COSTUMES BÍBLICOS: José


José





O relato sobre a vida de José no Egito que aparece nos caps. 39-50 encaixa-se perfeitamente no contexto do Egito sob os Faraós hicsos, que eram semitas. Eles reinaram de cerca de 1710 a 1570 a.C., tendo sua capital (Avaris) na parte oriental do delta do Nilo. Gosen também se encontrava nessa mesma região.
Esta história de sedução, recusa e difamação, foi comparada com a obra egípcia intitulada Contos dos Dois Irmãos, que começa de forma semelhante. Mas a mágica e o milagre que aparecem nesse conto são nitidamente diferentes da história de José e não há motivo real para ligar as duas obras. O importante aqui é que José manteve a fé em Deus e, mais importante ainda, Deus se manteve leal a José, no sucesso e na desgraça. 

A história 

José era filho de Jacó e Raquel, que era o primeiro amor de Jacó. Ele nasceu após longos anos de espera e depois do nascimento de dez meios-irmãos.

Quando José nasceu, Raquel expressou o desejo de ter outro filho. O pedido foi atendido, mas o nascimento de Benjamim acabaria lhe custando a vida. Isto criou um profundo vínculo entre José e Benjamim e fez com que ele fosse especialmente amado pelo pai. Como sinal de apreço, Jacó deu ao filho uma túnica longa, de mangas compridas.

O sonhador 

José era sonhador, e os dois sonhos sobre a sua própria importância, registrados em Gn 37.5-11, são a chave para compreensão da vida dele. Com 17 anos de idade, filho de obscuro pastor de ovelhas, ele tem uma sensação interior do poderoso destino que lhe estava reservado. O pai ficou pensando no caso, mas nos irmãos só conseguiu despertar ódio por alguém que era tão diferente deles.
Naquelas circunstâncias, era, com certeza, um ato de ingenuidade ou da mais pura cegueira da parte de Jacó mandar que José fosse verificar como estavam seus irmãos, que estavam apascentando os rebanhos nas colinas distantes dali. Segundo uma tradição rabínica, o homem que encontrou José (37.15) era um anjo que o guardava. Seja como for, ao verem o irmão sozinho, lá longe, os irmãos entenderam que aquela era a hora da vingança.

José e o Livro dos Sonhos Egípcio (*Curiosidade do Hebraico Bíblico-Bíblia Hebraica)

(Gênesis 37-50), Joseph é um sonhador e intérprete de sonhos. Como resultado dos sonhos de José, o conflito com seus irmãos o leva ao Egito. O primeiro sonho de José ecoa um antigo sonho egípcio, e sua eventual prisão também encontra um paralelo na interpretação dos sonhos egípcios. Enquanto a Escritura inclui semelhanças com os sonhos egípcios, a Bíblia inverte o Livro dos Sonhos egípcio para destacar a sabedoria do Deus de Israel sobre a dos intérpretes egípcios.
O Livro dos Sonhos egípcio, que data por volta da época do Êxodo de Israel do Egito (c. 1200 aC), lista vários sonhos e suas interpretações. Por exemplo: “Se um homem se vir num sonho (…) debulhando grãos na eira, ótimo; [significa] dar vida a ele em sua casa. ” No primeiro sonho de José, ele e seus irmãos estão amarrando feixes de grãos: “Quando de repente”, Joseph relembra, “meu feixe se levantou ... então os seus feixes se juntaram e se curvaram diante do meu feixe” (Gn 37: 7). Se o sonho de José na plantação de grãos espelha o da eira egípcia, não acaba “dando-lhe vida em sua casa”; antes, desperta a ira de seus irmãos, de modo que “eles o odiavam ainda mais” (37: 8).
Outra interpretação egípcia afirma que o sonho de alguém “olhando para um poço profundo [é] ruim; [significa] que ele será colocado na prisão. ” Esta interpretação é paralela ao que aconteceu a José por causa de seus sonhos: “Seus irmãos ... lançam-no na cova (בוֹר; bor ). O poço estava vazio; não havia água nele (אין בוא מים; ein bo mayim ) ”(Gn 37: 23-24). Embora o hebraico בוֹר ( bor ) seja traduzido como “poço” neste versículo, a mesma palavra também significa “poço” (por exemplo, Deuteronômio 6:11; Pv 5:15) - apenas este poço em particular não tinha água. De acordo com o Livro dos Sonhos Egípcio, José olha para um poço e acaba em uma prisão egípcia!
No entanto, a história de José não termina na prisão. Em vez disso, o Deus de Israel trabalha por meio de José para interpretar os sonhos de Faraó, o que leva à libertação de José, sua ascensão a uma posição de autoridade e a salvação dos povos vizinhos durante uma fome (ver Gn 41:16, 25). Como José diz a seus irmãos: "Vocês intentaram o mal (רע; ra ) contra mim, mas Deus intentou o bem (טוֹב; tov ), para fazer com que muitas pessoas fossem mantidas vivas (להחית; lehahayot )" (Gen 50:20). As experiências de José espelham o Livro dos Sonhos Egípcio, mas a sabedoria de Deus excede a dos intérpretes do Egito: embora o sonho de José dos feixes não resulte imediatamente em "vida para ele e sua família", de acordo com o Livro dos Sonhos Egípcios o Deus de Israel garante que os sonhos de José resultem em vida para sua família e todas as nações ao redor do Egito! (*Texto De Dr. Nicholas J. Schaser/Israel Bible Center-Editado aqui por Costumes Bíblicos)

