COSTUMES BÍBLICOS: Os escribas


Os escribas

Antes da invenção da imprensa, os escribas hebreus 
faziam cópias das Escrituras com um cuidado
e uma precisão que nos impressionam,
eles que viviam num mundo que geralmente 
não se importava tanto com a verdade. 
Ainda hoje os escribas judeus trabalham com 
a mesma atenção escrupulosa em relação aos detalhes. 

OS ESCRIBAS
O Israel antigo vivia num mundo que não dependia apenas da tradição oral. Se somos herdeiros da Bíblia, em particular do Antigo Testamento, isso se deve unicamente ao fato de terem existido gerações de escribas judeus que copiaram e recopiaram partes das Escrituras durante mais de 1.500 anos.
O alfabeto já existia na terra de Canaã quando os israelitas se tornaram uma nação. Isso lhes possibilitou uma forma simples de fazer o registro de revelações divinas, tradições orais e acontecimentos históricos.
Os textos hebraicos mais antigos já encontrados datam do século 9 a.C., embora seja bastante provável que gerações anteriores de escribas israelitas também escreviam usando o alfabeto.
A palavra escrita Embora muito tenha sido contado verbalmente e passado adiante de geração a geração através do relato oral (por exemplo, Êx 13.14-15), a existência da escrita significa que havia algo que permitia que se conferisse o que estava sendo contado.
Considere, por exemplo, o recebimento da lei no monte Sinai. É altamente significativa a afirmação de que Moisés recebeu os mandamentos, não apenas verbalmente, mas também de forma escrita em tábuas de pedra. De acordo com os relatos em Êxodo e Deuteronômio, Moisés desceu do monte carregando estas tábuas e as colocou na arca, onde seriam guardadas (Dt 10.4-5).
A escrita tem um impacto significante numa cultura predominante oral:
•Ela confere autoridade - A escrita dá poder às palavras de uma forma que as torna diferentes da palavra falada. Uma vez escrita, a lei podia ser preservada e continuar inalterada durante séculos. Assim, ela se tornou uma fonte com autoridade.
•Ela dá acessibilidade - Um trecho escrito pode ser copiado inúmeras vezes, e até colocado nos batentes das portas da casa (Dt 6.9; 11.20). Enquanto os texto originais da lei eram mantidos em segurança na arca (e, mais tarde, no santuário do Templo em Jerusalém), era possível fazer cópias que podiam ser consultadas por pessoas que tinham perguntas ou dúvidas.
No período pré-exílio, o hebraico compartilhava uma escrita com os cananeus e fenícios, baseada num alfabeto de 22 letras. Isto tornava a leitura e escrita relativamente simples, comparada com os sistemas de escrita cuneiforme da Mesopotâmia e no Egito. Após o exílio, por influência da escrita aramaica, o hebraico passou a ser escrito com letras mais cheias, a assim chamada escrita "quadrática" que aparece ao lado. 
•Ela possibilita precisão - As palavras de um profeta podiam ser escritas no dia em que foram pronunciadas, e guardadas para verificação posterior (veja Dt 18.22). Registros sobre reis, seus programas de ação e acontecimentos relacionados com os mesmos podiam ser mantidos e atualizados, e mais tarde usados como fontes pelos historiadores bíblicos (por exemplo, 1Rs 11.41; 2Rs 23.28).
Escribas como escritores Literalmente, um escriba - no hebraico, sopher - é qualquer pessoa que escreve. Embora qualquer pessoa com força de vontade pudesse aprender a ler e até mesmo escrever hebraico sem muito esforço, o termo normalmente é usado para descrever um grupo designado de pessoas que cumpriam a tarefa especial de escrever - e copiar - os registros históricos e sagrados de Israel.
Antes do exílio, essas pessoas provavelmente formavam centros administrativos na corte real. Mais tarde, por volta do segundo século a.C., "os escribas" se tornaram um partido político distinto formado por uma classe de pessoas altamente instruídas, afiliadas aos fariseus.
Esdras é descrito como modelo de escriba. Ou seja, ele era membro de uma classe de pessoas instruídas que se dedicavam a copiar, guardar e interpretar a lei. Este trabalho exigia cuidado e treinamento durante vários anos (veja Sl 45.1; Ed 7.6) e era muito respeitado (Jr 8.8). Ele estava intimamente ligado ao sacerdócio. Segundo a tradição, Esdras tinhas vários papéis a desempenhar. Estes provavelmente aparecem de forma idealizada no livro de Eclesiástico (Eclesiástico 38.24 - 39.11):
•Pregador: reunir o povo a cada ano para ler a lei, explicá-la e incentivar o povo a colocá-la em prática.
•Juiz: ouvir aqueles que tinham queixas e julgar questões específicas da lei judaica.
A descrição do escriba exemplar conforme Eclesiastes 39 
Ele aprende de cor os ensinamentos de homens famosos e procura descobrir o que querem dizer as comparações.
Explica também o significado escondido dos provérbios, e entende os segredos das comparações.
Preta serviços a pessoas importantes e é visto na companhia das autoridades...
E, se for da vontade do Senhor Todo-Poderoso, ele ficará cheio do espírito de conhecimento...
Ele terá conhecimento e saberá julgar com justiça e meditará nos mistérios de Deus.
Mostrará como é sábia a instrução que ele recebeu e se sentirá orgulhoso por causa da Lei da aliança do Senhor. 
•Instrutor: administrar escolas de escrita e treinar aprendizes de escribas.
•Acadêmico: estudar a lei produzir obras e teorias em resposta.
Copiar A tarefa do copista era reproduzir o texto com o máximo de precisão possível. Assim, não importa quantas vezes um trecho do Antigo Testamento tenha sido copiado desde que a cópia tenha sido bem feita. Podemos apenas identificar as ocasiões em que foram cometidos erros, com base nas variações entre os textos ou manuscritos.
As diferenças entre textos ou manuscritos podem ser atribuídas a:
•omissão ou adição de uma palavra
•erros de ortografia, que mais tarde resultam em erros de interpretação
•inclusão no texto principal de uma nota explicativa originalmente incluída na margem
•danos causados a um rolo, não deixando alternativa senão especular quais seriam as palavras ilegíveis ou ausentes
•alteração de um escriba, feita para suavizar idéias consideradas ofensivas.
Embora os copistas tenham cometido pequenos erros que entraram no texto escrito, o processo de cópia incluía revisão e correção cuidadosa.
É impressionante o grau de semelhança que existe entre diferentes cópias do texto, cópias essas que surgiram em eras diferentes, foram transmitidas por diferentes meios e até foram recebidas em línguas diferentes.
A descoberta dos Rolos do Mar Morto em 1947 - sendo que foram descobertos manuscritos 1.000 anos mais antigos que quaisquer outros conhecidos anteriormente - deixou bem claro que a transmissão do texto se deu com uma precisão extraordinária.

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Filipenses 1:9-11

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