Nada sabemos a respeito de Naum além de seu nome e sua cidade natal, Elcós. Naum significa "conforto", e sua mensagem de que Nínive seria julgada em breve deu esperança e encorajamento ao povo de Judá, que vivia sob opressão assíria na época de seu ministério. A mensagem de Naum é um equivalente ao livro de Jonas nos profetas menores.
O tema de Naum, a exemplo do livro de Jonas, é Nínive, a grande capital da Assíria. Mas enquanto Jonas registra a suspensão do juízo sobre a cidade, Naum prevê a sua destruição. A data fica entre 663 a.C., quando os assírios tomaram Tebas (conforme indica 3.8-10), e a tomada de Nínive pelos babilônios e medos, em 612 a.C. Naum aparentemente era da Judéia, mas afora isso nada se sabe a respeito dele, exceto que escreveu alguns dos trechos poéticos de maior qualidade literária em todo o AT.
Naum escreveu sobre a queda de Nínive, capital da Assíria. Os assírios eram a grande potência daquela época, e seus exércitos infligiram grande sofrimento aos povos subjugados. Eles destruíram o reino de Israel em 722/1 a.C.
Na 1: "Darei fim ao poder da Assíria"
O livro de Naum começa, não com Nínive, mas com Deus: seu poder, sua ira, sua bondade. Deus diz que os dias da Assíria, cujos exércitos destruíram Israel e ameaçaram a própria Jerusalém menos de um século antes, estavam contados.
Os vs. 2-8 formam um poema acróstico incompleto (veja Sl 9). Pode ter sido escrito pelo próprio profeta ou, talvez, seja um poema existente que o profeta adaptou aos seus propósitos. Nele, fala-se do poder de Deus sobre a terra, o mar, os rios, as montanhas. Quando Deus aparece, os ricos pastos de Basã e a vegetação das florestas murcham, como se sofressem uma seca. Os montes se derretem. Deus é o poderoso protetor do seu povo (7), mas a sua vinda significa morte para os inimigos (8-10).
Inundação transbordante (8, ARA) Nínive era tida por inexpugnável, mas acabou sendo tomada quando águas de uma enchente abriram brechas nos muros, permitindo a entrada do exército inimigo.
Um que maquina o mal (11) Possivelmente Senaqueribe, o rei assírio que tomou Laquis e depois sitiou Jerusalém, em 701 a.C. (veja Is 36--37).
Na 2: Ofensiva contra Nínive
Em sua descrição, o profeta se vale de recursos sonoros e visuais. Podemos ver, ouvir, e quase sentir o cheiro daquele ataque. Anteriormente, Deus havia usado os exércitos da Assíria para castigar o seu povo. Agora as forças que atacavam Nínive eram seus instrumentos. Sangue e trovões; saque e desolação; a cova do leão assírio deixou de existir. São cenas vívidas que apelam aos olhos e à imaginação, como, por exemplo, quando se descreve o choro das servas (v. 7).
Quando o amparo for preparado (5, ARC)
Esse "amparo" era uma máquina de assédio com uma cobertura que protegia os soldados contra as flechas atiradas da muralha.
V.6 Veja 1.8.
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Os exércitos da Assíria, com suas máquinas de cerco e aríetes, invadiram cidades e massacraram o povo de Deus. |
Na 3; Cidade em ruínas
Naum descreve a cidade como uma prostituta, que atrai as nações para subjugá-las. Agora ela receberia o castigo de uma prostituta (5-6). Provando do próprio veneno, ela sofreria o destino terrível que infligira à cidade egípcia de Tebas (Nô-Amom). (Em Tebas, cidade de Amom, deus nacional do Egito, haviam sido acumulados tesouros de vários séculos. Os assírios tomaram a cidade com fogo, massacraram a população e saquearam toda a riqueza.) Embora a nação fosse grande como uma nuvem de gafanhotos, ela desapareceria como gafanhotos que batem as asas e saem voando. Os versículos finais foram dirigidos ao rei da Assíria. Tudo estava perdido para sempre.
Apesar de todo o seu poder, Nínive entrou em rápida decadência após ser tomada pelos babilônios. Dela ficou um único vestígio: uma pequena elevação ou colina conhecida, hoje, como Tell Kuyunjik, "a colina das muitas ovelhas".
