Na Palestina do primeiro século, as mulheres judias levavam uma vida muito restrita. Nas cidades, elas raramente saíam de casa, e usavam um pesado véu quando iam à sinagoga ou comprar ou vender produtos. Na zona rural, elas trabalhavam fora de casa e buscavam água, mas nunca sozinhas.
Nenhum homem falaria com uma mulher desconhecida. Era sinal de religiosidade não falar com mulher alguma. (Veja sobre as mulheres no ministério de Jesus, AQUI)
As meninas não iam à escola, e não participavam da parte didática dos ofícios nas sinagogas, que acontecia no androne ou "sala dos homens".
As mulheres não podiam ensinar e nem mesmo orar antes das refeições em família.
Antes de casar, ela pertencia ao pai; depois, ao marido; e, caso ficasse viúva, passaria a ser cuidada pelos filhos homens.
As mulheres não podiam ser testemunhas num julgamento, e qualquer voto religioso que fizesse podia ser anulado por seus maridos.
O marido podia tomar uma segunda esposa, ou ter uma concubina, ou dar-lhe carta de divórcio por qualquer motivo. A mulher só podia se divorciar, caso convencesse um júri de que estava sendo negligenciada. Neste caso, seu marido pagaria uma multa até que lhe desse o divórcio.
Como resultado de tudo isso, o nascimento de uma menina geralmente era recebido com tristeza, e a oração diária continha a frase: "Bendito seja Deus porque não me fez mulher".
Jesus não se atém às convenções
A atitude de Jesus em relação às mulheres foi completamente diferente de tudo isso.
Ele foi o único rabino que tinha mulheres entre seus discípulos. Embora todos os seus discípulos mais próximos fossem homens, várias mulheres aparece no grupo mais amplo, sendo mencionadas nominalmente. Maria e Marta são descritas como amigas bem próximas, e ele ensinou na casa delas. Algumas mulheres até viajavam com ele e lhe prestavam assistência com os seus bens (Lc 8.1-3).
Jesus ensinou que os homens deviam se casar com uma única mulher, e que o casamento era para a vida toda.
Ensinou que prostitutas arrependidas estavam mais próximas de Deus do que muitos líderes religiosos (Mt 21.31), e permitiu que uma prostituta o ungisse e beijasse os seus pés em público (Lc 7.36-50).
As mulheres foram as primeiras a ver Cristo ressuscitado, e o testemunho delas é levado a sério nos Evangelhos.
MARTA E MARIA
Os Evangelhos registram três episódios envolvendo Marta e sua irmã Maria. Em um deles, seu irmão Lázaro estava presente.
Uma questão de prioridades
Na primeira ocasião, Marta havia convidado Jesus para se hospedar em sua casa. Ela era, provavelmente, a pessoa mais velha numa família de jovens adultos que haviam perdido os seus pais. É provável que fosse época da Festa da Dedicação, que durava oito dias e envolvia comidas típicas, cerimônias tradicionais e lamparinas acesas nas janelas. Logo, Marta tinha muito que fazer.
Enquanto ela corria de um lado para outro, sobrecarregada de trabalho, Maria estava "sentada aos pés do Senhor", expressão que se refere não à postura, mas ao propósito. Ela estava estudando com o rabino.
Marta estava lá, totalmente autêntica, ajudando a servir, embora aquela nem fosse a sua casa! A única diferença foi que Marta não reclamou.
Maria e Marta amavam Jesus. Mas Maria era Maria, e Marta era Marta. Por causa de Maria, mulheres cristãs se sentem à vontade para fazer do estudo da Palavra e da oração uma prioridade em suas vidas. Sabem, também, que é bom amar Jesus com paixão e expressar isso com extravagância.
Marta seguiu os padrões tradicionais. Pegou no pesado e aprendeu sua lição teológica no momento relevante, na estrada, com Jesus. E o Espírito Santo lhe revelou a mais profunda das verdades.