O escravo 

A ideia inicial era matá-lo, mas Rúben (o mais velho) não o permitiu. José acabou ficando sem a túnica, foi jogado num poço, e, no final, vendido como escravo a uma caravana de mercadores. A aflição de José só será mencionada mais tarde (Gn 42.21), mas podemos imaginar o que se passava no íntimo desse jovem que tinha uma clara compreensão do que viria a ser no futuro e que, de repente, foi jogado num poço escuro onde, aparentemente, ficaria até morrer.
Entrementes, a Jacó foi noticiado que seu filho era morto, o que trouxe grande tristeza ao patriarca (Gn 37.31-36).
Canaã ficava na rota de comércio entre as nações ao Norte e a Oeste, e com o Egito, que fica ao Sul. Os mercadores que compraram José sabiam o quanto valia um jovem escravo, robusto e bem articulado. Potifar, o oficial egípcio a quem ele foi vendido, era um homem próspero, chefe de uma grande casa, e José soube aproveitar a oportunidade que isso propiciava para chegar à realização de seus sonhos. Não demorou muito e ele passou a administrar tudo que Potifar tinha , tendo acima dele apenas o próprio Potifar.

O prisioneiro 

Mas sua carreira foi interrompida bruscamente pela intervenção da mulher de Potifar. O relacionamento entre os dois, naquela tentativa de sedução por parte da mulher, é descrito de forma bem plástica, por mais que exista uma ponta de arrogância na maneira como José se esquiva dela(Gn 39.7-20). Será que se tratava da mesma atitude esnobe que havia deixado tão furiosos os seus irmãos? De qualquer modo, José aprendeu que um escravo não tem direitos, nem mesmo o direito de respostas, e foi lançado na prisão.
Ele se volta outra vez aos recursos que havia em seu interior. "O SENHOR estava com ele", diz o narrador, e essa força interior impressionou o chefe dos carcereiros. A pedido de dois antigos servidores do Faraó, José foi, outra vez, levado ao mundo dos sonhos. A interpretação que ele deu aos sonhos foi precisa: um servidor seria morto, o outro, reabilitado. E assim aconteceu. José ficou todo esperançoso, mas ainda não seria desta vez que ele sairia da prisão. No gozo de sua própria liberdade, o volúvel chefe dos copeiros esqueceu completamente de José.

Ele acabaria saindo da prisão da forma mais dramática que se poderia imaginar. O Faraó teve vários sonhos, e ninguém conseguia interpretá-los.
Como governador do rei no Egito, José teria se vestido como oficial egípcio retratado nesta estatueta. Ela data do período em que Israel estava no Egito. 
Foi então que, finalmente, o chefe dos copeiros lembrou. José foi levado da prisão à sala do trono. Ali, não apenas interpretou o sonho, mas disse ao Faraó o que deveria ser feito à luz do mesmo (Gn 41.1-36). Uma atuação impressionante!

