COSTUMES BÍBLICOS: I Coríntios cap 05 ao 16


I Coríntios cap 05 ao 16

 I Coríntios cap 05 ao 16
1Co 5: Incesto na igreja
Em nome de sua ostentada "liberdade", a Igreja estava fazendo vista grossa para um caso de incesto (tanto a lei romana como a judaica proibiam o casamento entre um homem e sua madrasta). Era um caso que chocaria até pagãos naquela cidade famosa pela imoralidade. Aqueles cristãos haviam trazido para dentro da Igreja seus antigos valores, e não os abandonaram. Agora toda a Igreja estava ameaçada (como Paulo havia advertido numa epístola anterior, embora houvesse sido mal interpretado pelos coríntios, 9-13).
Entregue a Satanás (5) Esta expressão só é usada aqui e em 1Tm 1.20. É preciso aplicar uma disciplina a curto prazo para alcançar um benefício a longo prazo, tanto para a Igreja quanto para o indivíduo envolvido. Aquele homem deveria ser expulso da igreja: "entregue ao âmbito em que Satanás domina" (Leon Morris). É difícil ver como isso resultaria na destruição da "carne" (talvez "desejos pecaminosos") ou do "corpo".
Fermento (6-8) Geralmente (mas nem sempre) usando como ilustração do poder corruptor do mal. O pão a ser comido na Páscoa era feito sem fermento, para lembrar a saída apressada do Egito. Segundo Paulo, Cristo se tornou nosso sacrifício pascal; é hora de nos livrarmos do velho fermento do mal em nossa vida.
1Co 6.1-11: Processos contra membros da Igreja

Alguns cristãos coríntios estavam processando seus irmãos na fé, algo que não deveria ser tolerado entre cristãos. Os judeus não recorriam aos tribunais dos não-judeus, não porque esses tribunais fossem corruptos (embora muitas vezes este fosse o caso, pois Juízes aceitavam suborno), mas porque seria um reconhecimento da incapacidade de aplicar as próprias leis judaicas. Certamente a comunidade cristã -- aquele grupo de coríntios "sábios" -- devia ser capaz de resolver disputas internas. Melhor aguentar a injustiça do que arrastar perante o tribunal um irmão na fé.
Julgar o mundo (2), julgar os próprios anjos (3) Paulo está falando do juízo final e retoma as palavras de Cristo em Mt 19.28. Os "anjos do cosmos" são mencionados como a ordem mais elevada no universo criado.
1Co 6.12-20: Liberdade ou libertinagem?
Os coríntios alegravam ser livres para fazer qualquer coisa (veja também 10.23). "Sem dúvida", diz Paulo, "mas não vou deixar que nada me escravize" (6.12). Eles argumentavam que os impulsos sexuais eram como a fome: deviam ser satisfeitos. De qualquer forma, o corpo, segundo eles, não era importante. Mas este é um equívoco, um resquício de uma forma antiga (grega) de pensar. Para o cristã, o corpo não pode ser separado da personalidade como um todo. (Paulo deliberadamente evita os conceitos gregos de corpo e alma e o que isso implica). Não se pode pecar com o corpo e manter pura a "verdadeira" pessoa, pois cada indivíduo é um todo. Os cristãos foram inseridos no corpo de Cristo e cada um precisa usar o seu corpo para a glória e honra de Deus.
1Co 7: Respostas a questões sobre casamento
Na carta que enviaram a Paulo, os coríntios fizeram seis perguntas sobre a vida de solteiros e casados:
>O casal pode continuar a ter relações sexuais normais após a conversão? Sim (7.1-7).
>Os solteiros devem se casar? Paulo prefere a vida celibatária, mas apenas para aqueles que têm o dom do autocontrole (8-9).
>O divórcio entre cristãos é permitido? Não (10-11).
>E o marido incrédulo ou a esposa incrédula? O cristão deve ficar com o seu cônjuge pagão, a não ser que este queria a separação (12-16).
>A quinta questão não é muito clara. É provável que seja: "Os que são noivos devem se casar?" Este é um assunto de foro íntimo, mas, prevendo que tempos difíceis estavam por vir, Paulo entende que seria mais fácil seguir as prioridades cristãs na condição de solteiro (25-38).
>Os viúvos podem casar outra vez? Sim, mas Paulo impõe uma condição (39-40).
Vs. 10,12 Paulo teve o cuidado de distinguir entre ordens dadas por Jesus (ou uma tradição que o Senhor começou) e seu próprio ensinamento.
