COSTUMES BÍBLICOS: AS EPÍSTOLAS DO NT

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Judas

JUDAS 
RESUMO
Uma carta de severa advertência para ajudar os leitores a fazer frente à nefasta influência dos falsos mestres na igreja.
Judas se tornou um dos líderes menos conhecidos com seu irmão Tiago nas primeiras décadas da igreja. Ele tinha a intenção de escrever uma carta doutrinária aos cristãos sobre a salvação. Mas, quando ele descobriu que muitos falsos mestres e pessoas imorais tinham se infiltrado nas igrejas, ele foi guiado pelo Espírito de Deus a dedicar a maior parte desta epístola para advertir os cristãos contra a crescente onda de apostasia. Ao fazer isto, ele deu ao cristianismo uma memorável e robusta descrição do poder protetor de Deus para aqueles que são verdadeiramente Seus.
O autor desta epístola é ele - Judas, irmão mais novo de Jesus e Tiago. A data é desconhecida, mas provavelmente seja de 80 d.C. Ele já estava pensando em escrever, (como citei acima) quando notícias alarmantes sobre falsas doutrinas (veja abaixo) o levaram a escrever, em caráter de urgência, esta breve e enérgica missiva. A carta tem um claro caráter judaico, pois está repleta de referências e alusões ao AT e traz ilustrações de pelo menos duas obras apócrifas judaicas (veja abaixo). Judas estava lidando com uma situação muito parecida com a de 2Pe. Na verdade, boa parte da carta de Judas se assemelha a 2Pe 2. As duas são tão parecidas que, ou uma foi baseada na outra, ou ambas se basearam numa obra anterior em que se combatia os falsos mestres.
Embora quisesse escrever "a respeito da salvação que temos em comum", Judas acabou escrevendo para incentivar os cristãos a permanecerem na verdade. Isto porque "certos indivíduos" se influenciaram no grupo e passaram a criar divisão com seus ensinamentos falsos (1-4). Esses homens eram arrogantes que negavam a Cristo e haviam transformado a liberdade cristã em licenciosidade.
Judas apresenta aos seus leitores exemplos da história e da traição judaica (5-7): aqueles que se desviam ou se entregam ao orgulho e à imoralidade sofrerão o castigo de Deus.
Esses homens desprezavam a autoridade de Deus, mas estavam destinados à destruição - como Sodoma e Gomorra, por sua perversão e imoralidade sexual (7; Gn 19); como Caim, por assassinar o irmão cuja vida desmascarou a dele (11; Gn 4); como Balaão, por trair sua posição de profeta (11; Nm 31.8, 16; veja 2Pe 2.15); e como Corá, por sua rebelião contra a autoridade dada por Deus (11; Nm 16). Os exemplos foram cuidadosamente escolhidos. Essas eram as mesmas coisas das quais os mestres eram culpados.
A intenção de Judas era aumentar a resistência a tais mestres. Os cristãos não são indefesos, mas devem fazer uso pleno de suas defesas. Devem edificar-se na fé santíssima - aquele conjunto definitivo de verdades que aprenderam. Devem orar e valer-se do poder do Espírito Santo. Devem viver à luz do fato de que Cristo virá outra vez. Não é preciso temer ou entrar em desespero, pois Deus é capaz de impedir que eles caiam.
Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória,
Ao único Deus sábio, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o sempre. Amém.
Judas 1:24,25
Anjos (6) A afirmação sobre os "filhos de Deus" em Gn 6.12-2 levou à crença num conflito, no céu, entre anjos bons e anjos maus. O orgulho e ambição destes teriam levado à sua queda. "O mito grego da destruição dos titãs por Zeus, a lenda zoroástrica da queda de Arimã e seus anjos, e a ampliação rabínica do relato de Gn 6.1 mostram quão difundida era essa crença nos círculos da religião popular. Era uma tentativa de racionalizar as contradições e o mal que há no mundo" (Michel Green). Tratava-se de uma adequada ilustração para a argumentação de Judas.
V.9 A história foi tirada do livro apócrifo Assunção de Moisés. Miguel foi enviado para enterrar Moisés, mas o diabo alegou direito sobre o cadáver, dizendo que Moisés assassinara um egípcio. Para Judas, a resposta prudente de Miguel serve de lição ao povo. Ensina a ter cuidado com as palavras e não tratar o diabo com leviandade.
Festas de fraternidade (12) Na  igreja antiga, a ceia do Senhor ou santa ceia era celebrada no contexto de uma refeição comunitária.
Vs. 14-15 Citação do Livro de Enoque, uma obra apócrifa. Judas tirou suas ilustrações de livros que ele e seus leitores conheciam e respeitavam, assim como das próprias Escrituras.
O AUTOR
SUMÁRIO CRONOLÓGICO
I. Judas, o agnóstico.
  1. Até a ressurreição de Jesus (seu meio-irmão), Judas era incrédulo (Jo 7.3-5).
  2. Ele, provavelmente, era um homem casado (1Co 9.5).
II. Judas, o associado.
Considerando que ele seja o Judas de Atos dos Apóstolos 15.22,23, temos o seguinte.
  1. Ele era um ancião respeitado na Igreja de Jerusalém.
  2. Ele era colega de trabalho de Paulo e Barnabé.
  3. Ele foi escolhido para informar várias igrejas sobre as decisões importantes feitas pelo conselho acerca da circuncisão.
III. Judas, o autor
Ele é o autor da epístola do Novo Testamento que tem seu nome.
DADOS
Pai: José (Mt 13.55).
Mãe: Maria (Mt 13.55).
Irmãos: Tiago, José, Simão (Mt 13.55).
Irmãs: várias, cujos nomes não são mencionados (Mt 13.55).
Citado pela primeira vez na Bíblia: Mateus 13.55.
Citado pela última vez: Judas 1.1.
Significado do nome: "Adoração"
Mencionado: quatro vezes.
Livros da Bíblia que citam Judas: quatro livros (Mateus, Marcos, Atos dos Apóstolos, Judas).
Lugar onde nasceu: provavelmente Nazaré.
Detalhe importante sobre a vida de Judas: ele era o meio-irmão de Cristo e o autor do livro Judas, do Novo Testamento.
"Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda."
Judas 1:9


O Estágio das Epístolas

O Estágio das Epístolas
Que momento abençoado e estimulante viveram os primeiros 120 do cenáculo (At 1.15)! Após o Pentecostes, eles observaram a conversão e o batismo de literalmente milhares e milhares de pessoas (At 2.41;  5.14). Adicionalmente, eles tiveram o privilégio de ouvir pregações e ensinamentos grandiosos e de ser parte de encontros de oração plenos do Espírito. Quem poderia querer mais?
Entretanto, eventualmente, esses primeiros cristãos sentiram que havia mais, um elemento final que completasse a missão deles como testemunhas de Cristo. Verdadeiramente, esse fator ausente estava relacionado aos livros do Antigo Testamento. Deus outrora ministrara ao Seu povo, enviando-lhe profetas e escritores, como Isaías, Daniel, Jeremias e outros. Portanto, Seu novo povo, a Igreja, precisava de que algo semelhante fosse feito.
Efetivamente, muitas questões e muitos problemas haviam sido levantados e só poderiam ser respondidos com revelações bíblicas. Para introduzi-las, Deus proveu uma solução: Apresentando... Pedro, Paulo, João, Tiago e Judas!
Esses cinco guerreiros escritores iluminariam o Corpo de Cristo e escreveriam aos membros da Igreja sobre cada um desses tópicos:
A. A natureza da Igreja - leia Efésios e Colossenses.
B. Grandes conceitos teológicos relativos à justificação, à santificação, à glorificação e a outras questões - leia Romanos e Gálatas.
C. A liberdade cristã - leia 1 Coríntios.
D. O perdão cristão - leia Filemom.
E. O sumo sacerdócio de Cristo - leia Hebreus.
F. O futuro de Israel - leia Romanos 9 ao 11.
G. O futuro da Igreja - leia Tessalonicenses.
H. Conselho para pastores e diáconos - leia 1 Timóteo, 2 Timóteo, Tito, 1 Pedro e 2 Pedro.
I. O amor cristão - leia 1 Coríntios 13.
J. Os dons espirituais - leia 1 Coríntios 12 ao 14.
K. O problema do sofrimento - leia 2 Coríntios.
L. O futuro de todos - leia Apocalipse.
Nenhuma outra ocasião em toda a história presenciou o aparecimento de tanta literatura inestimável como o período entre  45 e 100 d.C. Esses 55 anos empolgantes foram repletos de joias de ouro advindas do próprio Deus. Estas tomaram a forma de 22 cartas, comumente conhecidas como as epístolas do Novo Testamento. Tiago, Judas, Pedro e Paulo foram escolhidos pelo Senhor para completar o Seu maravilhosos manuscrito, as Escrituras Sagradas (Bíblia), que havia sido iniciada quase 15 séculos antes, no deserto de Moabe. Com grandes e gloriosos floreios de sua pena, João, o último autor das Escrituras (Apocalipse), levou ao clímax a história da glória introduzida por Moisés, o primeiro autor das Escrituras (livro de Gênesis).
A Bíblia é um livro centrado em Cristo. O Antigo Testamento é a preparação para a Sua vinda, os Evangelhos, a manifestação da Sua vida, o livro de Atos dos Apóstolos, a propagação da Sua vida, e as epístolas, a explicação da Sua vida. O tema principal das epístolas é Cristo e a Sua Igreja. A maioria desses livros foi endereçada a congregações locais (Gálatas, Romanos, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Coríntios, Efésios, Filipenses, Colossenses). Alguns foram direcionados a pastores de igrejas locais (1 e 2 Timóteo, Tito), enquanto outros foram escritos para membros individuais de uma congregação local (Filemom, 2 e 3 João).
Pelo menos, uma epístola é uma carinhosa carta de família (1 João), enquanto outra é dolorosamente prática (Tiago). Duas têm os cristãos sofredores em mente (1 e 2 Pedro), uma adverte quanto à apostasia vindoura (Judas), e uma carta não assinada (Hebreus) descreve o que Cristo está fazendo hoje no céu por Sua Igreja. A última epístola (Apocalipse) finaliza tudo, concluindo com as bodas entre o Noivo celestial e a Sua Noiva.(Quanto a esse tema, leia: O CASAMENTO DO CORDEIRO -você vai gostar de saber!

