COSTUMES BÍBLICOS: A OBEDIÊNCIA DE JESUS


A OBEDIÊNCIA DE JESUS

A OBEDIÊNCIA DE JESUS
Paralelamente à humildade de Jesus, estava Sua obediência, que também faz parte integrante do Seu espírito. Esperamos, pois, achar em Cristo o mais perfeito exemplo de obediência, a despeito de, desde o princípio de Sua vida até Seu último suspiro, o Mestre ter sido submetido a constantes e duras provas. Esta é a virtude dos fortes; daqueles que têm aprendido a dominar a sua própria natureza e a suportar corajosamente as dificuldades da vida, os padecimentos, as adversidades, as injustiças e as injúrias!
Cristo demonstrou, pois, em grau soberano, e disso deu provas incontáveis, que era uma pessoa extremamente obediente. Assim que começou Sua pregação, levantou-se contra Ele uma oposição fortíssima, a qual se transformou logo em ódio violento que ameaçava arrastá-Lo e destruí-Lo; mas nada o espantou, nada conseguiu cansar Sua heroica paciência, que a tudo soube resistir. Nem o orgulho de uns, nem o preconceito de outros, nem a ignorância das multidões, nem a refinada malícia dos fariseus conseguiram turbar, e muito menos quebrar, Sua serenidade.
O trabalho e a fadiga também não foram suficientes para impedi-Lo de caminhar. Ele estava continuamente disposto a acolher doce e afetuosamente os enfermos, os aflitos, os curiosos, os inimigos e as multidões indiscretas que muitas vezes iam até Ele. E até os apóstolos, por sua lentidão em compreender a missão e as lições do Mestre e por Seu ideal messiânico inteiramente oposto ao dele, causaram-lhe sofrimento. Mas Jesus soube adverti-los com firmeza e eficácia, pois era o Educador por excelência (Mt 15.16; 16.8-11,22,23; Lc 9.55).
Igualmente, a paciência dEle não se confundiu com a de certas almas bonachonas e sem energia, que se mostraram fracas ante as adversidades. Durante Sua Paixão, Jesus foi o modelo de corajosa paciência, como já O havia predito Isaías (Is 53.7) e considerado posteriormente Pedro (1Pe 2.23). Contudo, Jesus demonstrou certa impaciência ao dizer: Importa, porém, que eu seja batizado com um certo batismo, e como me angustio até que venha a cumprir-se! (Lc 12.50).
No entanto, também nesse aspecto Ele sabia moderar os ardores de Sua alma e esperar em paz a hora marcada no plano divino, que sempre estava em Seu pensamento (Mc 14.41; Jo 7.30; 8.20; 12.23,27; 13.1; 17.1), sem pretender adiantá-la com inútil precipitação. Isto O a, em repetidas ocasiões, em vez de enfrentar os seus inimigos (Mt 14.13; Mc 3.7; 7.24; Jo 7.1; 8.59; 11.54-56), distanciar-se para esquivar-se de seus ataques, até que chegasse o momento de sair ao encontro deles.
Outras vezes, gostava de retirar-se do meio das turbas, mesmo que fosse por algumas horas, para ficar sozinho (Mc 1.35; 6.46; Lc 9.18; 11.1) ou com Seus apóstolos (Mt 17.1; Mc 4.35; 6.31; 7.24; 8.27). No isolamento, onde normalmente O vemos entregue a prolongadas orações, Sua alma recuperava Suas forças. Jesus aproveitava também esses retiros para ensinar mais demoradamente aos doze apóstolos.
É muito significativa a informação dada por Lucas sobre o Mestre: Porém Ele retirava-se para os desertos e ali orava (Lc 5.16). O verbo [no pretérito imperfeito] denota um costume propriamente dito. Isto é significativo, visto que vários dos mais importantes episódios da vida de Jesus - como a tentação, o batismo, a agonia no Getsêmani - aconteceram em lugares mais ou menos solitários. Esses momentos de isolamento de Jesus nos permitem associar Seu grande amor e Sua sabedoria ao silêncio, pois vemos que nenhuma palavra ociosa brotou jamais dos lábios do Verbo Vivo.
Resta-nos, finalmente, considerar no temperamento do Salvador duas outras qualidades: a simplicidade e a serenidade, às quais não se tem dado bastante atenção. Elas são parte do Seu caráter, reto e franco, e Suas palavras eram sempre límpidas como a Sua alma. Além disso, Ele procedia com seus inimigos da mesma forma como procedia com seus amigos: sempre com lealdade perfeita. Tinha horror à hipocrisia dos fariseus e dos escribas, contra o que não cessava de protestar (Mt 6.1-18; 7.15-20; 23.23-33; Lc 13.17).
Mesmo os fingidos, que certo dia lhe dirigiram este elogio interesseiro: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro e ensinas o caminho de Deus, segundo a verdade, sem te importares com quem quer que seja, porque não olhas à aparência dos homens (Mt 22.16; Mc 12.14; Lc 20.21), tiveram de reconhecer, forçosamente, esta sinceridade.
