COSTUMES BÍBLICOS: abril 2018


Como o Novo Testamento chegou até nós

Foto:O mais antigo saltério cóptico completo.
A história de como o Novo Testamento foi escrito, copiado e traduzido é um tópico importante que tem um impacto no fundamento da fé do cristianismo. Este capítulo responde às seguintes questões: Como o Novo Testamento chegou até nós? Quem decidiu que livros seriam incluídos? Por que alguns textos antigos não foram incluídos? Por que existem tantas traduções?

A ESCRITA DO NOVO TESTAMENTO
O Novo Testamento consiste de 27 livros que foram escritos aproximadamente entre os anos de 45 d.C. e 100 d.C. Alguns autores escreveram seus próprios livros, enquanto outros tipicamente ditaram o conteúdo de uma carta ou narrativa para um assistente ou escriba, Este assistente escrevia o que era ditado,e o autor então verificava a exatidão do documento. Aparentemente, Paulo manuscreveu algumas de suas primeiras cartas (Gl 6.11) e editou as posteriores, acrescentando sua saudação manuscrita para autenticá-las (Cl 4.18; 2Ts 3.17; veja também 1Pe 4.12). Os livros do Novo Testamento foram escritos em pergaminhos e em folhas de papiro. Estes livros inicialmente circularam independentemente, e não como uma coleção. Talvez os pregadores itinerantes, como o apóstolo Mateus, permaneceram na casa de algum cristão rico que tivesse uma biblioteca e um escravo servindo de escriba pessoal.  Mateus pode ter permitido que um escriba copiasse o seu evangelho. Dessa forma, o Evangelho de Mateus circulava amplamente enquanto ele viajava de igreja em igreja. Paulo instruiu que algumas de suas cartas fossem circuladas (Cl 4.16). Não sabemos se acarta original (chamada de autógrafo) circulou pelas diversas igrejas ou se os escribas fizeram cópias para que fossem circuladas. De qualquer forma, as cópias foram finalmente reunidas em coleção. Aparentemente, havia coleções das cartas de Paulo (1 Pe 3.16). Elas foram copiadas em códices que eram semelhantes aos livros modernos, com as páginas costuradas para formar uma encadernação.
Códice
Rolos Judaicos
Desta forma, os documentos ficavam mais fáceis de ler. os rolos de couro, ou pergaminhos, eram difíceis de ler porque o livro todo tinha de ser desenrolado para encontrar-se uma passagem. E também, as folhas de papiro se rasgavam se fossem enroladas como um pergaminho; portanto, as folhas de papiro passaram a ser costuradas, formando um livro. Em latim, a coleção de códices era chamada de Ta Bibla, a mesma que usamos para designar a nossa Bíblia. Mas a forma de códice forçou a tomada de algumas decisões, porém nenhuma mais importante do que esta: Que livros deveriam ser incluídos?

O CÂNON
Preparando o caminho para o Novo Testamento.
Vários fatores necessitam ser considerados quando se fala da formação do cânon. O cânon se refere a uma lista permanente de livros autorizados reconhecidos como as Escrituras. A formação do cânon do Antigo Testamento, que não será discutida detalhadamente aqui, (você pode ler sobre o Cânon do Antigo Testamento, AQUI), deu à Igreja a ideia de formar o cânon do Novo Testamento. Alguns eruditos atribuem a compilação dos 39 livros do Antigo Testamento até Esdras. Lembre-se de que os cinco primeiros livros do AT haviam sido agrupados formando o Pentateuco. Outros estudiosos dizem que o Antigo Testamento foi agrupado em um cânon quando a Septuaginta foi traduzida do hebraico para o grego. Portanto, o conceito de cânon seria familiar aos autores do Novo Testamento e aos cristãos judeus em geral.
Deus "inspirou" o texto da Escritura de forma que os autores escreveram a Palavra sem erros. Deus escolheu três línguas para a Sua auto - revelação. Primeiro, o Antigo Testamento foi escrito em hebraico, uma estrutura linguística que refletia os judeus. De todas as linguagens semíticas, ela é simples, solitária e direta. O hebraico é tão lindo em suas palavras descritivas quanto é engenhoso em suas expressões idiomáticas. Algumas partes de Daniel e de Esdras foram escritas em outra língua semítica, o aramaico. O Novo Testamento foi escrito em grego.
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O grego do Novo Testamento era diferente do grego clássico dos filósofos. Entretanto, nas escavações arqueológicas se tem descoberto milhares de pergaminhos da "língua grega comum", verificando que Deus escolheu a linguagem do povo comum (grego koinê) para comunicar a Sua revelação. Deus escolheu uma língua expressiva para comunicar as minuciosas cores e interpretações da Sua doutrina.
Ainda outros sentem que Deus preparou os gregos com sua língua intrigante, permitiu que eles conquistassem o mundo, usou-os para influenciar sua própria língua como a "língua universal do comércio", e, depois, inspirou os homens de Deus a escrever o Novo Testamento em grego comum para o povo comum, que era parte da nova formação da Igreja. Isto tornou a Palavra de Deus imediatamente acessível a todos. Se a Bíblia tivesse sido escrita em grego literário ou em uma "língua especial do Espírito Santo", o cristianismo teria uma barreira de linguagem para alcançar o povo comum.
Não temos os manuscritos originais ou "autógrafos" de nenhum livro da Bíblia. Estes ficaram perdidos, principalmente durante a perseguição da Igreja Primitiva. Os imperadores romanos pressentiam que se conseguissem destruir a literatura da Igreja, eles poderiam eliminar o cristianismo. Outros se perderam pelo uso e desgaste. O fato de algumas igrejas primitivas não manterem os autógrafos, mas fazerem cópias e usá-la demonstra que elas estavam mais preocupadas com a mensagem do que com o veículo da mensagem. Deus, em Sua sabedoria, permitiu que os manuscritos originais desaparecessem. Assim como as relíquias da Terra Santa, eles teriam sido venerados e adorados. Certamente a "bibliolatria" (a adoração à Bíblia) teria substituído a adoração a Deus.
Embora alguns possam ter dificuldade com a ideia de não terem os manuscritos originais, os estudiosos que trabalham com documentos não bíblicos da antiguidade geralmente também não têm acesso a esses originais. Ao se considerar a evidência do manuscrito, deve-se lembrar de que existem cerca de cinco mil manuscritos gregos e, adicionalmente, 13 mil cópias manuscritas de porções do Novo Testamento. Isto não inclui oito mil cópias da Vulgata Latina e mais de mil cópias de outras versões mais antigas da Bíblia. Estes números se tornam ainda mais significantes quando comparados com estatísticas similares de outros escritos antigos.
Motivos para o cânon
Alguns escritores argumentam que os cristãos não discutiram um cânon para os livros do Novo Testamento até séculos depois da vida de Jesus. Entretanto, por causa da presença do herege Marcião (falecido c. 160), isto é improvável. Marcião era um bispo da igreja que tinha uma visão negativa do Deus no Antigo Testamento e tinha um cânon bastante reduzido do Novo Testamento, consistindo apenas do Evangelho de Lucas e dez das cartas de Paulo. Entretanto, mesmos estes foram editados para remover o máximo da influência judaica possível. A Igreja excluiu Marcião e prontamente rejeitou seus ensinamentos e cânon.
Outro movimento herege, o gnosticismo, desenvolveu-se no segundo século. Em geral, este grupo acreditava que a salvação era encontrada em obter-se um "conhecimento especial". Os gnósticos tinham as suas próprias escritas para defenderem suas crenças e práticas. Incluídos em seus escritos havia falsos evangelhos (por exemplo, o evangelho de Tomé). Os gnósticos e Marcião levantaram a questão de que livros seriam genuínos e autorizados para os cristãos. Metzger conclui: "Sobretudo, o papel desempenhado pelos gnósticos no desenvolvimento do cânon foi principalmente o de provocar uma reação entre os membros da Grande Igreja, de forma a determinar ainda mais  claramente quais livros e epístolas transmitiam o verdadeiro ensinamento dos evangelhos.
Os principais critérios para a canonicidade
O processo pelo qual o cânon foi formado é bem complicado. Entretanto, alguns oferecem os seguintes três testes para que um livro fosse considerado como parte do cânon: (1) apostolicidade, (2) regra de fé, e (3) consenso. Existem também outras listas que determinam a canonicidade.
O teste da apostolicidade significa que o livro deve ter sido escrito por um apóstolo ou por alguém associado a um apóstolo. Quando aplicado ao Novo Testamento, a maioria dos livros automaticamente se enquadra nessa exigência (aqueles escritos por Mateus, João, Paulo e Pedro). Marcos e Lucas foram ambos companheiros de Paulo. Tiago era meio-irmão de Jesus, e Judas é o apóstolo, ou é o meio-irmão de Jesus. O único livro que tem muita dificuldade com este critério é o de Hebreus. Muitos na Igreja primitiva acreditavam que Paulo escrevera o livro de Hebreus, mas vários estudiosos do Novo Testamento hoje sugerem que o mesmo tenha sido escrito por Lucas. Se não sabemos quem escreveu o livro, como podemos anexá-lo ao cânon? Em Hebreus 13.23a lemos: Quero que saibam que o nosso irmão Timóteo foi posto em liberdade. Quem quer que seja este autor, esta referência o coloca no círculo paulino.
Fragmento de uma passagem de Êxodo da
Septuaginta, a tradução grega da
 Escritura hebraica.

