COSTUMES BÍBLICOS: O trabalho dos editores


O trabalho dos editores

O trabalho dos editores
As Escrituras hebraicas, como as conhecemos, provavelmente surgiram gradativamente. As fontes originais compõem a matéria-prima, a partir da qual acredita-se que gerações de editores trabalham para compilar estes "ingredientes" até os livros atingirem sua forma final no "cânon" (a lista oficial).
Este processo de edição ou "redação", para usar o termo técnico provavelmente ocorreu de algum ponto antes do exílio até o século ll a.C. O Novo Testamento se tornou "fixo" muito mais rapidamente, e o trabalho de editores é menos significativo.
A importância dos editores O estudo do trabalho dos editores é conhecido como "crítica da redação" . Esta procura descobrir os propósitos teológicos por trás da organização do material num livro, já que a forma dos livros como os temos reflete o trabalho dos editores assim como dos autores e tradutores.
Se pudermos entender como um livro veio a ser escrito da forma como conhecemos hoje, é provável que tenhamos maiores chances de entender sua perspectiva e o caráter singular de sua mensagem.
Por exemplo:
•Nos livros de Samuel, o Cântico de Ana é inserido no início da história. Isto diz ao leitor alerta, bem no início da narrativa, que a história vai enfatizar a identificação de um "rei", ou "ungido" em Israel (1Sm 2.10), e a fidelidade de Deus para com ele. A disposição de textos num livro afeta a compreensão ampla do significado do livro como um todo.
•Em Reis e Crônicas há descrições diferentes do rei Manassés. De acordo com o editor de Reis, julgamento e exílio caíram sobre Judá por causa do acúmulo de pecado, especialmente o de Manassés (2Rs 23.26). Em comparação, o Cronista fala do arrependimento de Manassés, para mostrar como Deus está sempre disposto a atender o pedido do penitente (2Cr 33.12-17). Nos livros históricos, principalmente, os editores selecionaram suas histórias para destacar uma determinada interpretação dos acontecimentos.
Sem o trabalho dos editores que reuniram e organizaram os
materiais, não haveria Bíblia. Estes rolos das Escrituras numa sinagoga de Tsefat, no norte de Israel, são testemunho de seus esforços. (foto ao lado) 
Coletando e organizando as seções do Antigo Testamento
O Pentateuco: Gênesis a Deuteronômio
Os primeiros cinco livros da Bíblia aparecem como história única e coerente - como se produzida por um único autor sem necessidade de um editor. Porém há muitos estilos diferentes de escrita, e algumas histórias são repetidas de perspectivas diferentes. Em geral acredita-se, portanto, que isto representa o trabalho final de compiladores que reuniram várias fontes.
Wellhausen, um estudioso alemão do século 19, sugeriu que havia quatro fontes, conhecidas como J, E, D e P, que teriam se originado em períodos e locais diferentes. Cada uma tratava as origens de Israel de forma distinta. Se isto for verdadeiro (e continua sendo uma teoria), a história que agora temos representa não só o trabalho de "reunião de fontes" feita pelos editores finais durante ou depois do exílio mas também o trabalho de "subeditores" anteriores sobre cada uma das fontes individuais. 
A história deuteronomista: Josué, Juízes, 1 e 2Samuel, 1 e 2Reis
Esta seção recebe seu título de Deuteronômio, o livro que precede, pois dá continuação aos mesmos temas e teologia da aliança.
Sua composição é complicada, pois contém tradições do período primitivo de Israel como organização tribal na terra prometida, assim como as histórias de administrações reais desde a época de Davi até o exílio.
Assim sendo, os livros desta seção reúnem trabalho feito por várias gerações de historiadores. O relato de acontecimentos passados também é feito em retrospectiva: os editores refletem sobre o passado à luz de acontecimentos atuais (por volta da época do exílio). Esses "editores" eram, portanto, estudiosos e escritores sofisticados.
Histórias Posteriores: Crônicas - Esdras - Neemias
Quer estes livros tenham ou não sido escritos pelo mesmo autor, ou por diferentes autores, eles foram reunidos por um editor (conhecido como "o Cronista") para formar uma narrativa contínua, enfatizada pela repetição no início de Esdras dos dois últimos versículos de 2Crônicas.
Esta narrativa, datada de 400 a.C. aproximadamente (embora às vezes se atribua uma data mais recente), é feita para encorajar a pequena comunidade restaurada a acreditar que eles realmente são herdeiros das antigas promessas que Deus fez a Israel.
É possível que "o Cronista" tenha tido uma grande influência sobre a reunião e disposição de outros livros do Antigo Testamento para formar o cânon. 
Os Salmos
Estes derivam da adoração do Israel antigo. É provável que estes "hinos" foram reunidos durante o exílio, quando o povo foi privado da adoração normal no Templo. O processo de edição reuniu a coleção para criar um livro para estudo (o Sl 1 estabelece esta idéia desde o início). Assim, os salmos são ordenados em cinco "livros", que incluem coleções menores como unidades inteiras (p, ex., os Salmos de Asafe, Sl 73--83; os "cânticos dos degraus" Sl 120--134). Além disso, cada salmo recebe um título para auxiliar a meditação (veja por ex., Sl 51).
Os Profetas: Isaías, Jeremias, Ezequiel, os 12 "profetas menores"
É possível que Jeremias tenha sido responsável pela formação do livro que leva seu nome (veja Jr 36.32). Mas em geral, é provável que os registros dos profetas anteriores ao exílio e do período do exílio foram preservados durante este período e editados posteriormente.
Como no caso da história deuteronomista, o material foi reavaliado à luz da experiência atual e livros pós-exílicos (Ageu, Zacarias e Malaquias) foram acrescentados. 

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Filipenses 1:9-11

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