COSTUMES BÍBLICOS: Poesia e Literatura de Sabedoria


Poesia e Literatura de Sabedoria

 
DE JÓ A CÂNTICO DOS CÂNTICOS
Poesia
A palavra "poesia" poderia sugerir um ramo altamente especializado da arte literária, cultivado por uma minoria para o benefício de poucos. Mas este seria um termo inadequado para qualquer parte do AT. Um equivalente moderno mais próximo seria a oratória rítmica de Winston Churchill, por exemplo:
Lutaremos nas praias,
Lutaremos nas pistas de aterrissagem,
Lutaremos nos campos e nas ruas.
Aqui, a repetição (ou outros recursos) e o ritmo se unem para tornar uma mensagem duplamente memorável e comovente.
A repetição era uma técnica muita usada pelos cananeus, e é também uma característica de algumas das primeiras poesias bíblicas:
Para Sísera, estofos de várias cores,
estofos de várias cores de bordados;
um ou dois estofos bordados,
para o pescoço da esposa? Jz 5.30
O ritmo, embora mais marcado do que isso no original hebraico, é uma questão flexível de acentos ou sílabas tônicas, e não de número fixo de sílabas. Geralmente haverá três acentos numa linha ou verso, combinados com outros três no verso seguinte, sendo que os dois versos se juntam para formar um dístico ou uma parelha de versos. Mas este padrão pode ser variado ocasionalmente por uma parelha mais longa ou mais curta, ou por um conjunto de três versos na mesma passagem. Outra possibilidade é que o ritmo predominante seja um dístico ou uma parelha em que um verso de três batidas ou acentos é seguido por um verso com apenas duas batidas:
Como os guerreiros caíram
no meio da batalha!
Este último ritmo, com sua nota de descaimento ou diminuição, é usado muitas vezes nos sarcasmos ou lamentos ( como no livro de Lamentações). Por isso essa forma poética recebeu o nome de Qinah (lamento), embora seu uso não esteja restrito a esses temas.
O que é quase marca registrada da poesia bíblica, e que a distingue da nossa, é o paralelismo: a repetição do pensamento de uma linha ou verso numa segunda linha ou verso, com o qual forma um conjunto:
Porventura, tendo ele prometido, não o fará?
Ou, tendo falado, não o cumprirá? (Nm 23.19, ARA)
Há vários tipos de paralelismo, desde a repetição propriamente dita à amplificação (desenvolvimento) e à antítese (apresentação do oposto). Essa forma poética tem uma dignidade e uma amplitude que dão ao pensamento o tempo necessário para fazer efeito no leitor, e, muitas vezes, também a oportunidade de apresentar mais de uma faceta de uma questão:
Porque os meus pensamentos
não são os vossos penamentos,
nem os vossos caminhos,
os meus caminhos,
diz o SENHOR. (Is 55.8, ARA)
O bispo Lowth, que, em suas preleções sobre poesia hebraica em 1741, foi o primeiro a dar nome de "paralelismo" a esse estilo poético, mostrou que esta estrutura, baseada no significado, pode ser traduzida para prosa em qualquer língua com muito pouca perda, ao contrário da poesia que depende de métrica complexa ou vocabulário especial.
Há, sem dúvida, questões de estilo na poesia do AT, e, ocasionalmente, recursos como assonância, rima, refrões, jogos de palavras e acrósticos que são difíceis de traduzir, mas trata-se de casos secundários. A essência desta poesia é que ela tem questões importantes a transmitir de maneira enérgica a pessoas de todos os tipos. Portanto, é mais espontânea e notadamente livre dos artifícios de linguagem.
Por esta razão, a poesia não aparece separada em alguns livros poéticos, mas surge em vários contextos em momentos de grande importância. Os exemplos citados acima foram tirados de livros que podemos classificar como históricos (mas os judeus os chamavam de "Profetas Anteriores" e "a Lei") e proféticos. Na realidade quase todos os pronunciamentos proféticos estão nesta forma, e foram corretamente estruturados como poesia em traduções recentes da Bíblia.
Três livros do AT, no entanto, receberam um sistema da acentuação mais elaborado que os demais livros, para destacá-los como sendo distintamente poéticos. Estes são , Salmos e Provérbios. A nosso ver, o Cântico dos Cânticos seria um candidato melhor que Provérbios, pois sua lírica pura é um terceiro exemplo de poesia hebraica a ser colocado ao lado da rica eloquência de Jó e dos versos dos Salmos que se destinam ao canto.
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Filipenses 1:9-11

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