COSTUMES BÍBLICOS: Oséias


Oséias

Amor
  inextinguível de Deus
Oseias ("salvação") profetizou desde o reinado de Jeroboão II (791-750 a.C.) até o reinado de Ezequias (715-687 a.C.), provavelmente abrangendo um período de 35 a 40 anos. A maioria das mensagens de Oseias tem como foco o julgamento vindouro de Israel e, portanto, foi transmitida antes da queda de Samaria em 722 a.C.
Este é o primeiro e mais longo livro dos profetas "menores" (mais curtos), coleção que, na Bíblia Hebraica, é chamada de "O Livro dos Doze". Cronologicamente, Amós aparece alguns anos antes de Oséias.

O homem e sua época

Oséias foi profeta de Deus no século 7 a.C. Era contemporâneo de Isaías. Só que ele era do norte e a sua mensagem foi dirigida a Israel, o reino do Norte, embora ocasionalmente faça referência a Judá.
Oséias tornou-se profeta no final do reinado de Jeroboão ll, o último rei poderoso da nação. Ele profetizou durante os 40 anos seguintes, até pouco antes de Samaria ser conquistada pela Assíria em 722/1 a.C. Nessa época o país se deteriorou rapidamente. A rejeição de Deus e a ampla adoração de práticas religiosas pagãs causaram um declínio moral e político. 2Rs 14.23 - 17.41 conta a história desse período. O fato de, após a morte de Jeroboão, Israel ter tido seis em pouco mais de 20 anos, sendo que quatro deles assassinaram seus antecessores, dá uma idéia da instabilidade do país naquele tempo.

A mensagem

Os grandes temas de Oséias são amor - o relacionamento de aliança entre Deus e seu povo - juízo e esperança.
O que a infidelidade de Israel significava para Deus - como ele continuou a amar seu povo da aliança e a suspirar por seu retorno a ele - o profeta aprendeu através de uma amarga experiência pessoal, quando a esposa que ele amava o traiu e abandonou. Sua mensagem brota do coração. É por isso que seu livro é tão comovente, tão universal e tão especial.

Os 1.1 - 2.10: A mulher e os filhos de Oséias

Deus instruiu Oséias a casar com Gômer, uma mulher que Deus sabia que seria infiel. Este parece ser o significado do v. 2, que diz, literalmente:"Vai, toma uma mulher de prostituições". Em Oséias, "prostituições" tem um sentido duplo, descrevendo tanto relações sexuais ilícitas como atos religiosos de infidelidade.
Nasceram três filhos e cada um recebeu um nome que transmitia a mensagem de Deus a Israel: "Jezreel" (significando massacre e castigo), "Não-Amada" e "Não-Meu-Povo". Através do profeta, Deus estava dando ao seu povo uma última oportunidade de se arrepender, antes do juízo cair sobre a nação (2Reis 17.13-14). Apesar de recusa do povo, o propósito amoroso de Deus não seria frustado (1.10-2.1). Os castigados seriam abençoados. "Não meu povo" voltaria a ser o povo de Deus. "Não amada" voltaria a ser amada.
»Jezreel (14) Local de muitas batalhas sangrentas; aqui se faz referência ao massacre relatado em 2Rs 10.

Os 2.2-13: Mulher infiel - nação infiel

O apelo que Oséias faz a sua esposa infiel se funde com a voz de Deus dirigida a Israel. O povo adorava Baal, o deus cananeu da fertilidade, pensando que era ele quem dava boas colheitas e safras abundantes; mas, na verdade, tudo vinha de Deus. Eles seriam castigados.

Os 2.14-23: O Deus que ama

Na linguagem doce e terna de amor, Deus fala sobre um futuro melhor; uma nova aliança, incluindo a proteção do povo contra todos os perigos (de feras e também de agressão militar); e um povo comprometido com ele e fiel.
»Vale de Acor/da Desgraça (15) Perto de Jericó; o lugar onde Acã pecou e foi castigado (Js 7).
»Meu Baal (16) Significa "meu senhor". Era a palavra corriqueira para "senhor", "mestre", "marido", mas era, também, o nome do deus cananeu de fertilidade.
»Jezreel (22) A palavra significa "Deus semeia".