V.29 Paulo não está sugerindo que o homem abandone a sua esposa ou faça pouco caso dela. Ele está falando sobre prioridades, e sobre o perigo de as preocupações do dia a dia se tornarem a coisa mais importante da vida.
1Co 8: A questão dos alimentos oferecidos a ídolos
As colunas do templo de Apolo (o deus-sol) se destacam entre as ruínas da antiga Corinto.
Em Corinto, era difícil romper definitivamente com o paganismo. "Sindicatos" e associações realizavam suas atividades sociais nos templos. A maior parte da carne vendida nos açougues fora, antes, sacrificadas a ídolos.
Alguns cristãos afirmavam que, como outros deuses na verdade não existem ("o ídolos nada é no mundo"), eles tinham liberdade para comer carne e participar dos banquetes das associações. Mas outros estavam preocupados. O cristão é livre, diz Paulo. Mas ninguém deveria exercer sua liberdade pessoal à custa da consciência de outra pessoa. O amor é mais importante do que o conhecimento.
A questão não era tanto o alimento, mas onde ele era ingerido. Nunca é certo -- nem mesmo em ocasiões sociais -- comer à mesa de demônios num templo pagão. (Isso só era um problema para a elite social, pois os pobres normalmente não eram convidados para festas num templo).
1Co 9: Direitos e responsabilidades
Cristãos devem abrir mão de sua própria liberdade, caso houve o risco de, valendo-se dela, prejudicar os outros ou fazer com que se desviem da fé. Para enfatizar esta verdade, Paulo usou exemplos tirados de sua vida.
Se alguém tinha direitos, este era com certeza o apóstolo Paulo. Mas de bom grado ele abri mão de seu direito de, em suas viagens, se fazer acompanhar de esposa cristã e do direito de esperar que a igreja o sustentasse. Há coisas mais importantes do que direitos. Por amor ao evangelho, esse "homem livre" se sujeitou voluntariamente a restrições impostas por outros para ganhar pessoas para Cristo.
Numa corrida... (24-27) Os jogos ístmicos (os mais importantes depois das olimpíadas) aconteciam a cada três anos, em Corinto. Cada competidor passava por 10 meses de treinamento intensivo, na expectativa de receber a coroa de louvor. Paulo não teima perder a sua salvação; ele temia não atingir o alvo de seu de seu chamamento. Isto explica a necessidade de continuar prosseguindo para o alvo, e não desperdiçar a salvação (com os israelitas haviam feito, no deserto: cap. 10).
1Co 10.1-13: Advertência tirada da história
É fácil ter excesso de confiança, ainda mais quando é vida é tranquila (10.12-13). O que aconteceu com muitos dos israelitas durante a peregrinação pelo deserto serve de solene advertência. (Hb 3.7-19 tira conclusões semelhantes dos mesmos acontecimentos).
V.7 Êx 32.6.
V.8 Nm 25.1-9.
V.9 Nm 21.5-6.
V.10 Nm 16.41-49.
1Co 10.14 -- 11.1: Apelo e resumo de Paulo
Os cristãos devem escolher entre o Senhor e os ídolos. (Estes em si não têm valor algum, mas, por trás deles, há poderes demoníacos reais). Não pode haver concessão. Participar de sacrifícios pagãos é brincar com fogo. Com relação à carne sacrificada, a regra é zelo altruísta pelo bem dos outros.
Cálice da bênção (10.16) O nome dado ao terceiro cálice na festa da Páscoa, sobre o qual era feita uma oração de ação de graças. Esse pode ter sido o cálice com o qual Jesus instituiu sua ceia memorial, a ceia do Senhor, o que explica sua menção neste texto.
1Co 11.2-16: Desordem na igreja: a questão do véu das mulheres
Algumas das mulheres da igreja de Corinto estavam desrespeitando a tradição, pois haviam decidido orar com a cabeça descoberta. Qual era cobertura (da cabeça) adequada para homens e mulheres quando oravam e profetizavam na igreja? Como os costumes judaicos eram diferentes dos gregos e romanos, Paulo precisou fazer uma regulamentação.
Os homens, segundo ele, deviam orar com a cabeça descoberta (ao contrário do costume grego e romano), mas as mulheres deviam cobrir a cabeça coberta era símbolo da autoridade dada por Deus às mulheres. Essa é uma passagem difícil e o significado não é bem claro. No final, Paulo volta ao que era costume nas igreja (16).