Romanos

ROMANOS
RESUMO 
Paulo escreve aos cristãos de origem judaica e gentílica em Roma, aos quais esperava visitar em breve, tratando dos grandes temas da lei, fé e salvação.
Paulo, o viajante e cidadão romano, ainda não havia visitado Roma quando essa carta foi escrita (cerca de 57 d.C.). Ele fizera três longas viagens, abrindo caminho para a mensagem cristã em todas as províncias orientais do Império e estabelecendo igrejas. Agora, encontrando-se provavelmente em Corinto, prestes a levar a Jerusalém o auxílio para os pobres daquele lugar (veja At 20), os pensamentos de Paulo se voltam para o avanço missionário no Ocidente. Ele viajaria para a Espanha e, no caminho, realizaria o sonho de muitos anos: visitar os cristãos de Roma.



Paulo não sabia que três longos anos se passariam entre a carta e a visita, ou que, quando finalmente entrasse em Roma, seria na condição de prisioneiro. (At 28).
A cidade e a igreja
Veja "A cidade de Roma". Na época de Paulo, Roma era a capital de um império que se estendia da Inglaterra à Arábia. Rica e cosmopolita, era o centro diplomático e comercial do mundo conhecido. Todos os caminhos levavam a Roma. A paz romana tornara as viagens mais seguras, embora nunca fossem totalmente livres de perigo (veja 2Co 11.26); e as estradas romanas tornavam as jornadas relativamente rápidas e fáceis. No dia de Pentecostes, havia visitantes de Roma em Jerusalém, ouvindo o primeiro sermão de Pedro.
Diante disso, não é de admirar que houvesse uma grande e pujante igreja cristã em Roma quando Paulo escreveu a carta. A maioria dos cristãos talvez fosse de origem gentílica, e um dos motivos por que Paulo escreveu pode ter sido o desejo de incentivar o respeito pelos companheiros cristãos de origem judaica (veja caps. 9--11 em especial).
Pouco antes tinha havido problemas com as autoridades. E embora tudo já estivesse tranquilo, os cristãos ainda eram suspeitos. Afinal, o Fundador da religião havia sido condenado sob a acusação de atividade subversiva contra o imperador. E apesar de seus esforços de serem cidadãos leais a Roma, pouco anos após essa carta (em 64 d.C.) o imperador Nero conseguiu fazer dos cristãos o bode expiatório, culpando-os pelo incêndio que atingiu a cidade. Segundo a tradição, tanto Paulo quanto Pedro morreram na terrível perseguição que se seguiu.

A Epístola

Romanos ocupa o lugar de honra entre as Epístolas do NT, embora não tenha sido a primeira a ser escrita. 1 e 2Tessalonicenses, 1 e 2Coríntios e Gálatas são anteriores e alguns dos temas dessas cartas são retomados em Romanos. Não sabemos o que levou Paulo a escrever nesse exato momento. É possível que tenha percebido que corria risco de morte ao fazer aquela viagem a Jerusalém e que talvez jamais pudesse se encontrar pessoalmente com os cristãos romanos. Assim, tratou de apresentar elementos fundamentais da mensagem cristã, que eram importantes para eles na situação em que se encontravam e que poderiam ajudá-los a entender mais sobre o que ele ensinava.
O grande tema de Romanos é a fé na morte e ressurreição de Cristo como única base de aceitação da parte de Deus -- um Deus que trata todos de modo igual, sejam eles judeus gentios.
Paulo não mede palavras em sua descrição do estado em que o mundo se encontra (1.18-32).
Pelos padrões de Deus, todos estão condenados. Até o judeu, que tinha o privilégio singular de conhecer a lei de Deus, não conseguiu obedecê-la (2.1--3.20). Mas Deus nos oferece perdão gratuito e nova vida. O que não podemos fazer por nós mesmo, Jesus fez por nós (cap.5). Somos livres para começar de novo, desta vez com todo o poder de Deus à nosso disposição (caps. 6--8).
Por que, então, enquanto os gentios aceitam de bom grado a salvação que Deus oferece, a maioria dos judeu, esta era uma situação que o deixava com muita dor no coração. Aparentemente eles estavam tão preocupados com obediência à lei que não conseguiam ver que Deus fizera algo novo em Cristo. Consideravam que a forma antiga de se relacionar com Deus ainda era a forma e que não podiam abrir mão dela. Mas no final eles também "entrariam" (caps.9--11).
O perdão e amor de Deus nos impelem a viver segundo nosso novo chamado, a reformular toda a nossa maneira pensar e de viver. As "boas novas" de Deus não são um fim em si. Elas to propósito de transformar relacionamentos humanos, tornando possível que judeus e gentios se tratem como iguais Igreja, e permear cada ada vida diária (caps. 12--15).
É impossível medir o impacto e a influência de Romanos. Essa epístola inspirou a imaginação de grandes homens - Agostinho, Lutero, Bunyan, Wesley - e através deles moldou a história da Igreja. Mas, através dessa epístola, Deus também tocou a vida de inúmeras outras pessoas - homens e mulheres simples que leram esse texto, creram na sua mensagem, e agiram com base no ensinamento do apóstolo.
Quando Paulo usa palavras duras para descrever a imoralidade do mundo romano, ele não estava exagerando. Isto se confirma pela leitura de obras daquele tempo e pelas ruínas de Pompéia, cidade que, juntamente com o seu povo, foi surpreendida em meio à normalidade da vida diária pela lava do Vesúvio que soterrou a tudo e a todos. Isto aconteceu pouco tempo depois de Paulo ter escrito sua carta aos romanos. Pompéia, a cidade que foi soterrada no ano 79dC pelas cinzas e debris do Monte Vesúvio. As ruínas podem ser visitadas facilmente a partir de Nápoles ou da Costa Amalfitana. (FOTO)
Rm 1.1-15 Introdução
Na abertura da epístola, o apóstolo resumo a sua missão de vida. Paulo, escravo e emissário de Cristo, comissionado para levar o evangelho de Deus às nações, escreve a seus companheiros cristãos de Roma. Usando ao mesmo tempo os termos "graça e paz", ele funde as saudações tradicionalmente usadas por gregos e judeus e forma algo genuinamente cristão. O que é o evangelho? É a mensagem sobre o Filho de Deus, ressuscitado dentre os mortos, "Jesus Cristo, nosso Senhor" (2-4). (Esta é a mensagem do evangelho; seu efeito é resumido nos vs. 16-17).
Os vs. 7-15 expressam o que Paulo sentia em relação aos romanos. Ele tinha uma grande consideração para com esse grupo de cristão que jamais encontrara pessoalmente. Desejava vê-los e compartilhar com eles tudo que o evangelho significa.
V. 7 A palavra "santos" (ARA) não designa uma elite, mas todos que pertencem a Cristo: o povo de Deus.
V. 14 "Tanto a gregos como a bárbaros" (ARA): aqueles que não eram gregos eram considerados não-civilizados.
Rm 1.16---11.36 O evangelho de Paulo
Rm 1.16-17: O poder de Deus para salvar
Paulo se gloria no evangelho de Deus, o qual ele precisa dar a conhecer a todos. Ele entrará em mais detalhes sobre esse evangelho no decorrer da epístola. Aqui, ele resume seu efeito:
• é o poder de Deus para salvar toda pessoa que crê.
• revela a "justiça" de Deus.
Essa justiça não é simplesmente uma perfeição moral abstrata, mas o fato de que Deus cumpre as suas promessas (sua "fidelidade à aliança"). Assim, "ao anunciar que Jesus Cristo é... Senhor do mundo, Paulo está... revelando ao mundo as boas novas de que o Deus único de todo o mundo cumpriu a sua palavra, resolveu de forma definitiva o problema do mal que invadiu a sua criação, e agora está restaurando a justiça, a paz e a verdade" (Tom Wright).



