COSTUMES BÍBLICOS: I E II Pedro


I E II Pedro

I E II PEDRO 

RESUMO 

IPedro: VIVER EM SANTIDADE - Pedro escreve para incentivar os cristãos que enfrentam sofrimentos e tempos difíceis. Lembra-lhes que têm muitos motivos para se alegrarem em Cristo e os motiva a viverem de um modo que reflita a santidade de Deus.
IIPedro: CRESCENDO EM GRAÇA - Esta epístola combate falsos mestres, que serão julgados por Deus. Pedro motiva seus leitores a viver uma vida irrepreensível, enquanto aguardam o dia da vinda do Senhor, que certamente virá. 



I Pedro: O apóstolo Pedro é um dos homens mais interessantes do Novo Testamento. Mas, embora seja o apóstolo mais proeminente nos evangelhos, ele escreveu apenas dois livros do Novo Testamento. Quando ele chegou a escrever sua primeira epístola, as coisas estavam ficando perigosas para os cristãos na Ásia Menor. Pedro os chama de "estrangeiros dispersos", referindo-se à posição deles no mundo como forasteiros e estrangeiros. Talvez eles tivessem sido espalhados pela perseguição (At 8.1). Ou o termo "estrangeiros" possa ser uma metáfora espiritual vinculando-se à tarefa cristã em um mundo pagão. De qualquer forma, por volta de 64 d.C., o ano em que Nero começou seu violento ultraje contra os cristãos em Roma, Pedro escreveu para exortar os cristãos a perseverarem nas crescentes perseguições com uma confiante expectativa da volta de Cristo. 

  • Destinatários da 1ª epístola: Os cristãos das províncias do Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia (norte da Ásia Menor) 
  • Local da escrita: Provavelmente em Roma 
  • Data: Por volta de 64 d.C. 
  • Palavra-chave: Esperança (gr. elpis), sofrimento (gr. pathema) 

Pedro

Pedro conheceu Jesus através de seu irmão André (Jo 1.40-42). Os dois irmãos eram de Betsaida, uma aldeia de pescadores. Mas, quando Jesus os chamou para deixarem sua atividade de pesca e segui-lo, eles moravam em Cafarnaum, na extremidade norte do lago da Galiléia.
Pedro logo se tornou líder e porta-voz do grupo de 12 discípulos que acompanharam Jesus durante os anos de seu ministério público. Ele era um dos três mais íntimos que viram alguns dos maiores milagres de Jesus e que puderam vê-lo em sua verdadeira glória (Mc 9;2Pe 1.16-18). Mas quando Jesus foi julgado, Pedro, apesar de suas bonitas promessas, negou que o conhecia - um fato que ele jamais esqueceu. Sabendo do arrependimento de Pedro, Jesus, ressuscitado dentre os mortos, apareceu a ele antes de aparecer a qualquer dos outros apóstolos. E ele se tornou um líder da nova igreja, como Jesus previra (Mt 16.13-20), e o primeiro a anunciar as boas novas sobre Jesus (At 2).
Segundo a tradição, Pedro passou os últimos anos de pregação e ensino (e, em suas viagens, ele era acompanhado por sua esposa) em Roma. Ali ele teria sido crucificado, de cabeça para baixo, durante a terrível perseguição fomentada pelo imperador Nero, que começou em 64 d.C. A referência à "Babilônia" em 1Pe 5.13 pode ser uma forma velada de se referir a Roma (como em Ap 16.19 e outras passagens).
II Pedro: A segunda carta contém as exortações e advertências finais do velho apóstolo. Ele diz que quer deixar para trás algumas coisas pelas quais possa continuar a exortar ou "motivar" seus leitores (1.13) - para atiçar a mente e os ouvidos deles, relembrando-os de seus ensinamentos anteriores. Esta é também uma das diversas epístolas do Novo Testamento que descreve em grande detalhe uma onda crescente de falsos mestres (cap. 2) e adverte os verdadeiros cristãos a se oporem contra elas e rejeitarem suas falsas doutrinas. 

