COSTUMES BÍBLICOS: julho 2019


A GENEALOGIA DE JESUS

A GENEALOGIA DE JESUS
CRISTO veio do Pai (Jo 16.28), mas nasceu de uma mulher (Gl 4.4).
Já os textos proféticos expressava essa dualidade, essas duas origens. O Esperado havia de descer do céu, assim como a chuva desce do céu, e havia de surgir da terra da mesma forma que um grão nasce da terra (Is 44.6-8). Ele é o Maravilhoso Conselheiro, o Deus forte, o Pai da Eternidade, o Príncipe da Paz (Is 9.6b), mas nasceria como um menino, um filho [que Deus] nos deu (Is 9.6a). Seria, como o fruto da terra, o Renovo do Senhor (Is 4.2); a Primícia de Deus.
Os evangelhos percorreram e depois destacaram alternadamente um e outro aspecto. Jesus é o Christus, o Rei messiânico do mundo, e o Kirios, o Senhor dos céus e da terra; é o verdadeiro Salvador de Israel e o Emanuel que arma sua tenda no meio de Seu povo. Jesus mesmo disse: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo (Jo 8.23).
Falando da humanidade de Cristo, Paulo lembrou que Jesus nasceu da descendência de Davi segundo a carne (Rm 1.3), e os evangelhos de Mateus e Lucas iniciam com a genealogia humana do Mestre; maneira semítica de apresentar os hebreus, que tinham a sua ascendência e sua fecundidade como bênção do Senhor (Dt 7.12-13). A esterilidade, pelo contrário, constituía a mais dura maldição (Is 5.5,6) e era considerada unanimemente como um castigo de algum ignominioso pecado (Lv 20.20).
Quando Isabel, tantos anos estéril, concebeu finalmente, ela louvou ao Senhor por Ele ter apagado o seu opróbrio (Lc 1.25). E os vizinhos foram felicitá-la (Lc 1.58). O filho era a principal alegria de seus pais (Pv 23.24-25). Por isso, uma mulher, ao presenciar as maravilhas de Jesus, louvou o ventre que o concebeu e os peitos que o amamentaram (Lc 11.27). Seu louvor refletia a mentalidade de seu povo.
Para que entendêssemos que Deus não necessita de nossa intervenção, Jesus nasceu de uma virgem. Mas, para que nos convencêssemos de que Ele quis necessitar de nós, nasceu de uma mulher [necessitando dos cuidados de uma mãe]. E apesar do precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado (1Pe 1.19), gerado pelo Espírito Santo, sem a participação do homem, Jesus foi contado em uma família onde figuram nomes como o de Adão, de Perez, de Boaz, de Salomão. Perez, filho de Judá, foi fruto da relação dele com Tamar, sua nora; Boaz era filho de Salmon com Raabe, uma ex-prostituta, e casou-se com Rute, uma moabita convertida ao Deus de Israel; Salomão foi filho de Davi com Bate-Seba, a que foi mulher de Urias (Mt 1.6). Mateus não teve pudor algum em dizer isto. Porque em Cristo seria benditas todas as famílias da terra (Gn 12.3); o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lc 19.10).
Lucas, em contrapartida, silenciou semelhantes detalhes, assim como omitiu outros nomes de reconhecidos pecadores. Trata-se, pois, de duas genealogias. Mas, na hora de buscar a consolação das Escrituras (Rm 15.4), preferimos apoiar-nos em uma explicação maravilhosamente fértil, como quase todas as que os antigos comentaristas apresentam: a genealogia de Mateus, que é descendente, traça a marcha de Deus até o homem para Jesus levar sobre si os pecados da humanidade; Lucas, pelo contrário, traça sua genealogia em sentido ascendente, por isso suas omissões refletem a eliminação dos pecados que Cristo, com o derramamento de seu sangue, obteve, e termina em Deus, assinalando assim também aos nossos olhos e ao nosso coração qual há de ser nossa última meta, nosso último repouso.

UMA SELEÇÃO PRÉVIA DE TRONCO E RAMOS

Aquele esmero com que os judeus retinham a lista dos seus antepassados era fruto de sua consciência de povo eleito e devia-se, sem dúvida, a uma clara inspiração divina. Haviam recebido a promessa do Messias, o qual tinha de nascer da descendência de Abraão. Formava, pois, um povo de eleição, um povo à parte.
Eis que os céus e os céus dos céus são do Senhor teu Deus, a terra e tudo o que nela há.
Tão-somente o Senhor se agradou de teus pais para os amar; e a vós, descendência deles, escolheu, depois deles, de todos os povos como neste dia se vê.(Dt 10:14,15)
Mesmo que na nova humanidade fundada em Cristo não haja distinção entre judeus e gentios (Gl 3.28), estes não passam de ramos silvestres enxertados no tronco de Israel (Rm 11.16-20). Em nosso critério atual, tão hostil a todo tipo de racismo, é custoso admitir isto, mas devemos reconhecer a necessidade de que assim Deus fez para salvar a integridade da Encarnação.
Cúpula da mesquita
 construída no local do templo
onde Jesus foi apresentado.
A encarnação exigia uma seleção prévia de tronco e ramos, e mui precioso caminho desde a terra até a flor, a fim de que a Encarnação se enraizasse verdadeiramente na carne. O Verbo se fez carne. Será que existem duas palavras mais contrárias em hebraico? Carne aqui significa a humanidade. Isaías, conforme esta acepção, promete que toda a carne verá a glória de Deus (Is 40.5). A carne é também a parte mais visível e frágil do homem, e o próprio Isaías no versículo seguinte nos assegura que a carne é como a erva. Logo, a carne é o fator mais oposto ao Verbo, ao Deus transcendente e invulnerável. Mas Cristo possuiu um verdadeiro corpo, e é anátema todo aquele que crer que seu corpo foi celestial e que passou pelo ventre de Maria assim como a água passa pelo cano.
Paulo, contrapondo o Adão terreno, fala-nos do segundo Adão, Cristo, como celestial (1Co 15.47). Mas esse adjetivo se refere unicamente à natureza divina ou à sua singular concepção pelo Espírito Santo nas entranhas de Maria, sem a participação viril. Mas o corpo de Jesus era carnal, passível, mortal, a fim de que todas as ações redentoras por meio de sua paixão e morte fossem verdadeiras. Como supor que Deus nos conduzisse nesse assunto a um engano? Sendo Ele a própria Verdade, não é admissível que em sua obra houvesse nada de mentira.
A humanidade é a massa que foi chamada para  ser fermentada pelo Verbo com o homem tornou-se um grandioso desenvolvimento de sua união hipostática. Deus se misturou com a nossa natureza, a fim de que, graças a essa mistura com o divino, nossa natureza se tornasse divina. O Pai predestinou os homens para serem conformes à imagem de Seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Rm 8.29).
Eis por que nos tornamos filhos do Pai: por sermos irmãos do Filho dEle, e não o contrário. A graça conferida hoje ao homem é a graça que Cristo obteve por nós.
Paulo utilizou a frase que à primeira vista é decepcionante: o Filho de Deus se fez semelhante aos homens (Fp 2.7). Tão-somente semelhante? A mais elementar exegese chega a esta conclusão: não se trata de uma semelhança, mas, sim, de uma realidade.
O próprio Paulo se apressa a dizer; o Filho de Deus aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo [...] e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz (Fp 2.7,8). Como Jesus ia morrer, como ia ser crucificado se estivesse desprovido da verdadeira carne? Como representaria os homens em seu sacrifício, se ele não fosse completamente homem? Na Encarnação, Deus tirou de um vencido um vencedor. O primeiro Adão foi vencido, o segundo Adão venceu. Ambos pertencem à mesma raça. Porque, assim o que santifica como os que são santificados, são todos de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos (Hb 2.11).
Cristo é, certamente, o Soberano do Universo; Ele enche tudo (Ef 4.10). É o mistério de Deus (Cl 2.2), e a Cabeça da Igreja (Cl 1.18). É o Primogênito de toda a criação (Cl 1.15), a razão de todas as coisas, antes de todas (Cl 1.17) e a causa delas, porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na e terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele (Cl 1.16).
Temos de acrescentar que o Verbo que se fez carne goza sobre os homens de uma soberania muito singular, pois sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos (Ef 1.22,23) e que, entre todas as espécies criadas, é a humanidade quem tem vínculos mais estreitos e muito particulares com o Filho de Deus: Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão (Hb 2.16).

