COSTUMES BÍBLICOS: O Antigo Testamento no Novo Testamento


O Antigo Testamento no Novo Testamento

O Antigo Testamento no Novo Testamento
O AT era a Bíblia de Jesus (veja "Jesus e o Antigo Testamento"), e os escritores dos livros do NT continuaram a recorrer a sua autoridade. Há cerca de 250 citações diretas do AT no NT, e cerca de 1.000 alusões claras.
Os primeiros cristãos estavam tão familiarizados com o AT que a linguagem deste lhes vinha como que ao natural.

Veja dois exemplos:

  • Nas bem-aventuranças (Mt 5.3-10), o AT não chega a ser citado, mas os vs. 3-4 se baseiam claramente em Is 61.1-3, e o vs. 5, em Sl 37.11. Além disso, para cada uma das expressões pode ser encontrado um paralelo aproximando no AT.
  • O livro do Apocalipse não contém nenhuma citação formal, mas do começo ao fim se baseia em textos do AT, especialmente de Daniel, Ezequiel e Zacarias.
Sem dúvida, às vezes eles usavam linguagem bíblica familiar porque era parte de seu vocabulário normal. Outras vezes citavam textos legais e éticos como guias contínuos para a vida do povo de Deus. Mas, muitas vezes, quando citavam ou faziam referência ao AT, tinham um propósito teológico mais específico. Eles acreditavam, como o próprio Jesus havia deixado claro, que ele viera cumprir o que havia acontecido no passado, e gostavam de fazer conexões e traçar paralelos.

O cumprimento das Escrituras

Frequentemente os escritores do NT mostram como as previsões dos profetas do AT se cumpriram nos fatos da vida, morte e ressurreição de Jesus, e continuavam a se cumprir no crescimento da Igreja de Jesus.
Mateus inclui em seu Evangelho uma dezena de citações que começam assim: "Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta" (Mt 1.22-23; 2.5-6,15, 17-18, 23, etc.).
As primeiras pregações cristãs registrados em Atos estão cheias de afirmações do cumprimento das Escrituras (p.ex. At 2.25-36; 3.22-26; 13.32-41).
Algumas passagens aparentemente eram favoritas e são citadas repetidas vezes (p.ex. Sl 110.1; 118.22; Is 53; Dn 7.13-14). Essas eram passagens que o próprio Jesus havia usado para explicar a sua missão, e seus seguidores continuaram a basear-se nelas em pregações e debates.

Prefigurações ou tipos

Às vezes, os escritores do NT apelavam a passagens que não eram propriamente previsões do futuro, mas que ainda assim consideravam ter sido "cumpridas" com a vida de Cristo.
Jesus havia feito várias reivindicações desse tipo (p.ex. Mt 12.3-6, 40-42; 13.13-14; Mc 7.6-7), mas o uso mais amplo desse método se encontra em Hebreus. Ali, o autor analisa as pessoas e instituições mais importantes do Israel do AT, especialmente o culto no tabernáculo, e mostra como se cumpriram em Jesus, que é o verdadeiro sumo sacerdote e, ao mesmo tempo, o sacrifício perfeito e final.
Esse princípio é conhecido como "tipologia". Pessoas, instituições e acontecimentos do AT são considerados "tipos" (modelos, prefigurações) da obra decisiva de Deus que aconteceria com a vinda de Cristo. O objetivo da tipologia é mostrar que Jesus cumpre, não só as previsões explícitas do AT, mas toda a sua estrutura, e deixar claro que sua vinda é a concretização completa e definitiva da obra de salvação realizada por Deus ao longo dos séculos.

Fontes e uso de citações

Muitas vezes as palavras citadas no NT não são as mesmas que encontramos no texto do nosso AT. Geralmente as diferenças são insignificantes, mas às vezes chegam a ser surpreendentes (p.ex. Mt 27.9-10 comparado com Zc 11.12-13).
Às vezes a diferença se deve ao fato de que os escritores do NT usaram um texto diferente do que se encontra hoje no nosso AT. A maioria das citações do NT reflete o texto da tradução grega da Septuaginta, que muitas vezes difere do hebraico. Às vezes parece que eles citam outras formas do texto, tais como se encontram hoje nos targuns (paráfrases) aramaicos.
Mas outras vezes a explicação é que os escritores do NT não tinham receio de adaptar as palavras, para ressaltar a interpretação e a aplicação do texto assim como eles e entendiam. O propósito não era alterar o significado, mas deixá-lo mais claro aos seus leitores. Às vezes eles faziam isto, incorporando a interpretação nas palavras da citação, assim como um pregador moderno pode parafrasear um texto bíblico para fazer com que a mensagem "chegue lá", e para ajudar os ouvintes a perceber como isso se aplica às circunstâncias em que eles se encontram.
Depois que os primeiros cristãos se deram conta de que Jesus era o cumprimento do AT, eles começaram a lê-lo, não apenas pelo seu valor em si, mas à luz desse cumprimento. Assim, encontraram indicações ou profecias a respeito de Jesus em passagens nas quais outros judeus não as encontravam, e estavam dispostos a fazer uso de certa liberdade de interpretação - liberdade que hesitaríamos em usar - para dar expressão total à sua convicção de que , como o próprio Jesus disse, Moisés (e os outros escritores do AT) "escreveu a (seu) respeito" (Jo 5.46).

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