envelopes, a pessoa coloca uma grande oferta ali dentro, proporcional a sua fé. E depois, essas pessoas levam esses envelopes ali. Participam de 7 sextas-feiras..da "seção do descarrego"...campanha A..campanha B..., é ou não é? Você sabe disso! E aí, o "pastor" coloca a mão na cabeça da pessoa e diz assim: "você está com dor na cabeça? pois isso é um demônio!". Então ele fala: demônio, satanás, sai em nome de Jesus! e dá um grito! "Sai"!! Você já viu isso? Já?
Nós respeitamos todas as pessoas. Mas, o fato de uma pessoa entrar numa "igreja" com dor de cabeça e sair sem ela, não significa que ela foi liberta! Ela ficou sem a dor; Tudo bem. Mas, libertação não é isso!
A verdadeira libertação

Ela vem não quando alguém põe a mão na tua cabeça e dá uns gritos, não! A verdadeira libertação, vem, quando você conhece a Verdade e se firma nela! Por isso Jesus dá aquela afirmação que lemos em Jo 8.32.
É somente com o conhecimento da Verdade que Deus liberta você! E nós cremos na libertação.
A verdadeira libertação; que é uma libertação do pecado, das garras de Satanás, da ignorância, a libertação de tudo aquilo que nos afasta de Deus, só vem quando a pessoa conhece a Verdade. Aí sim, acontece a verdadeira libertação. Entendeu?
Quer ser liberto de toda a armadilha de Satanás? Do pecado? sem pagar 1 centavo?! Então é estudando a Palavra, é buscando o conhecimento da Verdade, em casa ou numa "igreja" que ensine a Verdade. Aí onde você está estudando a Bíblia. É exatamente aí que Deus vai libertar você totalmente! Lembre-se: Jo 8.32.
A Palavra de Deus nos ensina a Verdade. Agora vejamos:
Onde está a Verdade?
Já conhecemos a Verdade. Mas, onde ela está?
Está entre as religiões? Está entre a liderança religiosa?
Você conhece a Verdade? Onde está a Verdade?
Como saber onde ela se encontra? Como viver a Verdade? Esta é uma pergunta muito interessante!
Você sabe agora que o inimigo conhece Toda a Verdade, mas, não se firmou nela. E por isso ele não foi liberto. E aquele que conhece a Verdade e não se firma nela, está na mesma condição do anjo rebelde!! Veja:
Ouvi a palavra do SENHOR, vós filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra; porque na terra não há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus.
Só permanecem o perjurar, o mentir, o matar, o furtar e o adulterar; fazem violência, um ato sanguinário segue imediatamente a outro.
Por isso a terra se lamentará, e qualquer que morar nela desfalecerá, com os animais do campo e com as aves do céu; e até os peixes do mar serão tirados.
(Oséias 4:1-3/ARC) e O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos. (Oséias 4:6/ARC)
As pessoas estão sendo destruídas, não porque não tem um cheque especial, casa na praia, etc... não. Não é por isso não! As pessoas estão sendo destruídas porque falta o conhecimento. E Jesus diz  em Jo 8.32, que a Verdade liberta!
A Verdade liberta do quê?
Ela liberta:
  • Dos vícios
  • Da depressão
  • Da dúvida
  • Do medo
  • Da ignorância
  • Da solidão
  • Do vazio da alma
  • Das garras de Satanás
Vamos lhe dizer algo muito importante; o nosso Deus, o nosso Senhor Jesus, é a pro´roa Verdade. Ele ama você. Você achou este artigo aqui no Blog e leu sobre ele, não foi por acaso! Deus tem um propósito na sua vida. Deus tem um plano pra você. Deus quer fazer de você, uma pessoa totalmente feliz! Transformada! Por isso, você precisa conhecer a Verdade cada dia mais. O tema não pára por aqui! Você deve continuar pesquisando, se aprofundando cada vez mais. Porque assim, a Verdade vos libertará!
Você quer ser liberto?
  • Quer ser transformado?
  • Quer ser uma nova criatura?
  • Quer andar na Verdade?
  • Ser salvo?
  • Ter Jesus no coração?
  • Receber as virtudes do Sangue de Jesus?
Quer que se cumpra na sua vida, a Palavra: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará"? Se você deseja, amém. Então aonde você estiver, ajoelhe-se e ore demonstrando sua decisão, sua entrega a Jesus para seguir a Verdade e se firmar nela!
Que o Senhor te abençoe e te firme na Verdade, todos os dias da tua vida e te faça sequioso pelo conhecimento da Verdade de Deus, em Nome de Jesus, amém!