Rm 1.18--3.20: Um mundo necessitado
Paulo começa a sua argumentação com uma análise profunda da condição humana. Todos - gentios (1.18-32) e judeus (2.1--3.8) - estão sob o juízo de Deus.
A humanidade como um todo (1.18-32) se recusa a reconhecer Deus. As pessoas não têm desculpa, pois é possível conhecer e reconhecer Deus nas coisas que ele criou. Assim, Deus permite que façam o que desejam fazer, e as pessoas se afundam cada vez mais no lamaçal de sua própria conduta perversa e pervertida. Idéias erradas (irracionalidade) e ações erradas andam juntas. Se a razão é rejeitada (25), a consciência também não será ouvida (32).
Em seguida, Paulo se volta aos judeus (2.1--3.20), embora só sejam mencionados no v. 17. Eles são rápidos em julgar os outros, mas ignoram o fato de que Deus os está chamando ao arrependimento de seus próprios erros. Assim, também eles estão sob condenação. Deus não tem favoritos. Ele julga todos pelo mesmo padrão (11). Aqueles que não têm a lei de Deus e aqueles que a têm serão julgados, não pelo que sabem, mas pelo que fazem (13).
Rm 2.17-29: Os judeus não serão salvos pela lei (12-24) nem pela circuncisão (o sinal externo de que se pertence a Deus; 25-29). Eles se orgulham de Deus e da lei. Sabem o que Deus quer que façam, mas será que realmente cumprem a lei? Se não a cumprem, "a sua circuncisão já se tornou incircuncisão"! O verdadeiro judeu é aquele que obedece a Deus de coração.
Rm 3.1-20: Paulo antecipa as objeções que os críticos levantariam e responde a todas elas.
• Os judeus têm alguma vantagem sobre os outros? Sim, o fato de Deus lhes ter confiado a sua revelação (3.1-2).
• E se alguns falharam na sua confiança? Será que Deus revogará as suas promessas? Não. Deus ainda cumpre a sua palavra (3.3-4), mas promessas não os salvarão.
• As injustiças e maldades parecem ter uma finalidade boa, já que acentuam a bondade de Deus. Assim, por que não "praticar males para que venham bens?" Porque Deus é um justo Juíz, e os fins não justificam os meios (3.5-8).
• Os judeus estão em situação melhor do que as outras pessoas? Não. Todos estão debaixo do poder do pecado. A lei faz com que as pessoas saibam que são pecadoras. Ela coloca a pessoa perante a sua própria responsabilidade, mas não consegue colocá-la no relacionamento correto com Deus (3.9-20).
Entregou (1.26,28) Deus não força ninguém a obedecer. A Bíblia usa linguagem forte. Aquele que não querem ouvir são entregues aos desejos de seu coração, e sofrerão as consequências. Mas Deus nunca abandona as pessoas contra a vontade delas.
2.6,13 Isso parece contradizer o que Paulo já disse em 1.17. Mas a tese que ele está defendendo nestes capítulos é que ninguém realmente faz tudo que Deus exige. Há uma nova maneira de ser justificado diante de Deus.
Circuncisão (2.25) Veja Gn 17.
2.29 Aqui temos um Jogo de palavras. "Judeus" é derivado de "Judá", que significa louvor.
Justificado (3.20) Também trazido por "declarado justo diante dele" e "aceito por Deus". Veja 4.25.
Rm 3.21--5.21: A provisão de Deus
Um dom gratuito (3.21-31) Já que Deus é justo, e tanto judeus como gentios estão sob o poder do pecado, como resolver essa situação? A lei não pode fazer isso, então alguma maneira nova deve ser encontrada. A boa notícia é que o próprio Deus, através da morte do seu próprio Filho, Jesus Cristo, possibilitou o nosso perdão (veja também o cap. 5). Deus resolveu o problema do pecado e mostrou que cumpre as suas promessas. A essência do evangelho que Paulo foi comissionado a pregar, e também o cerne da mensagem cristã, é que todos os que crêem são justificados -- não pela sua própria fé (que é apenas o canal pelo qual o perdão é recebido), mas pela misericordiosa bondade de Deus (sua "graça") através da morte e ressurreição de Jesus.
Abraão e sua fé (cap. 4). Paulo retoma a afirmação de 3.21-22 e mostra que esse mesmo princípio de fé já aparece nas Escrituras do AT. Se ele puder provar a sua tese com o caso de Abraão, o pai da nação judaica e o principal exemplo de uma pessoa justa, certamente os opositores judeus ficaram convencidos. E ele pode provar. Deus aceitou Abraão não por causa da sua fé (4.3; Gn 15.6), porque contra todas as probabilidades Abraão manteve a convicção de que Deus cumpriria o que havia prometido (Rm 4.21). A aliança, cujo sinal externo era a circuncisão, veio depois (Gn 17). Assim, povo de Deus não são os da mesma raça de Abraão que reivindicam as promessas da aliança como direito de nascença, mas aqueles de qualquer raça que compartilham a mesma fé que Abraão teve.
Cristo e Adão (cap. 5). A morte e ressurreição de Jesus nos colocaram numa nova situação diante de Deus. Temos a presença do Espírito Santo. Agora os sofrimento e as dificuldades da vida têm em sentido (1-5).
Mas como pode a morte de um homem resultar em perdão para milhões de outros? A explicação está na solidariedade da raça humana. O pecado e a desobediência começaram com um homem (Adão) e se espalharam para todos os seus descendentes. Todos nós temos essa "doença" e sua consequência inevitável, o reinado do pecado e da morte que nos separa de Deus. Segundo o mesmo princípio, o "ato de justiça" de Jesus, sua obediência, possibilitou a absolvição e vida para todos. O efeito do dom de Deus é muito maior que o efeito da "desobediência de um só homem".
Foi justificado (4.2) Paulo está usando a linguagem do tribunal. Não havia promotor público no tribunal judeu, apenas um acusador e um réu. "Depois de ouvir a queixa, o juiz decidia a favor de um deles e, assim, o 'justificava'. Se favorecia o réu, essa ação tinha a força de absolvição. A pessoa absolvida é considerada 'justa', 'justificada'. No entanto, esta não é uma descrição do caráter moral da pessoa, e sim uma afirmação da sua posição perante o tribunal" (Tom Wright).
Graça (5.2) Uma das palavras favoritas de Paulo. Significa o favor (totalmente imerecido) de Deus.
5.20 Todos temos a tendência inata de achar que mais foram feitas para serem violadas. O fato de algo ser proibido nos incita ainda mais a fazê-lo (veja 7.8).
Rm 6--8: Uma vida nova!
Libertos do pecado (cap. 6). Já que Deus providenciou uma maneira de perdoar os pecados, "será que devemos continuar vivendo no pecado para que a graça de Deus aumente ainda mais?" Que idéia absurda! Os cristãos estão unidos com Cristo, participando de sua morte e ressurreição. O batismo - afundar na água - significa que a velha vida está morta e sepultada. Saímos da água para começar uma nova vida. Antes estávamos mortos para Deus; agora estamos vivos para ele. O domínio do pecado foi quebrado. Devemos viver na luz dessa nova liberdade (10-11). Agora temos um novo Senhor: servimos a Deus (17-18). E o comparação (23).
Libertos da tirania da lei (7.1--8.4). (Veja mais sobre não sob a Lei em Romanos, AQUI)
Paulo já deixou claro que a lei não pode salvar: não podemos chegar ao céu pelo cumprimento de regras. A lei também é limitada ao tempo de vida da pessoa (1-3). A nova vida dada por Deus nos liberta da lei (4-6). Não que haja algo errado com a lei de Deus em si. Ela é totalmente boa. Mas pelo simples fato de existir ela cria uma consciência do pecado. (Veja sobre a Lei no NT, AQUI) Paulo usa um exemplo pessoal (7-24). Ele descreve a sua própria situação como judeu, conhecedor da lei e condenado por ela, a ponto de entrar em desespero. Esta era a situação dele antes de encontrar libertação das garras do pecado. Ele sabia o que era bom e certo, mas não era capaz de fazê-lo. O pecado o aprisionava. Quem poderia livrá-lo? Deus, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor!(25).
Libertos da morte (8.5-39).
Deus fez o que a lei não podia fazer (3). Não somos mais controlados por nossa natureza humana: podemos viver segundo o Espírito de Deus. Ele atua em todos os que pertencem a Cristo (9). Até nossos corpos, que ainda morrem, serão ressuscitados pelo Espírito de Deus. É a presença dele que nos convence de que realmente somos filhos de Deus (16). Ele é as primícias (o primeiro presente, 23) da glória futura - uma fonte viva de esperança dentro de nós. E ele transforma nossos anseios inarticulados em oração (26-27).
A intenção de Deus é que cada um de nós seja como Cristo (29): em caráter, agora; e em glória, no futuro. Deus está nos recriando "à sua imagem" (Gn 1.27). E cada pequena circunstância da vida é incluída ou faz parte desse seu propósito maior (28). Nada pode impedir que isso aconteça. Ninguém pode levar Deus a nos rejeitar - temos Cristo no céu para defender nossa causa. E nenhum poder no céu ou na terra pode nos separar do seu amor (38). Assim, em todas as situações, somos mais que vencedores.
O corpo do pecado (6.6)
Não o corpo humano, mas "o nosso eu pecador" (NTLH).
6.11 Este não é um jogo de faz de conta, de fingir ser o que não somos, mas de ser o que somos. "Mortos para o pecado": no sentido que a dívida referente à vida antiga foi paga, não que não sentimos mais a influência do pecado.
Carne (7.5, etc.)
(o fórum) com seus prédios públicos era o centro da Roma antiga, cidade onde moravam os cristãos aos quais Paulo enviou a sua epístola. Até as ruínas dão idéia do poder e esplendor do Império. (FOTO ⇒)
Outras possibilidades de tradução: "a nossa natureza humana", "nossa natureza pecaminosa", "nossa inclinação natural". Aqui Paulo está falando sobre o "velho homem" que morreu. Mas ele geralmente usa "carne" em oposição ao "espírito". Ele não está apoiando a idéia grega de que o corpo (o físico) é pecaminoso em si. Porém, o corpo, para o cristão, continua sendo o veículo pelo qual o pecado pode ter acesso. Rm 6.13 diz aos cristãos como evitar isso.