Os 3: A mulher de Oséias é posta à prova

Gômer, que aparentemente se tornara escrava de outro homem, foi trazida de volta e posta à prova. Novamente, a ação de Oséias e seu amor contínuo se transformam numa lição objetiva. Por exemplo, Israel também seria privado das coisas com que contava - seu rei e seus símbolos religiosos - mas no momento apropriado voltaria para Deus.
»Bolos de passas (1) Oferecidos aos deuses da fertilidade na esperança de obter uma boa colheita.
»V. 4 Os sacrifícios e a estola sacerdotal faziam parte da adoração aprovada por deus; a coluna e os ídolos do lar faziam parte do sincretismo pagão.

Os 4: A acusação de Deus contra Israel

De agora em diante não há mais menção da família de Oséias. Mas aquela experiência permanece e ela influencia o restante do livro. A verdadeira fé em Deus se expressa em obediência às suas leis. A "prostituição" de Israel no âmbito religioso levou à prostituição no sentido literal (10-14). A religião pagã com suas prostitutas culturais trouxe consigo a degradação sexual (13-14) e o colapso da lei e da ordem na sociedade (os Dez Mandamentos básicos estavam sendo quebrados , v. 2). Os sacerdotes, que falhavam em ensinar as leis de Deus e tiravam proveito da situação (4-9), bem como os homens de Israel (14) eram responsáveis pelo que havia acontecido. E disso Deus lhes pediria contas.
»V. 15 Bete-Áven/Bete-Avém significa "casa da impiedade" e era um nome depreciativo de Betel ("casa de Deus"), um dos centros religiosos no reino Norte. Gilgal, perto de Jericó, também era um importante centro de adoração.
»Efraim (17, ARA) A tribo mais poderosa representava a nação de Israel. NTLH traduziu por "o meu povo".

Os 5: Juízo

Uma geração cresceu sem conhecer a Deus (7). O grito de alarme foi dado nas fronteiras de Judá, pois Judá compartilhava o pecado com o qual Israel se havia habituado (8-12). Nem mesmo o grande rei da Assíria (13; Tiglate-Pileser III - veja 2Rs 16.5-9) podia salvá-los do juízo de Deus.
Estes versículos provavelmente referem-se à guerra de Israel e Síria contra Judá (2Rs 15.27-30; 16.5-9).
Um povo colhe o que semeia.
 Deus devolveria
 a prosperidade ao povo,
 caso eles se voltassem para ele.
 Cena de colheita
 nas colinas da Judéia.
O v. 15 expressa o anseio de Deus. Seria o sofrimento capaz de alcançar o que a prosperidade não havia conseguido, servindo, nas palavras de C.S Lewis, como "megafone de Deus para despertar um mundo que não quer ouvir"?
»mispa, Tabor, vale das Acácias (1-2, NTLH) Lugares onde havia templos para a adoração de Baal.

Os 6.1-6: Arrependimento que não durou muito

O sofrimento fez o povo voltar-se a Deus novamente. Mas não houve mudança profunda ou de longo prazo. Seu "amor" evaporou como orvalho no sol quente. Deus queria um amor duradouro e um verdadeiro conhecimento dele.
Judéia
Judeia
Os vs. 4-6 expressam a perplexidade do Deus de amor diante da atitude de seu povo. Em Mt 9.13; 12.7, Jesus retomou a importante afirmação de que Deus queria o amor de seu povo, não holocaustos.

Os 6.7-7.16: Catálogo de pecados

Os sacerdotes se transformaram em assaltantes. No centro da religião nacional, em Siquém, havia intriga e assassinato (6.7-10). Na corte não era diferente. Os reis eram mortos em conspirações (7.6-7). Israel recorria a povos estrangeiros (8-9), potências estrangeiras (11), deuses estrangeiros (16), mas nunca recorria ao Senhor. A linguagem de Oséias é marcante pelas figuras que ele emprega. (8,11-12).
»Forno (7.4) Eles assavam seus pães achatados em chapas quentes colocadas sobre brasas. O pão (8) tinha que ser virado para assar de ambos os lados.

