A idéia de lei é central aos Cinco Livros e, como vimos, deu seu nome (Torá) ao livro como um todo. Na forma mais simples, abrangia os Dez Mandamentos (Êx 20; Dt 5), mas ligados a estes havia várias coleções de leis que foram classificadas como:
- O livro da aliança (Êx 21-23)
- O código de santidade (Lv 17-26)
- A lei de Deuteronômio (Dt 12-26).
Comparações feitas com outros códigos legais do antigo Oriente Próximo, especialmente o Código de Hamurábi, revelaram vários pontos de contato. Isto era de se esperar, pois Israel fazia parte da cultura mediterrânea oriental e compartilhava as idéias e experiências dos seus vizinhos. O que é mais significativo não são as semelhanças, mas as diferenças que dão um caráter todo especial às leis de Israel. Estas podem ser resumidas como:
- Seu monoteísmo rígido (tudo está relacionado com um só Deus)
- Sua preocupação notável com os desfavorecidos: escravos, estrangeiros, mulheres e órfãos
- Seu espírito de comunidade, baseado no relacionamento de aliança compartilhado por todo Israel com o Senhor Deus.
Jesus rejeitou a Lei?
Alguns cristãos acreditam equivocadamente que, no Sermão do Monte, Jesus rejeitou a lei judaica dando preferência a sua nova lei do amor. Mas as críticas de Jesus não foram dirigidas contra as leis, mas contra a maneira em que os rabinos as interpretavam. ("Vocês ouviram o que foi dito" era a frase rabínica tradicional para introduzir sua interpretação). Ele estava revelando a motivação interna por trás dos mandamentos, que os intérpretes não conseguiram detectar e valorizar.
A verdadeira intenção de Jesus
Você sabe o que Ele realmente quis dizer?
Durante o breve período em que Jesus ministrou publicamente para os judeus da Galileia, Ele disse muitas coisas que não foram fáceis de ouvir. Seus ensinamentos éticos eram difíceis de aceitar. Sua visão do Reino dos Céus era revolucionária. Mas, através de tudo isso, Sua devoção à Torá permaneceu firme. Para tranquilizar os Seus ouvintes a respeito disso, Ele proferiu um pensamento muito famoso e mal-entendido.
Jesus e a menor letra
O que é?
Qual foi a intenção de Jesus?
Jesus era judeu e pregava para um público judeu. Embora Ele fosse amado por muitos, alguns de Seus seguidores judeus estavam preocupados que Ele estivesse preconizando a erradicação da Torá e a criação de uma nova aliança em seu lugar. Essa nunca foi a intenção Dele. No Sermão da Montanha, Jesus assegurou aos Seus discípulos que, apesar do conteúdo revolucionário de alguns de Seus ensinamentos, Ele não tinha nenhuma intenção de "abolir a lei ou os profetas".
Nem um iota Jesus disse que "de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra" (Mateus 5:18). O texto original em grego do Evangelho de Mateus diz "nem um iota". A letra grega iota é derivada da letra hebraica yod. Seu nome se originou na palavra hebraica yad (יד), que significa "mão", porque tem a forma de um dedo mindinho. Yod é tão pequena que os antigos escribas às vezes a deixavam de fora das palavras para economizar espaço.
Veja o estado de espírito hebraico
O público de Jesus falava hebraico e teria compreendido de imediato a Sua colocação: a yod é a menor (e aparentemente mais trivial) letra no alfabeto hebraico. Assim, "não desaparecerá da Lei a menor yod" significa "nem mesmo o menor detalhe será eliminado da Torá".
Uma lista de "nãos"?
Algumas pessoas também criticam os Dez Mandamentos por serem negativos. Mas eles seguem uma afirmação positiva: "Eu sou o SENHOR, o teu Deus..." Aqueles que testemunharam a libertação que Deus operou e que vivem sob a soberania de Deus, devem demonstrar isto através de um comportamento distinto. Os Dez Mandamentos, portanto, começaram como a constituição de Deus para o povo que Ele tirou do Egito. Não se tratava de coisas genéricas, mas de ordens específicas para situações específicas: adoração, trabalho, vida familiar, casamento, respeito pela vida e propriedade, justiça elementar e o âmbito pessoal da vontade. Para todas as áreas da vida humana Deus tinha um mandamento que era explícito e inevitável. Cristo não o destruiu: antes, o cumpriu e ampliou.