A regra de fé se refere à conformidade entre o livro e a ortodoxia. A ortodoxia se refere à "doutrina correta". Portanto, o documento tinha de ser consistente com a verdade cristã como o padrão que era reconhecido pelas igrejas cristãs (ex.: em Corinto, Éfeso, Filipos etc.). Se um documento apoiasse ensinamentos heréticos, o mesmo era rejeitado.
Finalmente, o consenso se refere ao amplo e contínuo uso de um documento pelas igrejas. No princípio, faltava um acordo completo, não porque um livro em particular fosse questionado, mas porque nem todos os livros eram universalmente conhecidos. Entretanto, os livros que estavam incluídos tinham ampla aceitação. Porque o Espírito Santo assoprou a Sua vida em um livro pelo processo da inspiração (2 Tm 3.16), o Espírito Santo que habita nos fiéis individualmente (1 Co 6.19,20) e o Espírito Santo que habitava nas igrejas (1 Co 3.16) produzia um conceito unificado de que certo livro tinha a autoridade de Deus.
Aplicando-se esses critérios aos livros contidos no Novo Testamento, e àqueles que foram deixados de fora, mostra-se a consistência do cânon, assim como foi repassado. Alguns "evangelhos" foram encontrados recentemente, e levantaram um grande alvoroço, como o evangelho de Tomé e o evangelho de Judas. Por que estes evangelhos não são considerados autorizados para os cristãos? Primeiro, esses evangelhos não podem definitivamente ser vinculados aos apóstolos, embora eles sejam mencionados nos títulos. Segundo, alguns ensinamentos heréticos em cada documento contradizem aos ensinos da Escritura. Terceiro, nenhum desses documentos foi usado universalmente ou continuamente pela Igreja. Portanto, cada um deles é desaprovado em todos os três critérios.
O argumento lógico
O argumento a priori declara que Deus protegeria a reunião dos livros em um cânon porque Ele havia originalmente escrito cada livro. O argumento é baseado na seguinte premissa: (1) Deus tinha uma mensagem que Ele queria revelar ao homem. (2) Deus escolheu um número múltiplo de autores que escreveriam a mensagem para que outros entendessem. (3) Deus sabia que a Sua revelação seria atacada externamente. (4) Deus sabia que os destinatários da Sua Sua revelação não eram eruditos, mas pessoas comuns de circunstâncias medianas. (5) Portanto, podia esperar-se que Deus pessoalmente garantisse o conteúdo (a revelação), a exatidão das palavras (a inspiração), e a compilação das diferentes mensagens de todos os Seus mensageiros em uma coerente unidade (cânon). Dessa forma a mensagem seria transmitida às futuras gerações (inerrância) de modo a não haver corrupção, alteração, subtração nem acréscimo à Palavra de Deus!
Amém!

A OBEDIÊNCIA DE JESUS

A OBEDIÊNCIA DE JESUS
Paralelamente à humildade de Jesus, estava Sua obediência, que também faz parte integrante do Seu espírito. Esperamos, pois, achar em Cristo o mais perfeito exemplo de obediência, a despeito de, desde o princípio de Sua vida até Seu último suspiro, o Mestre ter sido submetido a constantes e duras provas. Esta é a virtude dos fortes; daqueles que têm aprendido a dominar a sua própria natureza e a suportar corajosamente as dificuldades da vida, os padecimentos, as adversidades, as injustiças e as injúrias!
Cristo demonstrou, pois, em grau soberano, e disso deu provas incontáveis, que era uma pessoa extremamente obediente. Assim que começou Sua pregação, levantou-se contra Ele uma oposição fortíssima, a qual se transformou logo em ódio violento que ameaçava arrastá-Lo e destruí-Lo; mas nada o espantou, nada conseguiu cansar Sua heroica paciência, que a tudo soube resistir. Nem o orgulho de uns, nem o preconceito de outros, nem a ignorância das multidões, nem a refinada malícia dos fariseus conseguiram turbar, e muito menos quebrar, Sua serenidade.
O trabalho e a fadiga também não foram suficientes para impedi-Lo de caminhar. Ele estava continuamente disposto a acolher doce e afetuosamente os enfermos, os aflitos, os curiosos, os inimigos e as multidões indiscretas que muitas vezes iam até Ele. E até os apóstolos, por sua lentidão em compreender a missão e as lições do Mestre e por Seu ideal messiânico inteiramente oposto ao dele, causaram-lhe sofrimento. Mas Jesus soube adverti-los com firmeza e eficácia, pois era o Educador por excelência (Mt 15.16; 16.8-11,22,23; Lc 9.55).
Igualmente, a paciência dEle não se confundiu com a de certas almas bonachonas e sem energia, que se mostraram fracas ante as adversidades. Durante Sua Paixão, Jesus foi o modelo de corajosa paciência, como já O havia predito Isaías (Is 53.7) e considerado posteriormente Pedro (1Pe 2.23). Contudo, Jesus demonstrou certa impaciência ao dizer: Importa, porém, que eu seja batizado com um certo batismo, e como me angustio até que venha a cumprir-se! (Lc 12.50).
No entanto, também nesse aspecto Ele sabia moderar os ardores de Sua alma e esperar em paz a hora marcada no plano divino, que sempre estava em Seu pensamento (Mc 14.41; Jo 7.30; 8.20; 12.23,27; 13.1; 17.1), sem pretender adiantá-la com inútil precipitação. Isto O a, em repetidas ocasiões, em vez de enfrentar os seus inimigos (Mt 14.13; Mc 3.7; 7.24; Jo 7.1; 8.59; 11.54-56), distanciar-se para esquivar-se de seus ataques, até que chegasse o momento de sair ao encontro deles.
Outras vezes, gostava de retirar-se do meio das turbas, mesmo que fosse por algumas horas, para ficar sozinho (Mc 1.35; 6.46; Lc 9.18; 11.1) ou com Seus apóstolos (Mt 17.1; Mc 4.35; 6.31; 7.24; 8.27). No isolamento, onde normalmente O vemos entregue a prolongadas orações, Sua alma recuperava Suas forças. Jesus aproveitava também esses retiros para ensinar mais demoradamente aos doze apóstolos.
É muito significativa a informação dada por Lucas sobre o Mestre: Porém Ele retirava-se para os desertos e ali orava (Lc 5.16). O verbo [no pretérito imperfeito] denota um costume propriamente dito. Isto é significativo, visto que vários dos mais importantes episódios da vida de Jesus - como a tentação, o batismo, a agonia no Getsêmani - aconteceram em lugares mais ou menos solitários. Esses momentos de isolamento de Jesus nos permitem associar Seu grande amor e Sua sabedoria ao silêncio, pois vemos que nenhuma palavra ociosa brotou jamais dos lábios do Verbo Vivo.
Resta-nos, finalmente, considerar no temperamento do Salvador duas outras qualidades: a simplicidade e a serenidade, às quais não se tem dado bastante atenção. Elas são parte do Seu caráter, reto e franco, e Suas palavras eram sempre límpidas como a Sua alma. Além disso, Ele procedia com seus inimigos da mesma forma como procedia com seus amigos: sempre com lealdade perfeita. Tinha horror à hipocrisia dos fariseus e dos escribas, contra o que não cessava de protestar (Mt 6.1-18; 7.15-20; 23.23-33; Lc 13.17).
Mesmo os fingidos, que certo dia lhe dirigiram este elogio interesseiro: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro e ensinas o caminho de Deus, segundo a verdade, sem te importares com quem quer que seja, porque não olhas à aparência dos homens (Mt 22.16; Mc 12.14; Lc 20.21), tiveram de reconhecer, forçosamente, esta sinceridade.
Jesus pregou e defendeu a verdade com zelo infatigável e assim pôde, com pleno direito, dizer a Pilatos que tinha vindo ao mundo dar testemunho da verdade (Jo 18.37). Esta verdade, Ele teve de propagá-la sob formas novas, delicadas, tendo se levantado contra Ele um sistema religioso cheio de preconceitos terríveis.
O Mestre teve de ensinar doutrinas reveladas a um povo submetido à nefasta influência de homens poderosos; teve de cumprir Sua própria missão, edificando sobre as ruínas do passado. Mas a retidão e a simplicidade de Jesus se ajuntaram à Sua coragem, e, sem deixar-se intimidar, Ele fez ouvir por toda a Palestina o Evangelho do Reino dos Céus, e muitos dos seus compatriotas o compreenderam e aceitaram.
Desprezando a vã e nociva popularidade, Jesus seguiu retamente o Seu caminho como um cavaleiro sem medo e sem receio de nada, atacando o erro e o mal onde quer que estes se encontrassem. Conforme disse Pedro (1Pe 2.22), citando Isaías (Is 53.9), ninguém pôde achar nos lábios do Mestre nem palavra mentirosa, nem expressões irresponsáveis, nem a mais leve adulação.
Não há nada tão notável no caráter de Jesus como Sua franqueza, que ignora subterfúgios e permite que Sua palavra seja como a luz que sai do interior, e Sua conduta, a expressão do sentimento mais íntimo dEle.
O Verbo, que é a verdade de Deus, caminhou nesta terra sempre pela trilha da retidão e da simplicidade. Jamais se utilizou de rodeios; jamais fez uso dessas manobras ocultas que os políticos chamariam de manobras hábeis, táticas felizes. Ele não tinha necessidade desses recursos humanos. A verdade, eis aí a Sua política! A retidão, eis aí a Sua habilidade! Jesus caminhou sempre na verdade! Aliás, a verdade é Ele mesmo!
Jamais alguém pôde lançar em Seu rosto um passo em falso, uma palavra imprudente. A Sabedoria eterna que O dirige O reteve sempre nessa linha em que a simplicidade da pomba se harmoniza com a prudência da serpente; em que a prudência da serpente é complemento da simplicidade da pomba.
Neste caráter tão nobre e tão santo de Jesus, descobre-se também, com agradável surpresa, o equilíbrio de contrastes, o que equivale a uma nova perfeição. São aspectos diversos de Sua rica natureza em que se juntam a doçura com a energia, a bondade com a justa severidade, a soberana humildade com a nobre altivez (o que faz, às vezes, estalar Sua indignação e, ainda que afetuoso, romper os laços mais íntimos e estreitos quando atravessam outros interesses no caminho do dever).
Havendo nascido Senhor, Jesus fez-se servo de todos com uma graça que cativa. É Sua coragem latente superior à dos heróis. E, submisso à autoridade, Ele consegue agir com independência. Desconfiando dos homens, cujo coração Ele conhece, ainda assim os ama, a ponto de morrer por eles em uma cruz. Querendo que se acate a lei, Jesus conseguiu dar fortes golpes nas tradições que pretendiam explicá-la e completá-la, sem o fazer.
Ele buscou a solidão, e esteve no mundo. Sua vida de rigorosa mortificação não lhe foi obstáculo para participar, sem nenhum receio, de grandes festas. Querendo atrair todos até Ele, despediu quem vacilava em segui=Lo. Muito seguro de Si, exigiu que Seus discípulos abandonassem tudo para unir-se a Ele, que era contemplativo, mas ao mesmo tempo um homem de ação.
Será preciso dizer que não existe o mais ligeiro conflito entre essas diferentes virtudes que nEle formam um conjunto delicadamente harmônico? Conforme escreveu João, no princípio de seu Evangelho, Ele possuía a plenitude das virtudes humanas e, ao mesmo tempo, a plenitude  da graça divina (Jo 1.16).
Enfim, enquanto na maior parte dos homens de destaque na história da humanidade se desenvolve uma qualidade à custa de outras, as qualidades morais do Salvador, depois de terem-se desenvolvido simultaneamente sem prejudicar umas às outras, manifestam-se em ocasião oportuna do modo mais normal. Resulta, pois, desse conjunto uma admirável multiplicidade de dons e de virtudes de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
A Ele a glória eternamente!
Amém!

