COSTUMES BÍBLICOS: outubro 2020


GOG E MAGOG - ESCATOLOGIA JUDAICA

A Garganta de Darial antes de 1906.
FOTO: As Portas de Alexandre foram uma barreira lendária construída por Alexandre, o Grande no Cáucaso visando impedir os bárbaros não-civilizados do norte (associados tipicamente com os personagens bíblicos Gog e Magog) de invadir as terras ao sul. As Portas eram um tema popular na literatura de viagem medieval desde o Romance de Alexandre, em versão que data provavelmente do século VI.
A muralha frequentemente é identificada com as Portas Cáspias de Derbent, na Rússia, e com a Garganta de Dariel (ou Darial), e até mesmo com a chamada "Muralha de Alexandre", a Grande Muralha de Gurgã, na margem sudeste do mar Cáspio, dos quais 180 quilômetros ainda existem nos dias de hoje, embora em mau estado de conservação. [Continue lendo]⟱

Magog é mencionado (Gn 10.2; 1Cr 1.5) como o segundo filho de Jafé, entre Gomer e Madai. Gomer representando os cimérios e Madai, os medos, Magog parece ter sido algum povo que habitava à leste dos cimérios e a oeste dos medos. Mas na lista de nações (Gn 10) o termo conota o complexo de povos bárbaros que residiam no extremo norte e nordeste do levantamento geográfico coberto pelo capítulo. Josefo ("Ant." Ii. 6, § 1) identifica-os com os "citas", um nome que entre escritores clássicos representa um número de tribos ferozes desconhecidas. De acordo com Jerônimo, Magog estava situado além do Cáucaso, perto do mar Cáspio. É muito provável que o nome seja de origem caucasiana, mas as etimologias advindas do persa e de outros dialetos indo-europeus não são convincentes. Em Ez 38.2 "Magog" ocorre como o nome de um país (com o artigo definido); em Ez 39.6 como a de um povo do norte, cujo líder é Gog.
Gog tem sido identificado, de variados modos, com Giges, rei da Lídia, que é chamado Gügu nos registros de Assurbanipal, e com o nome geográfico, Gagaia, referido nas cartas de Tell el-Amama como país de bárbaros. Nos escritos de Ras Shamra achou-se um deus, Gaga, identificação esta que também tem sido sugerida (Emuna Elish, III: linha 2). Outros têm visto em Gog uma personagem histórica tal como Alexandre Magno. A sugestão mais provável é a primeira, mas a origem do nome é menos relevante do que aquilo que simboliza, a saber: o cabeça personificado das forças do mal que intentam a destruição do povo judeu. O nome Magog é desconhecido nas Escrituras Judaicas senão pela referência em Gênesis 10.2 (= 1 Cr 1.5), onde é um filho de Jafé e o fundador de uma nação. Em Apocalipse 20.8, Magog é uma pessoa associada a Gog, mas em Ezequiel apalavra quase certamente visa representar o país onde morava Gog. A descrição de Gog como príncipe-chefe de Meseq e Tubal é uma tentativa de dar sentido a um trecho hebraico difícil. Se pudesse ser confirmado um topónimo "Rosh", a melhor tradução seria: "príncipe de Rosh, Meseq e Tubal", mas na falta de qualquer identificação satisfatória, e tendo em vista  a frequente ligação entre os nomes Meseq e Tubal (Gn 10.2 = 1 Cr 1.5; Ez 27.13; 32.26), devemos supor que rosh (= "cabeça", "chefe") está em aposição à palavra príncipe, ou mesmo é uma glosa sobre ela. As tribos mencionadas são Moscoi e Tibarenoi.
Como dissemos, este "Gog" já foi identificado com "Giges da Lídia", mas é evidentemente uma invenção livre de "Magog", da tradição popular ou do autor do capítulo. A descrição vívida da invasão indica que o escritor, seja de conhecimento pessoal ou de boato, estava familiarizado com um desastra do tipo. Provavelmente, os estragos cometidos pelos citas sob Josias (comp. Heródoto, i. 103, iv. 11) forneceram-lhe seu material ilustrativo. Como contido em Ezequiel, a profecia faz parte do caráter da predição apocalíptica; isto é, não é descritivo de eventos, mas preditivo de um modo m´stico de acontecimentos ainda por ocorrer, de acordo com a teologia especulativa do escritor. A teoria de Winkler ("Alt-Oriental. Forschungen, ii. 137, iii. 36) é que Alexandre, o Grande, e sua invasão são o pano de fundo. Mas isso antecipa o desenvolvimento da lenda de Gog da profecia bíblica.