E as outras regras?
Grande parte de Levítico e outras partes do Pentateuco são compostas de leis cerimoniais e rituais. O propósito destas leis era dar instruções para a administração cotidiana da comunidade israelita e também ensinar como um Deus Santo devia ser adorado por um povo santo. [A Igreja inserida em Israel, através de Cristo, também é o povo santo de Deus. Portanto, está sim, ligada à observância das Leis do Deus Santo e da do Seu Filho Jesus, que formou nEle "A IGREJA", Sua Noiva, pura e recatada, aceita pelo Pai e enxertada na promessa feita ao pai da fé Abraão [...] "E multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e darei à tua descendência todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra; (Gn 26.4)]. Assim, além de instruções relativas ao culto ou á adoração (festas, sacrifícios, etc.), foram dadas instruções detalhadas com vistas à preservação da pureza ritual. O povo israelita devia permanecer livre de contaminação de fontes externas, principalmente a influencia depravadora da religião dos cananeus. Eles deviam aproximar-se de Deus devidamente ciente da sua distinção moral e ritual.
Portanto, o que foi abolido, em Cristo, por Sua morte na cruz, foi a lei cerimonial; que inclui o sacrifícios de animais. Mas a Lei moral que é a dos DEZ MANDAMENTOS, é vigorante eternamente. E o elaborado sistema de sacrifícios cerimoniais cumpriu-se no sacrifício único de Cristo, o cordeiro perfeito de Deus, por intermédio de quem os pecados são perdoados e foi feita a expiação em favor de todos para sempre (veja Hb 10.1-18).
Êxodo: Deus sai em socorro
O quarto tema principal encontrado nos Cinco Livros e recorrente em toda a Bíblia é o êxodo do Egito, descrito em Êx 1-12. Para todos os judeus este foi e é o grande ato salvador de Deus, que gerações futuras lembram com gratidão.
- Foi uma intervenção milagrosa de Deus em resposta ao clamor de seu povo escravizado (êx 3.7)
- Foi essencialmente o ato de Deus - "com mão poderosa e braço estendido".
- Foi uma grande vitória sobre os deuses do Egito que demonstrou a supremacia total de Deus.
- Foi um momento na história lembrado e recordado anualmente na Festa da Páscoa.
Com frequência lembrava-se às gerações futuras que houve um tempo em que eram membros de uma comunidade escrava que Deus, em sua misericórdia, havia redimido da escravidão. Elas eram incentivadas a se lembrarem do passado e advertidas contra o perigo de esquecer o que Deus fizera por elas (Dt 6.12).
Como evento histórico o êxodo foi definitivo. O fato de que Deus fizera isto antes significava que poderia fazê-lo novamente.
Quando Israel estava no exílio na Babilônia, a nação esperava por um segundo êxodo (Is 51.9-11). E quando Cristo veia, sua obra de libertação foi descrita com a linguagem do êxodo (Lc 9.31).
Estes, portanto, são os quatro temas que estão sempre próximos da superfície, como constante preocupação destes cinco livros. O único outro tema que se repete com regularidade desanimadora é o pecado persistente do povo de Israel. Este demorou a aceitar Moisés como seu libertador. Reclamou das dificuldades da viagem. Até tiveram saudades da vida que tinham levado no Egito (devidamente romanciada, Nm 11.5).
Intimidaram-se diante da possibilidade de entrar na terra de Canaã e peregrinaram durante 40 anos no deserto da indecisão. Nem Moisés estava imune e foi castigado, sendo impedido de conduzir o povo para dentro da terra prometida. Mas o pecado não era novidade. Os capítulos introdutórios de Gn 1-11 deixaram isto claro, como vimos anteriormente. De forma notável, em sua soberana providência, Deus conseguiu lidar com a desobediência humana e encontrou um caminho através dela e para além dela.
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Filipenses 1:9-11