Corpo desta morte (7.24)
A natureza humana, sujeita às leis do pecado e da morte.
Semelhança de carne pecaminosa (8.3)
Paulo escolhe as suas palavras com cuidado. Jesus era uma pessoa real, mas em um aspecto não era idêntico às outras pessoas. Ele não compartilhava a pecaminosidade que normalmente acompanha a natureza humana.
8.10 O corpo... está morto "O corpo de vocês vai morrer".
8.11 Os cristãos recebem a promessa de uma ressurreição como a de Cristo.
Aba, Pai (8.15) "Aba" é a palavra que as crianças de fala hebraica ainda hoje usam para chamar seu "papai".
Criação (8.19-22) Por sermos parte da natureza, nosso pecado trouxe sofrimento e morte não apenas sobre nós mesmos, mas sobre todo mundo criado. Assim, no dia em que formos transformados, a criação participará da nossa transformação. Haverá "novos céus e nova terra" (Ap 21.1).
Predestinou (8.29) Veja "A escolha soberana de Deus".
Rm 9--11: Sobre Israel
Enquanto medita na forma gloriosa como Deus cuida daqueles que estão "em Cristo", Paulo se angustia por causa de Israel, o povo privilegiado que Deus havia escolhido para ser só seu. Como eles podiam se recusar a crer em seu Messias prometido? Os gentios aceitaram e evangelho com alegria, mas os judeus, não. E Paulo teria vendido a sua própria alma, se isto pudesse alterar aquela situação.
Como explicar essa anomalia? A promessa de Deus não falhou (9.6). Ele sempre se reservou o direito soberano de escolher (9.6-13). E não temos o direito de pedir que ele nos dê explicações. O Criador tem o direito indiscutível de fazer o que quer com aquilo que criou (9.14-21). Foi apenas por causa de sua paciência e misericórdia que um remanescente do obstinado e rebelde de Israel sobreviveu ao juízo de Deus (9.22-29). Pessoas de outras nações, cientes de seu fracasso, aceitaram o dom de Deus e alcançaram a justificação que decorre da fé. Os judeus, buscando uma justiça baseada nas obras, recusaram a oferta mais excelente que Deus estava fazendo (9.30-33).
No passado, o próprio Paulo compartilhara esse zelo equivocado. Agora seu desejo é que os judeus creiam, assim como ele crê, que "o fim da lei é Cristo" (10.1-4). Todos que reconhecem que Jesus é Senhor e crêem que Deus o ressuscitou dos mortos serão salvos (10.5-13; e veja Fp 2.11). A tarefa do mensageiro é garantir que todos ouçam a boa notícia. E Israel ouviu, e entendeu - porém se recusou a crer (10.14-21).
Significa isso, então, que Deus rejeitou o seu povo (11.1)? Não. O próprio Paulo era judeu, um dos poucos que foram leais a Deus, como nos dias do profeta Elias. A cegueira dos judeus é parcial e temporária, e representa a oportunidade dos gentios (11). Estes têm uma grande dívida para com os judeus e não deveriam nunca desprezá-los. No tempo devido, a fé que eles têm provocará um grande retorno a Deus entre os judeus (25-26). Os caminhos de Deus são incompreensíveis, mas seu propósito é "usar de misericórdia para com todos" (32).
9.12-13 As citados são de Gn 25.23 e Ml 1.2-3. Ambas se referem a nações -- Israel, descendente de Jacó; Edom, descendente de Esaú -- e não a indivíduos. Veja Obadias.
9.18,22 Veja "A escolha soberana de Deus".
Como Sodoma e... Gomorra (9.29) Isto é, totalmente destruídos. Veja Gn 19.24-29.
10.6-10 No estilo dos rabinos daquele tempo, Paulo fez um comentário sobre as palavras de Moisés em Dt 30.11-14.
Todo o Israel (11.26) Israel como um todo.
Misericórdia para com todos (11.32) Sem distinção, em vez de sem exceção.
Rm 12.1--15.13
A vida cristã
Por puro amor, e pagando um alto preço Deus salvou o seu o seu povo. Será que não devemos oferecer nossa vida a Deus, para que ele possa transformá-la e renová-la? Isso significará uma completa reorientação, mudando nossa perspectiva e atitude assim como nosso comportamento (12.1-2).
Rm 12: Relações familiares
Essa transformação começa quando as pessoas assumem seu lugar na nova "familia" de Cristo. Nosso amor próprio deve diminuir; nosso conceito a respeito dos outros, aumentar. Os dons que Deus dá devem ser usados para o bem de toda a comunidade cristã. O amor é o selo de garantia. Devemos servir a Deus sem reservas. Velhas atitudes devem mudar -- não só com relação a companheiros cristãos, mas também com relação ao mundo externo. Em vez de pagar na mesma moeda quando somos prejudicados, tratamos o inimigo como nosso melhor amigo, e deixamos o julgamento entregue a Deus.
Rm 13: As autoridades
Como as autoridades recebem seu poder de Deus, para o bem público, os cristãos devem sujeitar-se a elas. Impostos devem ser pagos, e leis obedecidas. O cristão tem o dever de cumprir todas as exigências legais de "César". Mas sujeitar-se não significa que toda ordem deve ser obedecida. Há ocasiões em que essas exigências entram em conflito direto com as ordens de Deus. Então é correto dizer "não", e sofrer as consequências (At 5.29).
Não podemos ficar devendo nada a ninguém, exceto a obrigação permanente de amar -- e não prejudicar -- os outros. Paulo estava ciente que vivia num tempo de crise (11). A salvação estava "mais próxima" do que quando eles passaram a crer. Assim, há um senso de urgência em seu chamado para que se viva segundo a vontade de Deus.
Rm 14: Liberdade e responsabilidade
Há algumas questões de consciências sobre as quais os cristãos discordam. Paulo exemplifica com o consumo de carne (2-3; veja as anotações sobre 1Co 8) e o cumprimento as festas judaicas (5). Nada se ganha com discussões sobre "assuntos" controvertidos". Aqueles que são fortes na fé sentem a liberdade de fazer o que ofenderia a consciência de outros. Isso não é razão para desprezá-los. Nenhuma das partes deveria julgar a outra. Todos nós, diz Paulo, devemos prestar contas, não ao outro, mas a Cristo, É melhor limpar nossa própria liberdade do que exercê-la às custas de um companheiro cristão.
14.2,14 Havia o problema de a carne vendida no mercado ter sido sacrificada a deuses pagãos; além disso, os judeus tinham leis rígidas sobre animais "puros" e "impuros" e o método de abate. Se os cristãos de origem judaica ficassem apegados à letra da lei, e os cristãos de origem gentílica insistissem em sua liberdade, os dois grupos jamais sentiram à mesa para uma refeição em comum.
Rm 15.1-13: O exemplo de Cristo
Agradar a si mesmo não é nada cristão. Bons relacionamentos entre os cristãos são muito mais importantes do que "meus direitos". Com Cristo como nosso modelo, Devemos fazer o impossível para promover unidade real, pouco importando o ambiente do qual tenhamos vindo.
Em Rm 16, Paulo menciona muitos amigos, homens e mulheres, em Roma. Este busto de uma mulher romana(⇐FOTO) nos lembra que essas eram pessoas reais.
Rm 15.14--16.27 
Para concluir...
Rm 15.14-33: Falando em termos pessoais
Para concluir, Paulo fala em termos pessoais. Durante mais de 20 anos ele havia sido um apóstolo para o mundo não-judeu. Havia fundado igrejas em vários lugares de Chipre, da Síria, da Turquia e da Grécia (para usar os nomes atuais). Agora essa etapa do trabalho estava concluída. Depois de viajar a Jerusalém, para entregar o dinheiro coletado nas igrejas dos gentios -- e esta era uma visita sobre a qual ele tinha lá os seus receios -- paulo poderia se voltar para o Ocidente, para a Espanha, passando, no caminho, por Roma.
Ilírico (19) Região onde hoje ficam a Eslovênia, croácia, Bósnia e outros países.
Macedônia e Acáia (26) Norte e sul da Grécia, respectivamente.
Rm 16: Saudação aos amigos
De certo modo, é surpreendente encontrar uma lista tão longa de amigos numa igreja que Paulo jamais visitara. (Por isso alguns acreditam que esse capítulo pertencia originalmente a uma cópia de Romanos que foi enviada a Éfeso.) porém todos os caminhos levavam a Roma, e muitos cristãos das províncias orientais devem ter permanecido na capital num ou noutro período. É óbvio que, apesar da sua vida ocupada, Paulo não perdeu o interesse pelas pessoas nem o contato com elas.
Ao encerrar a carta, ele sentiu a necessidade de advertir os cristãos romanos contra alguns agitadores (17-20), pois ele conhecia muito bem sua influência perturbadora nas igrejas.
Porém, como sempre fazia ao final de suas epístolas, seus pensamentos se voltam outra vez para a sabedoria e a glória do Deus eterno que o havia chamado para o seu serviço.
Febe (1) É provável que Febe tenha sido a pessoa que, partindo de Cencréia, o porto de Corinto, levou a carta de Paulo a Roma.
Priscila e Áquila (3) Casal que morava em Roma, mas viajava muito por causa de seus negócios no ramo de couro. Eles fizeram um excelente trabalho cristão em Corinto e Éfeso (At 18.2-3, 18-28).
Rufo (13) Pode ser filho de Simão de Cirene (Mc 15.21).
V.21 Timóteo é bem conhecido nas Epístolas. Ele foi como um filho para o velho Paulo. Jasão possivelmente foi anfitrião de Paulo em Tessalônica (At 17.5-9). Sosípatro deve ser Sópatro, de Beréia (At 20.4).
Tércio (22) O cristão que escreveu a carta que Paulo ditou.
Erasto (23) Esse deve ser o mesmo oficial público cujo nome foi encontrado inscrito num bloco de mármore, em Corinto, datado desse mesmo período.