A HUMILDADE DE JESUS

A HUMILDADE DE JESUS
A humildade, essa virtude também fundamental do cristão, quase desconhecida pelos orgulhosos pagãos, e tão negligenciada pelo povo israelita, brilhou de maneira especial em Jesus Cristo. Muito tempo antes de Ele pregar a Palavra, Ele a honrou com Sua irrepreensível conduta em todas as circunstâncias de Sua vida.
Seria possível a alguém tão elevado humilhar-se e rebaixar-se tanto? Isto foi possível porque Jesus tinha um humilde coração (Mt 11.29). Ele Várias vezes lembrou aos seus apóstolos que, mesmo sendo Mestre e Senhor; tinha se tornado servo (Mt 20,25-28; Lcv 22.24-27); e, às vésperas de sua crucificação, Jesus deu o maior exemplo de humildade ao lavar os pés dos seus discípulos (Jo 13.1-17). E especialmente Sua Paixão foi uma longa e dolorosa série de inesquecíveis humilhações, que ele sofreu sem queixar-se, mesmo que as tivesse sentido vivamente (Mt 26.55; Mc 14.48; Lc 22.52).
A humildade de Jesus também é expressa quando lhe faziam elogios, e Ele atribuía toda a glória ao Seu Pai (Mt 19.16-17; Mc 10.17-18; Lc 18.18-19). E até sua solene entrada triunfal em Jerusalém foi selada com a humildade, visto que o Rei humilde, assentado sobre um jumentinho (Mt 21.2-5), ao término daquela solenidade, retirou-se modestamente para Betânia e em breve seria entregue pelos pecados da humanidade como um cordeiro manso e submisso à vontade do Pai (Mt 21.17; Mc 11.11).
Muito antes de ter chegado a Sua hora, Jesus costumava ocultar-se para fugir das aclamações que as multidões entusiastas lhe preparavam (Jo 6.14-15). Como Ele amou a humildade e quantos elogios fez a ela! Quão duramente condenou o orgulho (Mt 6.12,15,16; 18.1-4; 23.5-12; Lc 14.7-11; 18.9-14)! Como buscou tão pouco a Sua própria glória (Mt 17.9; Mc 9.8; Jo 8.50), saboreando, em contrapartida, a mais profunda das humilhações: a da ingratidão das multidões, a do momentâneo abandono dos Seus mais caros amigos, a do desdém dos seus inimigos! E tudo isto sofreu por amor a nós, conforme a expressiva linguagem do autor da carta aos Hebreus (Hb 12.2).
Jesus, porém, tinha em alto conceito Sua dignidade humana, e foi prova amarguíssima vê-la violada, ultrajada por seres desprezíveis. Quem não é insensível a uma falta de cortesia (Lc 7.44-46) sente bater mais forte o coração diante de uma demonstração de afeto (Mc 14.8). Quando não deve ter sofrido Jesus ao ver-se esbofeteado, cuspido e injustamente acusado! Perante os ultrajes, algumas vezes Ele protestava altivamente (Jo 18.23); outras vezes, recuava com um majestoso silêncio (Mt 26.62-63; 27.12-14; Mc 14.60,61; 15.4,5; Lc 23.9; Jo19.9); outras, ainda, enchia de espanto seus "juízes" pela nobreza de sua atitude e firmeza de Suas respostas (Mt 26.55,56; Jo 18.19-21,34,36,37).
Amém!