As mulheres não podiam estudar com os rabinos, mas não foi isso que deixou Marta irritada. Ela achava que Maria devia ajudá-la com os afazeres. Se Jesus não estivesse falando do jeito fascinante que só ele tinha, Maria estaria, com certeza, ajudando a irmã. Portanto, Marta precisava da ajuda de Jesus.
Jesus poderia ter dito a Maria: "Pode ir; conversaremos depois do jantar". Mas, em vez disso, disse que Maria escolhera a única coisa necessária. Ele repreendeu Marta gentilmente por estar tão preocupada com detalhes.
A morte de um irmão
No segundo episódio, Lázaro estava morto havia quatro dias. Marta, aflita, saiu ao encontro de Jesus. No caminho, falaram sobre morte e ressurreição e sobre a identidade de Jesus. A mesma mulher que, no encontro anterior, havia tido a grande preocupação de ser uma boa anfitriã, faz, agora, a mesma declaração que Pedro havia feito (Mt 16.16) e pela qual o apóstolo foi louvado: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus"(Jo 11.27).
Maria apareceu depois e caiu aos pés de Jesus dizendo:"Senhor, se estiveras aqui..."
Então as duas, com um grupo de amigos, viram Lázaro sair do túmulo.
O gesto extravagante de Maria
No terceiro episódio, durante um jantar em honra a Jesus, Maria derramou um perfume caro nos pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos. Judas criticou o desperdício, e novamente Jesus defendeu Maria.
(Em Lc 7.36-50 há uma história semelhante, mas ao mesmo tempo diferente, e a mulher envolvida não era Maria. Ocorreu na casa de um fariseu chamado Simão, na região da Galiléia. Maria ungiu Jesus em Betânia, na casa de um leproso chamado, também, de Simão, que era um nome comum naquele tempo. Essas duas histórias têm mensagens totalmente diferentes.) Maria derramou sobre Jesus um perfume precioso que estava num vaso de alabastro como esse da foto.⇒
A FILHA MAIS VELHA
No Oriente Médio de hoje, existe, em muitas famílias, uma "síndrome da filha mais velha". Acontece com frequência, de propósito ou não, que a filha mais velha, ensinada pela mãe a cozinhar, fazer limpeza, e servir os outros, fica presa a esses afazeres. Ela ajuda a criar os filhos mais novos, muitas vezes sacrificando parte da sua formação acadêmica. Se não a pedirem em casamento logo, ela provavelmente não se casará, porque fica sempre em casa, longe dos olhos da comunidade.
Geralmente, ela se especializa nas artes femininas, fazendo os mais belos bordados da aldeia ou preparando doces deliciosos.
Quando há convidados, ela sai correndo fazer o café e, depois das refeições, lava a louça. Quanto mais ela trabalha, mais a família depende dela.À medida que os pais envelhecem, espera-se que ela fique em casa e cuide deles, enquanto os irmãos mais novos ficam livres. E se os pais morrem cedo, sua situação fica estacionária, porque além de não ter quem lhe arranje um casamento, ela é responsável pela casa e pelos membros mais novos da família.
Mesmo depois de os outros se casarem, ela ainda não tem independência. Como não é conveniente, naquele contexto, que uma mulher viva sozinha, ela precisa ficar na casa de um irmão, onde acaba sendo pouco mais que uma serva.
Essa filha mais velha pode aceitar seu papel e desempenhá-lo com alegria, ou se sentir usada e ter ciúmes declarados de suas irmãs mais novas e até dos irmãos. Geralmente ela será forçada pela responsabilidade a realizar o seu dever, embora sinta raiva por dentro.
Que elementos deste cenário se encaixam na história de Maria e Marta? Como Jesus encarou a situação das duas irmãs?
Leia mais sobre ela, AQUI ⇑ |
As três histórias sobre Marta e Maria são contadas em Lc 10.38-42; Jo 11; Jo 12.1-8 (Mt 26.6-13; Mc 14.3-9).