I Coríntios

I CORÍNTIOS
A supremacia do amor 

RESUMO
Paulo escreve em resposta a vários relatos e várias dúvidas de membros da Igreja de Corinto.

A primeira Epístola aos Coríntios é carta e texto de um pastor missionário que veio como um pai (4.14,15) para tratar com uma igreja local sobre os problemas da igreja local. Ele escreveu com amor e com um espírito de mansidão, esperando que os assuntos pudessem ser resolvidos para que não precisasse voltar mais tarde com ações disciplinares (4.21). Alguns dos problemas da cidade de Corinto haviam se tornado os problemas da igreja de Corinto. A igreja estava exercitando seus dons espirituais, mas eles também eram imaturos e cheios de problemas. Paulo escreveu para tratar desses assuntos e responder as perguntas que a igreja lhe havia feito.
Paulo escreveu esta carta em Éfeso (15.32; 16.8), por volta de 24 d.C. At 18 informa que Paulo ficou 18 meses em Corinto na sua segunda viagem missionária, e descreve a fundação da igreja.
A cidade
Veja "A cidade de Corinto". A antiga cidade grega de Corinto foi destruída e reconstruída pelos romanos. Ela ficava numa posição estratégica, que lhe permitia controlar o comércio que passava pela estreita faixa de terra entre os mares Egeu e Adriático. É claro que Paulo não podia ignorar uma cidade que era um próspero centro de comércio e uma cidade cosmopolita que abrigava gregos, romanos, sírios, asiáticos, egípcios e judeus. Era só estabelecer uma igreja ali, e a mensagem cristã se espalharia rapidamente por toda parte.

Por outro lado, é difícil imaginar um lugar menos adequado para implantar a nova fé, o cristianismo. A cidade era dominada pelo templo de Afrodite (deusa do amor), construído sobre a acrópole. Milhares de prostitutas sagradas, a rotatividade da população e a mistura de raças - tudo isso contribuía para a má fama da cidade. Corinto era sinônimo de excesso e libertinagem. Havia até uma palavra para isso: "corintizar".
A igreja
A igreja cristã, como a cidade, se caracterizava por uma mistura social e racial. Havia alguns judeus, mas era expressivo o número de gentios. Poucos cristãos eram membros de famílias importantes (1.26). A comunidade cristã incluía desde escravos, de um lado, a oficiais do governo em ascensão social (como Erasto, o tesoureiro da cidade - Rm 16.23), de outro. Muitos desses convertidos tinham uma história de vida marcada pela permissividade do paganismo. Não tinham muito de que se orgulhar, mas se vangloriavam da sua capacidade intelectual. Gostavam de discutir temas como "Liberdade" e "Conhecimento". O grupo que causava a maioria dos problemas na Igreja era formado por homens de origem gentílica, pessoas que tinham certo status na sociedade e que, mesmo havendo se tornado cristãos, queriam que sua rotina social continuasse inalterada. Era este o grupo com o qual se ocupa de modo especial nesta sua carta.
A epístola
Dois fatores estão por trás da composição de 1Coríntios: 
Primeiro, Paulo recebera relatos da igreja que o deixaram preocupado (1.11; 5.1).
Segundo, havia chegado uma delegação de Corinto, e  (ou com) uma carta pedindo conselhos sobre várias questões (7.1; 16.17).
Na epístola, Paulo aborda cinco das questões trazidas a ele:
  • divisões dentro da igreja;
  • um caso de incesto;
  • processos contra membros da Igreja;
  • o abuso da "liberdade" cristã;
  • o caos reinante nos cultos da Igreja, inclusive na ceia do Senhor.
Ele também responde a perguntas dos coríntios feitas por escrito:
  • sobre casamento e vida de solteiro (veja "Problemas de natureza sexual na igreja de Corinto");
  • sobre a questão da comida consagrada a ídolos e atividades sociais realizadas nos templos pagãos;
  • se as mulheres deviam, ou não, cobrir a cabeça para orar, e o papel que podiam desempenhar nas reuniões públicas (Paulo também insistiu que os homens deviam orar e profetizar com a cabeça descoberta, por mais que os gregos e romanos, homens e mulheres, tivessem o costume de cobrir a cabeça durante um ato de adoração ou sacrifício);
  • a questão dos dons espirituais;
  • o fato e o significado da ressurreição.
A resposta de Paulo a essas perguntas nos dá um fascinante vislumbre do que realmente acontecia numa daquelas primeiras igrejas, e o que vemos nem sempre é animador ou digno de imitação!
1Co 1.1-9: Saudação e oração
A introdução e a ação de graças (1.4-9) são típicas de Paulo. Ele acreditava em encorajamento. De todas as usas epístolas às igrejas, apenas Gálatas não contém um parágrafo introdutório assim.
Sóstenes (1) Possivelmente o líder da sinagoga mencionado em At 18.17. É possível que fizesse as vezes de secretário de Paulo.
V.8 O "dia" se refere ao retorno de Cristo e ao juízo final.
1Co 1.10 -- 4.21: Grupos rivais
É fácil entender como podiam surgir divisões numa época em que Igreja ainda não tinha prédios, os cristãos se reuniam em casas, e um grupo menores. Paulo menciona três grupos, centrados em "líderes" rivais: Paulo (seu fundador), Apolo e Cefas (Pedro). Um quando grupo, cheio de orgulho, reivindicava direito exclusivo ao título de "cristão".
Apolo (1.12) era um cristão de origem judaica natural de Alexandria (Egito). Quando chegou a Éfeso, recebeu instrução adicional de Áquila e Priscila (At 18.24-28). Mudou-se para a província da Acaia (cuja capital era Corinto), onde deu mostras de ser um mestre poderoso e eloquente.
A referência a Pedro (Cefas, 1.12) não significa necessariamente que ele visitou Corinto. Como líder dos 12 apóstolos, seria natural que tivesse seguidores, principalmente entre cristãos de origem judaica.
Esses capítulos iniciais permite concluir que os grupos estavam fazendo comparações entre Paulo e Apolo, o mais eloquente. Mesmo sendo um intelectual bem treinado, Paulo tivera suas dificuldades em Corinto (At 18.9-10; 1Co 2.3). Sua maior preocupações era anunciar com clareza a mensagem de Deus, e não falar bonito sem dizer nada.
Mas os coríntios estavam influenciados pelo espírito reinante na vizinha cidade de Atenas. Eles se consideravam filósofos e se orgulhavam da sua suposta superioridade intelectual. Na realidade, como Paulo indica (3.1-4), o fato de gostarem de discutir e julgar os outros mostrava que ainda estavam presos à mentalidade deste mundo. Eles precisavam aprender que a sabedoria humana estava longe de ser a sabedoria de Deus (1.18 -- 2.16). Não são as pessoas orgulhosas e astutas que valorizam a sabedoria do plano divino de salvação através da morte de Cristo na cruz, mas aquelas que são sábias espiritualmente. Esse tipo de sabedoria, que vem acompanhando de dons valores e capacidade de discernimento, é dom de Deus através de seu Espírito Santo. Para ser realmente sábia, a pessoa precisa se tornar louca aos olhos do mundo (3.18).
Paulo e Apolo não eram rivais, mas colegas, companheiros na obra de edificação da Igreja de Deus (3.5-9). Depois que o alicerce básico da fé em Cristo foi lançado, cada cristão é responsável pelo que faz com a nova vida que recebeu. É preciso construir algo duradouro, diz Paulo (3.10-17).
Entre cristãos, não deveria haver lugar para orgulho, nem para menosprezo dos outros. Os maiores cristãos se consideram nada mais do que escravos de Deus. Este é o exemplo a ser seguido (cap. 4).
Casa de Cloe (1.11) Provavelmente membros da família de Cloe.
Estéfanas (1.16) Um membro fundador da igreja de Corinto, e integrante da delegação enviada pela igreja para falar com Paulo, em Éfeso (16.15-18).
1.17 A tarefa principal de Paulo era evangelizar, proclamar as boas novas, e não batizar.
Judeus e gregos (1.22) Paulo destaca as características nacionais. Os judeus queriam provas concretas (milagres). Os gregos gostavam de especulações filosóficas. Os dois grupos não compartilhavam o mesmo conceito de salvação. Para os gregos, ser salvo significava ser resgatado, curado ou liberto da escravidão.
1.26 Veja introdução acima.
Verdade secreta (2.1, NTLH) Outros manuscritos trazem "testemunho" (ARA)
Sois santuário de Deus (3.16) Aqui Paulo se refere a toda a Igreja; mas adiante (6.19) se refere ao indivíduo.
Preceptores (4.15, ARA) Escravos que cuidavam dos filhos de seu mestre e os levavam à escola.