Os 8: Deus é desprezado

Israel seria envolvido no turbilhão do juízo divino. Eles fabricam deuses, inventaram leis, coroaram reis que lhes agradavam, fazendo de conta que Deus e suas leis não existiam. Mas nem ídolos nem aliados podem ajudar quando o Deus que eles esqueceram começar a agir.
»Bezerro (5) Jeroboão, o primeiro rei de Israel (o reino do Norte), colocou duas imagens em templos da região para fazer concorrência ao Templo de Jerusalém (1Rs 12.28). O bezerro tinha uma antiga associação com cultos pagãos no Egito e em Canaã.

Os 9: Um destino terrível para Israel

É provável que Oséias tenha anunciado esta mensagem no momento culminante da festa da colheita da uva (1-5). O povo podia chamá-lo de tolo, mas ele sabia que era sentinela de Deus e por isso tinha que falar (7-8). Israel se tornaria uma nação escrava da Assíria, como fora do Egito (3,6). O pecado se tornara habitual, arraigado, a ponto de Deus finalmente retirar seu amor (12,15). Por terem andado sem rumo, afastando-se de Deus, eles andariam errantes entre as nações (17). É de David Hubbard a triste afirmação de que "desde a época em que Oséias fez essa ameaça até os nossos dias, a grande maioria dos filhos e filhas de Israel tem Diáspora (Dispersão) por endereço."
»Mênfis (6) As pirâmides com os túmulos dos reis do Egito se encontravam ali desde o século 26 a.C.
»Gibeá (9) Para a corrupção mencionada aqui, veja Jz 19.
»Baal-Peor (10) Veja Nm 25.
»Gilgal (15) Centro de adoração a Baal, mas também o lugar onde Saul foi aclamado rei (1Sm 11.14-15). Provavelmente era isto que Oséias tinha em mente. O desejo do povo de ter um rei trazia em si os germes do perigo. Alguns dos reis posteriores usurpariam o lugar de Deus como verdadeiro Líder do seu povo.

Os 10: Desgraça e destruição

Externamente, o rico povo de Israel dava mostras de grande religiosidade (1), mas internamente se distanciava cada vez mais de Deus. A imagem do bezerro em Betel se tornara o único "rei" da nação (3-5), rei destinado à destruição (6-8). Agora estavam colhendo o que plantaram há muito tempo (13). Porém, ainda havia a possibilidade de fazer uma semeadura bem diferente (12).
»Salmã (14) Provavelmente se trata de uma referência à recente invasão de Gileade por Salmana, de Moabe.

Os 11: O amor do Pai

Este capítulo nos dá uma idéia do coração infinitamente amoroso e paterno de Deus. Durante a sua longa história, desde a época em que estava no Egito, e apesar de tudo que Deus havia feito por eles, Israel rejeitou o amor de Deus (1-4). A nação não merecia misericórdia (5-7). Entretanto, Deus não consegue decidir-se pela destruição do povo (8-9). Ele fica dividido entre o amor e a justiça, e nenhum destes podia ser negado. Esta é a dor que ele tomou sobre si na cruz de Cristo.
»Admá e Zeboim (8) Duas cidades ao sul do mar Morto, provavelmente destruídas junto com Sodoma e Gomorra (Gn 19).

Os 12: Lições da história

É difícil de acompanhar a sequência deste capítulo. Israel precisava ser lembrado do astuto Jacó (3-6,12) e como ele aprendeu a a depender de Deus, e esquecer a independência de que se orgulhavam e a confiança em potências estrangeiras. O povo zombava dos profetas de seu tempo. Precisavam lembrar que foi através de um profeta (Moisés, 13) que Deus criara a nação.
»Vs. 3-4,12 Incidentes relatados em Gn 25.21-26; 32.22-32; e cap. 29.