AS DUAS NATUREZAS DE JESUS

Os anjos confessam com júbilo que Jesus Cristo é o Senhor (Fp 2.10,11). Mas qual deles pode ser chamado "irmão" unicamente ou foi autorizado a hospedar em sua casa, no sossegado refúgio de seu coração, Jesus Cristo? Deus fez um dia o homem à sua imagem e semelhança (Gn 1.27);[Não fisicamente, mas, em caráter e santidade, e, ou, com Suas características espirituais]. Muitos séculos mais tarde, Deus se fez um como nós... (Hb 4.15). Ele transformou o modelo em cópia, e a cópia, em modelo.
BELÉM. Cidade de Davi e de
JESUS
Deus se fez um de nós. A inteligência, os sentimentos, a sensibilidade de Jesus funcionavam da mesma forma como funcionam em nós; seu bendito corpo, ao longo de nove meses de gestação, durante trinta e três anos de vida, foi docilmente seguindo o trajeto comum imposto a todo corpo humano. Foi Cristo um homem com mãe e pátria, com seus costumes próprios, com suas fadigas e preferências particulares; um homem que merece crédito, este Jesus (At 2.32).
No entanto, ao mesmo tempo, devido à sua natureza também divina, Ele pôde perfeitamente representar todos os homens e recolher em si tudo quanto se achava disperso na humanidade; tudo quanto Adão havia perdido em sua queda. Por causa de sua encarnação, morte e ressurreição, nós que cremos nele e o recebemos como Senhor, temos o mesmo Espírito dele. E, agora, não existe nenhum pensamento ou sentimento seu que não devamos esforçar-nos para tê-los.
Então, como entender semelhante união de naturezas? Temos à mão analogias que podem ilustrá-la. Mas devemos lembrar que toda analogia consiste em uma semelhança; logo, é um bom meio de compreensão até certo ponto. Dessas analogias ou imagens, há umas mais claras e outras menos claras. Costuma-se citar o ferro incandescente, o cristal atravessado por um raio de Sol, entre outras.

JESUS DESCENDE TAMBÉM DE ADÃO

Ao nascer como homem, Cristo [o Verbo que era Deus e que estava com Deus desde o princípio - João 1.1,2] se submeteu à natureza humana de Adão; aceitou ter um relacionamento filial com seu Pai eterno como uma de suas criaturas. Por isto, Jesus foi nascido de mulher, nascido sob a lei (Gl 4.4), ou seja, Ele estava sujeito às nossas contingências humanas e não só penetrou na história, mas veio para mudar essa história manchada pelo pecado, libertando a humanidade em estado de escravidão por causa daquele que a havia sujeitado (Rm 8.20).
Enquanto homem, Cristo abriu mão de sua glória e de seus atributos divinos (não de seu caráter), e confiou em que o Pai, por meio de seu Espírito que nele habitava, lhe revelaria tudo o que seria necessário à sua vida terrena e ao seu ministério, bem como operaria os milagres que atestariam sua identidade e sua obra messiânica.
Nazaré. A cidade ainda guarda
muitas de suas características
do tempo de Jesus.
Para alguns da liderança dos judeus, era absurdo aceitar que Jesus, tendo sofrido tão grave humilhação, fosse o Filho de Deus, e mais o Emanuel. Mais do que um absurdo, foi um escândalo. Para eles, era inconcebível que Cristo, um indivíduo que nasceu de mulher, que tinha fome e sede, que necessitava da companhia de outros seres humanos, fosse o Messias esperado. A despeito de ele ter nascido de uma virgem, de ter operado tantos milagres, de ter morrido sendo inocente e ressuscitado ao terceiro dia, muitos não atentaram para o cumprimento das Escrituras e não creram naquele que abriu os olhos dos cegos, curou paralíticos e leprosos, libertou cativos por demônios, deu de comer a multidões e proporcionou às almas sedentas a água que salta para a vida eterna.

Filho de Davi

Entre os judeus, era verdade indiscutível que o Messias haveria de nascer da família de Davi. E tanto aos olhos de seus compatriotas como aos de seus discípulos, a descendência de Jesus como Filho de Davi era inegável e estava devidamente comprovada. Mas qual era, na época de Jesus, o significado exato da expressão Filho de Davi? Esse título supõe diretamente que aquele que o ostenta teria a dignidade do rei e o exercício das funções reais.
Era nesse sentido que as turbas o empregavam, e, quando Jesus entrou triunfante nas ruas de Jerusalém e no Templo na condição de Messias, as multidões que lhe deram glórias e hosanas diziam: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas! (Mt 21.9,15; Mc 11.10; Lc 19.38). Mas, contrariamente ao que as falsas e até extravagantes ideias anunciavam, a realeza de Cristo era, antes de tudo, espiritual e religiosa. Excluída as proezas e ruidosas conquistas militares.
A missão de Jesus como Rei era promover a paz de Deus com os homens e destes uns com os outros. E as pessoas que compreenderam esse propósito creram no Messias como o prometido Salvador, tão poderoso como compassivo, que é capaz de aliviar todas as dores da alma humana subjugada pelo pecado. Elas compreenderam bem esse caráter do Reino de Jesus, por isto muitos se apertavam ao seu redor e imploravam sua piedade, invocando-o como Filho de Davi. Assim é que, havendo Jesus realizado curas e milagres (Mt 9.27; 15.22; 20.30-31), aqueles que foram testemunhas perguntavam uns aos outros: Não é este o Filho de Davi? (Mt 12.23).

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A VIDA DE JESUS

O CENÁCULO

A palavra “cenáculo” vem do latim “cenaculum”
que traz como significado uma “sala de refeições”,
“sala de jantar” ou “uma sala/quarto
no piso superior de uma casa”.
Local apontado tradicionalmente como
aquele onde ocorreu a última Ceia.
O CENÁCULO
[Curiosamente a palavra cenáculo não aparece nos escritos originais das Sagradas Escrituras, nem no hebraico e nem no grego, contudo em alguns casos é usada para favorecer a tradução e o entendimento dos leitores em poucas passagens bíblicas.]
Pedro e João saíram de Betânia na quinta-feira de manhã. Não foi difícil encontrar a casa, pois tudo ocorreu conforme Jesus havia predito. O dono da propriedade acolheu-os prontamente e pôs à disposição deles uma bela sala adornada com tapetes e sofás, já preparada para a refeição, tal como Jesus havia descrito e digna das grandes coisas que ali iam acontecer. Era um cenáculo, um cômodo construído sobre um terraço da casa. Jesus poderia permanecer ali com os discípulos em perfeita tranquilidade (Lc 24.36-43; Jo 20.19-29; At 1.13; 2.1-4).
E, no primeiro dia dos pães ázimos, quando sacrificavam a páscoa, disseram-lhe os discípulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comer a páscoa?
E enviou dois dos seus discípulos, e disse-lhes: Ide à cidade, e um homem, que leva um cântaro de água, vos encontrará; segui-o.
E, onde quer que entrar, dizei ao senhor da casa: O Mestre diz: Onde está o aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?
E ele vos mostrará um grande cenáculo mobilado e preparado; preparai-a ali. (Marcos 14:12-15)
Quem era o proprietário do cenáculo? Alguns sugerem o nome de Nicodemos e o de José de Arimatéia, simplesmente por causa da elevada posição social desses homens. Existe outra possibilidade, mais razoável. Lemos em Atos 12.12-17 que Pedro, alguns anos mais tarde, ao sair da prisão na qual Herodes Agripa I o havia encerrado, foi bater à porta de uma casa que pertencia a Maria, mãe de João Marcos, o futuro evangelista; casa em que os cristãos de Jerusalém se reuniam. Não seria essa a mesma casa onde estava o cenáculo no qual Jesus celebrou a Páscoa? Essa teoria é aceita por boa parte dos teólogos sérios, contudo ainda é uma teoria.