Timóteo (4.17) Jovem colega e colaborador de Paulo (16.10-11; At 16.1-4).


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1 Co cap 05 ao 16






II Coríntios


II CORÍNTIOS
Poder na fraqueza
RESUMO
Paulo havia sido atacado por membros da igreja de Corinto. Com vistas a melhorar o relacionamento com aqueles cristãos, ele escreve para se explicar e esclarecer o que significava ser apóstolo de Cristo.


Esta é a Segunda Epístola existente que Paulo escreveu aos cristãos em Corinto. Esta carta, 2 Coríntios, é a mais pessoal de todas as cartas de Paulo, em que ele revela o seu próprio coração para esta igreja e o seu ministério em geral. Ela conta os altos e baixos, as alegrias e as lutas, os privilégios e os sofrimentos do ministro. A fragilidade do ministro, entretanto, é mais do que compensada pelo poder de Deus.
Um intervalo de pouco mais de um ano separa as duas epístolas de Paulo aos coríntios. A segunda epístola foi escrita provavelmente em 56 d.C., numa cidade da Macedônia (a província romana no norte da Grécia cuja capital era Filipos).
Depois da primeira epístola, os problemas aparentemente se agravaram e Paulo fez uma rápida visita não programada a Corinto (sua segunda visita; na primeira, a igreja havia sido fundada). Essa visita acabou trazendo dissabores tanto para ele quanto para a igreja (2.1). Ele prometeu voltar a Corinto (1.16). Mas em vez disso, para evitar uma visita ainda mais dolorosa (1.23), ele dirigiu-se à Ásia (onde enfrentou grave perigo, 1.8-11) e lhes escreveu uma carta severa, a carta das "muitas lágrimas" (2.4). Ele só teria paz de espírito depois de ouvir a reação da igreja. Assim, partiu para Trôade, junto à costa, esperando receber notícias. Tudo corria bem em Trôade, mas Paulo não podia esperar mais. Acabou atravessando o mar Egeu e chegou à Macedônia (2.12-13), onde finalmente Tito o alcançou com a notícia de que a carta havia trazido os coríntios de volta à realidade (7.6-7). Paulo ficou muito feliz.
Agora, ao escrever novamente, o pior havia passado. Ele pensa em fazer uma terceira visita, que espera seja alegre. Assim, a parte final da carta foi escrita especificamente para colocar os pontos nos is (13.10). (Ele conseguiu fazer essa visita, e escreveu sua carta aos romanos durante sua estada em Corinto. Isto permite concluir que a história com os coríntios teve um final feliz).
2 Coríntios é, talvez, a mais pessoal de todas as cartas de Paulo. Á medida que lemos, sentimos o peso da sua preocupação com todas as igrejas (11.28): o profundo amor que tinha por elas e o quanto ansiava pelo seu progresso espiritual. Vemos o preço pago por ele para levar adiante seu projeto missionário: dificuldades, sofrimento, privações, humilhação, quase tudo além do limite que se pode suportar. E vemos fé inabalável em meio a tudo isso, fazendo com que cada circunstância seja vista sob outra perspectiva.
A natureza pessoal da carta torna difícil sua análise. O pensamento de Paulo flui de forma quase ininterrupta e os temas se repetem. (As interrupções mais significativas ocorrem no começo do cap. 8, onde ele passa a abordar a questão do auxílio para Jerusalém, e no começo do cap. 10, onde responde às acusações de seus críticos). No geral, Paulo escreve para defender o seu ministério e a autoridade apostólica que havia recebido de Deus.
2Co 1.1-17: Saudação e ação de graças
Timóteo aparece como co-autor ou co-remetente da carta. Paulo escreve aos cristãos de Corinto e da província circunvizinha da Acaia, que incluía as comunidades de Atenas e Cencréia.
Sua oração revela um tom mais pessoal do que o costumeiro. Em vez de louvar a igreja, Paulo agradece a Deus por ter sido tão bondoso para com ele durante as recentes provações. Seu sofrimento tivera dois bons efeitos colaterais: 
  • a experiência do consolo (ou da ajuda) de Deus em toda aquela situação;
  • uma nova habilidade de ajudar e consolar aqueles que se encontram em circunstâncias semelhantes.
2Co 1.18--2.17: Notícias e explicações
  • Face a face com a morte (1.8-14).
Agora aparece o motivo da oração de Paulo. Durante a permanência na província da Ásia (cuja capital era Éfeso), Paulo teve dificuldades tão sérias que parecia que ele não escaparia com vida. A princípio isso parece uma referência ao tumulto em Éfeso descrito em At 19.23-41. Mas ali a vida de Paulo não esteve em perigo. É mais provável que ele ficou seriamente enfermo ou foi ameaçado de morte por alguma turba em algum lugar da Ásia (atual Turquia).
  • Paulo explica sua mudança de plano (1.15--2.11).
Na sua primeira epístola (1Co 16.5), Paulo prometeu ir a Corinto passando pela Macedônia (norte da Grécia). Mais tarde, decidiu fazer duas visitas, uma a caminho da Macedônia e outra no retorno de lá (1.16). Acabou não fazendo nem uma nem outra, levando os coríntios a dizer que Paulo era inconstante ou indeciso. Mas essa não era a explicação para a mudança de planos. Ele tomou sua decisão por causa da situação na igreja. Depois daquele primeiro confronto, ele queria adiar sua visita até que a situação ficasse mais calma. Assim, tentou esclarecer as coisas com a carta - uma carta que talvez magoasse os coríntios, e que foi difícil de escrever.
Aparentemente, o problema era a oposição a Paulo da parte de um homem (2.5-11; não se trata do mesmo indivíduo em 1Co 5.1). Agora que a igreja havia tratado do caso, Paulo pede que eles o perdoem.
  • Viagens recentes de Paulo (2.12-17).
Depois de escrever a epístola, Paulo não teve descanso. Foi a Trôade, na esperança de encontrar Tito em viagem de regresso de Corinto com notícias da reação da igreja. Sem conseguir encontrá-lo ali, ele atravessou o mar Egeu e foi até a Macedônia. O motivo para a ação de graças dos vs. 14-17 aparece no cap. 7. Na Macedônia, ele encontrou Tito e as notícias de Corinto eram boas.
»V. 14 Paulo baseou essa ilustração no cortejo triunfal de um general romano vitorioso. O general liderava um desfile pelas ruas de Roma, durante o qual se queimava incenso aos deuses. Atrás do vencedor vinham os prisioneiros e os despojos de guerra. Paulo se vê como escravo de Cristo (no final do cortejo, entre os prisioneiros acorrentados que seriam executados), sendo levado por Cristo em cortejo triunfal através do Império. Para os prisioneiros, o perfume do incenso tinha como que um cheiro de morte, e o mesmo se aplica ao aroma de Cristo no caso de Paulo. No final, ele sofreria uma morte como a de Cristo. Compare 4.10-12. (Outra explicação possível, que transparece em algumas traduções, é que Paulo se considera um soldado que faz parte daquele cortejo.)
2Co 3.1--6.10: O ministério de Paulo
Passado, presente e futuro se entrelaçam nesses capítulos. Quanto ao passado,  a antiga aliança fora substituída por uma nova aliança que dá vida (3.6-18). O presente é paradoxal: por um lado, o apóstolo foi designado embaixador do próprio Deus, encarregado de transmitir sua mensagem maravilhosa à humanidade (3.4-6; 4.1-6; 5.16--6.2); por outro, ele estava sujeito a todo tipo de fraqueza humana, perseguição e sofrimento (4.7-12; 6.3-10). Mas o futuro, em toda sua certeza gloriosa, ofusca qualquer sofrimento que o presente possa oferecer (4.13--5.10). Compare o preço do discipulado, por maior que pareça, com o "eterno peso de glória" que está sendo preparado para os fiéis seguidores de Cristo e você terá a proporção exata das coisas e saberá o que é preferível.
»Cartas de recomendações (3.1) Nos primeiros tempos, cristãos que se mudavam para outra cidade geralmente levavam consigo uma carta de recomendação da igreja anterior para a nova. Paulo não precisava de tal carta - a própria existência da igreja de Corinto era testemunha suficiente.
»Tábuas de pedra (3.3) Nas quais foi escrita a lei que Deus deu a Moisés (Êx 24.13).
»Face de Moisés (3.7-11) Quando Moisés desceu do monte Sinai com as tábuas da lei, o seu rosto brilhava, de tão próximo que ele havia estado de Deus. Esse brilho ofuscou os israelitas, de sorte que, para não amedrontá-los, ele cobriu o seu rosto (Êx 34.29-35).
»Contemplamos/refletimos a glória (3.18) O "espelho", feito de metal polido, dava apenas um reflexo imperfeito.
»Vasos de barro (4.7) Lamparinas sem muito valor, feitas de cerâmica (veja v. 6). Ou, se Paulo ainda tem em mente o cortejo triunfal romano, potes de barros escolhidos exatamente porque contrastam com os magníficos tesouros que continham.
»Tabernáculo (5.1) O nosso corpo. Paulo usa uma expressão grega corrente , que ao mesmo tempo aponta para a transitoriedade do corpo.
»Nus (5.3, ARA) "Sem corpo" (NTLH), isto é, como um espírito desencarnado.

