COSTUMES BÍBLICOS: Como o Novo Testamento chegou até nós


Como o Novo Testamento chegou até nós

Foto:O mais antigo saltério cóptico completo.
A história de como o Novo Testamento foi escrito, copiado e traduzido é um tópico importante que tem um impacto no fundamento da fé do cristianismo. Este capítulo responde às seguintes questões: Como o Novo Testamento chegou até nós? Quem decidiu que livros seriam incluídos? Por que alguns textos antigos não foram incluídos? Por que existem tantas traduções?

A ESCRITA DO NOVO TESTAMENTO
O Novo Testamento consiste de 27 livros que foram escritos aproximadamente entre os anos de 45 d.C. e 100 d.C. Alguns autores escreveram seus próprios livros, enquanto outros tipicamente ditaram o conteúdo de uma carta ou narrativa para um assistente ou escriba, Este assistente escrevia o que era ditado,e o autor então verificava a exatidão do documento. Aparentemente, Paulo manuscreveu algumas de suas primeiras cartas (Gl 6.11) e editou as posteriores, acrescentando sua saudação manuscrita para autenticá-las (Cl 4.18; 2Ts 3.17; veja também 1Pe 4.12). Os livros do Novo Testamento foram escritos em pergaminhos e em folhas de papiro. Estes livros inicialmente circularam independentemente, e não como uma coleção. Talvez os pregadores itinerantes, como o apóstolo Mateus, permaneceram na casa de algum cristão rico que tivesse uma biblioteca e um escravo servindo de escriba pessoal.  Mateus pode ter permitido que um escriba copiasse o seu evangelho. Dessa forma, o Evangelho de Mateus circulava amplamente enquanto ele viajava de igreja em igreja. Paulo instruiu que algumas de suas cartas fossem circuladas (Cl 4.16). Não sabemos se acarta original (chamada de autógrafo) circulou pelas diversas igrejas ou se os escribas fizeram cópias para que fossem circuladas. De qualquer forma, as cópias foram finalmente reunidas em coleção. Aparentemente, havia coleções das cartas de Paulo (1 Pe 3.16). Elas foram copiadas em códices que eram semelhantes aos livros modernos, com as páginas costuradas para formar uma encadernação.
Códice
Rolos Judaicos
Desta forma, os documentos ficavam mais fáceis de ler. os rolos de couro, ou pergaminhos, eram difíceis de ler porque o livro todo tinha de ser desenrolado para encontrar-se uma passagem. E também, as folhas de papiro se rasgavam se fossem enroladas como um pergaminho; portanto, as folhas de papiro passaram a ser costuradas, formando um livro. Em latim, a coleção de códices era chamada de Ta Bibla, a mesma que usamos para designar a nossa Bíblia. Mas a forma de códice forçou a tomada de algumas decisões, porém nenhuma mais importante do que esta: Que livros deveriam ser incluídos?