Braço direito do Faraó 

O resultado de tudo isso foi que José se tornou um homem livre e ficou encarregado de fazer frente à fome prenunciada pelo pelo pesadelo do Faraó.
Nem sempre um sonhador é também uma pessoa de ação. Mas José agrega à sua notável percepção da realidade medidas práticas de armazenamento de cereais durante os anos de fartura. Assim, quando chegaram os anos de escassez, havia alimentos para sobreviver. José estava no auge do poder. Casou com a filha de um sacerdote, e o Faraó delegou a ele a responsabilidade de administrar a distribuição dos cereais armazenados.
A fome foi severa e longa. Afetou não apenas o Egito, mas também as regiões vizinhas. Não demorou muito e mercadores famintos, vindos de longe, foram bater à porta do palácio de José. Entre eles, os irmãos do próprio.

Equilibrando a balança 

As ironias se multiplicam, à medida que a história se desenrola. José reconheceu seus irmãos, mas estes viram nele apenas um homem poderoso a quem eles vieram pedir ajuda. José foi ríspido com eles, acusando-os de espionagem. Depois de certificar-se de que Jacó e Benjamim estavam bem, exigiu a presença do irmão mais moço como prova da inocência deles. Os irmãos, por sua vez, lembraram o que havia feito com José, e interpretaram aquela situação como castigo pela sua maldade. Desta vez Simeão ficou preso, enquanto os outros voltaram a Canaã, para buscar Benjamim.
Ao ver o querido irmão Benjamim, José se retirou para chorar, de tão emocionado que ficou. Mas ele tinha mais uma surpresa para eles. Ao fazer a distribuição dos mantimentos, José pediu que seu copo de prata fosse colocado na boca do saco de mantimento de Benjamim. O administrador de José foi atrás deles, quando já estavam a caminho de Canaã, e o impasse estava criado. podia ser um truque bem óbvio, mas os irmãos sabiam agora que estavam totalmente à mercê daquele senhor egípcio. José só se deu por satisfeito, vendo que a balança da justiça estava equilibrada, quando Judá se ofereceu para ficar em lugar de Benjamim. Seus sonhos se tornaram realidade. Agora ele podia dizer quem era e dar-lhes o seu perdão.
Assim, houve reconciliação na família. Jacó, já avançado em dias, foi trazido de Canaã ao Egito. Ali, pôde reencontrar seu filho, agora poderoso, e acabou fixando residência, em terras que lhe foram entregues pelo Faraó e protegido por José contra as agruras dos restantes anos de fome.

O moral da história 

A história de José é diferente das histórias anteriores, no Gênesis. Diferentemente das histórias de Abraão, Isaque e Jacó, trata-se de uma narrativa contínua. Nas histórias anteriores, Deus se revela a cada um dos patriarcas, mas José é simplesmente alguém que tem sonhos. Deus é sempre o Deus de Abrão, Isaque e Jacó. Apesar de sua fama e importância, José nunca foi acrescentado à lista.
Mas com José tem início uma nova compreensão da maneira como Deus lida com as pessoas, e esta compreensão passará a ter maior importância nos capítulos seguintes da história que a Bíblia conta. José era um homem vulnerável. Ele foi rejeitado. Porém foi através dele que Deus trouxe salvação, não somente para o seu povo, mas para outros povos também. O ponto alto da história de José é a cena do perdão. E esses são temas que reaparecem no livro de Jó, na segunda metade de Isaías, e, acima de tudo, no ministério de Cristo.
MOMENTOS MARCANTES 
  • Nascimento - Gn 30.22-24
  • A túnica, os sonhos e a traição dos irmãos - Gn 37
  • Escravo de Potifar - Gn 39
  • Na prisão - os sonhos do padeiro e do copeiro - Gn 40
  • O sonho do Faraó e o novo status de José - Gn 41
  • Os irmãos: provações e reencontro - Gn 42-45
  • O fim de uma era Gn 50
José conseguiu, finalmente, retornar a Canaã, mas apenas para enterrar seu pai no túmulo da família em Hebrom - ainda sua única propriedade na terra prometida.
José viveu 110 anos, que era o ideal egípcio de longevidade, um sinal da benção de Deus. Seu último pedido resume a fé que ele teve ao longo de toda a vida (v.25).
O caixão normalmente era feito de madeira, trazendo uma cabeça pintada.👉

(Esse texto foi montado e editado aqui com pedaços de artigos publicados originalmente em Israel Bible Center)

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Filipenses 1:9-11

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