RUMINANDO A VERDADE

  • A Palavra de Deus é a verdade: Dn 10.21; Jo 17.17.
  • A Trindade é a verdade: O Pai (Dt 32.4), o Filho (Jo 14.6) e o Espírito Santo (1Jo 5.6).
  • Devemos adorar a Deus em verdade: Sl 145.18; Jo 4.24.
  • O fruto do Espírito em nós é uma verdade: Ef 5.8,9.
  • O ministro evangélico foi chamado para anunciar a verdade: 2Co 12.6; Gl 4.16.
  • Só seremos realmente libertos se conhecermos a verdade: Jo 8.32.
  • A grandeza da verdade: Sl 5.7-10.
  • A Igreja da verdade: 1Tm 3.15.
  • A Palavra da verdade: Jo 17.17.
  • As promessas da verdade: 2Co 1.20.
  • O caminho da verdade: Ap 15.3.
  • O castigo da verdade: Ap 16.7.
  • O Cristo da verdade: Jo 14.6; 7.18.
  • O Deus da verdade: Sl 31.5; Is 65.16.
  • O Espírito da verdade: Jo 14.17.
  • O fruto da verdade: Ef 5.9.
  • O pacto da verdade: Mq 7.20.
  • Os estatutos da verdade: Sl 19.9.
VERDADE MANIFESTA  NO AT:
  • A adoração da verdade: Sl 145.18.
  • A preservação da verdade: Pv 20.28.
  • O Deus da verdade: Sl 31.5; Is 65.16.
  • O juízo da verdade: Sl 96.13. 
VERDADE MANIFESTA NO NT:
  • A adoração da verdade: Jo 4.24
  • A alegria da verdade: 1Co 13.6.
  • A mensagem da verdade: Gl 4.16.
  • As promessas da verdade: 2Co 1.20.
  • Coluna da verdade: 1Tm 3.15.
  • Inimigos da verdade: Jo 8.44.
  • O caminho da verdade: Ap 15.3.
  • O Cristo que é a verdade: Jo 14.6.
  • O ensino da verdade: 1Tm 2.7.
  • O fruto da verdade: Ef 5.9.
VERDADEIRO JESUS:
  • Luz verdadeira: Jo 1.9.
  • Pão verdadeiro: Jo 6.32.
  • Verdadeiro Deus: 1Jo 5.20.
  • Videira verdadeira: Jo 15.1.
"CONHECEREIS A VERDADE, E A VERDADE VOS LIBERTARÁ"!