Os 13: O vento oriental do juízo divino

Israel podia voltar-se a Baal e outros ídolos, mas na verdade não havia Deus além do Senhor. O povo pode esquecê-lo ou não levá-lo em conta, mas ele existe; e se ele advertiu, dizendo que traria juízo, é bom saber que ele tem poder para fazer o que anunciou.
»Vento leste (15) O vento quente do deserto que seca tudo em seu caminho.

Os 14: "Volte ó Israel"

Após o tom enérgico do cap. 13, este último capítulo é cheio de amor e súplica. O caminho estava aberto. Não havia necessidade de passar pelo fogo do juízo. era preciso pedir perdão a Deus (2-3) para encontrar o seu amor e iniciar uma vida nova e transformada (4-7). Este era a única decisão realmente sábia (9).
lírios
"Serei para Israel como orvalho; ele florescerá como lírio" (Os 14.5). Deus promete a seu povo uma nova vida, quando eles retornassem a ele.
Oséias colocou isto de forma bem clara, mas os seus contemporâneos não lhe deram ouvidos. Os assírios vieram e destruíram Samaria, a esplêndida capital de Israel. Levaram os israelitas restantes ao exílio e repovoaram sua terra com estrangeiros. Quando Deus ameaça com juízo, ele não está brincando.

O Julgamento de Deus foi Final?(*)

No julgamento de Jesus, uma multidão enfurecida, provocada por seus líderes, pediu a morte de Jesus e gritou: “Que o sangue dele caia sobre nós e sobre nossos filhos!” (Mateus 27:25). Essas palavras terríveis alimentaram a crença de que Deus rejeitou Israel permanentemente e abandonou o povo judeu no julgamento. Felizmente, este não é o caso.
As observações de Jesus sobre o derramamento do sangue inocente de Zacarias em Mateus 23 prenunciam o derramamento de seu próprio sangue inocente que poluiria o Templo e traria sua destruição final, bem como a destruição da Cidade Santa de Jerusalém. Os rabinos também acreditavam que tanto o Templo quanto a cidade de Jerusalém seriam destruídos pelo derramamento de sangue inocente. Por causa do pecado do derramamento de sangue, o Tosefta revela, “a Shekinah partiu e o Santuário está profanado” ( t. Yoma 1:12b). - [Tosefta : do hebraico תוספתא "suplemento" é uma segunda compilação da lei oral no período da redação da Mishná - cerca de 200 d.C.]
Mas a morte de Jesus significou que Deus abandonou Israel como muitos insistem? Absolutamente não! Embora os profetas proclamassem que Deus puniria Israel por sua incredulidade, eles também insistiam que Ele redimiria, purificaria e restauraria Israel por causa de Sua fidelidade à aliança. Mateus justapõe o clamor do povo pela morte de Jesus antes de sua execução com os eventos milagrosos que ocorreram no momento de sua morte. Evocando a profecia de Ezequiel sobre os ossos secos (Ezequiel 37) que viriam à vida (simbolizando a renovação espiritual e a restauração física de Israel), Mateus relata que os túmulos se abriram e muitos “santos” foram ressuscitados e entraram na ainda “Cidade Santa” ( Mt 27:50-53).
Este evento milagroso antecipou a futura purificação e restauração de Israel sob o Pastor-Rei Davídico do SENHOR (Ezequiel 34: 23-31).
Deus, em Sua misericórdia, recusou-se a conceder o pedido da multidão enfurecida. Ele não amaldiçoou o povo judeu por causa da morte de Jesus. Jerusalém foi de fato destruída em 70 EC, mas não é aí que a história termina!
(*Esse texto é parte de um artigo publicado originalmente em Israel Bible Center/Editado aqui por Costumes Bíblicos)
À luz do que foi dito acima, quero convidá-lo a crescer junto comigo na obtenção de um entendimento mais profundo das escrituras.



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Filipenses 1:9-11

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