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II Coríntios caps.6 ao 13



Gálatas



GÁLATAS 
RESUMO
Uma carta escrita às pressas em que Paulo lida com problemas sérios. A questão básica diz respeito a mestres que insistiam que os cristãos de origem gentílica deviam ser circuncidados e guardar a lei judaica.





Quem eram os gálatas?

A Galácia era uma enorme província romana que se estendia quase de costa a costa, passando pelas montanhas e planícies da região central da Turquia. Não sabemos o alcance exato da atividade missionária de Paulo nessa província, isto é, que áreas foram evangelizadas por ele. At 13--14 registram a fundação de igrejas nas cidades de Antioquia, Icônio, Listra (cidade de Timóteo) e Derbe, mais ao sul, durante a primeira viagem missionária. E sabemos que Paulo fez mais duas visitas àquela região posteriormente (At 16.6; 18.23). (Os gálatas étnicos eram três tribos celtas que se haviam instalado na parte norte da província.)

Por que Paulo lhes escreveu esta carta?

Paulo escreveu Para abordar alguns problemas sérios nas igrejas. Pouco tempo depois de sua primeira visita, a Galácia recebeu a visita de outros mestres cristãos de origem judaica. Paulo ensinara que, para receber o perdão de Deus e viver a nova vida em Cristo, não se precisava nada além de arrependimento e fé. Esses mestres insistiam que convertidos de origem gentílica também deviam ser circuncidados e obedecer à lei judaica, ou seja, praticamente se tornarem judeus. (O mesmo aconteceu em Antioquia da Síria, At 15.1.) Quando Paulo ouviu isso, ficou muito preocupado (Gl 4.20). Ele viu que isso atingia o cerne da mensagem cristã. Salvação - vida nova - é dom de Deus a todos os que crêem. Esse ensinamento novo "tornava a obediência à lei tão essencial à salvação quanto a fé no Messias crucificado" (R. A. Cole). Tendo começado com base na fé, retornar à lei como base de vida cristã significava destruir tudo que havia sido construído. Os cristãos são pessoas libertas e livres, sujeitas apenas à lei de Cristo (a lei do amor; cap. 6). Essa situação resultou na mais severa de todas as epístolas de Paulo.
*Paulo não estava se referindo à Lei dos DEZ MANDAMENTOS! (Essa lei continua em vigor eternamente) Não se pode mudar a Lei do Eterno. Apenas foi anulado a lei sacrificial. Aquela dos sacrifícios de animais. Tendo em vista o Sacrifício eterno de Cristo o Cordeiro de Deus, ter sido suficiente para sempre.  ["Embora a justaposição da lei e do evangelho estivesse presente nos líderes da Igreja, não foi até a época da Reforma que a justaposição da lei e da graça se tornou tão pronunciada. Esta se tornou a ênfase dominante da Reforma. O oposto da graça tornou-se lei ; o oposto da lei tornou-se graça. No entanto, biblicamente o oposto da lei nunca foi graça, mas ilegalidade. Assim como o oposto da graça nunca foi lei, mas desgraça." Dr. Eli Lizorkin-Eyzenberg]

Quando a epístola foi escrita?

A data provavelmente é por volta de 49 d.C. Esse foi o ano em que a "comissão de inquérito" se reuniu em Jerusalém para tratar dessa mesma questão (At 15). Paulo pode estar se referindo a esse concílio (ou às conferências que o precederam) em 2.1-2, embora não tenha deixado isso explícito. Se ele não se refere a isso, a epístola deve ter sido escrita pouco antes desse encontro em Jerusalém. Vários anos depois, em sua carta aos Romanos, Paulo volta a discutir algumas dessas mesmas questões. Na época, a situação era menos dramática, o que lhe permitiu considerar essas questões com mais calma. No entanto, a epístola aos Gálatas se destaca como a grande declaração da liberdade cristã.
Gl 1: Não existe outro evangelho
A urgência de Paulo fica clara desde o início. A maneira abrupta de afirmar a sua autoridade (1) e a ausência de qualquer elogio não são tipicamente paulinas. Ele vai direto ao assunto (6-8): existe apenas um "evangelho de Cristo". Que sejam condenados aqueles que afirmam o contrário! Ele não está dizendo isso para agradar as pessoas (é possível que os judaizantes considerassem o evangelho de Paulo uma opção mais fácil, se comparada com o cumprimento da lei). A única aprovação que lhe interessa é a aprovação de Deus (10).
O que Paulo ensina é simplesmente o que o próprio Cristo revelou (12). Não havia ninguém mais dedicado às tradições da religião judaica do que Paulo, antes de seu encontro com Jesus no caminho para Damasco (13-15; At 9).
Sua breve autobiografia (13-2) destaca o fato de que sua autoridade vem de Deus. Não precisava da "autorização" de ninguém, embora ele conhecesse bem os líderes da igreja de Jerusalém que supostamente aprovavam a mensagem que ele havia recebido de Deus (como mais tarde também apoiariam plenamente um evangelho livre da lei para os gentios: At 15).
Vs. 4-5 Paulo enfatiza o fato de que a iniciativa foi de Deus.
O meu proceder outrora (13) Veja At 8.1; 9.
V. 17 Não é fácil encaixar os acontecimentos que, segundo Paulo, se seguiram à sua conversão no relato (muito resumido) de At 9. "Arábia" pode ser a área ao redor de Damasco, ou, num sentido mais amplo, o reino nabateu governado por Aretas (cuja capital era Petra, na atual Jordânia). Os "três anos" podem ter sido um ano completo e parte de outros dois. Paulo não diz por que foi para a Arábia. Como o seu tema é a autoridade que deus lhe deu para difundir o evangelho, é provável que ele estivesse fazendo exatamente isso. (Essa mesma atividade havia gerado um conflito com o rei Aretas anteriormente, em Damasco: 2Co 11.32.)
Cefas (18, ARA) Pedro (NTLH). Essa parece a visita referida em At 9.26-30.
Síria e Cilícia (21) Antioquia ficava na Síria; Tarso (cidade natal de Paulo; At 9.30), na Cilícia. A Cilícia ficava na extremidade sudeste da costa da atual Turquia.
O assunto principal que Paulo discute na carta aos Gálatas é o ensino errôneo dos "judaizantes", que insistiam que todos os cristãos deviam ser circuncidados e se sujeitar à lei judaica. Paulo (o judeu convertido) entendia que isso era equivalente a trocar a liberdade cristã pela escravidão. 
Gl 2: A missão de Paulo é aprovada esta segunda visita de Paulo a Jerusalém pode ser aquela mencionada em At 11.30 (para levar ajuda por causa da fome) ou, então, a que aparece em At 15 (levantando as questões que resultam no Concílio). Ele teve uma reunião particular para discutir o evangelho que ele pregava entre os gentios. Paulo não queria que sua obra fosse invalidada, e temia que seu ministério pudesse ser prejudicado ou até desaprovado pelos líderes de Jerusalém. Mas eles aprovaram plenamente o que Deus fazia de forma tão clara através de Paulo (7-9).
Mas em Antioquia, Pedro, com medo de alguns irmãos mais rigorosos que haviam sido mandados por Tiago, voltou atrás em sua anterior aprovação de um evangelho livre da lei para os gentios. E outros - inclusive Barnabé, antigo companheiro de missão de Paulo - seguiram o exemplo de Pedro. Por causa das leis alimentares dos judeus, eles não comiam com os gentios. Paulo repreendeu Pedro em público (11-14).
Depois de obter a liberdade através da fé em Cristo, como podiam reconstruir o sistema da lei que haviam derrubado (11-21)? A vida cristã deve ser vivida da mesma forma como começou - pela fé (20). Lembrando que a fé, não exclui a obediência ao Deus Eterno e Soberano. 
Catorze anos depois (1) Isto pode ser desde sua conversão ou desde sua estada na Cilícia.
Ruínas da cidade de Antioquia de Pisídia,(⇚FOTO) antiga província romana da Galácia, hoje Turquia e onde Paulo pregou, juntamente com Barnabé.
Da parte de Tiago (12) Mas Tiago não compartilhava o ponto de vista deles (veja At 15.13-21).
Comia com as gentios (12) Veja Rm 14.2,14.
Vs. 17-18 O verdadeiro pecado não estava na violação das leis alimentares, mas na volta ao sistema da lei [cerimonial].
Vs. 19-20 Veja o comentário sobre Rm 6--7.
Gl 3--4: É fé, do começo ao fim
Segundo Paulo, só um tolo haveria de querer trocar a liberdade cristã pela lei judaica. Aqueles cristãos de origem judaica queriam circuncidar os gentios para que se tornassem filhos de Abraão. Só que os cristãos de origem gentílica já eram filhos e herdeiros de Abraão - porque tinham a mesma fé que Abraão havia tido (3.7,29). Deus aceitou Abraão séculos antes de a lei ser dada através de Moisés. Portanto, como é que a lei podia dar às pessoas o perdão (3.1518)? Ela atuou até que a promessa feita a Abraão fosse cumprida com a vinda de Cristo (3.19-24). Agora, pela fé nele, somos todos filhos de Deus - independentemente de raça, condição social, ou sexo.
Os gálatas haviam respondido com entusiasmo à pregação de Paulo. O que os levou a mudar de idéia (4.8-20)? Nesse texto transparece a preocupação amorosa de Paulo. Será que os gálatas queriam mesmo abrir mão de liberdade (4.8-9)? Os que vivem sob a lei são como o filho que Abraão teve com a escrava Agar. Mas os cristãos nasceram livres, e, como Isaque, são herdeiros de todas as promessas de Deus.
3.12 Lv 18.5.
3.13 Dt 21.23.
Anjos (3.19) O texto grego de Dt 33.1-2 diz: "O Senhor veio do Sinai... à sua destra estavam seus anjos com eles."
Rudimentos/poderes espirituais (4.3,9) As forças que os haviam controlado no passado; os falsos deuses que costumavam servir.
Dias (4.10) Dias das festas judaicas.
Por causa de uma enfermidade (4.13) Veja 2Co 12.7.
4.21 Aqui, Paulo se vale da história contada em Gn 16; 21.
Monte Sinai (4.24) Onde a lei foi dada a Moisés.
Gl 5--6: "Cristo nos libertou" (Veja AQUI as Cartas de Paulo no Hebraico Bíblico sobre o assunto da Lei e da Graça)
A liberdade é preciosa - preciosa demais para ser desperdiçada (5.1). A questão não é tanto a circuncisão, mas o que ela representa. Paulo está tão furioso com aqueles que perturbavam seus novos convertidos que gostaria que se castrassem de uma vez (5.12)! Os cristãos não devem se sujeitar à lei sacrificial e cerimonial, mas deixar que o Espírito de Deus os guie (5.16). Quando o Espírito vivificante de Deus está no comando, a vida humana produz uma farta colheita de amor, alegria, paz etc. (5.22) - qualidades totalmente contrárias ao que a natureza humana "natural" consegue produzir (5.16-21).
A comunidade cristã se preocupa com os outros e sabe compartilhar (6.1-6). Aqueles que falham são corrigidos (com humildade). Um ajuda a levar o fardo do outro. As pessoas colhem exatamente o que plantam na vida: por um lado, colheita de morte; por outro, colheita de vida eterna (6.7-9). Portanto, "devemos fazer o bem a todos, especialmente aos que fazem parte da nossa família na fé".
Neste ponto (6.11), Paulo tomou a pena da mão de seu secretário, para escrever as últimas linhas pessoalmente. Para ele, só há uma coisa de que vale à pena se orgulhar: o poder da cruz de Cristo, capaz de recriar e transformar vidas humanas. Ao exemplo da marca feita com ferro quente na pele de um escravo, as cicatrizes no corpo de Paulo, resultantes de seu trabalho por Cristo, mostram a quem ele pertence.
5.11 Alguns dos oponentes de Paulo estavam dizendo que ele era a favor da circuncisão.
As marcas de Jesus (6.17) Veja 2Co 4.7-12; 6.4-10; 11.23-29. As marcas do seu serviço cristão eram prova viva, caso ainda houvesse necessidade de provas, de que ele era verdadeiro apóstolo de Cristo.