  • Destinatários da 2ª epístola: Crentes na Ásia Menor e em outros lugares 
  • Local da escrita: Provavelmente em Roma 
  • Data: Por volta de 65-67 d.C. 
  • Palavra-chave: Crescer (gr. auxano), conhecimento (gr. gnosis) 

2Pedro e Judas

Quinze dos 25 versículos de Judas aparecem também - alguns completos, outros parcialmente - em 2Pedro, e as duas epístolas têm muitas ideias em comum. Isso significa que: 

  • elas foram escritas pelo mesmo autor
  • ou que um se baseou no outro
  • ou que ambas se basearam numa fonte comum. 
Como é amplamente aceito que, na sua primeira epístola, Pedro se baseou num catecismo (ou sermão) usado no batismo, é possível que também tenha usado material existente ao escrever a segunda epístola.

I Pedro

1Pe 1: Aguardando com esperança
Mesmo em tempos de sofrimento, há muitas coisas que alegram o coração e pelas quais se pode agradecer a Deus: o dom da nova vida; a ressurreição de Jesus que nos dá "uma viva esperança"; a herança que um dia receberemos e que está sendo "guardada" para nós pelo próprio Deus (3-5). As provações têm um propósito: elas testam a fé e mostram que ela é genuína. Os dias sombrios são curtos, se comparados com a alegria futura (6-9).
Os profetas falaram desse dom da salvação, prevendo o sofrimento de Cristo - e a glória que viria depois (10-12). Essas são as coisas que "vos foram anunciadas" pelos mensageiros das boas novas de Deus que proclamaram coisas que os próprios anjos gostariam de entender.
Tendo em vista o preço do resgate que foi pago (18-21), a nova vida deve ser diferente da antiga maneira de viver. Ela exige santidade (13-17), pureza, e amor sincero (22).



Dispersão (1.1, ARA) Veja nota em Tg 1.1, e "A dispersão judaica". Caso se interpretar a palavra como significando a igreja (judeus e gentios) que se encontra dispersa, a tradução poderia ser " estranhos no mundo".
Vs. 10-12 Os profetas do AT tinham uma mensagem para o seu próprio tempo, mas também previram o futuro, quando Cristo viria. O autor de Hebreus escreveu algo muito semelhante (Hb 11.39-40).
1Pe 2--3: Vivendo como povo de Deus 
Não fiquem parados no estágio infantil, diz Pedro a seus leitores. Cresçam na fé! Lembrem-se de quem vocês são (2.1-10): o povo pertence a Deus, escolhido para revelar as coisas maravilhosas que ele fez; pedras vivas usadas na construção de um templo espiritual alicerçado na pedra fundamental que é o próprio Cristo. 
Sejam exemplos de vida (2.11-17). Não dêem motivo para qualquer acusação contra vocês. (Os cristãos da época de Pedro tinham que enfrentar as calúnias de que praticavam o incesto, se entregavam a orgias sexuais - e até mesmo de que eram canibais.) Obedeçam às autoridades civis (e Pedro escreveu isso quando Nero era o Imperador!). Sobre esse assunto, veja também Mc 12.17; Rm 13.1-7. 
Escravos maltratados têm seu modelo em Cristo, que suportou sofrimento imerecido sem ameaçar ou argumentar em sua própria defesa (2.1-25). Assim como Deus, "o justo juiz", trouxe bênção para todos através do sofrimento de Jesus, ele também abençoará aqueles que sofrem por fazerem a vontade dele. 
Também a esposa deve se submeter à autoridade de seu marido (3.1-6), e ganhar o marido incrédulo pelo seu modo de agir. (Isso não significa que a esposa seja menos importante ou inferior. Wayne Grudem afirma que "Jesus se sujeitou a seus pais e a Deus Pai".) Ela deve seguir o exemplo, não das modelos, mas das mulheres de fé, pessoas como a matriarca Sara, que irradiam beleza interior. Deve não apenas levar uma vida correta, mas também viver sem medo e preocupação (6). O marido cristão, por sua vez, deve respeitar a esposa (7). Em termos da nova vida que Deus dá, o marido e a esposa são iguais. Um bom relacionamento é vital, não só para sua felicidade conjugal, mas também para sua saúde espiritual, pois a oração cessa num ambiente de tensão. 
Os vs. 8-17, concluindo, se referem a todos os cristãos. Sejam amorosos,bondosos, humildes. Retribuam o mal com o bem. Façam o bem: mantenha a consciência limpa. Não há necessidade de ficar ansioso nem de ter medo. É melhor sofrer por fazer o bem do que por fazer o mal. Cristo morreu, o justo pelos injustos, para nos levar a Deus (18-22). Jesus ressuscitou, está agora à direita de Deus, e nos capacita a comparecermos diante dele de consciência limpa, purificados do pecado. 
Pedra viva (2.4) Uma metáfora de uso frequente no NT para designar Cristo (veja Mc 12). As citações são de Is 28.16; Sl 118.22; Is 8.14-15.
Sacrifícios espirituais (2.5) Veja p.ex., Rm 12.1; Hb 13.15-16.
Espíritos em prisão... (3.19-22) Wayne Grudem apresenta as questões levantadas por esses versículos de difícil interpretação, fazendo três perguntas: 