Tratava-se de uma questão de ordem e desordem, da glória de Deus e da glória humana. Na época, "cabeça" não simbolizava controle, autoridade ou liderança, embora o termo fosse usado para significar "fonte", que parece ser o significado neste texto.
"Paulo estava escrevendo para a cidade mais libertina do mundo antigo, e... em tal lugar a modéstia devia ser exercida e mais que exercida;... tomar uma regulamentação feita para um local específico e arrancá-la das circunstâncias em que ela foi formuladas para fazer dela um princípio universal é um procedimento inadequado" (Willian Barclay).
Desorna a sua própria cabeça (4-5) Isto é, "desonra Cristo" (veja NTLH).
Rapar a cabeça (6, NTLH) Na época, o castigo para uma prostituta.
Imagem e glória de Deus (7) Em Gn 1.26-27, ambos os sexos estão incluídos na "imagem" de Deus, embora lá não se mencione a "glória".
V. 10 No ensinamento judaico, os anjos representam ordem. A mulher que não cobrisse seu cabelo comprido quando orava em voz alta na igreja ou transmitia a mensagem de Deus transgrediria a "ordem adequada" do culto. Ela estaria mostrando sua própria glória (humana), quando o foco devia estar na glória de Deus. Algumas traduções trazem "marido" neste versículo, mas, em todo esse trecho, Paulo está falando sobre homens e mulheres, e não sobre maridos e esposas.
1Co 11.17-34: Desordem na igreja: ganância na ceia do Senhor
Naqueles primeiros tempos, a ceia do Senhor era celebrada durante uma refeição comunitária. Era uma espécie de "junta-panela", em que cada um trazia a comida que podia. Mas em Corinto o princípio de amor e compartilhamento havia sido esquecido. Alguns começavam a comer antes dos outros chegarem. E alguns ficavam bêbados enquanto outros passavam fome. Era uma desonra -- uma ofensa séria. Paulo teve que lembrá-los das circunstâncias em que a primeira ceia do Senhor foi realizada.
Isto é o meu corpo (24-25) O primeiro registro dessas palavras de Jesus.
Comer... indignamente (27-30) Nenhum cristão é "digno" de entrar na presença de Deus, mas essa não a questão aqui. O juízo sobreveio aos coríntios, não por falta de autoexame, mas por se empanturrarem como se aquela ceia não tivesse nenhuma relação com a morte do Senhor. Além disso, eles comiam sem levar em consideração seus companheiros cristãos (é isto que Paulo parece estar dizendo com "discernir o corpo", 29).
1Co 12 -- 14: Desordem na igreja: abuso de dons espirituais
Nas religiões daquele tempo, transes ou o fenômeno de falar línguas estranhas num estado de êntase revelavam a posição espiritual da pessoa. Portanto, não é de admirar que a igreja cristã em Corinto, á qual Deus deu uma variedade de dons através de seu Espírito Santo (12.4-11), tenha abraçado especialmente os mais espetaculares, entre os quais estava a capacidade de falar em "línguas" desconhecidas.
Paulo não menosprezou esses dons. Ele gostaria que todos falassem em línguas (14.5); e ele mesmo se destacava nesse dom (14.18). Mas este não era o dom mais importante em sua escala de valores. Aqueles que querem ter experiências próprias precisam lembrar que a vida da igreja é mais importante do que isso. Há outros dons que os cristãos devem buscar com empenho maior ainda.
Unidade cristã não implica uniformidade (12.12-29). Os dons vêm de uma única Fonte, e são dados para o bem de toda a Igreja. Cada indivíduo tem um papel indispensável a desempenhar na vida do corpo, que é uno. Isso deveria impedir uma competição acirrada em busca dos mesmos dons. O importante não é perguntar quais são os dons mais impressionantes, mas quais são os melhores para edificar a Igreja. Isso significa que a profecia - uma mensagem de Deus que todos podem entender - tem mais valor do que as línguas.
Porém, há coisas mais importantes ainda (12.31). Três dons - a fé, a esperança, e o amor - sobreviverão a todos os outros. Estes estão disponíveis para todos, e sem eles ninguém é nada. E o amor cristão é o maior de todos. Este é o caminho que é o melhor de todos, e isto é o que os cristãos realmente devem buscar. Paulo escreveu um grande hino sobre o tema (cap.13), uma das passagens mais magníficas de toda a Bíblia. E à medida que descreve o que é o amor, consciente ou inconscientemente ele esboça o retrato de uma pessoa - o próprio Jesus. Ele é o exemplo vivo desse amor bondoso, paciente, altruísta e desprendido. Sem este amor - sem Jesus - não haveria Igreja.