A POBREZA DE JESUS

A POBREZA DE JESUS
Como base das virtudes cristãs, Jesus estabeleceu o espírito de amor, abnegação e de sacrifício que Ele mesmo praticou acima de tudo, conforme observou Paulo (Rm 15.1-3).
Enquanto os homens buscam, frequentemente com tanta avidez e em prejuízo de sua eterna salvação, a glória, a riqueza, o bem-estar e a felicidade terrena, Jesus sacrificou generosamente a sua glória, sem reservas.
Em vão, Satanás apresentou a Cristo, sob formas variadas, sedutoras, o convite para satisfação pessoal; mas o Filho de Deus rejeitou com desprezo a tríplice tentação. Nunca buscou outra alegria que a do dever inteira e amorosamente cumprido, nem seguiu outro caminho que o do desprendimento: o caminho áspero e estreito que O conduziu ao Calvário. Deste modo, Jesus começou praticando o que recomendava a seus discípulos, quando lhes dizia: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me (Mc 8.34; Mt 16.24-28; Lc 9.23-27).
A vida de pobreza que o Mestre levou em Nazaré com sua família testemunha seu espírito de mortificação do eu. Contudo, mais dificuldade material ainda Ele viveu desde que começou a exercer o Seu ofício de pregador, pois, a despeito da abnegação das santas mulheres galileias, que supriam as necessidades materiais do Mestre e dos apóstolos (Lc 8.2-3; 23.49,55-56), Jesus sofreu privação,pois um dia os doze discípulos não tiveram nada além do que algumas espigas recolhidas nos campos por onde atravessavam para aliviar a fome (Mt 12.1; Mc 2.23; Lc 6.1).
A única coisa que Jesus possuía eram as Suas vestes que O cobriam, as quais os carrascos romanos, sem esperar que Ele desse o último suspiro, repartiram entre si ante os olhos do Mestre. Até o sepulcro em que foi colocado o corpo de Jesus era emprestado. Muitos de Seus ensinamentos nos revelam quão grata para Ele era a pobreza.
A primeira das bem-aventuranças é um cálido incentivo dirigido aos pobres de espírito (Mt 5.3; 6.20). E, quando Jesus ensinou aos discípulos a oração do Pai Nosso, mencionou os bens temporais (Mt 6.11) e ensinou-lhes a pedir o pão de cada dia.
Em diferentes circunstâncias, Jesus demonstrou lástima diante dos ricos que colocam sua confiança nas riquezas materiais, em detrimento da sua salvação eterna (Mt 19.23-26; Mc 10.23-27; Lc 6.24; 16.9-13; 18.24-27). Trabalhar esforçosamente por riquezas perecíveis - observou Ele - é próprio dos pagãos (Mt 6.32). Mas Seus discípulos deviam buscar em primeiro lugar o Reino dos Céus (Mt 6.33) e ajuntar tesouros no Céu (Mt 6.20). Três de Suas mais formosas parábolas - a do rico avarento (Lc 16.19-31), a do administrador infiel (Lc 16.1-13) e a do rico proprietário cujos celeiros eram insuficientes para guardar suas colheitas (Lc 12.13-21) - declaram também um perigo moral que a posse de fortuna cria.
Todavia, mesmo vivendo de maneira tão desprendida, humilde e pobre, o Salvador não julgou necessário nem útil viver de forma austera como seu precursor João Batista e outros judeus contemporâneos.
A lei mosaica não impunha aos hebreus mais do que um único jejum anual: o Dia da Expiação (o Yôm Kippur, o dia do perdão).
Depois do exílio, as autoridades religiosas instituíram outros quatro jejuns a mais para recordação das grandes dores da nação teocrática. Assim, na época do Salvador, as pessoas que aspiravam à piedade superior normalmente jejuavam com muita frequência (Mt 9.14; Mc 2.18). Jesus, em vez de prescrever esses jejuns aos Seus discípulos, dispensou-os formalmente deles (Mt 9.15-17; Mc 2.19-22; Lc 5.34-39), e é provável que Ele mesmo não os tenha praticado.
Jesus também não deixava de participar de alguma refeição que Lhe fosse oferecida na casa de pessoas abastadas (Mt 26.6; Lc 10.38-42; Jo 12.2), ainda que se tratasse de publicanos a quem evangelizava (Mt 9.10-11; Mc 2.15-16; Lc 5.29-30) ou fariseus (Lc 7.36; 11.37; 14.1). Um dia, participou de um banquete de casamento (Jo 2.3-10). Em duas circunstâncias distintas, permitiu que derramassem sobre Ele preciosos perfumes em jantares na casa de Simão e de Lázaro (Mt 26.7; Mc 14.3; Lc 7.36; Jo 12.2-3). Os inimigos do Mestre se  aproveitavam dessas ocasiões para lançar contra Ele a ridícula acusação de ser comilão e bebedor de vinho (Mt 11.19; Lc 7.34).
Jesus, porém, não reprovou o jejum; antes o recomendou a Seus apóstolos, a todos os Seus discípulos e à vida da Igreja. Mas Ele mesmo, segundo os evangelhos, parece ter jejuado apenas os quarenta dias antes de inaugurar Seu ministério. Ou não, já que Ele enfatizou que o jejum que agrada a Deus, é aquele feito em secreto. (Mt 6.17-18) Diante dessa exortação, podemos entender que provavelmente o Mestre tenha jejuado outras vezes. Contudo, tinha uma vida de constante oração, que lhe assegurou não retroceder ante as privações, as fadigas, as vigílias (Mc 6.45-51; Lc 6.12; 22.39; Jo 18.2), e, em meio a todo sofrimento na cruz, o Mestre se recusou a beber o narcótico (o famoso vinho com mirra, ou vinagre com fel) que lhe ofereceram e que teria podido aliviar seus horríveis padecimentos (Mt 27.34; Mc 15.23).
Amém!

A SANTIDADE DE JESUS

A SANTIDADE DE JESUS
Lembramo-nos, antes de tudo, da perfeita santidade de Jesus.
Lendo atentamente os evangelhos, não descobrimos o menor traço ou indício que possa supor no Mestre a existência de uma imperfeição. Observa-se que os escritores sagrados O apresentam continuamente como um Ser Santo. Desde o primeiro momento de sua concepção, Ele foi o Ser mais Santo por excelência.
Além disso, nunca surpreenderam em oposição ao bem ou à verdade ou à pureza. Ele é o tipo perfeito da santidade. Nós mesmos o ouvimos reivindicar isto publicamente, ante os mais terríveis inimigos, com esse altivo e solene desafio: Quem dentre vós me convence de pecado? (Jo 8.46) Nenhum deles se atreveu a aceitar o desafio.
Quando os líderes religiosos o condenaram como um criminoso, foi-lhes impossível, apesar de todos os esforços e das falsas testemunhas que haviam subornado, achar contra Jesus algo de que realmente pudessem acusá-Lo. Assim, viram-se "obrigados" a fundamentar sua sentença de morte no fato de Ele haver se apresentado como o Messias prometido (Mt 26.60). Também Pilatos (Mt 27.24) e Judas (Mt 27.4) proclamaram Sua inocência.
Pedro escreveu: [Cristo] não cometeu pecado, nem na Sua boca se achou engano (1Pe 2.22). Linguagem semelhante empregou o autor da carta aos Hebreus quando lembrou que Jesus enfrentou todas as contingências humanas: todas, exceto o pecado (Hb 4.15).
Tais testemunhos sobre a santidade de Jesus são eloquentes, decisivos!
Amém!

A MORALIDADE DE JESUS


A MORALIDADE DE JESUS
Seria preciso que nós percorrêssemos toda a escala das virtudes e citássemos a maior parte dos Evangelhos, para destacar todas as qualidades morais do Salvador. Mas nossa aspiração é mais modesta, e nos propomos simplesmente a lançar um rápido olhar sobre as qualidades mais marcantes dEle e apontar algumas delas conforme os Evangelhos.
Um célebre historiador do século XIX dizia acerca de Jesus: "Não houve ninguém na terra nem mais inocente, nem mais poderoso, nem mais sublime, nem mais santo com sua conduta, com sua vida e com sua morte do que Jesus. O sopro do próprio Deus alentou cada uma de suas palavras".
Acrescentamos que este sopro animou cada um dos Seus atos. Do ponto de vista moral, Jesus é incomparavelmente o Homem mais perfeito que já existiu na face da terra. Nunca esta nossa pobre terra possuiu um Modelo tão completo de todas as virtudes, um tipo tão excelente de Santidade quanto Jesus.
Amém!

A IMAGINAÇÃO DE JESUS

A IMAGINAÇÃO DE JESUS
Não menos admirável que a precisão e o vigor do espírito de Jesus era a Sua imaginação! Daí o fato de em Sua pregação Ele gostar de recordar tão frequentemente a figuras formosas, verdadeiras, atrativas. Elas comunicaram à sua linguagem um sabor, um relevo e certo encanto que contribuem para parte do êxito de Suas pregações.
Ora essas figuras aparecem espontaneamente no pensamento do Mestre, ora extraídas da recordação do que havia visto ou ouvido. Entre as imagens usadas por Jesus, estão: o sopro rápido e misterioso do vento (Jo 3.8); a fonte de água viva (Jo 4.10); o copo de água fresca (Mt 10.42); o lavrador que guia o arado (Lc 9.62); o homem forte e armado que guarda a casa (Lc 11.21); os servidores que, com a lâmpada na mão, esperam a volta de seu senhor, já na noite muito avançada; o mais rico vestido de púrpura e linha finíssimo (Lc 16.19); as vestes nupciais (Mt 22.11); o cego que guia outro cego (Lc 6.39); os pescadores de homens (Mc 1.17); a descrição do fim dos tempos (Mt 24-25); os sepulcros caiados (Mt 23.27); as montanhas transportadas pela fé (Mc 11.23); homens levando cada qual a sua cruz, seguindo o Filho de Deus (Mt 10.38). Assim aparecem os traços mais simples junto aos mais sublimes, comunicando mútua eficácia.
Que imaginação tão opulenta e, ao mesmo tempo, tão prática e resplandecente em todos os aspectos! Ela se manifesta até nos nomes pitorescos e perfeitamente apropriados que Jesus deu a alguns de seus discípulos, como Cefas, pedra; Boanerges, filhos do trovão.
Os conselhos, as réplicas, as reprovações de Jesus alcançaram sempre o alvo e levaram o selo da sabedoria e da oportunidade. Sua vida de missionário, que o expôs às mais diversas situações, colocava-o em contato com todas as classes da sociedade judaica e da estrangeira, de modo que, com frequência, Jesus tinha de responder às perguntas mais imprevistas, mais delicadas e mais embaraçosas. Mas Ele sempre se saiu dessas situações com uma habilidade que causava admiração até a seus inimigos (Lc 20.26) e encantava as multidões (Mt 22.46; Mc 12.37).
Quando João Batista hesitou em batizá-Lo, Jesus se contentou em responder-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça (Mt 3.15). Três vezes consecutivas, Jesus reduziu ao silêncio o Tentador com respostas baseadas nas Escrituras (Mt 4.4,4,10). Como os fariseus perguntassem maliciosamente aos primeiros discípulos por que se preocupavam tão pouco com as tradições relativas à pureza e às impurezas legais, o Divino Mestre lhes tapou a boca com argumentos irrefutáveis (Mt 15.3-11; Mc 7.1-13). E o mesmo aconteceu em muitas outras ocasiões, em que as palavras de Jesus, dignas e severas, irônicas ou doces e aprazíveis, dirigidas a inimigos ou amigos, produziram assombrosos resultados (Mt 16.2-4; 21.16,24; 22.15-21,29,33; 26.64; Mc 2.8-12; 6.5; 10.42-45; Jo 18.33-37; 19.11).
Por todas essas considerações, conclui-se claramente que o Salvador teve, em soberano grau de perfeição, faculdades intelectuais análogas às nossas, submetidas às mesmas leis gerais que as nossas e das quais Ele se serviu como de preciosos e dóceis instrumentos para o cumprimento de Sua missão.
Amém!