O CÂNON
Preparando o caminho para o Novo Testamento.
Vários fatores necessitam ser considerados quando se fala da formação do cânon. O cânon se refere a uma lista permanente de livros autorizados reconhecidos como as Escrituras. A formação do cânon do Antigo Testamento, que não será discutida detalhadamente aqui, (você pode ler sobre o Cânon do Antigo Testamento, AQUI), deu à Igreja a ideia de formar o cânon do Novo Testamento. Alguns eruditos atribuem a compilação dos 39 livros do Antigo Testamento até Esdras. Lembre-se de que os cinco primeiros livros do AT haviam sido agrupados formando o Pentateuco. Outros estudiosos dizem que o Antigo Testamento foi agrupado em um cânon quando a Septuaginta foi traduzida do hebraico para o grego. Portanto, o conceito de cânon seria familiar aos autores do Novo Testamento e aos cristãos judeus em geral.
Deus "inspirou" o texto da Escritura de forma que os autores escreveram a Palavra sem erros. Deus escolheu três línguas para a Sua auto - revelação. Primeiro, o Antigo Testamento foi escrito em hebraico, uma estrutura linguística que refletia os judeus. De todas as linguagens semíticas, ela é simples, solitária e direta. O hebraico é tão lindo em suas palavras descritivas quanto é engenhoso em suas expressões idiomáticas. Algumas partes de Daniel e de Esdras foram escritas em outra língua semítica, o aramaico. O Novo Testamento foi escrito em grego.
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O grego do Novo Testamento era diferente do grego clássico dos filósofos. Entretanto, nas escavações arqueológicas se tem descoberto milhares de pergaminhos da "língua grega comum", verificando que Deus escolheu a linguagem do povo comum (grego koinê) para comunicar a Sua revelação. Deus escolheu uma língua expressiva para comunicar as minuciosas cores e interpretações da Sua doutrina.
Ainda outros sentem que Deus preparou os gregos com sua língua intrigante, permitiu que eles conquistassem o mundo, usou-os para influenciar sua própria língua como a "língua universal do comércio", e, depois, inspirou os homens de Deus a escrever o Novo Testamento em grego comum para o povo comum, que era parte da nova formação da Igreja. Isto tornou a Palavra de Deus imediatamente acessível a todos. Se a Bíblia tivesse sido escrita em grego literário ou em uma "língua especial do Espírito Santo", o cristianismo teria uma barreira de linguagem para alcançar o povo comum.
Não temos os manuscritos originais ou "autógrafos" de nenhum livro da Bíblia. Estes ficaram perdidos, principalmente durante a perseguição da Igreja Primitiva. Os imperadores romanos pressentiam que se conseguissem destruir a literatura da Igreja, eles poderiam eliminar o cristianismo. Outros se perderam pelo uso e desgaste. O fato de algumas igrejas primitivas não manterem os autógrafos, mas fazerem cópias e usá-la demonstra que elas estavam mais preocupadas com a mensagem do que com o veículo da mensagem. Deus, em Sua sabedoria, permitiu que os manuscritos originais desaparecessem. Assim como as relíquias da Terra Santa, eles teriam sido venerados e adorados. Certamente a "bibliolatria" (a adoração à Bíblia) teria substituído a adoração a Deus.
Embora alguns possam ter dificuldade com a ideia de não terem os manuscritos originais, os estudiosos que trabalham com documentos não bíblicos da antiguidade geralmente também não têm acesso a esses originais. Ao se considerar a evidência do manuscrito, deve-se lembrar de que existem cerca de cinco mil manuscritos gregos e, adicionalmente, 13 mil cópias manuscritas de porções do Novo Testamento. Isto não inclui oito mil cópias da Vulgata Latina e mais de mil cópias de outras versões mais antigas da Bíblia. Estes números se tornam ainda mais significantes quando comparados com estatísticas similares de outros escritos antigos.
Motivos para o cânon
Alguns escritores argumentam que os cristãos não discutiram um cânon para os livros do Novo Testamento até séculos depois da vida de Jesus. Entretanto, por causa da presença do herege Marcião (falecido c. 160), isto é improvável. Marcião era um bispo da igreja que tinha uma visão negativa do Deus no Antigo Testamento e tinha um cânon bastante reduzido do Novo Testamento, consistindo apenas do Evangelho de Lucas e dez das cartas de Paulo. Entretanto, mesmos estes foram editados para remover o máximo da influência judaica possível. A Igreja excluiu Marcião e prontamente rejeitou seus ensinamentos e cânon.
Outro movimento herege, o gnosticismo, desenvolveu-se no segundo século. Em geral, este grupo acreditava que a salvação era encontrada em obter-se um "conhecimento especial". Os gnósticos tinham as suas próprias escritas para defenderem suas crenças e práticas. Incluídos em seus escritos havia falsos evangelhos (por exemplo, o evangelho de Tomé). Os gnósticos e Marcião levantaram a questão de que livros seriam genuínos e autorizados para os cristãos. Metzger conclui: "Sobretudo, o papel desempenhado pelos gnósticos no desenvolvimento do cânon foi principalmente o de provocar uma reação entre os membros da Grande Igreja, de forma a determinar ainda mais  claramente quais livros e epístolas transmitiam o verdadeiro ensinamento dos evangelhos.
Os principais critérios para a canonicidade
O processo pelo qual o cânon foi formado é bem complicado. Entretanto, alguns oferecem os seguintes três testes para que um livro fosse considerado como parte do cânon: (1) apostolicidade, (2) regra de fé, e (3) consenso. Existem também outras listas que determinam a canonicidade.
O teste da apostolicidade significa que o livro deve ter sido escrito por um apóstolo ou por alguém associado a um apóstolo. Quando aplicado ao Novo Testamento, a maioria dos livros automaticamente se enquadra nessa exigência (aqueles escritos por Mateus, João, Paulo e Pedro). Marcos e Lucas foram ambos companheiros de Paulo. Tiago era meio-irmão de Jesus, e Judas é o apóstolo, ou é o meio-irmão de Jesus. O único livro que tem muita dificuldade com este critério é o de Hebreus. Muitos na Igreja primitiva acreditavam que Paulo escrevera o livro de Hebreus, mas vários estudiosos do Novo Testamento hoje sugerem que o mesmo tenha sido escrito por Lucas. Se não sabemos quem escreveu o livro, como podemos anexá-lo ao cânon? Em Hebreus 13.23a lemos: Quero que saibam que o nosso irmão Timóteo foi posto em liberdade. Quem quer que seja este autor, esta referência o coloca no círculo paulino.
Fragmento de uma passagem de Êxodo da
Septuaginta, a tradução grega da
 Escritura hebraica.