  1. Quem são os espíritos em prisão? São incrédulos que morreram? Fieis do período do AT que morreram? Seriam anjos caídos? 
  2. O que foi que Cristo pregou? Tratou-se de uma segunda chance de arrependimento? Teria ele anunciado a conclusão de sua obra redentora? Teria ele pregado a condenação definitiva daqueles espíritos? 
  3. Quando ele pregou? Foi nos dias de Noé? No período entre sua morte e ressurreição? Depois de sua ressurreição? 
Grudem defende a posição de que Cristo estava "em espírito" pregando através de Noé quando a arca foi construída. Agostinho, Tomás de Aquino e alguns estudiosos modernos concordam com isto.
Segundo outro ponto de vista, baseado em passagens semelhantes em Judas e 2Pedro, os "espíritos em prisão" são anjos caídos que estão no tártaro (não no inferno), uma masmorra mencionada também por Isaías (24.22). O objetivo dessa proclamação não é redenção, mas o anúncio da vitória sobre os poderes das trevas.
Há, ainda, outras explicações para essa passagem.
A água do dilúvio, que destruiu o mundo, salvou Noé e sua família, ao fazer a raca flutuar. De modo semelhante, diz Pedro, a água do batismo "agora também vos salva". Pode-se dizer que foi a arca, não a água, que salvou Noé. Da mesma forma, não é o batismo em si, mas o Cristo ressurreto que, pela fé, salva aqueles que, nele, são purificados do pecado.
1Pe 4--5: Quando vier o sofrimento
Pedro previu um período de sofrimento e perseguição para seus leitores. Quando viesse, eles teriam que estar preparados - calmos, alertas, dedicados à oração e ao amor ao próximo (4.7-8). A antiga maneira de viver ficou no passado (4.3-4). Agora cada um dos seguidores de Cristo recebe um dom para servir aos outros (4.10). Não deveria ser surpresa que os cristãos sofrem por amor a Cristo (4.12). Isso é motivo de alegria, não de desânimo! O sofrimento de Cristo trouxe glória - glória que será compartilhada por seus fieis seguidores.
Como líder, e testemunha da crucificação de Jesus, Pedro apela aos líderes da igreja para que tenham um verdadeiro "espírito pastoral" (5.14; e veja Jo 10 e Jo 21.15-17). Os mais jovens (5.5) devem respeitar a autoridade deles. Os cristãos precisam ter um espírito genuinamente humilde. Também precisam de firmeza na fé para enfrentar terrível e contínua oposição (8-9). Mas Deus nunca deixa de cuidar de seu povo. O sofrimento é apenas temporário: a força e o poder de Deus são infinitos.
4.1 Pedro fala daqueles que sofrem por fazerem o bem (3.17), não dos sofredores de modo geral.
4.6 a mortos Isto é, cristãos agora mortos. Eles, como outras pessoas, sofreram o juízo da morte, mas viverão.
4.8 O amor cobre/perdoa... Provérbio citado também em Tg 5.20.
4.17 Juízo/julgamento (4.17) A ideia pode ser uma continuação de 4.6 (veja acima).
5.5-11 Esses versículos refletem o pensamento de Tg 4.6-10. O propósito do rugido é meter medo, mas Satanás já não tem poder de destruir aqueles que pertencem a Cristo.
Em suas epístolas, Pedro fez uso de analogias marcantes, tiradas (como no caso de Jesus) da vida no campo: pastores e rebanhos, plantio e colheita, fonte de água e névoa impelida por temporal. Essas imagens eram, certamente, familiares aos leitores de Pedro, que viviam na região onde fica hoje a Turquia. ()
Silvano (5.12) Silas, companheiro de Paulo na sua segunda viagem missionária (At 15.22,32-33), e ligado a ele na composição das cartas aos tessalonicenses.
Babilônia (5.13) Provavelmente uma forma velada de se referir a Roma (veja Ap 17).