Os preparativos

Voltemos, agora, aos dois mensageiros do Salvador. Além de encontrar o lugar em que celebrariam a Páscoa, era necessário preparar os diversos alimentos para o banquete sagrado, segundo o costume. Já mencionamos os pães asmos. Medem 25 centímetros de diâmetro e alguns milímetros de espessura. A superfície é cheia de pequenas rugas feitas à punção. Eram preparados com farinha diluída em água, postos em pratos e levados ao fogo até endurecerem. O gosto era necessariamente insosso.
Os dois apóstolos tinham de arranjar também as ervas amargas - alface, salsinha, agrião, rabanetes silvestres e outras - conforme descrito na instituição da primeira Páscoa (Êx 12.8). Tinham ainda de preparar o molho espesso e avermelhado, chamado em hebraico haroset, composto de uma mistura de frutas secas - tâmaras, amêndoas, figos, passas - esmagadas e diluídas em um pouco de vinagre.
Esses dois alimentos representam os sofrimentos que, no passado, os hebreus suportaram no Egito, especialmente (e este era o sentido do haroset) os tijolos que seus antepassados tiveram de fabricar para os tiranos à custa de muito esforço (Êx 1.1-14). Deveriam ainda preparar outros pratos para completar o banquete e também providenciar quantidade suficiente de vinho e água.
Contudo, o prato principal era o cordeiro, que deveria ser de um ano e sem defeito algum. Era imolado depois do meio-dia, conforme exigia o ritual. Por não haver para esse trabalho sacerdotes suficientes, os chefes de família, ou seus representantes, podiam também realizar a tarefa. Para isso, dividiam-se em três grupos, que se reservavam das 3 às 5 horas, no pátio dos sacerdotes, diante do santuário propriamente dito, a pouca distância do altar dos holocaustos. A um sinal das trombetas dos sacerdotes, cada um imolava o seu cordeiro.
Os sacerdotes, postos em duas filas, recolhiam o sangue das vítimas em recipientes de ouro ou de prata, que iam passando de mão em mão até chegar aos que estavam próximos do altar. As vasilhas eram esvaziadas aos pés do altar e devolvidas aos sacrificadores pelo mesmo processo.
Em seguida, esquartejavam os cordeiros, cuidando para não quebrar nenhum osso (Êx 12.46), e tiravam a gordura para queimá-la no altar dos holocaustos. Concluído o ritual e o canto dos salmos, o cordeiro era envolvido na própria pela e levado, respeitosamente, à casa de seu respectivo dono. Com dois galhos de romãzeira postos em forma de cruz, o animal era mantido na posição determinada pelo costume e assim introduzido no forno.
Esse foi o trabalho de Pedro e João durante boa parte da quinta-feira.
Na quinta-feira, à tarde, Jesus saiu de Betânia e seguiu com os apóstolos para Jerusalém, chegando ao cenáculo pouco antes da hora da ceia (Mt 26.20; Mc 14.17; Lc 22.14). A cidade inteira estava em festa. As ruas transbordavam de judeus alegres e diligentes a caminho do local em que comeriam o cordeiro pascal. Acompanhado, sem dúvida, de um de seus dois enviados, que à tarde se havia juntado a ele novamente, Jesus entrou no cenáculo que lhe haviam preparado.
Quando as trombetas sacerdotais deram o sinal de que já era a hora da refeição, Jesus e os apóstolos puseram-se à mesa. Não havia, ao que parece, outros convidados além dos membros do colégio apostólico. Antigamente, os hebreus comiam em pé o cordeiro pascal, com os lombos cingidos e cajado na mão, em posição de viajantes. Mas esta prescrição, como tantas outras relacionadas à Páscoa observada no Egito, não tardou a cair em desuso. A Páscoa chamada perpétua não tinha mais a simplicidade e a austeridade dos tempos antigos. Foram introduzidas novas regras, em particular a de celebrar a ceia não mais de pé, como os escravos, e sim da maneira em que os gregos e os romanos celebravam os seus banquetes.

VEJA NO HEBRAICO, OS PREPARATIVOS PARA O BANQUETE.(VÍDEO EM TEXTO DINÂMICO)

Poesia e Literatura de Sabedoria

 
DE JÓ A CÂNTICO DOS CÂNTICOS
Poesia
A palavra "poesia" poderia sugerir um ramo altamente especializado da arte literária, cultivado por uma minoria para o benefício de poucos. Mas este seria um termo inadequado para qualquer parte do AT. Um equivalente moderno mais próximo seria a oratória rítmica de Winston Churchill, por exemplo:
Lutaremos nas praias,
Lutaremos nas pistas de aterrissagem,
Lutaremos nos campos e nas ruas.
Aqui, a repetição (ou outros recursos) e o ritmo se unem para tornar uma mensagem duplamente memorável e comovente.
A repetição era uma técnica muita usada pelos cananeus, e é também uma característica de algumas das primeiras poesias bíblicas:
Para Sísera, estofos de várias cores,
estofos de várias cores de bordados;
um ou dois estofos bordados,
para o pescoço da esposa? Jz 5.30
O ritmo, embora mais marcado do que isso no original hebraico, é uma questão flexível de acentos ou sílabas tônicas, e não de número fixo de sílabas. Geralmente haverá três acentos numa linha ou verso, combinados com outros três no verso seguinte, sendo que os dois versos se juntam para formar um dístico ou uma parelha de versos. Mas este padrão pode ser variado ocasionalmente por uma parelha mais longa ou mais curta, ou por um conjunto de três versos na mesma passagem. Outra possibilidade é que o ritmo predominante seja um dístico ou uma parelha em que um verso de três batidas ou acentos é seguido por um verso com apenas duas batidas:
Como os guerreiros caíram
no meio da batalha!
Este último ritmo, com sua nota de descaimento ou diminuição, é usado muitas vezes nos sarcasmos ou lamentos ( como no livro de Lamentações). Por isso essa forma poética recebeu o nome de Qinah (lamento), embora seu uso não esteja restrito a esses temas.
O que é quase marca registrada da poesia bíblica, e que a distingue da nossa, é o paralelismo: a repetição do pensamento de uma linha ou verso numa segunda linha ou verso, com o qual forma um conjunto:
Porventura, tendo ele prometido, não o fará?
Ou, tendo falado, não o cumprirá? (Nm 23.19, ARA)
Há vários tipos de paralelismo, desde a repetição propriamente dita à amplificação (desenvolvimento) e à antítese (apresentação do oposto). Essa forma poética tem uma dignidade e uma amplitude que dão ao pensamento o tempo necessário para fazer efeito no leitor, e, muitas vezes, também a oportunidade de apresentar mais de uma faceta de uma questão:
Porque os meus pensamentos
não são os vossos penamentos,
nem os vossos caminhos,
os meus caminhos,
diz o SENHOR. (Is 55.8, ARA)
O bispo Lowth, que, em suas preleções sobre poesia hebraica em 1741, foi o primeiro a dar nome de "paralelismo" a esse estilo poético, mostrou que esta estrutura, baseada no significado, pode ser traduzida para prosa em qualquer língua com muito pouca perda, ao contrário da poesia que depende de métrica complexa ou vocabulário especial.
Há, sem dúvida, questões de estilo na poesia do AT, e, ocasionalmente, recursos como assonância, rima, refrões, jogos de palavras e acrósticos que são difíceis de traduzir, mas trata-se de casos secundários. A essência desta poesia é que ela tem questões importantes a transmitir de maneira enérgica a pessoas de todos os tipos. Portanto, é mais espontânea e notadamente livre dos artifícios de linguagem.
Por esta razão, a poesia não aparece separada em alguns livros poéticos, mas surge em vários contextos em momentos de grande importância. Os exemplos citados acima foram tirados de livros que podemos classificar como históricos (mas os judeus os chamavam de "Profetas Anteriores" e "a Lei") e proféticos. Na realidade quase todos os pronunciamentos proféticos estão nesta forma, e foram corretamente estruturados como poesia em traduções recentes da Bíblia.
Três livros do AT, no entanto, receberam um sistema da acentuação mais elaborado que os demais livros, para destacá-los como sendo distintamente poéticos. Estes são , Salmos e Provérbios. A nosso ver, o Cântico dos Cânticos seria um candidato melhor que Provérbios, pois sua lírica pura é um terceiro exemplo de poesia hebraica a ser colocado ao lado da rica eloquência de Jó e dos versos dos Salmos que se destinam ao canto.
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Pesos e Medidas nos Tempos Bíblicos

