COSTUMES BÍBLICOS: JOSE, o pai adotivo de JESUS


JOSE, o pai adotivo de JESUS

JOSÉ, UM HOMEM DE GRANDE CARÁTER
Por suas qualidades e virtudes, José também foi digno da dupla missão que Deus lhe confiou acerca de duas pessoas que ele havia de cuidar em nossa pobre terra: Jesus e Maria. Mas o perfil de José é ainda mais difícil de ser traçado que o de Maria, porque os evangelistas são muito sucintos em seus comentários a respeito dele. Assim, o discreto olhar que nos permite lançar sobre o noivo de Maria nos dois primeiros capítulos de Mateus nos informa acerca de um homem possuidor de uma alma de incomparável beleza.
O evangelista, não contente em retratá-lo de uma maneira geral com o epíteto de justo (Mt 1.19), informando-nos que José era um fiel observador da lei judaica, destacou também, em quatro ocasiões sucessivas (Mt 1.24; 2.14,21,22), a prontidão e a perfeição da obediência dele a outras tantas ordens divinas, em meio às dificuldades que o tornava destacadamente meritório.
A atitude para com sua noiva que José se propunha a ter [não infamá-la, assumindo a culpa pelo rompimento da aliança] antes que o anjo o informasse de que ela estava grávida do Messias pelo poder de Deus, revela um vivíssimo sentimento de honra pessoal, um coração cheio de ternura e de coragem para suportar aquela dolorosa prova. Ele se mostrou um homem de grande caráter.
Contudo, o que há em José de mais belo e comovedor é, indubitavelmente, o amor que ele sentia por sua esposa e pelo menino de quem era pai adotivo. José nunca cessou de demonstrar esse amor em todas as ocasiões, apesar da humilde situação a que havia sido reduzido em virtude das dificuldades pelas quais passava a nação de Israel, sendo ele um herdeiro legal do trono de Davi. José possuía, com efeito, grandes sentimentos e rara elevação moral.
Fora dos relatos da infância do Salvador; José só é mencionado nos evangelhos de maneira indireta (Jo 1.45; 6.42). Em Marcos 6.3, há uma referência a um carpinteiro, que designa Jesus. Qual teria sido o verdadeiro ofício de José? O termo tomado tanto em Mateus como em Marcos (Mt 13.55; Mc 6.3) tem que ver com a palavra operário.
Esse substantivo, de significação muito vaga, pode ser aplicado tanto ao operário que trabalha com ferro como àquele que trabalha com madeira. Alguns antigos intérpretes preferiram achar que José trabalhava com ferro. Todavia, está muito mais em harmonia com a tradição admitir que o pai adotivo de Jesus tenha sido carpinteiro e que, consequentemente, Jesus também o tenha sido.
Num texto de Justino Mártir, no diálogo com o judeu Trifon, está escrito assim: "José achava trabalho de carpintaria entre os ricos e as pessoas simples de Nazaré, e mesmo entre os camponeses que frequentavam o mercado".
Seria fácil, se conhecêssemos o que entre os judeus representava o ofício de carpinteiro, imaginar quais eram as atividades ou as encomendas que José recebia: preparar vigas para sustentação dos terraços das casas, fabricar jugos, lanças, camas, arcas, amassadeiras, guardar-papéis para os escribas, comerciantes ou rabinos. Tais eram, com efeito, os diferentes trabalhos que os carpinteiros judeus costumavam executar. Estes mesmos ou semelhantes seriam os objetos confeccionados pelo carpinteiro José e por Jesus. Portanto, eles manejaram o serrote, a platina e usaram pregos e martelo como instrumentos de trabalho.
Eis tudo o que nos dizem os documentos antigos acerca do esposo de Maria e pai adotivo de Jesus. Será possível formarmos uma idéia exata da vida que aquele casal levava em Nazaré quando Jesus, ainda criança, tornou-se o gracioso adolescente e mais tarde o jovem perfeito que atraía juntamente para si a benevolência do céu e o afeto dos homens? Sim, até certo ponto, conforme o que conhecemos da alma deles e pelo que nos dizem os costumes daquele tempo, que em grande parte são conservados ainda em Nazaré.
Em primeiro lugar, temos de considerar que José e Maria levaram uma vida humilde e na obscuridade. Muitas vezes, tem-se exagerado a pobreza da família humana de Jesus, confundido-a com a miséria e a indigência. Mias tarde, quando Jesus viveu sua fatigosa vida de missionário, depois de ter deixado tudo para propagar a boa nova por toda a Palestina, o Filho do Homem disse que não tinha nada, nem uma pedra onde pudesse reclinar a cabeça (Mt 8.20; Lc 9.58).
Paulo dirá de Jesus: porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza, enriquecêsseis (2Co 8.9). Mas, graças ao contínuo trabalho de José e do próprio Jesus, quando cresceu, a vida daquela família não foi de miséria e de indigência. Além disso, temos de levar em conta que os orientais geralmente se contentam com pouco no que diz respeito à habilitação, às vestimentas e aos alimentos. Simples e sóbrios, eles poderiam viver facilmente com gastos reduzidíssimos.
A casa, os móveis, as vestes e os alimentos de Maria, José e dos demais irmãos de Jesus eram muito simples. Sua vida era também de trabalho ativo, conforme se deduz do que acabamos de dizer acerca do ofício exercido por José e depois por Jesus, e por meio desse ofício eles supriram as necessidades da família. Jesus e seu pai adotivo servem de modelo para os trabalhadores cristãos.
Além disso, já vimos  que o trabalho manual era tido, então, em grande conta na terra de Jesus, e que os mais célebres rabinos não se esquivavam de dedicar-se a ele.
Maria também se dedicava infatigavelmente às múltiplas ocupações domésticas, cumprindo com perfeição a significativa divisa da mulher respeitável romana [não que Maria, José e Jesus morassem em Roma. Mas porque Roma dominava a Judeia no período. Por isso este dito "mulher romana"]: "permaneceu em casa, e fiou a lã".
Em sua epístola a Tito (2.5), Paulo expressa o desejo de que as mulheres cristãs sejam mulheres trabalhadoras. Maria possuía esta qualidade em alto grau. Em sua humilde esfera, ela retratava a mulher forte e ideal do capítulo 31 de provérbios.
Podemos supor também que a casa de José tinha uma horta nos fundos, que Maria a cultivava em suas horas livres, aumentando seus modestos recursos. A colaboração dela era, sem dúvida, procurada na época dos grandes trabalhos agrícolas. E talvez José fosse chamado aos lugares vizinhos para construções ou reparos próprios do seu ofício.
Certamente, naquele lar havia espaço para a consagração, para a santidade, porque a família de Jesus estava em perpétua união com Deus, e o próprio Senhor contemplava a vida deles e se alegrava com sua dedicação.
Na casa em Nazaré, orava-se com frequência. Ali, mais ainda do que nas outras famílias de Israel, os assuntos espirituais faziam parte dos pormenores da vida. Tudo no lar de Jesus servia para promover a consagração a Deus.
No Sábado e nos demais dias de festa religiosa, Jesus, seus irmãos, Maria e José assistiam aos ofícios da sinagoga, edificando a todos com sua grave e recolhida compostura. Eles colocavam, então, conforme o costume geral, suas melhores roupas de vivas cores, sobre as quais Jesus e seu pai adotivo vestiam seu talit, o manto de oração, enquanto Maria se cobria com um longo véu branco.

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Filipenses 1:9-11

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