2PEDRO

2Pe 1: Conhecer Deus e a verdade
O propósito de Deus para o seu povo é que tomem parte na sua natureza divina - nada menos do que isso (4). Assim, à fé devem ser acrescentadas outras qualidades (5-8). Dessa forma, o conhecimento de Cristo se traduz em ação (8). Pedro não hesita em refrescar a memória de seus leitores com relação à verdade já que eles já conhecem, especialmente agora que ele sabe que a morte se aproxima (12-15).
A mensagem cristã não se baseia em mitos e lendas, mas em evidência de testemunhas oculares (16). Pedro jamais esqueceu o que viu e ouviu naquele dia, no monte, quando Jesus lhes mostrou a sua glória, e faz um relato pessoal do significado daquele acontecimento (16-18; Mt 17.5). O testemunho dos profetas foi confirmado como palavra do próprio Deus (19-21).
V. 14 Pedro, prestes a morrer, lembra as palavras de Senhor (Jo 21.18-19).
V. 19 As Escrituras iluminam nosso caminho pela vida até o dia da vinda de Cristo (Sl 119.105; Ap 22.16).
V. 20 Isso pode significar, ou que "não é a interpretação que autentica a mensagem do profeta", ou que "a verdadeira interpretação, como a mensagem em si, é dada por Deus".
2Pe: Falsos mestres, e seu destino
O tema deste capítulo é muito parecido com o de Jd 14-16. É melhor prevenir do que remediar, e, por isso, o autor previne seus leitores contra os falsos mestres quer já haviam feito estragos em outros grupos cristãos. Esses mestres desprezam as autoridades (10). Não respeitam ninguém. Promovem a perversão dos costumes, e seu modo dissoluto de viver nega o Senhor e envergonha a sua igreja (13-15). Eles vendem ilusões, prometendo liberdade de restrições o que, na verdade, é outra escravidão (19). Seu castigo é certo e terrível (4-10). O resgate do povo de Deus também é certo. O autor usa exemplos do AT: o dilúvio, e o resgate de Noé (Gn 6--8); a destruição de Sodoma e Gomorra, e o resgate de Ló (Gn 19).
Anjos (4,10-11) Veja nota em Judas.
Balaão (15) Aparentemente esse profeta verdadeiro virou a casaca quando chegaram ao seu preço ou lhe fizeram uma oferta tentadora (Nm 31.16).
Vs. 19-22 Esses falsos mestres haviam sido cristãos ortodoxos. Agora seu estado é pior do que antes de conhecerem a Cristo.
2Pe 3: Deus cumprirá a sua promessa
Os anos se passaram e o esperado retorno de Cristo ainda não aconteceu. Tudo continua do mesmo jeito que era desde a criação do mundo. E o que é feito da promessa de Deus? Sempre existem pessoas dispostas a zombar (3-5), mas Deus mostrará que a sua palavra, transmitida pelos profetas e apóstolos, é confiável (2). A palavra de Deus é tão poderosa que foi por meio dela que Ele criou o mundo em que vivemos (5; Gn 1.3). Se Deus "demora", isto é sinal de longanimidade, não de fraqueza (8-9). Não há diferença de opinião entre Pedro e "nosso amado irmão Paulo": ambos falam sobre esses assuntos em termos semelhantes (15-16). É claro, como diz Pedro, todos nós concordamos que algumas partes do ensino de Paulo são um tanto difícil de entender!
A certeza de que Jesus virá, que isso pode acontecer a qualquer momento, é o incentivo mais forte que temos para viver a vida cristã (11,14). O conselho final do autor é no sentido de ficarmos alertas: "Continuem a crescer na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo."
Segunda epístola/carta (1) A primeira pode ser 1Pedro, ou alguma outra carta que se perdeu.
Os pais dormiram (4, ARA) Esses pais podem ser os pais do AT, ou, então, os primeiros cristãos. "Dormiram": era assim que Jesus falava da morte.
Vs. 5-7 "Há um interessante paralelismo nesses três versículos. Pela sua Palavra e por meio da água, Deus criou o mundo (5); pela sua Palavra e por meio da água, Ele o destruiu(6); pela sua Palavra e por meio do fogo, ele o destruirá no juízo vindouro (7)" (Michael Green).

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