Moedas sumeriana Cuneiform Inscribed Baked Clay (c.2900 aC)


Pesos, Moedas e Medidas

Entenda
A unidade básica é indicada com o valor "1" na coluna da "Proporção", sendo que as unidades menores precedem a unidade básica e as unidades maiores a seguem. O "Equivalente atual" de cada unidade, onde aparece, é aproximado.
1.Pesos
Nome                       Correspondente Bíblico Proporção Equivalente atual
Gera (Êx 30.13) 1/10 do beca ou 1/20 do siclo 1/20 0,571g
Beca (Êx 38,26 10 geras 1/2 5,712g
Siclo (unidade básica; Gn 24,22) 20 geras ou 2 becas 1 11,424g
Mina* ou arrátel**(Esdra 2,69) 50 siclos 50 571,2g
Talento***(2Sm 12.30) 3000 siclos ou 60 minas 3000 34,272kg
*A mina em Ezequiel (45,12) é igual a 60 siclos e equivalente a 685.44g
**O nome arrátel também é usado para libra romana(Jo 12,3;19,39) que equivale a 325g
***O talento em Apocalipse(16.21) equivale a 40kg.
2.Moedas
2.1.No Antigo Testamento
1.O siclo, a mina o talento eram peças ou barras de metal (prata, ouro)usadas como meio de pagamento(2Rs18.14)
2.Como moeda, aparece o darico ( 1Cr 29.7;Ed 2.69;8.27;Ne 7.70;RC.,"dracma"), uma moeda de ouro que pesava 8,4g.
3.A peça de dinheiro (Gn 33.19, quesita) é de valor ignorado. 
2.2 No Novo Testamento
Nome                                        Tipo                      Correspondente Bíblico Proporção
Lepto (Mc 12.42, "pequenas moedas") Moeda de cobre ou de bronze 1/2 do quadrante ou 1/128 do denário 1/128
Quadrante (Mc 12.42,RA;RC.,"cinco réis") Moeda romana de cobre 1/4 do asse ou 1/64 do denário 1/64
Asse (Mt 10.29, "ceitil") Moeda romana de cobre 1/16 do denário 1/16
Denário* (unidade básica; Mt 20.2;RC.,"dinheiro") Moeda romana de prata Salário de um dia de trabalho 1
Dracma (unidade básica;Lc 15.8) Moeda grega de prata Igual a 1 denário 1
Didracma (Mt 17.24, RC.) Moeda grega dracmas ou 2 denários 2
Tetradracma (Mt 26.15, "moedas de prata") Moeda grega dracmas ou 4 denários 4
Estáter (Mt 17.27) Moeda grega de ouro didracmas ou 4 denários  4
Mina (Lc 19.13) Moeda grega de ouro 100 denários 100
Talento (Mt 25.15) Prata ou ouro 6.000 denários  6.000
*Calculando-se que um diarista no Brasil ganhe o equivalente a 10 dólares por dia(igual a um denário), um talento de prata valeria 60.000 dólares. O talento de ouro valia umas trinta vezes mais do que o talento de prata.

MEDIDA DE COMPRIMENTO

Nome                                           Correspondente Bíblico                        Equivalente atual
Dedo (Jr 52.21) 1/4 de quatro dedos Proporção 1/24 1,8 cm
Quatro dedos* (Êx 37.12) 1/3 do palmo ou 1/6 côvado Prop. 1/6 7,4 cm
Palmo** (Êx 28.16) 1/2 do côvado Proporção 1/2 22,2 cm
Côvado***(Unidade básica;Gn6.15 2 palmos Proporção 1 44,4 cm
Braça (At 27.28) 4 côvados Proporção 4 1,80 m
*Quatro dedos é a medida da palma da mão (Êx 37.12) na base dos quatro dedos.
**Palmo é a distância entre a ponta dos dedos extremos com a palma da mão.
***Côvado é a distância entre o cotovelo e a ponta do dedo médio. O côvado em Ezequiel (43.13) equivale a 51,8 cm, pois soma um côvado mais quatro dedos. Em consequência, a cana (Ez 41.8) equivale a 3,11 m, pois é igual a seis côvados de Ezequiel.

MEDIDAS DE DISTÂNCIA

Nome                                                 Correspondente Bíblico       Equivalente atual     
Tiro de pedra (Lc 22.41)
20 a 30 m
Tiro de arco (Gn 21.16)
100 a 150 m
Jornada de um Sábado (At 1.12) 2.000 côvados 888 m
Jornada de um dia (Gn 31.23)
30 a 40 Km
Estádio romano (Lc 24.13)
185 m
Milha romana (Mt 5.41) 8 estádios 1.479 m

MEDIDA DE ÁREA

Jeira: Área que uma junta de bois pode arar em um dia, mais ou menos um quarteirão quadrado com 50 m de lado, o que equivale a 2.500 m² (1Sm 14.14).

MEDIDA DE TEMPO

Hora: 1/12 do dia e 1/12 da noite; a extensão da hora variava de acordo com a estação do ano. As horas do dia são contadas a partir do nascer do sol e as da noite, a partir do pôr do sol (Mt 20.3).
Vigília: Os israelitas dividem a noite em 3 vigílias, sendo cada uma de 4 horas (Jz 7.19); os romanos a dividem em 4 vigílias, com 3 horas cada uma (Mt 14.25).
Noite: 12 horas, do pôr do sol até o seu nascer (Gn 7.4).
Dia: 12 horas, do nascer ao pôr do sol (Gn 7.4); 24 horas, de um pôr do sol até outro (Êx 20.8-11).
Semana: 7 dias, terminando com o Sábado (Êx 20.10).
Mês: 29 a 30 dias, iniciando com a lua nova (Nm 28.14).
Ano: 12 meses lunares (354 dias; 1Cr 27.1-15). De três em três anos acrescenta-se um mês (pela repetição do último mês) para tirar a diferença entre os 12 meses lunares e o ano solar.
Moeda romana - César Augusto
Germanicvs 1º c. DE ANÚNCIOS

MOEDAS DOS TEMPOS BÍBLICOS

Algumas das moedas romanas mais comuns,
 incluindo a aureus ouro, denário
 de prata e de bronze sestertius
Moeda de Júlio César
Em Lucas 20: 23-25 ​​Jesus pediu uma moeda e, em seguida, perguntou à multidão cuja imagem estava sobre ele. Eles responderam que era ". De César" Vários tipos de moedas estavam em circulação nesse momento que mostrou uma imagem de César, com a que é exibida aqui é um exemplo típico.Ele contém a imagem de Tibério César, que reinou 14-37 dC, o tempo do ministério de Cristo. O texto sobre a moeda de prata, tecendo está escrito em latim.