O PERFIL INTELECTUAL DO SALVADOR


O PERFIL INTELECTUAL DO SALVADOR
Considerada deste aspecto, a alma de Jesus nos parece ainda mais atrativa. Nossa análise nos permite pensar nas regiões superiores, tendo sempre por guia os escritores sagrados.
Eu sou a luz do mundo (Jo 8.12), disse Jesus. O evangelista João, ao lembrar-se das maravilhas que tão de perto havia visto, com santo entusiasmo, referiu-se a seu Mestre como a luz verdadeira, que alumia a todo homem (Jo 1.9).
A inteligência e a sabedoria de Jesus eram o grande farol daquela brilhante luz que iluminou a terra. A luz que o Salvador tanto amava exalar sofreu com frequência a oposição das trevas. E era muito duro para ele constatar que alguém pudesse preferir as trevas à luz (Jo 3.19; Mt 6.22,23). Nele não há luz (Jo 11.10b), dizia com tristeza a respeito de quem andava em trevas. Além disso, quando o detiveram no Getsêmani, Jesus considerou aquela iníqua obra como realizada sob impulso tenebroso do poder das trevas (Lc 22.53).
Vimos as faculdades de Cristo desenvolvidas gradualmente durante sua infância e adolescência. Todo o restante de sua vida tem  o selo do entendimento mais aberto, mais pronto e mais rigoroso que se pode conceber. Para ele, nenhum problema apresentava dificuldades. Ele se erguia sobre todos os horizontes do passado, do presente e do futuro.
De igual maneira, podemos celebrar nele a perfeita segurança de seus julgamentos; sua apreciação sempre irreprovável acerca da verdade, da beleza e do bem no aspecto moral; sua imaginação vivíssima, porém dominada, de que seus sermões e suas palavras nos dão admiráveis provas; sua percepção agudíssima, que poderíamos chamar de seu "talento"; seu exatíssimo dom de observação; sua linguagem sempre ajustada ao seu pensamento; sua memória tenaz para recordar o que havia visto e aplicar em ocasião oportuna.
Alguns inimigos do evangelho têm-se atrevido a chamar Jesus de "sonhador". Sonhador, nunca; muito pelo contrário, ele era um pensador ativíssimo e profundo, que havia ruminado durante muito tempo suas grandes idéias, antes de expô-las com palavras e sua conduta. Mas este pensador não vivia confinado, por assim dizer, no fundo de sua alma e alheio ao mundo exterior. Ele observava muito atentamente tudo que ocorria ao seu redor e o fazia sempre com o espírito penetrante e delicado, como provam muitos detalhes que a cada momento os evangelistas recordavam. Alguns desses detalhes já mencionamos ao indagar quais seriam os principais fatores da educação experimental de Jesus, e poderíamos encher páginas inteiras sobre isto.
Onde quer que Jesus estivesse, mantinha aquele olhar esquadrinhador ao qual nada escapava, nem mesmo os detalhes na aparência mais insignificante. Ele mostrou saber o que acontecia nas águas do lago (Mt 13.47-48), na montanha (Mt 18.12), no campo (Mt 13.1-9,24-30), nas cidades (Mt 24.45-51; 25.14-30; Lc 16.19-31), nas casas dos ricos (Mt 22.1-13; Lc 14.16-24; 17.1-10) e nas casas dos pobres (Mt 9.16; 13.33; 15.1-11), e outros mil pormenores. Jesus observou que um pai de família que pensa no futuro reserva em seu tesouro coisas novas e coisas velhas (Mt 13.52); que os soberbos fariseus buscavam os postos mais honrosos (Lc 14.7). E mesmo podendo fazer uso de suas prerrogativas divinas, que lhe permitiria ler o mais íntimo dos pensamentos e dos corações, Jesus, graças ao dom de observação, pôde aplicar a cada um o tratamento que melhor lhe convinha. Ele demonstrou muito bem isto num dia em que deu três respostas diferentes a três discípulos, que lhe pediram permissão para segui-lo por todas as partes (Lc 9.57-62).
Era, pois, a inteligência do Salvador muito penetrante, concreta, minuciosa e realista, no melhor sentido desta expressão (Mt 19.10-12; Mc 7.18-19; Lc 15.8-9; 16.19-31).
Que quadros mais vivos e encantadores nós o vemos pintar em suas admiráveis parábolas! Algumas simples palavras lhe bastavam para descrever uma cena inteira, como quando ele disse sobre João Batista: Que fostes ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento? Sim, que foste ver? Um homem ricamente vestido? Os que se trajam ricamente estão nas casas dos reis (Mt 11.7,8).
Jesus também esboçou todo um quadro em miniatura neste versículo: Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem (Mt 7.6). Eis um excelente realismo!
Apressemo-nos, porém, a acrescentar que nunca houve idealista que ultrapassasse o nosso Senhor Jesus Cristo. Ele veio fundar o mais ideal de todos os reinos. Aos seus humildes discípulos, ele exigiu virtudes ideais. Quem, como Jesus, declarou que o homem não vive somente de pão material e que o alimento dos cristãos deve ser, antes de tudo, espiritual?
Essa faculdade de ver e de expressar concretamente as coisas contribuiu para tornar normalmente claros e precisos os ensinamentos de Jesus; mas era-lhe fácil elevar-se aos mais altos cumes dos pensamentos, como demonstram suas pregações, especialmente as relatadas no quarto evangelho, onde ele expõe em linguagem magnífica as mais sublimes virtudes evangélicas.

JESUS SORRIA?

JESUS SORRIA?
Alguns estudiosos têm considerado Jesus como um melancólico de rosto sempre sombrio. Mas tal opinião não se fundamenta nos evangelhos. Embora ele tenha conhecido momentos de profunda tristeza - pois tinha claríssima visão sobre a ingratidão e a dureza de coração de seu povo, sobre a covardia e a fuga de seus amigos mais chegados por ocasião de sua paixão -, não devemos esquecer que sua alma, unida ao Pai, possuía habitualmente a plenitude da bem-aventurança.
Não é fácil imaginar Jesus às gargalhadas, mostrando ruidosa alegria; mas podemos acreditar que um celestial sorriso iluminava muito frequentemente seu rosto. O esplendor da natureza animada e inanimada, as flores, as crianças, as almas puras e, em uma ordem superior, as doçuras da amizade, a certeza da felicidade eterna que atraía tantas almas, eram certamente para Jesus mananciais de doces e santas alegrias.
Não foi ele mesmo quem disse um dia que não era conveniente que seus discípulos se entregassem ao jejum e à tristeza, enquanto estivessem com ele? Estas palavras não podiam ser ditas por uma pessoa de natureza melancólica e sombria. Lucas também conta que, quando os setenta discípulos, a quem Jesus enviou para anunciar as boas novas, voltaram até ele e deram-lhe a notícia de bom êxito de sua pregação, a alma de Jesus transbordou de santa alegria (Lc 10.21). E que alegria mais profunda a daquelas palavras que nos permitem ler na alma do Salvador as mais brilhantes esperanças para o futuro: E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim (Jo 12.32).
Depois do que já dissemos acerca da ciência infusa do Verbo encarnado, não era de esperar, certamente, descobrir entre seus sentimentos o da admiração, o do assombro? Mas os evangelistas testemunham que ele sentiu admiração em duas circunstâncias diferentes: diante da fé manifestada pelo centurião (Mt 8.10) e da inexplicável incredulidade de seus conterrâneos de Nazaré (Mc 6.6). Mas, sendo homem e ao mesmo tempo Deus, Jesus podia admirar-se sem comprometer a sua ciência infinita, do mesmo modo que um astrônomo contempla com admiração um novo astro, cuja aparição ele havia previsto e anunciado muito tempo atrás.