Etiópia (9) Atual Sudão, que deu ao Egito uma dinastia de reis. "Pute" poderia ser a Líbia ou possivelmente a Somália.
Crueldade da Assíria
A arte assíria reflete o quanto esse povo exaltava a violência da guerra e usava-a para intimidar outros povos, com o objetivo de subjugá-los. As representações de suas conquistas incluem esfoladura de soldados inimigos, vítimas sendo empaladas em postes em madeira, corpos desmembrados e cabeças decapitadas empilhadas na frente dos muros da cidade. As inscrições dos reis assírios também detalham o tratamento brutal dado aos inimigos conquistados
"Como novilhos gordos [...] eu rapidamente os golpeei e derrotei. Cortei suas gargantas como cordeiros. Ceifei suas vidas como se estivesse cortando uma corda." Senaqueribe
"Esfolei todos os nobres que se rebelaram contra mim [e joguei] as peles sobre a pilha [de cadáveres]; alguns espalhei pela pilha, outros, fiz de estátuas sobre ela. [...] Esfolei muitos pela minha terra [e] joguei suas peles sobre os muros." Assurbanipal
"Com seus corpos desmembrados, alimentei cães, porcos, lobos, águias, aves dos céus e peixes dos mares." Assurbanipal
A mensagem de Naum a Nínive e todos os oráculos contra as nações mostram que o SENHOR é Rei e Juiz soberano sobre todos os povos, e não apenas Deus de Israel. O Senhor é justo em Seu julgamento. Ele puniu os assírios segundo seus crimes de violência e crueldade cometidos contra todas as nações que haviam pilhado, não apenas contra Israel e Judá. O Senhor usou a Assíria como instrumento de juízo contra Israel e Judá (Is 10.7-9), mas ela foi responsabilizada por ir além de Suas intenções, saqueando Israel e Judá por motivos egoístas. Os assírios eram culpados de orgulho e blasfêmia porque acreditavam que seus deuses eram superiores a Adonai. O julgamento da Assíria traria salvação e restauração ao povo de Deus (Na 1.13-15; 2.2).
O julgamento do Senhor contra a Assíria foi uma prévia do juízo escatológico final contra todas as nações e todos os povos. Assim como a Assíria no passado, todos os povos serão julgados segundo a aliança de Noé e sua proibição de violência e derramamento de sangue (Gn 9.5,6; Is 24.1-5; Am 1.3--2.3). A aliança de Noé foi a base para o julgamento da Alemanha nazista e do Império Soviético, do mesmo modo como havia sido para a antiga Assíria, e, no futuro, o Senhor julgará os Estados Unidos e todas as outras nações também com base nessa aliança. No Antigo Testamento, Ele veio a terra como Guerreiro divino e destruiu os ímpios no Seu dia do juízo; no Novo Testamento, Cristo virá para a terra como Guerreiro divino e golpeará com a espada de Sua boca as nações que se opuserem a Ele (Ap 19.11-21). Como Nínive, no livro de Naum, a última Babilônia do fim dos tempos também é retratada como uma prostituta por causa de seu materialismo, sua idolatria e sua influência negativa sobre outros povos (Ap 18).
Entretanto, ao mesmo tempo, a obra de Cristo oferece uma nova perspectiva a Naum, e devemos ler esse profeta, bem como todos os outros no Antigo Testamento, a partir da perspectiva da cruz. Nela, Jesus, como guerreiro divino, travou uma guerra contra Satanás, o inimigo que é a causa de todos os males do mundo. Cristo, ao entregar Sua vida, triunfou na batalha contra o pecado, a morte e Satanás. Por causa da cruz, Deus estende Sua oferta de graça e perdão a todos, e Jesus exorta Sua igreja a espalhar essa boa-nova a todos os povos e todas as nações. Até mesmo no Antigo Testamento, o Senhor demonstrou Sua preocupação redentora para com todos os povos, enviando o profeta Jonas para que Nínive evitasse o juízo e a destruição. Deus não queria sequer que os cruéis e perversos assírios perecessem sem a oportunidade de arrepender-se.
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Filipenses 1:9-11