Moedas romanas antigas


No início sumeriana Tablet - 3100-2900 aC -
 Descoberto em Uruk, (sul da Mesopotâmia)
 - Detalhes de uma compra de
 terras que incluiu um escravo.
Moedas bíblica antiga da
 Terra Santa da Viúva ácaros, 
Herodes, o Grande, Pôncio Pilatos,
 César Augusto, etc.
O documento mais antigo na história
 do mundo é uma tabuleta de argila criado
 pelos sumérios, povo que viveu na antiga 
Mesopotâmia, atual Iraque, em 3300 aC
Archaeological Descobertas recentes na Terra Santa Esta foto arquivo apostila fornecida em 9 de setembro de 2009 por A Universidade Hebraica de Jerusalém mostra alguns dos 120 ouro, prata e moedas de bronze em que se encontravam 02 de agosto de 2009 em uma caverna no Colinas da Judeia, Israel. As moedas e outros artefatos encontrados na caverna quase inacessível fornecer provas em como os antigos judeus encontraram refúgio no Colinas da Judeia durante a rebelião de Bar Kokhba contra os romanos em 132-35 AD.

O LIVRO DE JOSUÉ-A CONQUISTA

JOSUÉ - A CONQUISTA

O livro conta a história da conquista e da colonização da Terra Prometida sob a liderança de Josué (Yehoshua', "O Senhor é salvação"). O título da LXX foi traduzido como Iesous, que também é a grafia grega do nome Jesus (salvador). Assim, Josué é retratado como salvador, ou libertador, dos israelitas. Ele é o representante do Senhor e o instrumento humano para cumprimento das promessas divinas na vida dos filhos de Israel. Lembrando que antes Josué chamava-se Oseias. Quem mudou seu nome foi Moisés em Cades (Nm 13.16). Veja mais aqui  Curiosidades Bíblicas Gerais.
A conquista foi o cumprimento da profecia de Deus a Abraão, de que seus descendentes possuiriam a terra de Canaã após 400 anos de escravidão e opressão (Gn 15.12-15). Embora o livro de Josué introduza a seção dos livros históricos em nossa Bíblia, ele era o primeiro livro dos profetas anteriores dentro da seção dos Profetas (Nevi'im) na Bíblia hebraica. Marten Woudstra explica: "O objetivo dos profetas anteriores é apresentar uma história interpretativa (profética) dos atos de Deus para com Seu povo da aliança, Israel".
À semelhança dos outros livros históricos, Josué é uma obra anônima. E apesar disso, várias linhas de evidência apontam para Josué como autor. O Talmude babilônico (Baba Bathra 14b) designa Josué como autor. O próprio livro retrata seu envolvimento em vários projetos de escrita (Js 8.32; 18.8,9; 24.26). Os acontecimentos mencionados no texto são narrados da perspectiva de uma testemunha ocular. Além disso, o escritor, às vezes, usa os pronomes da primeira pessoa do plural "nós" (Js 5.1, sujeito oculto) e "nos" (Js 5.6) ao descrever os eventos do livro. Outras indicações de uma composição entre o século 15 a.C. e o século 13 a.C. incluem o emprego de nomes antigos de povos, divindades e cidades cananeias (Js 3.10; 13.4-6; 15.9,13,14) e o fato de que a cerimônia de renovação da aliança (cap.24) reflete as estruturas de tratados hititas de suserania e vassalagem dessa época.
Uma vez que os acontecimentos do livro são narrados da perspectiva de uma testemunha ocular, sua datação depende de como se data o êxodo e a conquista de Canaã. Embora muitos datem o êxodo de 1290 a.C., e a conquista, de 1250 a.C., parece mais adequado datar o êxodo de 1446 a.C., e a conquista, de 1406 a.C. De acordo com 1 Reis 6.1, o êxodo aconteceu 480 anos antes do início da construção do Templo, no quarto ano do reinado de Salomão, em 966 a.C. Sendo assim, o êxodo ocorreu em aproximadamente 1446 a.C. E por causa da existência de um período adicional de 40 anos entre o êxodo e a entrada em Canaã (Êx 16.35; Nm 14.34,35), o início da conquista ocorreu em 1406 a.C.

Oasis de Jericó da época do Antigo Testamento.
Além disso, Calebe indica que tinha 40 anos de idade na época do fracasso em Cades-Barneia (Js 14.7) e 85 no final da conquista (Js 14.10). Dessa forma, 45 anos passaram-se entre o incidente de Cades-Barneia e o término da conquista. Uma vez que Israel peregrinou no deserto por cerca de 38 anos antes de entrar em Canaã (Nm 10.11; 20.1,22-29; 33.38; Dt 1.3; Js 4.19), a conquista deve ter durado cerca de sete anos. Essa constatação não surpreende à luz de Josué 11.18, que indica que ela demorou algum tempo. Levando tudo isso em consideração, a conquista, provavelmente, começou em 1406 a.C. e foi concluída por volta de 1399 a.C. Assim, a primeira metade do livro de Josué (cap. 1--14), que retrata a conquista, aconteceu de 1406 a.C. a 1399 a.C., e a última metade (cap. 15--24) ocorreu entre 1399 e 1374 a.C.
Além disso, evidências arqueológicas parecem apoiar a data anterior para a conquista. Escavações em Jericó, Ai e Hazor provocaram um debate acalorado sobre a data da destruição de diversas cidades cananeias na conquista de Canaã. Tanto Jericó como Hazor mostram claros indícios de terem sido queimadas no século 15 a.C., o que se encaixa com a data anterior para o êxodo. E referências à morte de Josué (Js 24.24) e aos anciãos que morreram depois dele (Js 24.31) indicam que essas anotações finais foram adicionadas por outro escritor inspirado, talvez Fineias (Js 24.33).
O local da escrita foi Canaã, uma vez que Israel estava ali no encerramento do livro. Josué dirige-se á segunda geração, que nasceu no deserto para participar da conquista. No fim da investida inicial, restou ainda muita terra a ser conquistada (Js 13.1). Por esse motivo, Josué escreveu à segunda geração de israelita exortando-a a dar prosseguimento à conquista da terra e a honrar a aliança de Deus , para que seus descendentes permanecessem na terra . Ao passo em que a geração mais velha não confiou totalmente em Deus no deserto (Nm 14), a geração mais nova, nascida no deserto, comprometeu-se completamente com Ele e seguiu a liderança de Josué durante a conquista da Terra Prometida.
A estrutura do livro de Josué contém três seções principais: a conquista de Canaã (cap. 1--12), a divisão de Canaã (cap. 13--22) e as condições necessárias para permanecer e prosperar em Canaã (cap.22--24). A seção da conquista (cap.1--12) pode ser dividida de acordo com as diversas operações militares empreendidas por Josué contra os cananeus. Entre elas estão a operação central (Js 5.13--9.27), a operação sul (cap. 10) e a operação norte (cap.11).
Morte de Josué e Eleazar (Js 24.29-33)
Esta seção registra não somente a morte de Josué (Js 24.29,30) e Eleazar, o sumo sacerdote (Js 24.33), mas também informações sobre o se´pultamento dos ossos de Josué em Siquém (Js 24.32). Este detalhe foi incluído para enfatizar a fidelidade de Israel ao pedido de José, de sepultar seus restos mumificados na Terra Prometida (Gn 50.29).

IMPORTÂNCIA TEOLÓGICA

Josué enfatiza a fidelidade de Deus tanto à aliança abraâmica como à aliança mosaica. A fidelidade dele a essas alianças é vista em Suas ações unilaterais a favor de Israel: Ele refreou o Jordão (Js 3.14--17), destruiu os muros ao redor de Jericó (Js 6.20), enviou uma tempestade de granizo sobre os inimigos de Israel (Js 10.11) e estendeu o dia para que o povo obtivesse vitória sobre eles (Js 10.13,14). A fidelidade de Deus é salientada pelo fato de Ele conceder vitória apesar da morte de Seu servo escolhido, Moisés, e de toda as adversidades devastadoras.
O livro também ensina a importância da obediência à aliança como chave para as bênçãos de Deus. O foco do leitor é direcionado a disciplinas espirituais que são essenciais à formação espiritual - oração, meditação, fé e coragem são destacadas como elementos-chave do sucesso de Josué. A teologia subjacente do livro lembra o leitor de que a disciplina espiritual é a chave para uma vida vitoriosa. Deve-se vigiar constantemente a fim de que o sucesso de hoje não se transforme na derrota de amanhã.

