COSTUMES BÍBLICOS: Abraão & Isaque


Abraão & Isaque


Um homem de fé
O pai de Abraão levou a sua família de Ur, na Babilônia, para Harã, na região onde fica o sul da Turquia. Foi ali que Deus chamou Abraão, e este respondeu com fé. O texto não diz como Abraão reconheceu Deus, o Deus verdadeiro, pois sua família adorava "outros deuses" (Js 24.2), incluindo, talvez, o deus lua, que era o patrono tanto de Ur quanto de Harã. Num mundo em que se adoravam muitos deuses e deusas, crer num único Deus que pudesse suprir todas as suas necessidades era algo que faria de Abraão uma pessoa diferente de todas as outras. No entanto, esta era claramente a sua convicção. Embora, em conexão com Abraão, apareçam vários nomes para Deus, os mais frequentes são "Javé" (o Senhor) e "Deus". Outros nomes aparecem uma única vez: Deus Todo-Poderoso (El Shaddai, Gn 17.1; veja Êx 6.3), Javé, Deus Eterno (Gn 21.33), Deus Altíssimo (Gn 14.18-22). Fica claro que todas essas designações se referem à mesma Divindade. Abraão também podia identificá-Lo com "o Criador do céu e da terra" a quem Melquisedeque, rei de Salém, servia (Gn 14.18-22). Em vários lugares da terra de Canaã, Abraão ofereceu sacrifícios e fez orações, sem ritos elaborados ou que servissem de intermediários, numa religião simples e pessoal.
Tão logo Abraão chegou à região central de Canaã, Deus lhe prometeu que aquela terra seria de seus descendentes (Gn 12.7), promessa que foi repetida em 13.15-17, no cap. 15 (de forma solene), em 17.8. A história de Israel se baseava nessa promessa. Sem esperar que pudesse tomar posse daquela terra, era necessário que Deus reafirmasse a promessa anteriormente feita. O próprio Abraão deixou claro, diante de Deus, que necessitava dessa reafirmação (Gn 15.2,3). Os altares que ele edificou e as árvores que plantou eram, talvez, um sinal de sua intenção de ficar na terra. No entanto, eram, acima de tudo,sinais de sua dedicação a Deus. Os lugares onde Abraão edificou altares não se tornaram lugares sagrados para sempre. O único pedaço de chão que Abraão possuiu naquela terra foi a caverna do campo de Macpela, perto de Hebrom, onde Sara foi sepultada.
Deixar a sua casa, a sociedade que ele conhecia tão bem, e dirigir-se a uma terra desconhecida por ordem de Deus era um ato de fé. Saber que ele nunca possuiria a terra aumentou a sua fé. Os 25 anos de espera pelo nascimento do descendente foi outro teste, um teste que ele e Sara tentaram superar pela conexão de Abraão com Agar.
Vamos retroceder um pouco:
Em Gn 11.10-32: De Sem(filho de Noé) a Abraão
Aqui novamente a lista de nomes é seletiva, provavelmente abreviando a extensão total de tempo envolvida. Os ancestrais de Noé viveram muito mais tempo que os de Terá, e a idade de paternidade passou a ser bem menor.
Quando chegamos ao nome de Terá, a lista se torna mais detalhada. Esta é a família na qual devemos nos concentrar. Os três filhos de Tera são alistados e sua cidade natal é Ur dos caldeus. Após a morte de Harã, Tera partiu em direção a Canaã, com seu neto Ló, Abrão e Sarai. A jornada os levou 900Km a noroeste, seguindo o rio Eufrates, até Harã - que era, como Ur, um centro de adoração à lua. (Js 24.2 registra que Tera "adorava outros deuses".) Ali eles se instalaram. Tera morreu, e o cenário está pronto para a história de Abraão, que, segundo At 7.2-4, ouvira o chamado de Deus antes de partir. Seu novo nome registra a promessa de Deus de tornar este homem pai de muitas nações, Gn 17.5.
A convocação para a jornada(Gn 12.1-9) 
Gn 12.1-4 registra a ordem e promessa de Deus a um homem, Abrão, e a resposta obediente da parte deste. As consequências deste simples ato, todavia, se espalhariam progressivamente, levando ao nascimento de uma nova nação e, com o passar do tempo, beneficiariam todo mundo.