Jesus pregou e defendeu a verdade com zelo infatigável e assim pôde, com pleno direito, dizer a Pilatos que tinha vindo ao mundo dar testemunho da verdade (Jo 18.37). Esta verdade, Ele teve de propagá-la sob formas novas, delicadas, tendo se levantado contra Ele um sistema religioso cheio de preconceitos terríveis.
O Mestre teve de ensinar doutrinas reveladas a um povo submetido à nefasta influência de homens poderosos; teve de cumprir Sua própria missão, edificando sobre as ruínas do passado. Mas a retidão e a simplicidade de Jesus se ajuntaram à Sua coragem, e, sem deixar-se intimidar, Ele fez ouvir por toda a Palestina o Evangelho do Reino dos Céus, e muitos dos seus compatriotas o compreenderam e aceitaram.
Desprezando a vã e nociva popularidade, Jesus seguiu retamente o Seu caminho como um cavaleiro sem medo e sem receio de nada, atacando o erro e o mal onde quer que estes se encontrassem. Conforme disse Pedro (1Pe 2.22), citando Isaías (Is 53.9), ninguém pôde achar nos lábios do Mestre nem palavra mentirosa, nem expressões irresponsáveis, nem a mais leve adulação.
Não há nada tão notável no caráter de Jesus como Sua franqueza, que ignora subterfúgios e permite que Sua palavra seja como a luz que sai do interior, e Sua conduta, a expressão do sentimento mais íntimo dEle.
O Verbo, que é a verdade de Deus, caminhou nesta terra sempre pela trilha da retidão e da simplicidade. Jamais se utilizou de rodeios; jamais fez uso dessas manobras ocultas que os políticos chamariam de manobras hábeis, táticas felizes. Ele não tinha necessidade desses recursos humanos. A verdade, eis aí a Sua política! A retidão, eis aí a Sua habilidade! Jesus caminhou sempre na verdade! Aliás, a verdade é Ele mesmo!
Jamais alguém pôde lançar em Seu rosto um passo em falso, uma palavra imprudente. A Sabedoria eterna que O dirige O reteve sempre nessa linha em que a simplicidade da pomba se harmoniza com a prudência da serpente; em que a prudência da serpente é complemento da simplicidade da pomba.
Neste caráter tão nobre e tão santo de Jesus, descobre-se também, com agradável surpresa, o equilíbrio de contrastes, o que equivale a uma nova perfeição. São aspectos diversos de Sua rica natureza em que se juntam a doçura com a energia, a bondade com a justa severidade, a soberana humildade com a nobre altivez (o que faz, às vezes, estalar Sua indignação e, ainda que afetuoso, romper os laços mais íntimos e estreitos quando atravessam outros interesses no caminho do dever).
Havendo nascido Senhor, Jesus fez-se servo de todos com uma graça que cativa. É Sua coragem latente superior à dos heróis. E, submisso à autoridade, Ele consegue agir com independência. Desconfiando dos homens, cujo coração Ele conhece, ainda assim os ama, a ponto de morrer por eles em uma cruz. Querendo que se acate a lei, Jesus conseguiu dar fortes golpes nas tradições que pretendiam explicá-la e completá-la, sem o fazer.
Ele buscou a solidão, e esteve no mundo. Sua vida de rigorosa mortificação não lhe foi obstáculo para participar, sem nenhum receio, de grandes festas. Querendo atrair todos até Ele, despediu quem vacilava em segui=Lo. Muito seguro de Si, exigiu que Seus discípulos abandonassem tudo para unir-se a Ele, que era contemplativo, mas ao mesmo tempo um homem de ação.
Será preciso dizer que não existe o mais ligeiro conflito entre essas diferentes virtudes que nEle formam um conjunto delicadamente harmônico? Conforme escreveu João, no princípio de seu Evangelho, Ele possuía a plenitude das virtudes humanas e, ao mesmo tempo, a plenitude  da graça divina (Jo 1.16).
Enfim, enquanto na maior parte dos homens de destaque na história da humanidade se desenvolve uma qualidade à custa de outras, as qualidades morais do Salvador, depois de terem-se desenvolvido simultaneamente sem prejudicar umas às outras, manifestam-se em ocasião oportuna do modo mais normal. Resulta, pois, desse conjunto uma admirável multiplicidade de dons e de virtudes de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
A Ele a glória eternamente!
Amém!

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E peço isto: que o vosso amor cresça mais e mais em ciência e em todo o conhecimento,
Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo;
Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
Filipenses 1:9-11

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