COSTUMES BÍBLICOS: NAZARÉ, A CIDADE ESCOLHIDA POR DEUS


NAZARÉ, A CIDADE ESCOLHIDA POR DEUS

Passemos, porém, a Nazaré e tentemos descrever o que era esta humilde aldeia, escolhida por Deus para morada do Messias durante os longos anos de sua preparação para sua missão de Redentor.
Imaginemos uma meseta elevada, que é a província da Galileia. Antes de terminar repentinamente na planície de Esdrelom, as montanhas que a cobrem com variadas ondulações, últimas arestas do Líbano em direção ao sul, afastam-se e de novo se agrupam em círculo, para formar uma espécie de concha, um vale estreito, mas gracioso, que parecem proteger ciumentamente.
Neste vale, que alguns viajantes têm comparado graficamente com um ninho, é onde se oculta a cidade de Nazaré. Belém se levanta com orgulho entre duas colinas. Nazaré, pelo contrário, parece querer ocultar-se atrás de uma coroa de montanhas; está oculta de tal forma que ela é vista em que se começa a entrar na cidade. Contudo, a aldeia não está inteiramente no fundo do vale, ainda que suas últimas casas o alcancem. Estende-se em forma de anfiteatro pelas ladeiras da altura principal, chamada Neby-Sain, até o ponto em que esta começa a elevar-se rapidamente sobre o vale, alcançando uma altura de 485 metros.
Desta maneira, Nazaré se mostrava aos antigos peregrinos. A cidade está construída entre colinas de diferentes alturas, no seio do vale que elas formam. Este pequeno vale se estende de sul e sudoeste, de norte e nordeste; em vinte minutos, pode-se percorrer o seu comprimento, e em menos de dez, sua largura.
Nazaré tem uma elevação de 273 metros sobre o nível do Mediterrâneo, e de mais de cem sobre a planície de Esdrelom, que é fértil e está, comumente, bem cultivada. Seus campos e jardins gozavam, nos tempos de Jesus, de grande reputação, e no século VI o seu frescor; ou seja, o seu excelente clima, já havia sido comparado ao do Éden.
PLANÍCIE DE ESDRELOM