"Partiu Abrão..." Ele já partira de Ur, cidade próspera com segurança e um alto padrão de vida. Agora ele partiu na segunda etapa da jornada, viajando outros 700 km a sudoeste até Canaã (Palestina), com Sarai, sua mulher estéril, seu sobrinho Ló e seus rebanhos.
Em Siquém, no meio do território cananeu, Deus falou novamente em resposta ao chamado de Abraão. "Esta terra" seria herança dos descendentes de Abrão. Porém a jornada continuou na direção do Neguebe, região que se estende ao Sul, desde Berseba até o planalto do Sinai - hoje semi-árida, porém mais habitável na época de Abraão.
O poço cavado por Abraham
 4.000 anos atrás (Beersheba).Israel 
O estilo de vida de Abraão representa a vida de peregrinação: o altar e a tenda testemunham a sua fé e a falta de uma moradia fixa.
Nômades As histórias de Abraão, Isaque e Jacó nos dão uma idéia da vida seminômade na Palestina antiga, de pessoas que passavam parte do tempo deslocando-se com seus rebanhos em busca de pastagens, e parte do tempo assentados, cultivando a terra. Naquele tempo, grupos como estes podiam viajar livremente de um país a outro, sem maiores problemas com as línguas.
Fome (Gn 12.10-20) 
A fome levou Abrão ao Egito. Pressionado pelo medo e pela insegurança, este homem de fé tratou de defender-se com uma perigosa meia-verdade (veja 20.12) que colocou em risco todo o projeto de Deus. Deus interveio com pragas, Sarai foi salva e Abrão foi vergonhosamente deportado.
A idade de Sarai Parece surpreendente que Sarai, aos 65 anos, seja descrita como "muito bonita" (12.14). Porém, como ela viveu até os 127 anos, seus 60 anos equivaliam, quem sabe, aos nossos 30 ou 40 anos.
A escolha de Ló (Gn 23) 
Rebanhos cada vez maiores provocaram a última quebra de vínculos familiares. Ló, a quem o generoso Abrão deu o privilégio de escolher, selecionou os pastos férteis do vale do Jordão.
O misterioso Melquisedeque (Gn 14) 
Embora a vida seminômade fosse comum na época de Abrão, também havia muita gente que vivia em aldeias e "cidades" muradas (pequenas cidades). Estas eram governadas por "sheiks" locais, que por sua vez geralmente eram vassalos de reis mais poderosos.
Os suseranos das cinco cidades da região do mar Morto vinham do distante Elão e da Babilônia (Sinar) e da Anatólia (rei Tidal). Rotas comerciais tornavam relativamente fáceis as viagens e a comunicação entre a terra natal de Abrão e Canaã. (Os elamitas exerceram poder considerável na Babilônia. Ur foi uma das cidades que conquistaram e saquearam naquela época).
Melquisedeque Esta é a única aparição do misterioso rei/sacerdote de Salém (provavelmente Jerusalém; o nome significa "paz" - shalom, salaam). A autoridade de Melquisedeque (um décimo - o "dízimo" - era parte de Deus, de modo que Abrão trata este homem como representante de Deus), segundo estudiosos e historiadores judeus, Melquisedeque era o último da linhagem de Sete. Na verdade, seu nome "Melquisedeque", é um título e significa: Aquele que representa o Deus Altíssimo. (veja Sl 110.4; Hb 7.1-10).
LEIA : ABRAÃO E LÓ
NA BÍBLIA HEBRAICA
Os judeus do tempo de Jesus tinham orgulho em afirmar: "Somos descendência de Abraão". Essa afirmação ainda é repetida por judeus e muçulmanos de nossos dias.
Abraão é importante por ser o homem a quem Deus prometeu a terra de Canaã e também por ser o modelo de fé: ele creu em Deus e levou Deus a sério. Na verdade, Abraão foi o primeiro a ter em mãos os títulos de uma propriedade material e de segurança espiritual.
Em qualquer época as pessoas querem ter sua identidade, buscando-a, muitas vezes, no passado, em genealogias e na história do próprio povo. Famílias que possuíam terras faziam um registro dos descendentes, para provar que eram os verdadeiros proprietários. Assim, o Israel antigo fazia o título de propriedade da terra em que morava remontar a Abraão, por mais que este nunca tivesse, ele próprio, tomado posse da terra.