HERODES - OS ASSASSINATOS DO HOMEM MAIS SANGUINÁRIO DA HISTÓRIA

Herodes era um louco que assassinou sua família
e muitos rabinos, mas também
foi o maior construtor da história judaica.
OS ASSASSINATOS DE UM DOS HOMENS MAIS SANGUINÁRIOS DA HISTÓRIA
Sem exagero, pode-se afirmar que Herodes foi um dos homens mais sanguinários da história, como conclui o seguinte e rápido resumo:
No ano 37 a.C., assim que ele conquistou Jerusalém com a ajuda das legiões romanas, mandou matar 45 partidários de seu rival, o asmoneu Antígono, e muitos membros do Sinédrio.
Em 35 a.C., ordenou que afogassem em uma piscina de Jericó o seu cunhado Aristóbulo, a quem pouco antes designara como sacerdote (ainda que o cunhado só tivesse 16 anos). Aristóbulo era irmão da mulher predileta de Herodes, Mariamne.
Em 34 a.C., mandou matar  José, seu tio e esposo de sua irmã Salomé.
Em 29 a.C., cometeu seu delito mais trágico, quando, como consequência de simples calúnia urdida na corte, mandou matar sua mulher Mariamne, por quem estava loucamente apaixonado. Assim que a sentença foi executada, Herodes esteve a ponto de enlouquecer de dor e ordenou aos criados do palácio que chamassem a morta em alta voz, como se ela vivesse ainda. Pouco meses depois, mandou matar sua sogra Alexandra, mãe de Mariamne.



Por volta do ano 25 a.C., ordenou a morte de seu cunhado Costobar, novo esposo de sua irmã Salomé, é também a morte de alguns partidários asmoneus.
Mariamne dera a Herodes vários filhos, a quem ele queria muito bem, porque as crianças faziam-no lembrar da mãe deles. Dois deles, Alexandre e Aristóbulo, foram enviados por Herodes a Roma para serem educados ali, e encontraram benévola acolhida na corte de Augusto. Mas, quando voltaram a Jerusalém, Herodes mandou matá-los, mesmo tendo Augusto feito o possível para evitar essa atrocidade. Foi por causa disso que Augusto pronunciou uma frase que passou para a história, quando disse que valia muito mais ser porco de Herodes do que filho dele. Na verdade, Herodes, como judaizado, não podia comer carne de porco, e não os matava, enquanto, em contrapartida, matava seus próprios filhos.
Depois de ter mandado matar Alexandre e Aristóbulo, Herodes ordenou também o assassinato de trezentos oficiais acusados de serem partidários dos dois jovens, entregando-os à ira do povo.
No ano 4 a.C., cinco dias antes de sua morte, Herodes mandou matar o seu primogênito, Antípater, a quem havia designado como herdeiro do trono. Essa morte o satisfez tanto que, mesmo encontrado-se em desesperadas condições de saúde, por causa dessa execução pareceu que melhorou e se recuperou prontamente.
Já estando a ponto de morrer, quis concluir sua vida com um ato que seria um digno resumo dos anteriores. Ele sabia que sua morte havia de produzir um vivo júbilo entre seus vassalos e desejava, porém, ser conduzido à tumba entre copiosas lágrimas. Com tal objetivo, convocou em Jericó, onde estava enfermo, muitos judeus ilustres de todos os grupos religiosos do reino, e quando eles estavam ali reunidos, Herodes ordenou que fossem presos e colocados no hipódromo, recomendando com insistência a seus familiares que todos aqueles homens fossem degolados depois de sua morte dentro do próprio hipódromo. Desta forma, as lágrimas que ele ansiava para seu funeral seriam abundantemente vertidas pelas famílias dos assassinados.
Certo é que alguns eruditos modernos têm refutado este fato, mas a sua exatidão é confirmada pela correspondência do heroísmo daquele homem, inigualável em matéria de crueldade durante toda a sua vida, com o daquele ato reservado para ser cumprido depois de sua morte.
Por outro lado, muito pouco antes de morrer, Herodes havia mandado degolar, na vizinha Belém, algumas dezenas de crianças de dois anos para baixo, entre as quais acreditava estar uma que trazia a acostumada ameaça ao seu trono. Este fato, muito em consonância também com o seu caráter, só foi relatado por Mateus (2.16), enquanto Flávio Josefo, biógrafo de Herodes, não disse nada a respeito dele, não obstante tal silêncio é perfeitamente explicável.
Se o biógrafo encontrou nos textos consultados algumas notícias da matança de Belém (o que não nos consta), será que ele haveria de ocupar-se relatando uma imolação obscuras vítimas, filhos de pobres pastores, quando via a vida de seu biografado abundante em imolações muito mais significativas e com vítimas muito mais ilustres? Na realidade, Mateus e Flávio Josefo, do ponto de vista psicológico, concordam admiravelmente; e, do ponto de vista dos fatos, completam-se reciprocamente.