DECLARAÇÃO DE FÉ PARA COSTUMES BÍBLICOS

DECLARAÇÃO DE FÉ
O Costumes Bíblicos é uma Entidade independente e não somos patrocinados ou afiliados a nenhuma denominação ou movimento religioso específico. Criada com o objetivo de levar os estudiosos, curiosos e pesquisadores, ao encontro de conteúdos ricos em detalhes para seus estudos.
COSTUMES BÍBLICOS - O Portal da Bíblia  Um site crente, centrado na missão, focado em tornar os estudos das Escrituras disponíveis gratuitamente na Web. Embora comprometido com a excelência na apresentação do conteúdo bíblico, é governado por um conjunto de afirmações e informações teológicas cristãs/judaica e messiânicas. Isso não pretende restringir o uso do site, mas sim promover a confiança em seu conteúdo.


DECLARAÇÃO DE FÉ PARA O COSTUMES BÍBLICOS

  1. Doutrina das Escrituras - A Bíblia é a revelação única de Deus para a humanidade, a inspirada e infalível Palavra de Deus. Como tal, é a autoridade suprema e final e sem erro no que ensina e afirma. Nenhum outro escrito é investido de tal autoridade divina. A Torah para os Judeus. A Torá não fala sobre direitos humanos. Mas certamente fala sobre a santidade da vida humana, descrevendo o primeiro homem e a primeira mulher como sendo “criados à imagem de Deus ”. A forma ativa do verbo (Deus criou — não "o céu e a terra vieram a existir") implica que este foi um ato de vontade. De fato, quando o ato da criação é descrito como "E Deus disse...", devemos traduzir isso como "E Deus quis...". Nada precisava ser criado. Mas Ele criou, então estamos aqui!
  2. Doutrina de Deus - Existe apenas um Criador verdadeiro. Ele existe e é Eterno. Pense de forma simples: você acorda de manhã e, antes mesmo do café, já tem. Realidade. Existência. Não "as coisas que existem", mas a própria existência. O fluxo. O fluxo infinito de luz e energia. De ser, de existir. De é . Pense em todo esse fluxo de ser em um único ponto perfeitamente simples. Entre nele, comungue com ele, fale com ele, torne-se um com ele - isso é Deus.
  3. Doutrina do Pecado -  O que constitui o pecado? No nível simples, pecado significa quebrar a lei, violar a Torá por atos de omissão ou comissão. Nossos deveres são definidos claramente. A lei está definida. Ignorar a letra ou o espírito da lei, muito menos transgredi-la, isso é pecado. Em um nível mais profundo, o significado do pecado é indicado em sua terminologia hebraica. O termo geral para isso é aveirah . É da raiz avar - passar ou cruzar, passar além. Aveirah significa uma transgressão, um passo além dos limites e limites da propriedade para o "outro lado". Todos, independentemente de raça, gênero, classe social ou habilidade intelectual, são criados à imagem de Deus e para a comunhão com Deus. Mas por causa do pecado, essa comunhão foi quebrada e toda a humanidade foi separada de Deus, a fonte de toda a vida. Por causa da queda, todos merecem o julgamento de Deus.
  4. Doutrina da Salvação - Os cristãos originais eram judeus que agiam judaicamente em todos os aspectos, exceto por sua crença em Yeshua(Jesus)Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida, e Deus dá a salvação e a vida eterna àqueles que confiam nele. Mas com as terríveis interpretações erradas e equivocadas dos escritos do Apóstolo Paulo, por volta de 100 EC, o cristianismo se tornou uma religião exclusivamente não-judaica.  A salvação não pode ser obtida por meio de bondade pessoal ou esforço humano. É um presente que é recebido pelo arrependimento e fé em Cristo e sua morte na cruz e ressurreição do túmulo. Obediência aos Mandamentos do Criador. Consideramos essas verdades evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, que são dotados por seu Criador de certos direitos inalienáveis, que entre eles estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade.
  5. Fé - Nossa fé baseia-se unicamente nas Escrituras Sagradas, em Deus Criador de todas as coisas. Nos orientamos e nos guiamos pela fé e doutrina judaica e acreditamos que Yeshua(Jesus) é o Messias de Israel - Temos uma fé judaica, por assim dizer.  Para o judeu, sua fé não depende de que as coisas façam sentido. Sua crença não vem e vai, pois não depende de circunstâncias ou circunstâncias externas - Existe fé sub-racional – fé no dogma. Depois, há fé super-racional - conhecimento intuitivo, uma convicção interior, uma consciência de uma realidade superior, um vislumbre do infinito dentro do ser humano finito. A fé cega acredita naquilo que lhe dizem, porque quer acreditar. O intelecto acredita naquilo que compreende, porque deseja alcançar o entendimento. A sabedoria acredita naquilo que é verdadeiro, porque é verdadeiro. 
    A sabedoria não precisa se encaixar naquilo em que alguma fé egoísta deseja acreditar. Tampouco espera a aprovação do intelecto para dizer: “Isto pode ser entendido”.
    A sabedoria é um poder de visão, o poder de ver “aquilo que é” sem tentar encaixá-lo em nenhum molde. Não é absolutamente cego, mas é, no entanto, uma fé além da razão. Porque quando você vê a verdade diante de você, toda a razão do mundo não pode convencê-lo do contrário.
    A sabedoria, portanto, é o único canal pelo qual um Deus Infinito pode entrar. Essa é a nossa fé! A Fé do Costumes Bíblicos!

O SINÉDRIO JUDAICO

O SINÉDRIO JUDAICO
Não poderíamos dar suficientemente aqui informações sobre a organização política no tempo de Jesus sem mencionar o Sinédrio (nome alicerçado na palavra grega que significa lugar onde se está sentado, depois, por extensão, assembleia), espécie de senado ou assembleia superior nacional, que tinha autoridade considerável sobre assuntos religiosos e relativos à administração interna na nação judaica [tendo em vista que o governo judeu era teocrático, com base na Torá, com leis civis, religiosas/espirituais e cerimoniais].
A instituição do Sinédrio iniciou-se, ao que parece, no fim do cativeiro na Babilônia, quando os judeus que voltaram da Caldeia, depois do edito de liberdade de Ciro, sentiram necessidade de uma assembleia deste tipo que resolvesse certos casos relativos à reinstalação.

Os livros de Esdras e de Neemias nos dão a conhecer (Ed 5.5; 6.7; 10.8; Ne 2.16; 5.7; 7.5), um Senado semelhante, devidamente organizado, que mantinha relações oficiais com os funcionários persas, dirigia a construção do Templo e dava ordens aos seus correligionários, ameaçando com a excomunhão os recalcitrantes. Igualmente se fala desta assembleia durante a dominação grega.
Mais tarde, o procônsul romano Gabínio (57-55 a.C.), no tempo de seu governo na província da Síria, criou na Palestina até cinco sinédrios, encarregados da administração política e judicial em outros tantos distritos especiais da Palestina.
O Sinédrio criado em Jerusalém terminou eclipsando os outros quatro e conquistando jurisdição no ponto de vista religioso, sobretudo perante o povo de Israel. Essa jurisdição era muito ampla, mesmo durante a dominação romana. Abarcava as causas civis e religiosas de alguma importância, como, por exemplo, a acusação de idolatria em alguma cidade, as falsas profecias, a ampliação dos átrios do Templo.
Ptolomeu Filadelfo,
rei do Egito (287-247 a.C.),
que mandou traduzir o Antigo
Testamento do hebraico para
o grego (Septuaginta)
Desta maneira, o Sinédrio passou a ser um tribunal supremo de justiça, que velava sobre a pureza da doutrina. Por isto, foram seus delegados pedir explicações a João Batista com respeito à sua pregação e ao seu batismo (Jo 1.19-28); por isto mesmo, eles fizeram Jesus comparecer perante seu tribunal, condenando-o depois de  um simulacro de julgamento. Os romanos, ao despojarem o Sinédrio de toda a influência política, deixaram-lhe certos privilégios, entre outros o de pronunciar sentenças capitais, mas estas não podiam ser executadas sem a autorização expressa do governador. Pilatos, certo dia, lembrou os judeus disso com ironia (Jo 18.31).
O Sinédrio era composto de setenta e um membros, que pertenciam a três classes diferentes da sociedade judaica. Havia nele príncipes dos sacerdotes, ou seja, os principais membros da aristocracia sacerdotal; doutores da lei, de quem logo falaremos detidamente; e os "anciãos" ou "notáveis", que representavam a aristocracia civil. O sumo sacerdote em função era o presidente (Mt 26.57; Jo 18.13-14; At 5.21,27; 7.1; 23.2) oficial desta ilustre assembleia que celebrava suas sessões ordinárias num local situado na área do Templo (Mt 27.41; Mc 8.31).

