COSTUMES BÍBLICOS: Ap. Parte G - Para entender o Apocalipse


Ap. Parte G - Para entender o Apocalipse

Apocalipse 
PARA ENTENDER O APOCALIPSE
O livro do Apocalipse é a profecia que conclui e se constitui no clímax de toda a Bíblia. Ele completa a mensagem de todos os profetas bíblicos, mostrando como o reinado de Deus sobre toda a criação será, finalmente, estabelecido.
Os leitores, de modo geral, entendem que se trata do livro mais obscuro do NT. Para não incorrer nas mesmas interpretações errôneas de muitos que tentaram explicar o livro no passado, é fundamental levar-se em conta o tipo de literatura que ele representa.
O Apocalipse é ao mesmo tempo uma carta circular e uma profecia apocalíptica. Para lê-lo de forma correta, é preciso levar em conta estes dois fatores.
Carta circular O Apocalipse é uma carta circular enviada às sete igrejas da província romana da Ásia (1.4), no final do primeiro século da era cristã. As mensagens a essas igrejas (caps. 2--3) não são, em si mesmas, cartas, mas introduções (uma para cada igreja)) ao restante do livro.
•Cada mensagem é uma análise profética da situação de uma dessas igrejas.
•Cada uma se volta para uma variação local de um contexto ou problema mais amplo, que será abordado nas profecias do restante do livro.
Isto significa que, da mesma forma como não podemos ler uma carta de Paulo sem levar em conta o contexto dos primeiros leitores da mesma, não deveríamos esperar entender o Apocalipse, se não levarmos em conta a situação dos primeiros leitores.
Por mais que o Apocalipse mostre o cumprimento definitivo dos propósitos de Deus para o mundo, ele não faz isso sem referir-se diretamente à situação em que se encontravam os primeiros leitores do texto. Conclama esses leitores e ouvintes a participarem da vitória de Deus sobre as forças anticristãs daquele tempo e lugar, ou seja, o poder e a influência de Roma e da cultura pagã.
Como revela uma leitura das sete mensagens, nem todos aqueles cristãos estavam sendo perseguidos. Muitos deles estavam se safando da perseguição, adaptando-se ao poder de Roma e aos costumes dos pagãos. O Apocalipse foi escrito, não apenas para infundir coragem naqueles que já estavam sofrendo, mas também para incentivar os covardes a darem um claro testemunho a favor de Deus e para capacitá-los a enfrentar a perseguição que se abateria sobre eles, caso fossem fiéis a Jesus cristo no contexto em que viviam.
Profecia apocalíptica O Apocalipse é, também, profecia apocalíptica. Os primeiros leitores desse livro estavam muito mais familiarizados com a literatura apocalíptica (encontrada também, na Bíblia, em Dn 7--12) do que nós.
O propósito das visões repletas de imagens e figuras simbólicas não era ocultar ou obscurecer, mas evocar uma compreensão imaginativa. O significado do simbolismo é transmitido, em muitos casos, através de alusões ao AT ou através de alusões a fatos do mundo em que viviam os primeiros leitores.
O profeta descreve como foi levado ao céu, para ver o mundo da perspectiva celestial de Deus. Em visão, ele é, também, levado ao final que se encontra no futuro, para ver o presente à luz do propósito final que Deus tem para o mundo.
O mundo descrito nessas visões é aquele em que viviam os primeiros leitores do Apocalipse, mas esse mundo é visto sob uma perspectiva bem diferente daquela que caracterizava a ideologia dominante daquele tempo. Essa perspectiva bate de frente com a ideologia imperial romana, desmascarando o engano da idolatria e revelando, em seu lugar, a verdade última das coisas. Apesar das evidências em contrário, o poder supremo não pertence à "besta", mas a Deus. E a vitória final será alcançada, não por meio da violência, mas através do testemunho da verdade em meio ao sofrimento.
Ao dar aos leitores a possibilidade de entender isso de forma imaginativa, as visões os capacitam a fazer frente às mentiras da besta e seguir a Cristo em sua fidelidade sacrificial, que se dispões até mesmo a enfrentar a morte.
A relevância do Apocalipse para leitores de outras épocas reside no poder que ele tem de possibilitar a análise de cada situação em que o reinado de Deus parece ter sido subvertido pelos poderes deste mundo à luz dessa perspectiva celestial. O objetivo do Apocalipse não é o de simplesmente informar a respeito do futuro, mas de capacitar os cristãos a viverem do jeito que o propósito final de Deus para o mundo exige.

O Apocalipse e a literatura apocalíptica judaica 

O período que vai de 200 a.C. a 100 d.C., foi um dos mais difíceis em toda a história dos judeus. Ao invés da era dourada que os profetas haviam previsto, os judeus experimentaram derrota, ocupação estrangeira e violenta perseguição religiosa. Não surpreende que nesse período de tensão tenha surgido uma série de escritos com as mesmas características e a mesma preocupação. Essa literatura é conhecida como "apocalíptica".
Pessimistas quanto ao tempo em que eles próprios estavam vivendo, os apocalípticos retornaram à visão e inspiração dos profetas. Sua preocupação era o reino messiânico - a era de Deus, em contraste com este mundo mau - e sua irrupção cataclísmica. Para autenticar a sua mensagem, os apocalípticos adotaram pseudônimos, nomes de alguns dos grandes personagens do AT. Ao adotarem o ponto de vista de alguém que viveu num passado distante, também estavam em condições de "pre-dizer" os acontecimentos, até chegarem aos dias em que eles próprios estavam vivendo. A temática era expressa em visões e revelação no estilo que aparece em Daniel, valendo-se em grande escala de simbolismo e figuras (muitas vezes bizarras).
Em termos de forma, estilo e assunto, o Apocalipse de João claramente se parece com esse tipo de literatura. Sua preocupação, típica da literatura apocalíptica, eram as realidades eternas, o fim do mundo, os novos céus e a nova terra. Ao exemplo dos apocalípticos, João se sente à vontade no AT e faz uso das ricas e evocativas imagens que aparecem nos profetas. Mas há, também, diferenças significativas em relação aos apocalípticos:
Visão
E viu-se um grande sinal no céu:
uma mulher vestida do sol,
tendo a lua debaixo dos seus pés,
e uma coroa de doze estrelas
 sobre a sua cabeça.
E estava grávida, e com dores de parto,
 e gritava com ânsias de dar à luz.
Apocalipse 12:1-2
•João escreve em seu próprio nome, e não em nome de algum ilustre personagem do passado que poderia, supostamente, validar o que ele escreve.
•Ele não "repassa a história como se fosse profecia". Ele denomina seu livro de profecia e está tão confiante quanto um Isaías, Jeremias, Ezequiel ou Daniel de que escreveu o que lhe fora revelado diretamente por Deus, e confirmado com a autoridade divina (Ap 1.1-3; 22.6, 18-20).
•Ele não escreve a respeito de um futuro Messias, mas sobre a volta de Jesus, o Messias.


"A verdadeira vitória não é viver em segurança, evitar os problemas, preservar a vida de forma cautelosa e prudente; a verdadeira vitória é enfrentar o pior que o mal pode fazer, e, se necessário, ser fiel até à morte."

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Filipenses 1:9-11

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