AS MULHERES E OS FILHOS DE HERODES

Se Herodes tinha se mostrado orgulhoso de seguir as marcas de Salomão, reedificando o Templo de Jerusalém, também seguiu seu exemplo de poligamia. Consta que Herodes, o Grande, teve dez mulheres, que viveram simultaneamente com ele. Delas, teve oito filhos e seis filhas. Entre sua irmã Salomé, a quem era sumamente apegado, e os dois filhos que teve de Mariamne surgiram terríveis dissenções, que só terminaram com a morte dos dois jovens Alexandre e Aristóbulo, conforme já relatamos anteriormente.

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A Bíblia do ponto de vista feminino

Bíblia e flores
A Bíblia do ponto de vista feminino

O século 20 testemunhou grandes mudanças nas atitudes com relação ao status e papel das mulheres. A educação das mulheres foi uma das chaves para abrir novas oportunidades no mercado de trabalho, e para dar maior respeito ao trabalho tradicionalmente feito por mulheres.
Uma mudança de perspectiva da Bíblia também era necessária, não porque as mulheres se relacionem com Deus ou vêem a Bíblia de forma diferente dos homens, ou porque todas as mulheres pensem da mesma forma, mas porque, até recentemente, quase toda interpretação bíblica era feita por homens.
Na cultura secular e na igreja, a masculinidade se tornou a norma do que significa ser humano e era fácil marginalizar, mesmo que inconscientemente, a contribuição e importância das mulheres. Teólogos focalizaram principalmente a maneira como Deus lida com os homens, considerando mais importante na teologia e na história cristã as coisas que os homens fazem, enquanto as mulheres, os papéis que elas exercem, a fé, a experiência e os interesses delas ficavam em segundo plano. Tanto homens quanto mulheres acostumaram-se a aprender sobre fé a partir de exemplos bíblicos de homens como Pedro, enquanto o exemplo de mulheres como Maria eram subconscientemente vistos como "apenas para as mulheres"!
Portanto, toda a igreja , mulheres e homens, se beneficia de fé por intermédio das mulheres nas Escrituras, com a recuperação da importância esquecida das mulheres na história da missão da igreja e com a retificação do desequilíbrio no qual mulheres e o sexo feminino foram marginalizados nas traduções da Bíblia, na teologia da igreja.[Leia AS MULHERES NO MINISTÉRIO DE JESUS]

Parceiros iguais

Gênesis começa com o fato de que homens e mulheres foram criados iguais à vista de Deus e na presença um do outro. A criação de ambos é considerada muito boa (Gn 1.31). A mulher é criada a partir do homem, não para mostrar subordinação, mas para mostrar que ela é semelhante a ele, em contraste com os outros seres criados, e para demonstrar a interdependência que Paulo, em 1Co 11.11-12, diz ser eternamente característica da raça humana: "No entanto, no Senhor, nem a mulher e independente do homem, nem o homem é independente da mulher. Porque assim como a mulher foi feita do homem, também o homem nasce da mulher."