O mito de Gog é provavelmente parte de um ciclo que remonta aos relatos da Criação Babilônico-Assíria (a luta e a derrota do Dragão) e, por outro lado, entra em grande parte na escatologia do Judaísmo e do Cristianismo (ver Bousset, "The Anti-Christ Legend", Londres, 1896; Gunkel, "Schöpfung und Chaos", Göttingen, 1895).

Na Tradição Islâmica:

Gog e Magog, ou Yajuj e Majuj entre os árabes, são mencionados no Corão e pela maioria dos geógrafos árabes como povos mais ou menos míticos. O interesse principal concentra-se em dois pontos: (1) o muro construído por Dhu al-Karnain (Alexandre, o Grande) para isolá-los do resto do mundo e (2) seu reaparecimento como um sinal do último dia. Geograficamente, eles representam o nordeste extremo e são colocados nas bordas do mar, que circunda a terra. Descendente de Jafé, filho de Noé, eles são vinte e quatro tribos. Seis destes são conhecidos pelo nome (sendo uma, os turcos); e o número de cada tribo é igual ao de todas as outras pessoas no mundo. Alguns dizem que pertenciam aos kazares, que são todos judeus (Yakut, ii. 440). Eles são de pequena estatura , atingindo apenas metade do tamanho de um homem (outro relatório, em Yakut, i. 113, os torna maiores). Muito  ferozes, eles têm garras em vez de unhas, dentes como um leão, mandíbulas como um camelo e cabelos que escondem completamente o corpo. Suas orelhas, peludas de um lado, são tão grandes que usam uma para uma cama e a outra como coberta. Eles vivem principalmente de peixes, que são milagrosamente fornecidos para eles. Eles se parecem com animais em seus hábitos; e Masudi os classifica entre os animais. Eles costumavam devastar o país, devorando todas as coisas verdes; e foi para evitar isso que os povos que moravam perto deles imploraram a Alexandre que construísse a muralha, fechando-as. Dizem até que eram canibais (Baidawi). Supõe-se que tal muro tenha existido em Derbent, embora em tempos posteriores parece ter se confundido com a Grande Muralha da China (Abu al Fida). Os geógrafos frequentemente citam um relato dado por Sallam, o intérprete. O califa Wathi Billah viu a muralha destruída em um sonho e enviou Sallam para investigar. Este último relata coisas maravilhosas dos países através dos quais ele passou a caminho para lá, e dá uma descrição minuciosa da própria muralha; ela foi construída em um desfiladeiro de 150 côvados de largura e alcançava o topo das montanhas. Construído de tijolos de ferro embebidos em latão fundido, tinha uma aparência peculiar de listras vermelhas e pretas. Nele havia um imenso portão provido de um ferrolho gigante, fechadura e chave, sendo que esta estava suspensa por uma corrente. Yakut observa nesta história que Deus, que conhece todas as coisas, também sabe se é verdade ou não, mas da existência do muro não pode haver dúvida, uma vez que é mencionado no livro sagrado.

Como um dos sinais do dia de julgamento vindouro, esta muralha será destruída e Yajuj e Majuj aparecerão no Lago Tiberíades, cujas águas seus guerreiros de vanguarda consumirão inteiramente, de modo que a retaguarda passará sobre a terra seca. Eles prosseguirão, comendo tudo o que encontrarem, até cadáveres e todo o verde, até que cheguem diante de Jerusalém. Aqui, até que Deus os destrua, eles incomodarão Nabi Isa (Jesus) e seus fiéis companheiros. Dizem que Maomé deu a Yajuj e Majuj uma oportunidade de abraçar o Islã na ocasião de sua jornada noturna a Jerusalém; mas eles se recusaram a fazê-lo e, consequentemente, estão condenados à destruição. (Leia mais sobre Gog e Magog, AQUI)

A SALVAÇÃO VEM DOS JUDEUS

Samaria
as ruínas do Monte Gerizim
O POÇO DE JACÓ - Esse poço é o ponto central do episódio que analisar. É  um dos monumentos mais célebres da geografia evangélica e uma das mais apreciadas relíquias, tanto da história israelita como da história de Jesus Cristo. Sem contar as tradições judaica, cristã e maometana, sempre constantes neste particular, pode-se alegar, em abono de sua autenticidade, um argumento indiscutível de natureza física.
No Oriente, as fontes e os caminhos são pontos de partida extremamente seguros para as investigações históricas e geográficas. As fontes não mudam de lugar, e, nesses lugares cálidos e secos, onde a água é sempre rara, a direção do caminho está quase constantemente determinada pela possibilidade de se achar, no final de cada etapa, água abundante para os homens e os animais de transporte. Eis, pois, uma segurança a mais em favor da autenticidade do poço de Jacó.
A SAMARITANA - Inesperadamente, pelo caminho que conduzia do poço até a cidade de Sicar, chegou uma mulher, jovem ainda, com um cântaro de barro sobre a cabeça ou sobre o o ombro, indo buscar água, na hora da refeição principal do dia.