ABRÃO COMO ISRAEL(*DO HEBRAICO BÍBLICO)

Adão não é a única figura, no entanto, que os escritores de Gênesis modelam as experiências futuras de Israel. Abrão também prenuncia a experiência futura de Israel quando entra no Egito e volta novamente; em Abrão, encontramos uma versão inicial do êxodo de Israel.
Depois que Abrão e sua família entraram em Canaã, observa as Escrituras , “ havia fome na terra ( ויהי רעב בארץ ; va'yehi ra'av ba'aretz ). Abrão desceu ao Egito para peregrinar ali, pois a fome era severa na terra ( כי כבד הרעב בארץ ; ki kaved hara'av ba'aretz ) ”(Gên 12:10). Assim como Abrão desce ao Egito devido à fome severa, os israelitas acabam no Egito por causa da fome: “Os filhos de Israel ( בני ישׂראל ; benei Yisrael ) vieram comprar [comida no Egito]… porque a fome estava na terra ( כי היה הרעב בארץ ;ki haya hara'av b'eretz ) de Canaã ”(42: 5). De fato, esses são os próprios “ filhos de Israel ” ( בני ישׂראל ; benei Yisrael ), diz Êxodo, “que vieram ao Egito com Jacó, cada um com sua casa” (Êx 1: 1). Ao descer ao Egito por causa da fome, a jornada de Abrão aponta para a dos irmãos de José - os patriarcas das doze tribos de Israel.
Quando Abrão diz a Faraó que Sarai é sua irmã, e Faraó a leva para sua casa, “o Senhor atormentou ( aga ; naga ) o faraó e sua casa com grandes pragas ( םים ; negaim )” (Gên 12:17). Esse cenário é um precursor claro de quando Deus mais tarde aflige Faraó com pragas. Falando da morte dos primogênitos do Egito, Deus diz a Moisés: “Trarei mais uma praga ( neg ; nega ) sobre Faraó e sobre o Egito; depois ele te enviará ”(Êx 11: 1). Assim como a praga final fez com que o faraó " enviasse " ( שׁלח ;shalach ) os israelitas no êxodo, o Gênesis registra em Abrão que o faraó também o " mandou embora " ( חלח ; shalach ) junto com Sarai (Gên 12:20). Já em Gênesis 12, o escritor oferece uma prévia do que acontecerá nos dias de Moisés; assim como Adão antecipa o exílio de Israel , Abrão antecipa o êxodo da nação . Com base nas semelhanças entre esses eventos na vida de Abrão e Israel, podemos afirmar a afirmação dos rabinos de que “tudo o que foi escrito sobre Abraão foi [também] escrito sobre seus filhos [Israel]” ( Gênesis Rabá 40: 6).Adão não é a única figura, no entanto, que os escritores de Gênesis modelam as experiências futuras de Israel. Abrão também prenuncia a experiência futura de Israel quando entra no Egito e volta novamente; em Abrão, encontramos uma versão inicial do êxodo de Israel.
Depois que Abrão e sua família entraram em Canaã, observa as Escrituras , “ havia fome na terra ( ויהי רעב בארץ ; va'yehi ra'av ba'aretz ). Abrão desceu ao Egito para peregrinar ali, pois a fome era severa na terra ( כי כבד הרעב בארץ ; ki kaved hara'av ba'aretz ) ”(Gên 12:10). Assim como Abrão desce ao Egito devido à fome severa, os israelitas acabam no Egito por causa da fome: “Os filhos de Israel ( בני ישׂראל ; benei Yisrael ) vieram comprar [comida no Egito]… porque a fome estava na terra ( כי היה הרעב בארץ ;ki haya hara'av b'eretz ) de Canaã ”(42: 5). De fato, esses são os próprios “ filhos de Israel ” ( בני ישׂראל ; benei Yisrael ), diz Êxodo, “que vieram ao Egito com Jacó, cada um com sua casa” (Êx 1: 1). Ao descer ao Egito por causa da fome, a jornada de Abrão aponta para a dos irmãos de José - os patriarcas das doze tribos de Israel.
Quando Abrão diz a Faraó que Sarai é sua irmã, e Faraó a leva para sua casa, “o Senhor atormentou ( aga ; naga ) o faraó e sua casa com grandes pragas ( םים ; negaim )” (Gên 12:17). Esse cenário é um precursor claro de quando Deus mais tarde aflige Faraó com pragas. Falando da morte dos primogênitos do Egito, Deus diz a Moisés: “Trarei mais uma praga ( neg ; nega ) sobre Faraó e sobre o Egito; depois ele te enviará ”(Êx 11: 1). Assim como a praga final fez com que o faraó " enviasse " ( שׁלח ;shalach ) os israelitas no êxodo, o Gênesis registra em Abrão que o faraó também o " mandou embora " ( חלח ; shalach ) junto com Sarai (Gên 12:20). Já em Gênesis 12, o escritor oferece uma prévia do que acontecerá nos dias de Moisés; assim como Adão antecipa o exílio de Israel , Abrão antecipa o êxodo da nação . Com base nas semelhanças entre esses eventos na vida de Abrão e Israel, podemos afirmar a afirmação dos rabinos de que “tudo o que foi escrito sobre Abraão foi [também] escrito sobre seus filhos [Israel]” ( Gênesis Rabá 40: 6).
(*Este texto é parte de um artigo publicado por Dr. Nicholas J. Schaser/Israel Bible Center)

MAIS SOBRE ABRAÃO (*CURIOSIDADE DO HEBRAICO BÍBLICO - NÃO MEXA COM ABRAÃO )

Em Gênesis 12: 3, lemos um verso muito famoso: “E eu abençoarei aqueles que te abençoarem, e quem amaldiçoar eu amaldiçoarei.” As coisas parecem estar claras, mas uma nuance muito importante está perdida na tradução.
Deus promete a Abraão que, “todo aquele que o amaldiçoar” מְקַלֶּלְךָ (mekalelcha) , por sua vez, “será amaldiçoado” אָאֹר (aor). A força desta promessa, no entanto, está perdida na tradução. A primeira palavra para “maldições” - מְקַלֶּלְךָ (mekalelcha) vem de uma raiz que significa literalmente “tornar leve algo pesado”. A segunda palavra para “maldição”, אָאֹר (aor), na verdade vem de uma raiz completamente diferente que significa algo como "destruir completamente". 
Levando em consideração essas idéias do hebraico, a tradução pode ser apresentada da seguinte forma:
"Abençoarei aqueles que te abençoarem, mas quem desrespeitar você, destruirei totalmente." (*Por Dr. Eli Lizorkin-Eyzenberg)

Continue lendo e saiba também de Isaque ⇓

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Filipenses 1:9-11

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