COSTUMES BÍBLICOS: O CENÁCULO


O CENÁCULO

A palavra “cenáculo” vem do latim “cenaculum”
que traz como significado uma “sala de refeições”,
“sala de jantar” ou “uma sala/quarto
no piso superior de uma casa”.
Local apontado tradicionalmente como
aquele onde ocorreu a última Ceia.
O CENÁCULO
[Curiosamente a palavra cenáculo não aparece nos escritos originais das Sagradas Escrituras, nem no hebraico e nem no grego, contudo em alguns casos é usada para favorecer a tradução e o entendimento dos leitores em poucas passagens bíblicas.]
Pedro e João saíram de Betânia na quinta-feira de manhã. Não foi difícil encontrar a casa, pois tudo ocorreu conforme Jesus havia predito. O dono da propriedade acolheu-os prontamente e pôs à disposição deles uma bela sala adornada com tapetes e sofás, já preparada para a refeição, tal como Jesus havia descrito e digna das grandes coisas que ali iam acontecer. Era um cenáculo, um cômodo construído sobre um terraço da casa. Jesus poderia permanecer ali com os discípulos em perfeita tranquilidade (Lc 24.36-43; Jo 20.19-29; At 1.13; 2.1-4).
E, no primeiro dia dos pães ázimos, quando sacrificavam a páscoa, disseram-lhe os discípulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comer a páscoa?
E enviou dois dos seus discípulos, e disse-lhes: Ide à cidade, e um homem, que leva um cântaro de água, vos encontrará; segui-o.
E, onde quer que entrar, dizei ao senhor da casa: O Mestre diz: Onde está o aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?
E ele vos mostrará um grande cenáculo mobilado e preparado; preparai-a ali. (Marcos 14:12-15)
Quem era o proprietário do cenáculo? Alguns sugerem o nome de Nicodemos e o de José de Arimatéia, simplesmente por causa da elevada posição social desses homens. Existe outra possibilidade, mais razoável. Lemos em Atos 12.12-17 que Pedro, alguns anos mais tarde, ao sair da prisão na qual Herodes Agripa I o havia encerrado, foi bater à porta de uma casa que pertencia a Maria, mãe de João Marcos, o futuro evangelista; casa em que os cristãos de Jerusalém se reuniam. Não seria essa a mesma casa onde estava o cenáculo no qual Jesus celebrou a Páscoa? Essa teoria é aceita por boa parte dos teólogos sérios, contudo ainda é uma teoria.

Os preparativos

Voltemos, agora, aos dois mensageiros do Salvador. Além de encontrar o lugar em que celebrariam a Páscoa, era necessário preparar os diversos alimentos para o banquete sagrado, segundo o costume. Já mencionamos os pães asmos. Medem 25 centímetros de diâmetro e alguns milímetros de espessura. A superfície é cheia de pequenas rugas feitas à punção. Eram preparados com farinha diluída em água, postos em pratos e levados ao fogo até endurecerem. O gosto era necessariamente insosso.
Os dois apóstolos tinham de arranjar também as ervas amargas - alface, salsinha, agrião, rabanetes silvestres e outras - conforme descrito na instituição da primeira Páscoa (Êx 12.8). Tinham ainda de preparar o molho espesso e avermelhado, chamado em hebraico haroset, composto de uma mistura de frutas secas - tâmaras, amêndoas, figos, passas - esmagadas e diluídas em um pouco de vinagre.
Esses dois alimentos representam os sofrimentos que, no passado, os hebreus suportaram no Egito, especialmente (e este era o sentido do haroset) os tijolos que seus antepassados tiveram de fabricar para os tiranos à custa de muito esforço (Êx 1.1-14). Deveriam ainda preparar outros pratos para completar o banquete e também providenciar quantidade suficiente de vinho e água.
Contudo, o prato principal era o cordeiro, que deveria ser de um ano e sem defeito algum. Era imolado depois do meio-dia, conforme exigia o ritual. Por não haver para esse trabalho sacerdotes suficientes, os chefes de família, ou seus representantes, podiam também realizar a tarefa. Para isso, dividiam-se em três grupos, que se reservavam das 3 às 5 horas, no pátio dos sacerdotes, diante do santuário propriamente dito, a pouca distância do altar dos holocaustos. A um sinal das trombetas dos sacerdotes, cada um imolava o seu cordeiro.
Os sacerdotes, postos em duas filas, recolhiam o sangue das vítimas em recipientes de ouro ou de prata, que iam passando de mão em mão até chegar aos que estavam próximos do altar. As vasilhas eram esvaziadas aos pés do altar e devolvidas aos sacrificadores pelo mesmo processo.
Em seguida, esquartejavam os cordeiros, cuidando para não quebrar nenhum osso (Êx 12.46), e tiravam a gordura para queimá-la no altar dos holocaustos. Concluído o ritual e o canto dos salmos, o cordeiro era envolvido na própria pela e levado, respeitosamente, à casa de seu respectivo dono. Com dois galhos de romãzeira postos em forma de cruz, o animal era mantido na posição determinada pelo costume e assim introduzido no forno.
Esse foi o trabalho de Pedro e João durante boa parte da quinta-feira.
Na quinta-feira, à tarde, Jesus saiu de Betânia e seguiu com os apóstolos para Jerusalém, chegando ao cenáculo pouco antes da hora da ceia (Mt 26.20; Mc 14.17; Lc 22.14). A cidade inteira estava em festa. As ruas transbordavam de judeus alegres e diligentes a caminho do local em que comeriam o cordeiro pascal. Acompanhado, sem dúvida, de um de seus dois enviados, que à tarde se havia juntado a ele novamente, Jesus entrou no cenáculo que lhe haviam preparado.
Quando as trombetas sacerdotais deram o sinal de que já era a hora da refeição, Jesus e os apóstolos puseram-se à mesa. Não havia, ao que parece, outros convidados além dos membros do colégio apostólico. Antigamente, os hebreus comiam em pé o cordeiro pascal, com os lombos cingidos e cajado na mão, em posição de viajantes. Mas esta prescrição, como tantas outras relacionadas à Páscoa observada no Egito, não tardou a cair em desuso. A Páscoa chamada perpétua não tinha mais a simplicidade e a austeridade dos tempos antigos. Foram introduzidas novas regras, em particular a de celebrar a ceia não mais de pé, como os escravos, e sim da maneira em que os gregos e os romanos celebravam os seus banquetes.

VEJA NO HEBRAICO, OS PREPARATIVOS PARA O BANQUETE.(VÍDEO EM TEXTO DINÂMICO)

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