O POVO JUDEU NÃO ACREDITAM EM JESUS? CURIOSIDADE DO HEBRAICO BÍBLICO(*)

A maioria dos modernos seguidores de Cristo pensam erroneamente que o Novo Testamento afirma que o povo judeu rejeitou Jesus. Mas é a leitura do próprio Novo Testamento correta?
O texto de prova fundamental para a ideia dos "judeus rejeitando Jesus" vem da leitura errada tradicional do Evangelho de João, onde na tradução do original Koine Judeo-Grego lemos: "Ele veio aos Seus, mas os seus o receberam não." (João 1:11).
A interpretação padrão iguala “seu próprio” ao povo da religião judaica do primeiro século; cometendo assim dois erros interpretativos básicos. Primeiro, ele ignora a gramática do original - o primeiro “próprio” é neutro (τὰ ἴδια), mas o segundo “próprio” é masculino (οἱ ἴδιοι). Isso indica que pelo menos o primeiro “seu” não pode se referir aos judeus! O segundo erro ignora o fato de que a palavra (Ἰουδαῖοι - ioudaios) usada no Evangelho de João, tradicionalmente traduzida como “judeus” naquela época, não significava “povo da religião judaica” como significa hoje. O significado principal desta palavra era "judeus" ou mesmo "os líderes da região da Judéia".
O Novo Testamento reconhece que havia um véu colocado sobre Israel para o benefício espiritual de outras nações (uma reminiscência do véu que uma vez foi colocado no rosto de Moisés). Mas o Novo Testamento nunca afirma que "os judeus rejeitaram Jesus".
A pergunta que incomoda o apóstolo Paulo é “por que nem todos os judeus acreditam em Jesus”? Ele formulou a questão da seguinte forma: "Deus rejeitou Seu povo?"
Uma resposta muito clara segue: absolutamente não! … Atualmente há um remanescente, escolhido pela graça. (Romanos 11: 1,5) (*Este texto é parte de um artigo publicado originalmente em Israel Bible Center por Dr. Eli Lizorkin-Eyzenberg/Editado aqui por Costumes Bíblicos)

(*)SOBRE O ERRO DE TRADUÇÃO DA PALAVRA [Ἰουδαῖοι - ioudaios]
O problema é que a palavra grega Ioudaios não significa apenas uma coisa ou outra. Tem múltiplos sentidos e temos que fazer uma chamada para saber como traduzir esta palavra.
O sistema legal da Judéia também passou a ser a lei religiosa, como em muitas sociedades do antigo Oriente Próximo. A definição de um Ioudaios na antiguidade não é, portanto, apenas uma questão dentro do território da Judéia; torna-se um problema fora deste território, onde havia pessoas mantendo ou adotando as tradições da Judéia em regiões onde os sistemas jurídicos freqüentemente funcionavam de acordo com uma variedade de cidades-estado helenísticas.
Todas as distinções que faço em termos de palavras como “judeu”, “judeu” ou “judahita” são, na verdade, aquela única palavra em grego: Ioudaios . Muito depende da compreensão correta disso. Nenhuma palavra em inglês cobre todos os seus significados. Não temos soluções simples; nós temos complexos. Cada termo não tem limites rígidos e rápidos: um judeu da diáspora poderia ser também um judeu, em termos de origens, e um judeu, em termos de origem tribal, mas um judeu da diáspora poderia ser Helena da casa real Abiadene, que se converteu a Judaísmo ( Antiguidades 20: 34-53) Em cada texto, o contexto e as sutilezas da linguagem precisam ser cuidadosamente compreendidos para a tradução adequada do termo Ioudaios. Uma palavra em grego é usada para variantes de identidade e pertença que hoje desejaremos distinguir.
É importante ressaltar que quando a palavra Ioudaios é usada no Novo Testamento, ela também pode se referir a um grupo ainda mais preciso. No Evangelho de João, os Ioudaioi geralmente são “pessoas que vivem na Judéia e têm certas tradições lá” ou “as principais autoridades da Judéia, ou seja, os principais sacerdotes”, que se opõem a Jesus e seu movimento. Se você sempre traduzir esta palavra Ioudaioi simplesmente como “judeus” - o que é comum em nossas Bíblias em inglês - você criará uma oposição intrínseca entre dois grupos de pessoas que, na verdade, são ambos judeus, estritamente falando. De um lado, você tem um grupo de judeus galileus (judeus), que sobem a Jerusalém de acordo com os costumes judaicos para a festa da Páscoa. Por outro lado, você tem o Ioudaioi, geralmente traduzido como “os judeus”, que os odeia.
No entanto, com base em suas ações e autoridade no Evangelho de João, esses Ioudaioi são geralmente responsáveis ​​pela administração religiosa e legal do Templo e da cidade de Jerusalém, junto com seu território. “Os judeus” são então aqueles que estão no poder em Jerusalém, opostos a Jesus, o judeu da Galiléia, e são designados neste Evangelho como filhos de Satanás (João 8:44), porque eles (como aqueles que estão no poder em Jerusalém) são acusados ​​de sendo responsáveis ​​pelo assassinato de certos profetas que testemunharam aos que estavam no poder em Jerusalém nos tempos anteriores: assim, “os judeus” do Evangelho assassinaram judeus judeus que eram profetas. (*Fonte da informação: Marginalia Los Angeles - Fórum: Judeus e Judeus por Bruce Malinas um estudioso do mundo social do Novo Testamento)

INTRODUÇÃO AOS LIVROS HISTÓRICOS


INTRODUÇÃO AOS LIVROS HISTÓRICOS
Os livros de Josué a Ester contam a história dos atos soberanos de Deus ao lidar com a nação de Israel, desde a conquista até a dispersão. Cada livro coloca o foco em pessoas, acontecimentos, ciclos e padrões centrais da história. Embora esses livros descrevam o que os homens fizeram ao longo da história de Israel, eles também contam a história do Deus que opera a fim de cumprir Seus propósitos divinos.
Os chamados livros históricos compõe um terço do Antigo Testamento e servem como continuação da história de Israel após a era dos patriarcas e do êxodo. O livro de Josué começa com a morte de Moisés e, em seguida, passa à aliança de Josué, que conduziu as tribos de Israel na travessia do rio Jordão e na entrada à Terra Prometida. O livro de Juízes funciona como uma transição do sucesso na conquista para as dificuldades de estabelecimento das tribos. Os livros de Samuel, Reis e Crônicas traçam a história dos reis de Israel nas fases de união, divisão e colapso, resultando na deportação de Israel para o cativeiro assírio e na deportação de Judá para o cativeiro babilônico.