Vista a distância, a cidade oferece um aspecto encantador; que já devia possuir no tempo de Jesus. As casas estão dispostas em graus irregulares. Existe hoje, e sem dúvida existia na época muito mais gente agora, casinhas pobres de aspecto miserável; mas a maior parte delas era bem construída. Seus muros geralmente foram erguidos e solidamente fundamentados sobre a rocha. Às vezes, é preciso buscar em vários metros de profundidade suas sapatas, seus alicerces, como se na cidade de Jesus se quisesse realizar a formosa comparação com que ele termina o Sermão do Monte (Mt 7.24,25; Lc 6.47,48).
Era necessária esta precaução devido às impetuosas torrentes que, precipitando-se das colinas na estação das chuvas, golpeavam os edifícios com um furor terrível. O teto das casas era plano, como na maior parte da Palestina. No tempo de Jesus, as ruas de Nazaré eram estreitas, tortuosas, traçadas sem nenhuma ordem.
A população de Nazaré nunca foi numerosa. Nos primeiros séculos da era cristã, segundo Epifânio, a cidade de Jesus só estava habitada por israelitas, pois os cristãos eram proibidos de fixar sua residência ali.
ASPECTOS FÍSICOS E GEOGRÁFICOS DE NAZARÉ
Desde os tempos de Jesus, a maioria dos habitantes de Nazaré se dedica pacificamente aos trabalhos do campo. Alguns se ocupam também, e com proveito, com a horticultura. As árvores frutíferas - figueiras, laranjeiras e videiras - produzem ali ricas colheitas e adornam, com seu verdor, a cidade e seus contornos. O clima é muito ameno, e a temperatura geralmente suave, ainda que caia muito no inverno.
A noroeste da cidade, fica a antiga fonte que sempre existiu em todas as épocas de sua história, à qual, por certo, Maria deveria ir diariamente a fim de prover-se de água necessária para a família. Havia muita vida, muito movimento de manhã e da tarde em torno daquela fonte, enquanto as nazarenas, frequentemente acompanhadas de seus pequenos filhos, aguardavam a sua vez de pegar água conversando umas com as outras e trocando as informações mais recentes.
Para termos um panorama da cidade e de seus habitantes, convém subir pelas ruas localizadas na colina, sobre a qual a cidade descansa.
GELILEIA
Em um quarto de hora, chega-se ao alto do Neby-Sain, e ali que grata surpresa nos aguarda, que magnífico quadro se apresenta à nossa vista! É certamente uma das mais formosas e emocionantes paisagens que podemos ver em toda a Palestina. Aos nossos pés, estende-se graciosamente a cidade em que Jesus foi criado. Com suas casas de brancura deslumbradora, com seu solo argiloso, com suas árvores verdejantes que adornam o interior e formam um cinturão em torno dela, muito bem poderíamos compará-la com a gentil rosa branca que abre delicadamente seu cálice. Por isso, os antigos a chamavam, às vezes, de Medina Abiat, cidade branca.
Se dirigirmos para mais longe a nossa vista, que esplêndido horizonte veremos em todas as direções! Por todos os lados, vastas extensões - terrestre, aérea, marítima - atraem-nos o olhar. Por todos os lados, há vales, montanhas, cidades ou aldeias, o mar e sua imensidão. A leste, os montes de Gileade e Moabe, que dominam o lago de Tiberíades (infelizmente invisível deste lugar), e o leito do rio Jordão. Em seguida e mais próximo, o monte Tabor com seu cume em forma de cúpula, solitário e verdejante. Ao sul, a imensa planície de Jezreel com suas ondulações e aldeias (entre outras, as célebres cidades de Naim, Enor, Légio e Jezreel), limitada de leste a oeste pelo pequeno Hermom, pelas montanhas de Gilboa, pelas de Samaria (um pouco mais distantes) e pela longa e azulada cadeia do Carmelo, que penetra no mar. A oeste, as águas do Mediterrâneo, que se distinguem claramente como uma faixa de areia amarela que lhes serve de franja. Por fim, ao norte, em primeiro plano, a planície de Bufat, com as cidades de Séforis e de Caná; mais ao longe, as montanhas da alta Galileia, com Safede, a cidade que não pode ocultar-se (Mt 5.14); mais ao longe ainda, fechando o horizonte, o cume do grande Hermom, cujas neves se misturam com o azul do céu.
Que espetáculo! Quantas vezes Jesus, durante sua adolescência e juventude, não orou sobre esse altar sublime e dirigiu o seu olhar para o horizonte, para o mar, pensando nos milhões de corações e de vidas que haveriam de aceitá-lo como Salvador, que haveriam de adorá-lo, de servi-lo, de amá-lo!
ANTES DO SALVADOR, UMA CIDADE SEM HISTÓRIA
Essa humilde aldeia entregue à vida do campo, situada fora das grandes rotas de comunicação, sem história, de quem nem poeta nem historiador algum de Israel tinham falado antes do aparecimento do Salvador, é aquela que Deus quis eleger para que nela transcorresse a vida oculta de Jesus. Maravilhosamente, Nazaré se prestava a este fim da providência de Deus. Tudo ali respirava paz e sossego. Retiro, eis o seu caráter, o seu selo!
Quem teria suspeitado, antes da manifestação do Messias, que ali, em tão humilde abrigo, vivesse o Salvador do mundo? Mas a conveniência de Nazaré para o longo período da vida oculta de Jesus aparece ainda mais claramente se a considerarmos do ponto de vista político. Naquele estreito lugar, a família escapou da terrível tormenta que agitou a Judeia durante o tirano governo de Arquelau, e mais ainda depois que ele foi deposto pelos romanos, quando Quirínio, procônsul da Síria, fez ali seu segundo senso, desta vez para impor tributo em nome de Roma, pois a província estava agora sob sua direta autoridade.
Isto irritou muito os Judeus, pois eles viam nisto uma medida que indicava sua sujeição definitiva aos conquistadores pagãos, a quem eles detestavam e amaldiçoavam. Ainda que o sumo sacerdote tenha conseguido manter sobre a massa da população certa paz aparente, os mais exaltados se levantaram em rebelião, dirigida por Judas de Giscala.
O procurador Copônio sufocou, sem grande esforço, aquele começo de revolta; mas os rebeldes permaneceram agrupados, sob o nome de zelotes, prontos para preservar em qualquer conjuntura os sagrados direitos de sua nação. E, desde aquela época, o fogo ficou aceso as cinzas até que, no ano 70 d.C., explodiu a violentíssima insurreição que terminou com a ruína do governo judaico. A Galileia, onde a família de Jesus vivia quando na Judeia ocorriam os primeiros distúrbios, ficou isenta do censo de Quirínio, pois estava submetida à jurisdição de Herodes Antipas, e gozou de tranquilidade durante todo o tempo da infância à juventude do Salvador.

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Filipenses 1:9-11

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