Rivalidade e competição

Os problemas entre homem e mulher só começaram depois que a desobediência causou a "queda" da humanidade em Gn 3. Então, ao invés da mutualidade e complementaridade do Éden, tiveram início a rivalidade e a competição. De Gn 4 em diante, isto acontece como cumprimento da previsão de que o homem dominaria a mulher (Gn 3.16). Este não era o ideal de Deus, mas parte das consequências inevitáveis da queda.
Se Gênesis estabelece o cenário, o drama se desenrola na história da salvação no restante da Bíblia.
Não há uma palavra inequívoca no Antigo Testamento sobre a situação das mulheres, mas os homens prevalecem, assumem o poder até na vida religiosa e as mulheres parecem ser raramente vistas ou ouvidas. O que está registrado aparece, na maioria das vezes, na forma de narrativa descritiva. A questão que isto levanta é se a narrativa afirma a vontade de Deus para os papéis e status de homens e mulheres em todas as culturas em todos os tempos, ou se simplesmente descreve o que estava acontecendo na época (da mesma forma que, por exemplo, apresenta a poligamia e a escravidão), para que possamos aprender, imitando o que é bom e corrigindo o que não é. As Escrituras registram muitas coisas que não defendem!

Deus e a Bíblia são preconceituosos?

Será que a Bíblia como tal favorece os homens em detrimento das mulheres? E o patriarcado (no sentido mais amplo, o sistema de homens no poder) é justificado pelo próprio texto? Estaria Deus tratando as mulheres dessa forma? É bem mais provável que aquilo que encontramos descrito aí está para ilustrar como o status, a função e a experiência das mulheres ficam longe do ideal divino de igualdade. Há indicações suficientes disto no texto em si.
Embora grande parte da história focalize as atividades dos homens, as mulheres estão preesentes e têm papéis importantes. A liderança não é restrita a homens. Tanto Débora, a juíza (Jz 4), quanto Hulda, a profetisa (2Rs 22), assumem papéis responsáveis de liderança que não são descritos no texto como algo excepcional. Pelo contrário, elas são respeitadas.

Do Antigo ao Novo

O fato de a maioria dos líderes serem homens representa a cultura patriarcal desenvolvida na época. Não há mandato divino para tal. As mulheres foram excluídas do sacerdócio do Antigo Testamento, mas muitos homens também foram! E o Novo Testamento nos apresenta um sacerdócio de todos os crentes, homens e mulheres!
No Antigo Testamento, a circuncisão era o sinal de que se pertencia ao povo da aliança de Deus -- um sinal que, fisicamente, só podia ser colocado no corpo de homens. Mas com o nascimento da igreja surgiu um novo sinal. O batismo incluía fisicamente homens e mulheres, judeus e gentios.
Nas cartas do Novo Testamento há várias indicações de que quaisquer restrições sobre mulheres sse aplicam dentro da cultura e do contexto específicos. Nos casos em que há diferença entre detalhes de uma situação do primeiro século e do presente, o princípio do ensinamento é que deve ser seguindo. Logo, quando Paulo indica em 1Tm 2 que as mulheres não devem ensinar ou ter autoridade sobre homens, ele está se dirigindo a um problema específico de ensinamento falso e autoridade injusta em Éfeso. Em tal contexto as mulheres deviam parar o que estavam fazendo de errado.
O princípio permanente para hoje é que as mulheres são proibidas de ensinar o que é errado, mas não por isso proibidas de ensinar o que é correto! Nisto elas podem servir de exemplo de conduta para os homens, assim como os exemplos dos homens geralmente são aplicativos a mulheres.
Sabemos, com base em Atos e nas epístolas, que mulheres eram proeminentes entre os líderes em quase todas as primeiras igrejas que se reuniam nos lares. Lídia era líder em Filipos; Febe era diaconisa em Cencréia (Rm 16.1); Júnia (a evidência da maioria dos manuscritos indica que Júnia era uma mulher) era apóstola (Rm 16.7).
Os crentes são recomendados por Paulo a ensinarem uns aos outros (p. ex. Cl 3.16) e nenhuma exceção aqui impede mulheres de ensinar homens. Há registro de Priscila ensinando Apolo (At 18.26).
As listas de dons no Novo Testamento (p. ex. Rm 12; 1Co 12; Ef 4) não especificam sexo. Dada a cultura patriarcal da época, não é de admirar que os líderes homens fossem mais numerosos que as mulheres, mas esta é uma descrição, não um padrão.
Uma indicação disto pode ser vista em 1Tm 3.2, que diz que, para alguém ser candidato ao episcopado, precisa ser "marido de uma só mulher". Isto poderia indicar a necessidade de ser casado e monogâmico ou, mais provavelmente, ter pureza e fidelidade no casamento. Num contexto em que era provável que a maioria dos líderes fossem homens e, quase com certeza, casados, isto serve de regra para a situação de Éfeso naquela época, não sendo uma proibição futura para todos os homens solteiros ou para as mulheres! 1Tm 3.12 faz a mesma exigência no caso dos diáconos, mas isto não pode significar que todos os diáconos devem ser homens, já Paulo chama Febe de diaconisa em Rm 16.1. A liderança e responsabilidade bíblica na igreja devem ser baseadas no caráter, chamado e compromisso cristão, não em questões de gênero ou sexo.