A história da sobrevivência de Israel depois do exílio é contada nos livros de Esdras, Neemias e Ester. Os dois primeiros registram o relato dos judeus que retornaram a Jerusalém após a deportação na Babilônia. Ester conta a história da proteção e sobrevivência dos judeus da diáspora que não retornaram à terra natal, antes permaneceram dispersos por todo o Império Persa.
PERSPECTIVA DIVINA
A história bíblica foi escrita a partir de uma perspectiva de interpretação teológica. Em contrapartida, a história ocidental secular costuma ser escrita em estilo naturalista, registrando fatos e interpretando-os como acontecimentos arbitrários que resultam de fatores sociais, políticos ou econômicos. Hill Walton observam: "Causa e efeito no mundo do antigo Oriente Próximo são vistos quase inteiramente em termos sobrenaturais". Desse modo, o estilo dos livros históricos do Antigo Testamento é típico da época de sua origem.
O cânon hebraico inclui os livros históricos de Josué, Juízes, Samuel e Reis sob o título "profetas anteriores" na seção chamada Nevi'im, porque algumas pessoas acreditavam que eles haviam sido escritos pelos profetas Samuel e Jeremias. Os livros históricos inseridos na seção "Escritos" (Ketuvim) do cânon são Esdras, Neemias e Crônicas, pois acreditava-se que haviam sido escritos por Esdras; além do livro de Ester, que foi redigido pelos "homens da grande assembléia" (Talmud).
FONTES BÍBLICAS
O Muro de Neemias
Os doze livros que compõe os livros históricos do Antigo Testamento oferecem um rico tesouro de informações sobre  os líderes de Israel: juízes, reis, sacerdotes e profetas. Eles também abrem uma janela para a vida cotidiana do povo: sua cultura, seus costumes, suas crenças, suas práticas, seus sucessos e seus fracassos. Por causa das informações registradas nesses livros, sabe-se mais sobre a vida no antigo Israel do que a respeito de qualquer um de seus vizinhos do Oriente Médio. Leon Wood observa: "Israel era um dos menores países da era pré-cristã, mas sua história teve um grande impacto no mundo".
Os livros históricos abrangem um período de, aproximadamente, 1.000 anos, desde a conquista de Canaã por Josué (cerca de 1405 a.C.) até o período persa, época de Esdras e Neemias (cerca de 430 a.C.). O registro bíblico define os seguintes períodos da história de Israel:
PERÍODOS DA HISTÓRIA DE ISRAEL
1045-1390 A.C. Conquista de Canaã (Js)
1390-1050 A.C. Estabelecimento das tribos (Jz)
1050-1010 A.C. Reinado de Saul (1 Sm)
1010-970 A.C. Reinado de Davi (2 Sm)
970-931 A.C. Reinado de Salomão (1 Rs 1--11)
931-586 A.C. Reis de Israel e Judá (Rs; Cr)
605-535 A.C. Cativeiro babilônico (Rs; Cr)
486-464 A.C. Dispersão dos judeus (Et)
458-430 A.C. Retorno do exílio (Ed; Ne)
A datação precisa de muitos acontecimentos históricos do Antigo Testamento não pode ser determinada por fixo de referência, mas aqueles que coincidem com o governo de reis conhecidos do antigo Oriente próximo (por exemplo, o ataque de Senaqueribe a Ezequias em Jerusalém, em 701 a.C.) possibilitam uma datação precisa. Outras datas dos livros bíblicos são frequentemente limitadas ao número de anos que determinado rei governou (por exemplo, no ano undécimo de Jorão, 2Rs 9.29). Períodos mais longos são indicados (por exemplo, 430 anos no Egito em Êx 12.40 ou 480 anos do êxodo ao quarto ano do reinado de Salomão em 1Rs 6.1), mas, às vezes, as datas de início ou fim não são fornecidas. A solução para esse desafio, escreve Eugene Merrill, é:
[...] Descobrir eventos históricos do antigo Oriente Médio que possam ser datado, a fim de que os acontecimentos do AT sejam associados a eles. Esses eventos consistem, principalmente, em fenômenos astronômicos que podem ser determinados com precisão e textos cronológicos que fazem referência a eles. Quando esses elementos são integrados, surge um quadro cronológico consistente e praticamente certo para os livros históricos do AT.
Os temas dos livros históricos giram em torno da atividade divina de chamar, escolher, punir, redimir e usar a nação de Israel como povo da aliança para cumprir Seus propósitos globais. Nesse sentido, os livros não apenas contam a história da nação e do povo de Israel, mas também a história maior da graça redentora de Deus para com todos os povos (por exemplo: Raabe, a cananeia; Rute, a moabita; Naamã, o sírio). Em cada livro, as promessas da aliança de Deus são expressas em termos de bênção, julgamento, perdão, restauração e preservação.
TEMAS DOS LIVROS HISTÓRICOS
Josué Conquista
Juízes Luta
Rute Raio de esperança
1 e 2 Samuel Reis e profetas
1 e 2 Reis Reis de Israel e Judá
1 e 2 Crônicas Perspectiva sacerdotal
Esdras Reconstrução do Templo
Neemias Reconstrução do muro
Ester Resgate do povo
Escritos principalmente na forma de prosa narrativa, com alguns momentos de expressão poética (por exemplo, o cântico de Débora e Baraque em Jz 5), os livros históricos transportam o leitor pelo túnel do tempo, ao longo de quase um milênio de encontros humanos com a providência divina. O próprio Senhor intervém na vida nacional de Israel para manter as promessas e cumprir as profecias de Sua aliança com o povo, vez após vez.









LIVROS QUE SE PERDERAM
A Bíblia fala de livros, textos e crônicas a respeito da obra de Deus e do Seu povo que se perderam na noite dos tempos. São eles:
O "Livro das Guerras do Senhor". (Números 21.14).
O "Livro do Concerto". (Êxodo 24.7).
O "Livro de Jasher" ou "Livro do Reto". (Josué 10.13. I Samuel 1.18).
O "Livro do Direito do Reino". (I Samuel 10.25).
O "Livro da descrição da Terra Prometida" (Josué 18.5).
As "Crônicas do Profeta Natã e de Gade, O Vidente". (I Crônicas 29.29).
O "Livro dos Sucessos de Salomão".(I Reis 11.41).
O "Livro das Falas de Natã, o Profeta". (II Crônicas 9.29).
A "Profecia de Aías, O Silonita". (II Crônicas 9.29).
As "Visões de Ido, O Vidente". (II Crônicas 9.29).
O "Livro dos Reis de Israel". (I Crônicas 9.1). (Muitos afirmam que não se trata do canônico livro dos Reis).
As "Notas de Jeú", Filho de Hanani. (II Crônicas 20.34).
O "Livro de História de Semaías, O Profeta" (II Crônicas 12.15).
Os "Livros dos Videntes". (II Crônicas 33.19). ("Videntes", eram como se chamavam os Profetas antigos, veja: 1Cr 9.22)
O "Livro de Ido, O Vidente". (II Crônicas 12.15. I Crônicas 9.29 E II Crônicas 13.22). -(Pelo visto, este era muito importante).
Os livros dos profetas que profetizaram o que se encontra em Mateus 2.23. ("Para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas. Ele será chamado Nazareno").
O "Livro das Crônicas de Jeú, Filho de Hanani". (II Crônicas 20.34).
A Verdadeira "I Epístola Aos Coríntios". A Primeira e segunda epístolas que temos em nosso novo testamento deveriam realmente chamar-se segunda e terceira epístolas aos Coríntios, pois antes da primeira que temos, Paulo já havia escrito uma epístola para aquela igreja. Ele diz Em I Coríntios 5.9:"Já por carta vos tenho escrito que não vos associeis com os que se prostituem".
Judas 3 dá ideia de uma outra epístola escrita por esse servo de Deus.
A "Epístola aos Laodicenses". (Colossenses 4.16).
Parece que Paulo havia escrito uma epístola aos Filipenses antes da que temos na Bíblia. (Filipenses 3.1).
O texto de Atos 20.35 não se encontra nos evangelhos. Onde Paulo leu?
Os outros 1004 cânticos de Salomão (I Reis 4.32). E muitíssimos dos 3.000 provérbios que não estão na Bíblia.
Perguntamos. Se todos estes textos existissem hoje, estariam fazendo parte do Cânone Sagrado? Talvez sim. Porém, o importante é que o Espírito Santo sabia o de que necessitávamos e devemos crer que a Bíblia que hoje temos está completa e é suficiente para suprir todas as nossas necessidades espirituais.
(Fonte de parte dessa informação: Webartigos.com /Pelo Rev. Dr. Paulo de Aragão Lins/ As demais informações desse texto: Da edição do Site Costumes Bíblicos).

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