Veja também "Dons espirituais".
14.26-40: As instruções de Paulo sobre como as coisas devem ser feitas permitem que tenhamos uma ideia de como era o culto na igreja primitiva. Novamente Paulo enfatiza a necessidade de ordem. Ele não quer que as mulheres interrompam o culto (34-35). (O v. 35 dá a entender que algumas costumavam fazer perguntas e comentários.) Elas não deviam abusar da liberdade recém-adquirida. "Paulo não está discutindo se e como mulheres qualificadas podem ministrar, mas como as mulheres devem aprender" (Leon Morris). Ele certamente não as estava condenando a um silêncio absoluto no culto da Igreja (1Co 11.5 deixa claro que as mulheres oravam e profetizavam, e Paulo não fez nenhuma observação contrária a isso).
Fé (12.9) Um dom especial. Não a fé em Jesus, que todo cristão tem.
Profecia (12.10) O dom de transmitir a mensagem de Deus. "Línguas": discurso inspirado para expressar o louvor a Deus ou outra emoção profunda; a pessoa fala não sabe o significado, o que explica a necessidade de interpretação.
14.34 Não há lei no AT sobre isso. Paulo pode estar se referindo a Gn 3.16 (ou Gn 2.21-22).
1Co 15: Sobre a ressurreição
A maioria dos judeus acreditava ressurreição do corpo (o mesmo corpo que morrera). Para os gregos, a alma era imortal. Mas eles consideravam ridícula a ideia de uma ressurreição propriamente dita (veja At 17.32).
Paulo começa com o anúncio do evangelho (1-4) e as evidências da ressurreição de Cristo (5-8). Essa ressurreição é de máxima importância. Com ela, a fé cristã fica de pé; sem ela, desmorona. Além disso, era um fato bem comprovado. A maioria das pessoas que viu o Senhor ressuscitado ainda estava viva (cerca de 25 anos após o acontecido).
A ressurreição de Cristo é a garantia de que seus seguidores também serão ressuscitados da morte (12-23). Mas que tipo de corpo teremos (35)? O corpo da ressurreição será melhor que o corpo que foi enterrado. O corpo antigo era físico, o novo será "espiritual" e imortal. ("Corpo espiritual" não significa um espírito não substancial, mas um corpo como o do Cristo ressuscitado.) Será tão superior ao corpo antigo quanto uma árvore é superior à semente ressequida da qual ela nasce (36-49). No final, quando Jesus vier para reinar, a própria morte será derrotada (24-28). Com Paulo, podemos entoar um hino de vitória e ação de graças a Deus (51-57).
Tiago (7) Irmão de Jesus; líder da igreja de Jerusalém.
Batizam por causa (em favor) dos mortos (29) Possivelmente por "procuração", em favor daqueles que morreram sem serem batizados. Mas poderia também significar que as pessoas se deixavam batizar para serem reunidas com amigos e parentes cristãos que haviam morrido.
Lutei em Éfeso com feras (32) Um dos espetáculos apresentados na arena era a luta entre homens e animais selvagens. Mas Paulo provavelmente está falando metaforicamente sobre o que lhe aconteceu em Éfeso. Essa cidade tinha um magnífico teatro (veja "A cidade de Éfeso"), mas não uma arena desse tipo.
1Co 16: Assuntos pessoais e práticos
16.1-4: Paulo responde a última pergunta dos cristãos de Corinto, dando instruções sobre a coleta de dinheiro para os pobres de Jerusalém.
16.5-12: Paulo esperava fazer uma visita prolongada a Corinto. E dá notícias e instruções sobre várias pessoas.
16.13-24: A epístola termina com um apelo final e uma saudação das igrejas da Ásia (Éfeso era a capital da província), especialmente de Áquila e Priscila, os fabricantes de tendas em cuja casa Paulo se hospedara durante sua permanência em Corinto.
A calorosa saudação final, Paulo a escreveu de próprio punho (o restante fora ditado a um secretário, uma prática comum naquele tempo).
Macedônia (5) Filipos e Tessalônica ficavam nessa província.
Apolo (12) É provável que ele relutava em voltar por causa da divisão havida em Corinto (3.4).


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Filipenses 1:9-11

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