O CORPO DO HOMEM-DEUS(JESUS)

O CORPO DO HOMEM-DEUS (JESUS)
E o Verbo se fez carne (Jo 1.14a). Conforme já vimos anteriormente, o evangelista João não retrocedeu perante o realismo dessa frase. Verdade é que ela expressa com admirável força o amor infinito do Verbo encarnado. Aquele a quem Paulo chamou de Jesus Cristo, homem (1Tm 2.5) possuía um corpo físico semelhante ao nosso em aspecto e constituição orgânica, mas dotado de um privilégio único: de ser extraordinariamente santo, puro, pois o Próprio Espírito Santo o havia formado no ventre de Maria.
Lucas, como vimos, assinalou algumas transformações sucessivas naquele sagrado corpo até a maturidade (Lc 2.40,52). Pelo modo sobrenatural de sua formação e como instrumento do Verbo divino, o corpo de Jesus gozava de constituição perfeita, comparado ao do primeiro homem quando saiu das mãos do Criador.
As informações que os evangelhos nos dão acerca da incessante atividade de Jesus durante sua vida pública, sobretudo suas frequentes andanças, suas privações, sua pregação todos os dias, todas essas coisas que exigiam gastos consideráveis de energia (detalhes que Marcos nos dá em duas circunstâncias diferentes: Mc 3.20 e 6.31), são, por si sós, suficientes para demonstrar que durante longos períodos Jesus não teve um instante sequer de repouso.
Ele teve um corpo sadio e resistente. Os evangelistas nunca nos deram a entender ou nos levaram a suspeitar que Jesus tivesse alguma enfermidade de qualquer espécie que fosse. Isso pode ser entendido sem dificuldade. Havendo sido  divinamente formado, sua carne nem um germe de corrupção tinha.
Contudo, se não era conveniente que o Filho de Deus estivesse sujeito às enfermidades que, por consequência do pecado original, são uma deformação da natureza humana, o plano da salvação exigia que ele tivesse capacidade de sentir dor, de padecer (Lc 9.22; 24.26,46; At 17.3; 1Pe 2.21; 4.1), mas que também fosse o cordeiro de Deus, perfeito sem deficiência ou defeito algum. (1Pe 1.19).
O corpo de Jesus possuía um altíssimo grau de sensibilidade, que avivava e aumentava inúmeras vezes o sofrimento físico. Por isso, ele sofreu, durante sua Paixão, crudelíssimas torturas, mas não esperou para conhecer só naquele momento o padecimento. Os evangelistas nos dizem que o Salvador conheceu a fome (Mt 4.2; Mc 3.20; 6.31), a sede (Jo 4.7; 19.28), a fadiga após caminhar longamente (Jo 4.6), a necessidade de dormir (Mt 8.24; Mc 4.38; Lc 8.23). E, como nós, ele esteve sujeito à morte, cuja vista antecipada lhe causou, assim como a nós, viva repugnância (Mt 26.37-42; Mc 14.33-39; Lc 22.41-44). Verdade é que para ele se tratava de uma morte acompanhada de padecimentos físicos, emocionais e espirituais indizíveis.
Mesmo que habitualmente submetido às mesmas leis que nós, em algumas ocasiões, Jesus mostrou o domínio delas, por exemplo, ao andar sobre as águas do lago de Genesaré (Mt 14.25-32; Mc 6.48-51; Jo 6.19-21) e durante sua transfiguração, quando o seu rosto resplandeceu como o Sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz (Mt 17.2; Mc 9.2; Lc 9.29).
Depois de sua ressurreição, seu corpo sagrado adquiriu qualidades novas, que os evangelistas não se esqueceram de mencionar, e que os teólogos designam com os termos sutileza, claridade, impassibilidade e agilidade. Com esse corpo glorioso, mas ainda guardando em si as marcas da crucificação (Jo 20.27), Jesus ascendeu aos céus (At 1.9,11), e em corpo visível voltará para buscar a sua Igreja (Mt 26.64; Mc 14.62).

O OLHAR DE JESUS

O OLHAR DE JESUS
Os evangelistas, particularmente Marcos, descreveram também o modo de olhar do Salvador, que exteriorizava e acentuava seus sentimentos íntimos. Para isto, eles empregaram palavras fortes e emblemáticas.
Quando pela primeira vez Jesus viu Simão Pedro, olhou-o como que para ler o fundo de sua alma (Jo 1.42). Outro olhar mais penetrante, ele dirigiu a Pedro, no átrio do palácio de Caifás, quando o desafortunado apóstolo acabara de nagá-lo (Lc 22.61). Com a mesma intensidade e com particular ternura, Jesus olhou para o jovem rico, de nobres qualidades, que se recusou egoisticamente a obedecê-lo (Mc 10.21-22).
Antes de começar o Sermão do Monte, Jesus levantou os seus olhos sobre os seus numerosos ouvintes como costumam fazer normalmente os pregadores no momento de começar sua mensagem (Lc 6.20). Da mesma forma, ele gostava de olhar para os seus apóstolos e discípulos (Mt 19.26; Mc 3.34; 8.33; 10.27; Lc 6.20).
Nos olhos de Jesus, normalmente tão doces, podiam brilhar, em um momento de ira santa, fulgores terríveis (Mc 3.5).
Bem-aventurado Zaqueu, para quem Jesus levantou amorosamente os olhos enquanto este estava lá no alto de um sicômoro (Lc 19.5).
Marcos nos fala de Jesus olhando com bondade para a mulher que sofria de fluxo sanguíneo, que acabara de "provocar" um milagre (Mc 5.32).
Jesus olhou com tristeza para os ricos que depositavam orgulhosamente suas ofertas nos gazofilácios colocados nos átrios do Templo e, com admiração, atentou para a pobre viúva que timidamente depositou o único dinheiro que possuía (Mc 12.41-42).
Ele contemplou com muda indignação, no dia de sua entrada triunfal, os abusos que haviam se introduzido nos átrios do Templo (Mc 11.11).
Quão formosos deveriam ser os olhos do Salvador quando, para entrar em comunicação mais íntima com Deus, levantava-os ao céu antes de começar a orar (Mt 14.19; Mc 6.41; 7.34; Jo 11.41; 17.1)!