A regra de fé se refere à conformidade entre o livro e a ortodoxia. A ortodoxia se refere à "doutrina correta". Portanto, o documento tinha de ser consistente com a verdade cristã como o padrão que era reconhecido pelas igrejas cristãs (ex.: em Corinto, Éfeso, Filipos etc.). Se um documento apoiasse ensinamentos heréticos, o mesmo era rejeitado.
Finalmente, o consenso se refere ao amplo e contínuo uso de um documento pelas igrejas. No princípio, faltava um acordo completo, não porque um livro em particular fosse questionado, mas porque nem todos os livros eram universalmente conhecidos. Entretanto, os livros que estavam incluídos tinham ampla aceitação. Porque o Espírito Santo assoprou a Sua vida em um livro pelo processo da inspiração (2 Tm 3.16), o Espírito Santo que habita nos fiéis individualmente (1 Co 6.19,20) e o Espírito Santo que habitava nas igrejas (1 Co 3.16) produzia um conceito unificado de que certo livro tinha a autoridade de Deus.
Aplicando-se esses critérios aos livros contidos no Novo Testamento, e àqueles que foram deixados de fora, mostra-se a consistência do cânon, assim como foi repassado. Alguns "evangelhos" foram encontrados recentemente, e levantaram um grande alvoroço, como o evangelho de Tomé e o evangelho de Judas. Por que estes evangelhos não são considerados autorizados para os cristãos? Primeiro, esses evangelhos não podem definitivamente ser vinculados aos apóstolos, embora eles sejam mencionados nos títulos. Segundo, alguns ensinamentos heréticos em cada documento contradizem aos ensinos da Escritura. Terceiro, nenhum desses documentos foi usado universalmente ou continuamente pela Igreja. Portanto, cada um deles é desaprovado em todos os três critérios.
O argumento lógico
O argumento a priori declara que Deus protegeria a reunião dos livros em um cânon porque Ele havia originalmente escrito cada livro. O argumento é baseado na seguinte premissa: (1) Deus tinha uma mensagem que Ele queria revelar ao homem. (2) Deus escolheu um número múltiplo de autores que escreveriam a mensagem para que outros entendessem. (3) Deus sabia que a Sua revelação seria atacada externamente. (4) Deus sabia que os destinatários da Sua Sua revelação não eram eruditos, mas pessoas comuns de circunstâncias medianas. (5) Portanto, podia esperar-se que Deus pessoalmente garantisse o conteúdo (a revelação), a exatidão das palavras (a inspiração), e a compilação das diferentes mensagens de todos os Seus mensageiros em uma coerente unidade (cânon). Dessa forma a mensagem seria transmitida às futuras gerações (inerrância) de modo a não haver corrupção, alteração, subtração nem acréscimo à Palavra de Deus!
Amém!

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Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo;
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Filipenses 1:9-11

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