"FORA DA LEI" EM GÁLATAS(*)

Em Gálatas, Paulo ensina a seus discípulos: “Se vocês são guiados pelo Espírito, não estão debaixo da lei”(Gal 5:18; cf. Rom 6: 14-15; 1 Cor 9: 20-21). O que Paulo quer dizer com “não está debaixo da lei”? A resposta tradicional é que Paul (Shaul) abandonou a Torá por uma forma alternativa de vida - não uma vida de observância legal, mas uma vida sob a “graça” e “fé”. Esta suposta mudança no estilo de vida de Paulo assume que a graça e a fé estão em oposição à Lei de Deus, mas o próprio Paulo negou tal oposição muitas vezes (por exemplo, Rm 3:31; 4:16; 7: 7-16; 10: 5) . Um exame mais atento de Gl 5:18 mostra que Paulo não desdenha a Lei (longe disso), mas sim qualifica o escopo da Lei à luz da chegada do Messias. Devo adverti-lo, minha explicação das palavras do apóstolo o levará muito longe do caminho tradicional de leitura de Gálatas.
A noção de Shaul de não estar "sob a Lei" começa antes em Gálatas, quando ele pergunta: "Você recebeu o Espírito pelas obras da Lei ou por ouvir com fé?" (Gal 3: 2-3). Claramente, o Espírito trabalha por meio da fé! Paulo acrescenta: “Mas antes que a fé viesse, éramos protegidos pela lei, sendo encerrados juntamente com a fé que mais tarde seria revelada. Portanto, a Lei se tornou nosso tutor para nos conduzir a Cristo, para que possamos ser justificados pela fé. Mas agora que a fé veio, não estamos mais sob a orientação de um tutor. ” (Gal 3: 23-25).
Primeiro, Paulo freqüentemente usa o termo “fé” (πίστις; pistis ) em Gálatas como uma abreviação para “fé no Messias” e o termo “promessa” (ἐπαγγελία; epangelía ) para a herança prometida dada a Abraão (cf. Gn 12 : 1-3; 15: 18-20). A herança ou promessa é algo que um herdeiro recebe quando o filho amadurece. De acordo com Paulo, seus discípulos da Galácia já receberam a “promessa / herança abraâmica” pelo Espírito, sem o envolvimento da Torá (Gl 3: 26-29). Os judeus podem receber a mesma “promessa / herança da aliança” através do Espírito no processo de serem guiados pela Torá.
Em segundo lugar, Shaul compara a custódia de um zelador ou tutor (grego: παιδαγωγός; paidagogós ) sobre um menor com a custódia da Torá sobre Israel. Esta não é uma ilustração perfeita (porque destaca apenas um lado da Torá), mas Paulo apresenta a ideia de “tutor” como um exemplo da vida romana que seu público entenderia. Em inglês, um tutor ou pedagogo pode implicar instrução acadêmica, mas em grego ou hebraico, os termos implicam em treinamento prático em habilidades para a vida. Em hebraico (מוֹרֶה ; moreh ) “professor” ou “instrutor”, “alguém que aponta para a direção certa” está relacionado com a palavra Torá (תּוֹרָה; torá ). “Lei” grega (νόμος; nomos) não é a melhor tradução para esse relacionamento, mas as traduções raramente são perfeitas ou precisas. A questão da Torá surge porque Paulo endereça sua carta a não judeus que estão considerando a circuncisão e a conversão formal , o que os obrigaria a viver de acordo com os mandamentos da Torá.
Portanto, tendo isso em mente, o que Paulo quis dizer com não estar “sob a Lei” ou “sob a orientação de um tutor” em sua ilustração? A resposta pode ser surpreendentemente direta. Herdeiros maduros sabem como seu pai deseja que eles ajam e não exigem a aplicação de regras por um zelador que já os ensinou a viver bem em sociedade.Gálatas não são judeus e, tecnicamente, eles nunca estiveram “sob a lei” e, portanto, não exigem emancipação dela. Portanto, aplicar este cenário a não judeus não é inteiramente apropriado. Paulo meramente diz que existem dois caminhos para a herança, um através do Espírito e outro através da Torá que conduz a Cristo. (Gal 3:24). Mas os gálatas não conheciam a Torá. Eles nem mesmo conheciam a Deus antes de Paulo os apresentar a Jesus (Gl 4: 8; cf. Ef 2:12), então, sob que lei eles poderiam estar antes do Messias?
Na verdade, ao longo da história de Israel, a Torá serviu como um guia, como um professor e guardião que instrui, corrige e até mesmo disciplina. A Torá preservou Israel como um povo que vive entre as nações pagãs por muitas gerações, permitindo-lhes finalmente ver os dias do Messias. Agora que o Messias veio, aqueles que o abraçam são “herdeiros maduros”, eles estão prontos para receber sua herança / promessa. Eles são guiados pelo Espírito e, portanto, não “sob o tutor”.No entanto, isso não significa que Israel, como um herdeiro maduro, pode agora ignorar tudo o que lhe foi ensinado desde a infância e agora pode viver como quiser, sem quaisquer consequências. O ensino da Torá nunca deixa de ser válido e verdadeiro. A ilustração de Paulo não deve ser levada muito longe. As ilustrações raramente são perfeitas e simplesmente existem para esclarecer uma ideia. Na verdade, as ilustrações não devem ser examinadas ou transformadas em teologia. O ponto original de Paulo é que os gálatas, que são gentios, não devem ser circuncidados e rapidamente adquirem um tutor para si mesmos. O seu caminho para a “promessa” (ἐπαγγελία; epangelía ) é diferente, segundo o seu mestre (Gal 5, 18) e por isso “não estão debaixo da lei”. (*Este texto é parte de um artigo publicado em Israel Bible Center por  Pinchas Shir

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