Provida de uma comprida corda, que fez deslizar pela abertura do poço, logo ela encheu o seu cântaro. Começando, então, a falar, Jesus lhe pediu: Dá-me de beber (Jo 4.7). Depois de uma longa e difícil viagem, ele estava realmente sedento.
Dá-me de beber (Jo 4.7) - com estas palavras tão simples teve início um dos mais sublimes diálogos da literatura sagrada.

A SALVAÇÃO VEM DOS JUDEUS

Depois de sua resposta geral, Jesus resolve diretamente o problema proposto pela samaritana:  Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus (Jo 4.22).
Até então, somente os judeus haviam praticado o culto de gratidão a Deus. O templo de Jerusalém era o único lugar legítimo. Ao aceitarem só o Pentateuco e rejeitarem todos os outros textos sagrados, os samaritanos haviam se afastado da vontade divina. Sua religião era um culto cismático, e o Gerizim não tinha direito à sua veneração supersticiosa.
A salvação vem dos judeus. Não eram, efetivamente, os judeus o povo escolhido por Deus entre todos para conservar o tesouro da revelação? Não foi por meio deles que a promessa da redenção foi transmitida? E, sobre tudo, não haveria de sair da linhagem judaica o Messias para salvar a humanidade? Privilégio glorioso de Israel, que também o apóstolo Paulo se compraz em recordar com nobre orgulho (Rm 1.16; 2.10; 3.1; 9.4,5).
Eis que a nova ordem de coisas anunciadas por Jesus já havia começado: Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem (Jo 4.23). Com que doce firmeza Jesus deve ter pronunciado estas proféticas palavras! O Cristo, com seu pequeno grupo de discípulos, havia inaugurado o culto verdadeiro, o culto dos verdadeiros adoradores, tão expressivamente enfatizado pelas palavras em espírito e em verdade.
Duas qualidades essenciais colocavam, pois, esse culto verdadeiro acima do de todas as demais religiões. Em espírito equivale a dizer que o culto era interior, espiritual, de sorte que, acima de qualquer coisa, consistia em uma adoração do espírito e do coração. Em verdade significa que não era figurativo, como ocorria comumente no culto judaico, onde as homenagens do povo a seu Deus eram expressas por meio de sacrifícios simbólicos.
A nova religião de Cristo possui a realidade, em vez de sombra, e imola o Cristo, que seria a vítima por excelência (Hb 10.1). Com essas condições, o novo culto se adequaria perfeitamente à natureza de Deus que, sendo Espírito, somente se satisfaz com uma oração totalmente espiritual.(Dê uma olhada AQUI)
Na Antiga Aliança, fora previsto, às vezes, este culto superior (Sl 39.7,8; Is 1.11-20; 29.13; Am 5.21-26; Jl 2.13); mas à Nova Aliança estava reservado a realização perpétua deste novo culto.
A mulher a quem Jesus se dignou de fazer estas observações era, certamente, incapaz de compreender todo o seu sentido. Ao menos, ela entendeu que esta grande restauração estava vinculada à vinda do Messias, pois também os samaritanos, como os judeus, esperavam por um redentor, a quem chamavam Taheb, ou seja, aquele que restabelece, imaginando-o, acima de qualquer coisa, como um profeta eminente, conforme as palavras de Deus a Moisés: Eis que lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar (Dt 18.18).
Por isso se contentou a samaritana em responder: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo (Jo 4.25). Disse-lhe Jesus,majestosa e simplesmente: Eu o sou, eu que falo contigo (Jo 4.26). (Leia mais sobre Jesus e a samaritana, AQUI). Sublime revelação, que serviu para honrar a fé nascente e a boa vontade daquela mulher!
Em seu trato com os judeus, Jesus evitou, durante muito tempo, aplicar-se a si mesmo, direta e claramente, o título de Messias, para se prevenir dos abusos aos quais os haviam induzido as extravagantes esperanças messiânicas deles. Como da parte dos samaritanos não existia tal inconveniente, Jesus não vacilou em apresentar-se a eles como o Messias. (Leia sobre o Messiado Escondido na visão o original Hebraico Bíblico, AQUI)

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