MARIA MADALENA
Maria Madalena tinha todo o preparo necessário para dar testemunho dos fatos relacionados com o ministério, a morte e a ressurreição de Jesus.
Ela era uma mulher transformada por Jesus, sendo que sete demônios foram expulsos de sua vida. Não sabemos exatamente o que eram, mas na época se acreditava que distúrbios mentais ou doenças extremamente dolorosas e perturbadoras eram causados por demônios. Ela não era a mulher adúltera, de João 8.3, também não era nenhuma das Marias que enxugou os pés de Jesus com os cabelos (Jo 11.2 e Lc 7.38) como muitos pregadores falam nas igrejas! Precisam analisar melhor os textos bíblicos, antes de saírem falando deduções que não têm respaldo nos textos da Bíblia. Primeiro, o texto da passagem da mulher pega em adultério, não menciona o nome dessa mulher.
Após ser curada, ela passou a acompanhar Jesus e os seus discípulos, e também as outras mulheres que criam nele e apoiavam o seu ministério. Sempre que uma dessas mulheres é mencionada, ela também aparece na lista, geralmente em primeiro lugar. Isso provavelmente indica liderança no grupo. Ela deve ter testemunhado os milagres de Jesus, ouvido os seus sermões e aprendido com os seus ensinamentos.
Maria tinha alguns recursos materiais e os colocou à disposição de Jesus. O grupo de mulheres não apenas se preocupava com o sustento de Jesus e de seus discípulos de forma bem prática, mas também financiava suas viagens.
Quando se trata das pessoas que estavam na cena da crucificação de Jesus, a Madalena é a única mulher que aparece em cada um dos relatos dos quatro Evangelhos. Embora muitos seguidores tenham fugido antes desse acontecimento terrível, várias mulheres fiéis, inclusive Maria Madalena, estavam presentes. Segundo João, lá estava ela, ao lado da mãe de Jesus.
Ela estava presente quando José de Arimatéia colocou Jesus no túmulo, às pressas, antes do pôr-do-sol da sexta-feira. Depois ela foi para casa preparar especiarias e perfumes para ungir o corpo de Jesus, e, no domingo de manhã, foi a primeira a chegar ao túmulo. Encontrou-o vazio e foi contar aos discípulos.
Depois que dois dos discípulos vieram, viram e voltaram correndo para casa, ela ficou no jardim, chorando, aparentemente porque perdera a oportunidade de honrá-lo, cuidando do seu corpo sem vida. Foi então que Jesus apareceu para ela e a enviou a proclamar a notícia de que ela tinha visto o Senhor ressurreto (ela foi a primeira!) e que ele subiria para seu Pai.
Quando ela contou isso aos discípulos, eles não acreditaram nela. Mais tarde Jesus os repreendeu por isso.
Depois disso, não mais fala sobre Maria Madalena. Ela não é mencionada em Atos nem nas Cartas. Será que isso significa que ela não teve nenhuma participação na difusão do evangelho? Não seria de supor que ela continuou, com toda a tranquilidade, a contar aos outros o que havia visto e ouvido? Será que acreditaram nela? Será que ela estava entre as pessoas que foram dispersas quando a igreja de Jerusalém foi perseguida? Para onde ela foi? O que ela diria às seguidoras de Cristo de nossos dias?
A história de Maria Madalena é contada em Jo 19.25; 20.1-18; Lc 8.1-3; 23.49,55-56; 24.1-11; Mc 15.40-41,47; 16.1-11; Mt 27.55-56,61; 28.1-10
A MULHER EM BETÂNIA (*INTERPRETAÇÃO DO HEBRAICO BÍBLICO)
Todos os evangelhos narram a história de uma mulher que unge Jesus (Mt 26: 6-13; Mc 14: 3-9; Lc 7: 36-50; Jo 12: 1-8) - um evento em que Mateus, Marcos e John localiza na cidade de Bethany. De acordo com os dois primeiros evangelhos, Jesus pede que declare: “Em verdade vos digo que onde quer que este evangelho for proclamado
em todo o mundo, o que ela fez também será contado em sua memória” (Mt 26:13). Mc 14: 9). Por que o Messias elogia tão bem o feito dessa mulher? O que há de tão maravilhoso na mulher de Betânia? A resposta está na maneira que a ação dela antecipa o sacrifício de Jesus e aponta para as boas novas do amor de Deus.