2Timóteo

 2 TIMÓTEO
Esta é a última e mais comovente epístola de Paulo. Depois de toda uma vida de serviço e sofrimento por Cristo, ele estava outra vez na prisão, e a morte era iminente. Somente Lucas estava com ele, e Paulo desejava rever Timóteo. Porém, não há nenhum sinal de autocomiseração ou lamúria. Suas últimas palavras são de encorajamento a todos os que virão depois dele. Ele pode enfrentar a morte sem medo e sem dúvidas. A corrida havia terminado - a recompensa o aguarda.
2Tm 1: "Dou graças a Deus"
Paulo se lembra de Timóteo com profunda gratidão. Esperava que esse homem cheio de temores, mas com fé genuína, pudesse vir e compartilhar a confiança que tinha. Paulo incentiva Timóteo a se apegar à verdade que lhe fora ensinada, e a não se envergonhar do evangelho ou de Paulo. O segredo da confiança de Paulo era conhecer a Cristo (12; e veja Fp 3.10). A graça de Deus era suficiente. Deus lhe daria a força necessária para fazer frente à oposição e ao sofrimento.
Lágrimas (4) Derramadas quando se despediram.
Aquele Dia (12) O dia da volta do Senhor; o dia do juízo.
Todos os da Ásia (15) Em Éfeso, as falsas doutrinas haviam se instalado de tal forma (veja 1Tm 1) que os cristãos rejeitaram o homem a quem deviam a fé que tinham. Aqui, porém, Paulo pode estar se referindo aos cristãos da Ásia que estavam em Roma, e não a toda a igreja cristã na província da Ásia. esta é a única vez, no NT, que se mencionam Fígelo e Hermógenes.
Onesíforo (16) A casa dele é mencionada em 4.19. O v. 18 parece indicar que ele já havia morrido.
2Tm 2: Paulo instrui Timóteo
Ninguém melhor do que Paulo sabia o que custava ser cristão. "Com o soldado Timóteo devia aprender a ser determinado; com o atleta, a ser disciplinado; e com o lavrador, a ser perseverante" (3-7; Donald Guthrie). O tema do evangelho de paulo era Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos (8): foi por causa dele que ele havia sofrido. Nas linhas de um poema ou hino, ele apresenta a Timóteo a linha mestra que devia seguir e reter (11-13). Ele devia ser fiel ao verdadeiro evangelho e não se deixar distrair com falatórios inúteis e discussões tolas e sem valor (16,23). O verdadeiro servo de Cristo é brando, pacífico, mestre bom e paciente, que corrige com delicadeza aqueles que precisam ser disciplinados (24-25).
V. 17 Esta é a única referência a Fileto. Himeneu é mencionado também em 1Tm 1.20.
A ressurreição (18) Eles negavam a realidade da ressurreição, ao tratá-la como experiência espiritual.
2Tm 3: Tempos difíceis haviam de vir
Paulo descreve detalhadamente como será o caos dos últimos dias (2-7). Podemos ver o cumprimento de parte disso na atualidade. Na realidade, são coisas que caracterizam todas as épocas. Ele chama a atenção para o fato de que, com a aproximação da vinda de Cristo, o mal se intensificaria - mesmo dentro da igreja (5-6). Aqueles que fossem fiéis a Cristo seriam perseguidos (como o próprio Jesus predisse: Jo 15.20). Timóteo, por sua vez, devia se firmar nas verdades das Escrituras ensinadas a ele. Nelas estão a sabedoria e o caminho para a salvação em Cristo. São inspiradas por Deus. São o sopro de vida para todos aqueles que querem andar no caminho de Deus.
Janes e Jambres (8) Na tradição judaica, os nomes dos magos do faraó (Êx 7).
V. 11 Veja At 13--14. Timóteo se lembraria bem desses acontecimentos, já que tiveram lugar perto de sua casa. Em Listra, cidade natal de Timóteo, Paulo foi apedrejado e dado por morto.
2Tm 4: Instruções finais - e algumas notícias
Paulo sabia que em breve seria morto (6). Ele podia enfrentar a morte sem medo: havia completado a corrida, mantido a fé. A coroa olímpica do vencedor, a recompensa por fidelidade no serviço, estava guardada para ele. E não somente para ele, mas para todos os que amam o Senhor e aguardam a sua vinda.
Ele tem uma última instrução para Timóteo: "Pregue a mensagem e insista em anunciá-la, seja no tempo certo ou não" (2), aconteça o que acontecer. Virá um tempo em que as pessoas preferirão seguir seus próprios caprichos,escolhendo fábulas e lendas em detrimento da verdade.
Notícias de ordem pessoal ficaram para o fim. Os colegas missionários - Tito, Tíquico, Trófimo - estavam todos longe. Um deles estavam doente, e outro (Demas) o abandonou. Na primeira fase de seu julgamento (16), Paulo, a exemplo de Jesus, ficou sozinho. Todos os seus amigos o abandonaram, e seus inimigos saberiam se aproveitar disso. O inverno se aproximava e ele precisava de seus livros, seus pergaminhos, e sua capa. Ele só tinha a presença de Lucas e dos cristãos de Roma (21) para aquecer seu coração - e a esperança de que Timóteo e Marcos pudessem vir até ele em tempo.
Suporta as aflições/os sofrimentos (5)
Apesar de seus medos, foi exatamente isso que Timóteo fez (Veja Hb 13.23).
V. 8 Melhor interpretado no sentido de "a coroa que é a recompensa dos justos".
Livros... pergaminhos (13) Possivelmente cópias de livros do AT, cadernos de anotações, ou papéis pessoais de Paulo.
Alexandre (14) Veja 1Tm 1.20.
A boca do leão (17, ARA) Isso pode ser uma forma de expressão, como pode, também, ser uma referência aos leões da arena, a Nero, ou a Satanás.

A obra do Espírito Santo nos dons espirituais

 Como é a obra do Espírito Santo nos dons espirituais?
(Rm 12.6; 1Co 12.1,4; Ef 4.7,8; 1Tm 4.14; 2Tm 1.6; Hb 2.3,4; 1Pe 4.10)
Na Bíblia, toda a Trindade é geralmente descrita no ato de dar, Deus ama dar. Foi o Pai quem deu Seu Filho amado (Jo 3.16). Foi o Filho quem deu gratuitamente o Seu sangue precioso (Lc 22.19). Por fim, após Sua chegada ao Pentecostes, o Espírito Santo iniciou Seu ministério de dar dons à igreja e continuará até o arrebatamento (1Co 12.4,7).
Como os dons espirituais podem sofrer mau uso?
Primeiro, não usando os dons que nos foram concedidos.
O colega mais jovem de Paulo, Timóteo, aparentemente precisava da admoestação do apóstolo nessa questão, pois faz referência a isso em duas ocasiões (1Tm 4.14; 2Tm 1.6).
Segundo, tentando usar dons que não nos foram concedidos.
Terceiro, não usando os dons com amor (1Co 13.1).
Com que frequência esses dons sofrem mau uso! Apenas a eternidade revelará o número de homens no ministério que não deveriam estar ali. Por outro lado (e tão trágico quanto), sem dúvidas, há uma grande quantidade de homens que recebem o chamado para servir a Deus, mas nunca o responderam. Mas, talvez, o maior mau uso de todos seja o uso dos dons sem amor.
Se o material sobre dons oferecido até agora for compreendido corretamente, é possível entender porque Deus, às vezes, parece usar um cristão carnal de forma incrível, apesar dos óbvios (ou geralmente secretos) pecados da vida dele. Entretanto, nesses casos, Deus está apenas abençoando o dom, mas não o homem pessoalmente. No Tribunal de Cristo (veja 1Co 3), sem dúvidas, haverá muitas surpresas quando, talvez, vários líderes cristãos mundialmente famosos recebam tão poucas recompensas pessoais de Cristo por causa do pecado e carnalidade.
Um exemplo clássico (e trágico) em que indivíduos não usaram seus dons com amor é registrado pelo apóstolo Paulo na sua primeira prisão em Roma, quando escreveu à igreja de Filipos (Fp 1.12-18).
A conclusão de Paulo aqui é que Deus sempre irá abençoar a mensagem do evangelho, mesmo que não seja capaz de abençoar o mensageiro do evangelho!

DETALHES DOS DONS:

O QUE É O DOM DE APOSTOLADO

A origem divina da Bíblia



Que fatos básicos indicam a origem divina da Bíblia?
É claro que deve ser salientado que nem a Palavra de Deus nem o Deus da Palavra podem ser analisados cientificamente em um tubo de ensaio de laboratório. O Criador Divino ainda deseja e exige fé por parte de Sua criação. (Hb11.1-6) Mas Ele presenteou-nos com um Livro celestial para ajudar-nos nessa fé necessária. Na verdade, o Evangelho de João foi especialmente escrito para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome (Jo 20.31). Durante esta fase do estudo, falaremos, ainda que brevemente, sobre cada um deses "sinais sobrenaturais das Escrituras", os quais indicam que nossa Bíblia veio, de fato, da mão do próprio Deus. Quando o cristão se familiariza com esses argumentos impressionantes, ele então fica qualificado a atender à exortação de Pedro: santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós (1Pe 3.15).
Pelo menos dez argumentos podem ser listados, os quais apontam para justificar o caráter sobrenatural da Bíblia.
  1. Sua impressionante unidade.
  2. Sua indestrutibilidade.
  3. Sua exatidão história.
  4. Sua exatidão científica.
  5. Sua exatidão profética.
  6. Sua influência histórica.
  7. Seu cuidado e cópia.
  8. Sua impressionante circulação.
  9. Sua absoluta honestidade.
  10. Seu poder transformador de vidas.
A suficiência da Bíblia
Dizer que a Bíblia é "suficiente" é dizer que ela contém todas as palavras necessárias para a fé e a vida. Essa afirmação envolve dois aspectos.
Última página
 do 
DIDAQUÊ
 A. A Bíblia é suficiente para a fé, com referência à doutrina (2Tm 3.16).
A Bíblia é a infalível Palavra de Deus para nós. É o critério de tudo o que pode ser dito sobre Deus e Sua forma de tratar-nos. Ela pode não nos dizer tudo o que gostaríamos de saber, mas nos diz tudo o que Deus deseja que saibamos. Toda doutrina verdadeira jorra dessa fonte da verdade.
B. A Bíblia é suficiente para a vida (Sl 119.105).
A Bíblia contém tudo aquilo de que precisamos para a salvação e uma vida piedosa. Aquele que meditar neste Livro se tornará perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra (2Tm 3.17).
Apenas a eternidade revelará os milhares de horas investidas por estudiosos dedicados, que examinaram as cópias manuscritas, para determinar o conteúdo exato do texto bíblico original.
As boas-novas.
Embora os livros originais estejam perdidos, há evidências incontestáveis de que nossas Bíblias traduzidas atuais representam cópias incrivelmente precisas dos primeiros manuscritos.
O número de fragmentos de manuscritos do Antigo Testamento e do Novo Testamento em hebraico e em grego chega, literalmente, aos milhares. Há aproximadamente 5.300 manuscritos em grego do Novo Testamento.
Vários estudiosos fizeram uma estimativa de quão confiável é o texto do Novo Testamento.
Westcott e Hort estimaram que é 98,33% puro.
Ezra Abbott eleva para 99,75% como puro.
A.T. Robertson coloca o número em 99,9% como puro.
Antes da descoberta dos manuscritos de Qumran, os manuscritos mais antigos existentes eram datados de aproximadamente 900 d.C. Alguns dos manuscritos do mar Morto, que incluíam cópias de Isaías, Habacuque e outros, eram datados de 125 a.C., disponibilizando manuscritos mil anos mais antigos que os anteriormente disponíveis. A maior conclusão foi que não havia diferença significativa entre o manuscrito de Isaías em Qumran e o texto hebreu massorético datado de mil anos depois. Isso confirmou a fidedignidade de nosso texto hebraico atual. (ENNS, Paul. Moody Handbook of Theology.p.173)

