COSTUMES BÍBLICOS: JESUS numa sociedade pluralista


JESUS numa sociedade pluralista

Na Palestina do tempo de Jesus, a sociedade
 era diversificada, mais ou menos como a nossa.
 Em Cesaréia de Filipe, onde Pedro confessou que
 Jesus era o Messias enviado por Deus,
 havia um templo dedicado ao deus grego Pan.
 Nichos escavados na rocha para abrigar
 estátuas de deuses podem ser vistos ainda hoje.
JESUS numa sociedade pluralista
Os autores bíblicos viviam num ambiente social tão pluralista quanto o nosso em matéria de religião. Israel foi chamado para andar nos caminhos do Senhor sob o olhar atento de outras nações. A singularidade do etos social de Israel vinha da revelação única que Deus confiara a Israel.
Deus, como criador e soberano do mundo, estava agindo na história de todas as nações e culturas. Mas em nenhuma nação além de Israel Deus agiu por amor a todas as nações.
Sempre que os israelitas pensavam que Deus era apenas mais uma divindade tribal ou tentavam adorar a Deus à maneira dos ritos de fertilidade comuns entre os cananeus, eles estavam traindo a sua vocação no mundo.
Segundo os autores dos Evangelhos, a história de Israel alcança a sua verdadeira plenitude em Jesus de Nazaré. Ele incorpora os propósitos de Deus para as nações ao viver como o Filho que é fiel a Deus. Ele é aquele sobre quem Moisés havia escrito, aquele que fez com que Abraão ficasse alegre, ao ver o tempo da vinda dele, aquele que é Senhor até de Davi. Nele converge o conjunto de imagens do Antigo Testamento, tanto do "Servo de Deus" de Isaías, suportando a ira de Deus para curar as nações, quanto do "Filho do Homem" de Daniel, recebendo um reino eterno que abrange todos os povos.
Mas Jesus também traz a história de Deus a seu verdadeiro clímax. Desde o início, a igreja cristã, que também vivia num mundo religiosamente pluralista, considerou adequado falar de Jesus na linguagem usada para Deus nas escrituras hebraicas. Eles adoravam ou prestavam culto a Jesus. Algumas das primeiras "cristologias" eram expressas em hinos de adoração coletiva.
"A reivindicação não é tanto que Jesus é como Deus, mas que Deus é como Jesus." 
Um fragmento de um destes hinos primitivos provavelmente encontra-se nas palavras seguintes, escritas cerca de 25 anos após a crucificação. É parte de uma carta que Paulo, líder cristão de origem judaica, escreveu para uma das igrejas que fundara na colônia romana de Filipos. Ele escreve sobre "Cristo Jesus" (Fp 2.6-11):
Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.
Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;
Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. (Fp 2:6-11)
Nesta passagem, " o nome que está acima de todo nome" é uma alusão clara a Is 45.22-24 na Bíblia hebraica, uma passagem na qual Deus declara ser o único Salvador universal. Ele convoca todas as nações da terra a dobrarem os joelhos diante dele. Mas aqui, é ao nome de Jesus que, no final da história humana, todo joelho se dobrará. O mundo inteiro reconhecerá que Jesus é o Senhor verdadeiro. E esta reivindicação surpreendente é feita sobre um criminoso judeu que fora recentemente executado!
Igualmente literário em que isto aparece - uma exortação para imitar esse Cristo em sua mentalidade humilde e atitude de servo!
Aqui novamente, como no Israel antigo, o povo da aliança de Deus (neste caso, a igreja de judeus e gentios) proclama a singularidade de Deus/Cristo andando como Deus/Cristo andou.
Ruínas de uma antiga igreja em Gadara,(FOTO) uma das Dez Cidades (gregas) que, na época de Jesus, ficavam nas imediações da Galiléia, Jesus fez a afirmação de que ele é o único caminho que leva a Deus num mundo semelhante ao nosso, ou seja, um mundo em que diferentes religiões disputavam a preferência das pessoas. 
Esta visão elevada de Jesus certamente veio da maneira como o próprio Jesus via sua relação com Deus e Israel. Tanto o ensino de Jesus quanto seu estilo de vida implicam uma profunda auto-compreensão. Para Jesus, o "reino de Deus" - a grande esperança de Israel quanto à presença salvadora de Deus - estava irrompendo no mundo, e tomando forma em e por meio de suas palavras e ações.
Na sua presença, homens e mulheres recebiam perdão incondicional de seu pecado. Pessoas que haviam fracassado moralmente e não tinham vez na sociedade recebiam uma nova identidade e eram inseridos em novos relacionamentos. Ao declarar tal perdão Jesus deixava de lado o Templo com seu sacerdócio divinamente instituído e seu sistema sacrificial. Como o Templo em Jerusalém representava a própria identidade de Israel como nação, a ação de Jesus era realmente radical.
Jesus apresentou-se também como aquele a quem todas as nações prestarão contas no fim da história. Na história extraordinária do julgamento final em Mt 25.31-46, a base do julgamento será a resposta das nações a ele - expressas na sua resposta àqueles com quem ele se identificou. A forma positiva como Jesus muitas vezes assumia direitos e prerrogativas de Deus escandalizou seus contemporâneos e provocou a indignação das autoridades religiosas.
No centro da fé e da pregação dos primeiros discípulos estava a afirmação de que Jesus havia sido ressuscitado por Deus: que durante um período de 40 dias após sua crucificação ele apareceu a eles num corpo físico e depois continuou a comunicar-se com eles, a "habitar" neles e capacitá-los por meio de uma nova atuação do Espírito.
Na crença judaica daquele tempo, "ressurreição" representava a derrota do mal, a vinda de uma nova ordem mundial. Esta linguagem foi aplicada a Jesus após a sua ressurreição porque deu significado a suas palavras e obras anteriores à crucificação. Por intermédio de Jesus, o Deus Criador tiraria sua criação da sujeição ao mal e à morte e a elevaria para compartilhar sua própria vida.
"É ao nome de Jesus que, no final da história humana, todo joelho se dobrará." 
A esperança judaica de ressurreição agora se torna fé em Jesus que, em Jo 11.25, afirma ser "a ressurreição e a vida". Ao ressuscitar Jesus, Deus lhe deu seu próprio poder de levantar os mortos. Ele é o "Autor da vida" (At 3.15), "aquele que vive" (Ap 1.18; comparar com o uso desta expressão como título divino em Dt 5.26; Js 3.10; Sl 42.2, etc.), o "espírito vivificante" (1Co 15.45), aquele a quem o Pai concedeu "ter vida em si mesmo" para que também possa dar vida a outros (Jo 5.21-26).
Ao falarem de Jesus, Espírito e Deus ao mesmo tempo, os apóstolos não só fazem declarações extraordinárias sobre Jesus, mas também fazem declarações surpreendentes sobre Deus. A reivindicação não é tanto que Jesus é como Deus, mas que Deus é como Jesus. Jesus, e especialmente Jesus na sua crucificação, é de certa forma a plenitude da divindade numa personalidade humana. Com esta convicção os primeiros cristãos se negavam a considerar-se apenas membros de uma "religião" entre várias: eles eram testemunhas entre as nações do que Deus, em Jesus, fizera por toda a humanidade.

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Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo;
Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
Filipenses 1:9-11

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