em todo o mundo, o que ela fez também será contado em sua memória” (Mt 26:13). Mc 14: 9). Por que o Messias elogia tão bem o feito dessa mulher? O que há de tão maravilhoso na mulher de Betânia? A resposta está na maneira que a ação dela antecipa o sacrifício de Jesus e aponta para as boas novas do amor de Deus.
De acordo com Mateus e Marcos, quando Jesus fez uma refeição, "uma mulher veio com um pote de alabastro de ungüento ... e quebrou o pote e derramou sobre a cabeça" (Mt 26: 7; cf. Mc 14: 3). Embora os discípulos repreendam a mulher por desperdiçar perfume que poderia ter sido vendido pelo bem dos pobres, Jesus responde: “Por que você a incomoda? Ela fez um bom trabalho para mim…. Ela ungiu meu corpo (σῶμά μου; Soma mou ) antemão para o enterro”(Mc 14: 6, 8; cf. Mt 26:10, 12). A interpretação de Jesus sobre a boa ação da mulher prenuncia suas palavras na Última Ceia: “Pegue, coma; este é o meu corpo (σῶμά μου; somá mou ) ”(Mc 14:22; cf. Mt 26:26). Portanto,a mulher em Betânia antecipa a qualidade sacrificial do corpo de Jesus e desempenha um papel preparatório antes de sua morte expiatória.
Em João, a mulher - a quem o Quarto Evangelho identifica como Maria, irmã de Lázaro (cf. Jo 11, 2; 12: 3) - une os pés de Jesus, e não a cabeça. Maria “pegou uma litra de unguento caro… e ungiu os pés de Jesus (πόδας; pódas ) e enxugou (ἐκμάσσω; ekmásso ) os pés dele com os cabelos” (12: 3). A ação de Maria em Betânia antecipa a lavagem dos pés de Jesus um capítulo depois. Yeshua “derramou água em uma bacia e começou a lavar os pés dos discípulos (πόδας; pódas ) e a limpá- los (ἐκμάσσω; ekmásso) com a toalha enrolada em volta dele ”(13: 5). A disposição de Jesus de lavar os pés de seus discípulos reflete seu amor abnegado por eles e diz: “Assim como eu te amei, vocês também devem se amar” (13:34). Esse mesmo amor aparece no verso mais famoso do Novo Testamento: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho único, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). Em João, a mulher de Betânia fornece a Jesus o modelo para lavar os pés de seus discípulos e expressar seu amor abnegado antes de sua jornada para a cruz.
A mulher em Betânia pressagia o presente supremo de perdão de Jesus através do sacrifício. É por esse motivo que Jesus diz que “o que ela fez também será contado em memória (εἰς μνημόσυνον; eis mnemósunon ) dela” (Mt 26:13; Mc 14: 9). Da mesma forma, Jesus diz a seus discípulos que participem da Última Ceia " em lembrança (εἰς ... ἀνάμνησιν; eis anámnesin ) de mim" (Lc 22:19; cf. 1 Cor 11: 24-25). Assim como os seguidores de Jesus se lembram de sua morte através da participação de pão e vinho, os Evangelhos dizem que a mulher em Betânia será lembrada porque apontou para a importância dessa mesma morte. No entanto, hoje, não há refeição comemorativa ou feriado em memória da mulher em Betânia. Na Páscoa / Semana Santa, pode-se optar por afirmar a maravilha de Jesus com essa mulher comemorando uma noite em sua homenagem!
(*Este texto é parte de um artigo publicado em Israel Bible Center por Dr. Nicholas J. Schaser - Editado aqui por Costumes Bíblicos)
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Filipenses 1:9-11