A essência do Antigo Testamento

Esta foto mostra uma reprodução da
 mais antiga conhecida inscrição do
nome Yhwh/Adonai ,Senhor em Hebraico
(cf. Êxodo 3). A escrita é em hieróglifos
e é datado de c. 1400 aC.
 A inscrição foi descoberto no templo
 construído pelo faraó egípcio
Amenhotep III em Soleb,
 que é no dia moderno Sudão.
O texto refere-se a um grupo
de seguidores  de Yhwh vagando,
possivelmente, os israelitas.
O Antigo Testamento é uma compilação de 39 livros que contam a história de Deus. E a Torah dos Judeus. É a história do amor que Ele tem por Seu povo - não apenas o povo escolhido de Israel, mas todos os povos do mundo. Nas páginas desses livros incríveis, encontra-se uma profusão de seres humanos: patriarcas, reis, rainhas, sacerdotes, comerciantes, agricultores, guerreiros, mulheres, crianças, prostitutas, santos e pecadores, piedosos e ímpios.
Eles estão todos lá, e cada um desempenha um papel importante na história de Deus. Alec Motyer diz que eles são "maiores do que a própria vida, mas, ao mesmo tempo, intensamente humanos; pertencentes a um passado distante, mas apesar disso, retratados com tanta vivacidade e aplicabilidade" que suas histórias ganham vida, e eles tornam-se como pessoas de hoje em dia.
O que surpreende no Antigo Testamento é a realidade extrema das histórias. Não se trata de uma coleção de mitos dissimulados que escondem os defeitos dos heróis. Em vez disso, os homens e as mulheres do Antigo Testamento são retratados como realmente eram, sem reservas.
"Em suas páginas, encontramos histórias arrebatadoras de amor e ódio, narrativas horripilantes de estrupo e desmembramento, relatos francos e tráfico de escravos e também contos reais de grandes honrarias e cruéis traições de guerra"(Philip Yancey).
Se você não estiver familiarizado com o conteúdo desses 39 livros, prepare-se para uma das leituras mais emocionantes, desafiadoras e inquietantes de toda a sua vida. O drama humano em torno da grande história de amor de Deus desafiará sua fé, impactará sua mente e abençoará sua alma. As narrativas pessoais, as histórias nacionais, as poesias repletas de paixão e as profecias entrelaçam-se para tecer a trama do Antigo Testamento. A proposição primária da Bíblia hebraica é a história de pessoas que "foram conduzidas, admoestadas e, por fim, salvas pelo poder de um só Deus, o qual é o Criador do universo e um Ser intensamente dedicado à justiça moral e social" (Jean-Pierre).

A MENSAGEM BÍBLICA

Não é possível compreender adequadamente o Novo Testamento sem considerar o Antigo Testamento. Isso se deve ao fato de as Escrituras hebraicas terem sido a Bíblia dos cristãos primitivos. Quando Deus operou por intermédio dos autores dos Evangelhos, de Atos, das Cartas e do Apocalipse, estes escreveram supondo que os os leitores estavam familiarizados com o Antigo Testamento. Conceitos e termos que aparecem ao longo das Escrituras do Novo Testamento encontram seus antecedentes nos escritos dos antigos israelitas. Termos como aliança, lei graça, batismo, profeta, sacerdote e rei possuem raízes no Antigo Testamento. Conceito como justiça, perdão, redenção, salvação e santificação foram gerados na mente hebraica muito antes da época do Novo Testamento. Philip Yancey escreve:
Nossas raízes estão nas profundezas do pensamento do Antigo Testamento em muitos aspectos: direitos humanos, governo, conduta com vizinhos, nossa compreensão de Deus -- nós falamos e pensamos Antigo Testamento.
O próprio Jesus é descrito com frequência por imagens do Antigo Testamento: Cordeiro de Deus, Leão de Judá, Messias prometido, Emanuel, Rei dos judeus, Filho do homem e bom Pastor.

As páginas do Novo Testamento estão repletas de nomes e termos do Antigo Testamento:

Abraão Mt 1.1
Arca da aliança Ap 11.19
Babilônia Ap 14.8
Belém Mt 2.1
Cananeia Mt 15.21
Damasco At 9.3
Davi Mt 1.1
Egito Mt 2.14
Elias Mt 11.14
Enoque Hb 11.5
Esposa de Ló Lc 17.32
Eufrates Ap 9.14
Gentios Lc 2.32
Isaías Mt 3.3
Israel Mt 2.20
Jericó Lc 19.1
Jerusalém Mt 2.1
Jezabel Ap 2.20
Jope At 9.43
Melquisedeque Hb 5.6
Moisés Jo 7.19
Nínive Mt 12.41
Páscoa Mc 14.1
Pentecostes At 2.1
Sábado Mt 12.2
Samaritanos Mt 10.5
Sodoma Mt 10.15
Sumo sacerdote Hb 3.1

Mais importante do que nomes e termos do Antigo Testamento é sua teologia, que é a base da doutrina do Novo Testamento. Conceitos como pecado, salvação, expiação de sangue, redenção, sacrifício, justificação e santificação são todos fundamentados na teologia do cânon hebraico. Qualquer pessoa que examine os livros do Antigo Testamento descobre a história do amor de Deus pelo mundo. É uma história tão antiga quanto o próprio tempo. Ela começa com as palavras No princípio (Gn 1.1) e transporta-nos pelo túnel do tempo, passando pelos corredores da história, em direção ao desfiladeiro da eternidade.
Em suas páginas, Deus age chamando as pessoas pelo nome: Adão, Abrão, Moisés, Samuel. Seu amor, Sua paciência, Sua ira, Seu julgamento e Seu perdão evidenciam-se vez após vez. Enquanto patriarcas, profetas, sacerdotes e reis tropeçam pelo caminho da vida, Deus está lá para repreender, corrigir e redimir um mundo caído - tudo por causa de Seu imenso amor.

Como os livros do Antigo Testamento foram selecionados?

Quando Moisés desceu do monte Sinai com os Mandamentos dados por Deus, o povo de Israel reconheceu imediatamente a autoridade divina deles e prometeu obedecê-los como Palavras do Senhor (Êx 24.3-8). Os escritos de Moisés foram armazenados no Santuário central por causa de sua posição especial como Escritura inspirada (Êx 25.16,21; Dt 10.1,2; 31.24-26). Em Deuteronômio 18.15-22, o Senhor prometeu levantar uma sucessão de profetas "como Moisés" para transmitir Sua Palavra às gerações posteriores, e os pronunciamentos desses mensageiros de Deus também teriam sua autoridade divina reconhecida. O profeta Samuel escreveu leis da realeza que foram colocadas diante do Senhor quando a monarquia foi estabelecida em Israel (1Sm 10.25). Os extensos escritos de Davi passaram a ser reconhecidos como Escritura inspirada porque o Espírito de Deus falou por intermédio dele (2sM 23.1,2), e as palavras dos profetas foram colocadas ao longo da Torá (Instruções de Deus) nas Escrituras hebraicas por causa da mensagem, que comprova a mesma. Histórias, salmos e escritos de sabedoria provenientes de outras pessoas que falaram com voz profética foram igualmente respeitados e preservados.

Como o Novo Testamento enxerga o Antigo Testamento?

Jesus e os apóstolos acreditavam na inspiração das Escrituras do Antigo Testamento e, frequentemente, referiam-se a elas ou citavam-nas como textos de autoridade. De acordo com Jesus, as palavras escritas pelos autores humanos das Escrituras eram o "Mandamento de Deus" e a "Palavra de Deus" (Mc 7.8-13; Mt 19.4,5). Como Palavra de Deus, todas as partes do Antigo Testamento seriam consumadas e cumpridas (Mt 5.17,18; 26.54,56; Lc 24.27,44; Jo 7.38), e nada que ela declara poderia ser invalidado ou anulado (Lc 16.17; Jo 10.35). Jesus descreveu o canôn do Antigo Testamento estendendo-se desde Gênesis até Crônicas, ao falar dos assassinatos de Abel e do profeta Zacarias em Mateus 23.34,35 e Lucas 11.49-51 (Gn 4.8 e 2Cr 24.20-22). 

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