Deus masculino ou feminino?

Muitas pessoas têm uma imagem mental de Deus como sendo homem, ou pelo menos mais masculino que feminino. Isto se deve em grande parte às imagens de Deus na arte primitiva, e à descrição de Deus como "ele" ou "pai".
Dt 4.15-16 lembra Israel de que Deus não tem forma ou aparência. Eles não deviam fazer imagens de escultura (ou supostamente formar imagens mentais) de Deus como homem ou mulher. Masculino e feminino são diferenças biológicas na humanidade criada. Ambos os sexos refletem igualmente uma imagem do Criador. No entanto, só porque os israelitas não viram uma forma, não significa que Deus não tenha uma! 
Nas línguas que não têm um pronome inclusivo, o masculino ou o feminino deve ser usado para refletir o fato de que a natureza de Deus é pessoal, não impessoal. "Aquilo" não serve. O uso de "ele" para Deus indica que Deus é uma pessoa. Não está relacionado com o sexo ( aquilo que é biologicamente determinado) ou gênero (aquilo que é socialmente determinado).
Ultimamente as imagens femininas de Deus nas Escrituras (tais dar a luz ou prover alimento) foram redescobertas. O mesmo aconteceu com o uso de termos femininos com relação a Deus, p. ex. o Espírito Santo e a sabedoria no AT. Classificações gramaticais masculinas e femininas são usadas, mas elas não transmitem necessariamente o ser ou essência.
Também houve progresso no reconhecimento da valorização social do masculino que é inerente a muitas línguas e a consequente marginalização das mulheres - colocando-as de lado, ignorando-as atípicas no que tange à experiência humana. Esta não é a visão bíblica. No passado, quando Deus era considerado masculino, o erro estava em considerar a masculinidade como sendo mais semelhante a Deus.

O exemplo de Jesus

Jesus não introduziu um movimento revolucionário para derrubar a cultura judaica de dominação masculina da sua época. Porém ele claramente quebrou as regras do seu tempo. Ele ensinou mulheres; discutiu teologia com elas; aceitou adoração delas; elevou sua posição em discussões sobre divórcio; e tocou mulheres ritualmente"impuras". Tais ações não parecem grande coisa pelos padrões atuais, mas foram atos notáveis na época e iam além do que era aceitável. Isto abriu caminho para seus seguidores fazerem o mesmo.
No passado, o fato de Jesus ter nascido como homem era considerado vantajoso para os homens. Se encarnação significa que "Deus se fez um homem", então a redenção das mulheres fica em cheque ou pelo menos é secundária, e Jesus é mais bem representado no sacerdócio por homens que por mulheres.
Mas a Bíblia jamais usa a masculinidade de Jesus como instrumento de comparação; usa apenas sua humanidade, que é comum a homens e mulheres. E o Novo Testamento ensina nitidamente o sacerdócio de todos os crentes; todos podem chegar a Jesus e todos podem representá-lo na terra.
Na encarnação Jesus representa um modelo de humanidade, não de masculinidade. As mulheres, assim como os homens, podem encontrar seu padrão nele e seguir seu exemplo em todos os aspectos.

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