COSTUMES BÍBLICOS: A MALDIÇÃO DA FIGUEIRA ESTÉRIL


A MALDIÇÃO DA FIGUEIRA ESTÉRIL

A MALDIÇÃO DA FIGUEIRA
O episódio da maldição da figueira só é contado por Mateus (21.18-22) e por Marcos (11.12-14,20-24).
Marcos, que prefere a perspectiva histórica, distingue claramente dois atos nesse breve drama: a figueira foi amaldiçoada na segunda-feira pela manhã, mas somente ao alvorecer da terça-feira os discípulos perceberam que a sentença pronunciada pelo Mestre foi cumprida.
Mateus prefere seguir a ordem lógica dos fatos, e conta o episódio como se tivesse ocorrido de uma só vez, ainda que houvesse duas fases distintas. Nos demais aspectos, os dois narradores assinalam a mesma data para o milagre: o dia seguinte à entrada triunfal do Messias na Cidade Santa.
Vimos que Jesus, após a entrada triunfal em Jerusalém, voltou para Betânia. Na segunda-feira de manhã, deixou o tranquilo lugar para retornar, na companhia dos doze, a Jerusalém. No caminho, teve fome (Mc 11.12), o que não é de estranhar porque, depois do cansaço e das exaustivas emoções da véspera, ele passou parte da noite em oração. Seria inútil recorrer a uma ficção para justificar essa fome. Afinal, Jesus não havia assumido a nossa natureza, com todas as suas fraquezas, exceto o pecado? Então, ao ver a certa distância, à margem do caminho, uma figueira coberta de folhagem - precocemente, pois era primavera -, Jesus aproximou-se dela para ver se encontrava figos, mas só havia folhas.



Faz-se necessário, aqui, explicar o procedimento do Salvador que, ao aproximar-se da árvore, sabia que não encontraria fruto algum, mas desejava naquele momento dar uma lição a seus discípulos. A figueira apresenta os seus frutos, em estado embrionário, bem antes de cobrir-se de folhas, mas, em Jerusalém, os primeiros figos - ou bêberas - não amadurecem até junho, e os figos de estio (verão) não ficam maduros até agosto. Por isso, Marcos tem o cuidado de advertir que não era tempo de figos (Mc 11.13.13).
A folhagem exuberante talvez fosse sinal de que a árvore estivesse plantada em terreno muito fértil, o que permitia supor que entre o fim de março e o início de abril já houvesse frutos maduros. Mas a figueira era estéril e ocupava inutilmente o solo.
Agindo como se a figueira fosse um ser dotado de entendimento, um agente livre e responsável, Jesus proferiu contra ela esta grave sentença: Nunca mais coma alguém fruto de ti (Mc 11.14). A sentença cumpriu-se imediatamente, como observa Mateus, mas os efeitos só apareceram no dia seguinte.
Essa maldição lançada contra um ser sem entendimento teria uma explicação difícil, especialmente tratando-se de nosso Senhor, se não trouxesse em si uma simbologia notável. Sem dúvida, trata-se também de uma parábola, semelhante a que vemos em Lucas 13.6-9, que já comentamos.
Em ambos os textos, a figueira representa a nação judaica que, apesar de desfrutar os favores divinos há muitos séculos, mais que qualquer outro povo, graças à legislação divina, ao culto ao Criador, aos profetas e à fé no verdadeiro Deus (Rm 9.4,5) -, por sua própria culpa estava desprovida de frutos, de méritos, e ocultava debaixo de uma aparência formosa a superficialidade e até mesmo a maldade de suas obras.
O Divino agricultor anuncia, então, que usará o machado para cortá-la. Os vários discursos pronunciados pelo Salvador na terça-feira justificam essa maldição (Mt 21.26-34; 22.1-14; e as passagens paralelas). Lembremos que no cortejo da véspera, Jesus havia já profetizado a ruína de Jerusalém e da nação judaica.

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