COSTUMES BÍBLICOS: SALMOS E PROVÉRBIOS

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A Incrível História do Salmo 23

Enquanto a maioria dos estudiosos conhecem o Salmo do Pastor, há alguém, um único em numeroso grupo que conhecia, o Pastor do Salmo!
Talvez seja este o problema de muitos em nosso tempo. Eles até têm uma boa quantidade de informações técnicas sobre Deus. Mas pouco ou nenhum relacionamento com Ele. E por isso encontram-se tão perdidos.
Leiamos o que o Salmo 23 diz:

O SENHOR é o meu pastor: nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas.
Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome.
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.
Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice trasborda.
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida: e habitarei na casa do Senhor por longos dias.
Estabelecida a existência história de Davi, falta-nos agora conhecer o ambiente cultural em que ele viveu como pastor de ovelhas antes de assumir o trono sobre Israel. Foi nesse tempo, segundo a opinião de muitos, que Davi escreveu o Salmo 23.
O trabalho de um pastor de ovelhas no Oriente Médio é tremendamente interessante. Práticas típicas dos tempos bíblicos são ainda utilizadas hoje por grupos minoritários como beduínos e famílias de origem árabes. Devido ao clima seco da região desértica, as pastagens de ovelhas são feitas geralmente longe do curral nas poucas regiões de oásis onde há água e um puco de vegetação para alimentar o rebanho. As águas do En-Gedi diversas vezes citadas na Bíblia, são manancial que surgem em pleno deserto da Judeia e que serviu muitas vezes de paragem para de pastores nos dias de Davi. Um verdadeiro oásis no meio do nada. Isso significa que muitas vezes, especialmente naquele tempo, o pastor teria que preparar cedo o seu rebanho para atravessar o deserto em busca de um local com as características do En-Gedi aonde ele e o seu rebanho deveriam passar o dia. Essa travessia poderia durar horas e deveria ser feita todos os dias. As ovelhas deveriam sair bem cedo, na verdade, de madrugada. Um pouco antes do amanhecer. Isto é, antes do Sol se tornasse forte demais impossibilitando a travessia. Repetindo então, temos: o oásis, o curral e entre ambos o deserto a ser enfrentado diariamente.
Devido a sua natureza coletiva, as ovelhas não se dão bem com criações de isolamento. Elas vivem melhor em rebanho junto a companhia de outras ovelhas. Atravessar o deserto com esses animais, nem sempre é uma tarefa fácil devido a certas peculiaridades próprias das ovelhas que dificultam o processo. Como vocês sabem, as ovelhas são animais mamíferos com o peso médio de 50 kg na fase adulta podendo fornecer de 4 a 12 kg de lã a cada tosquia. Mas é aonde pára essa descrição técnica que inicia as peculiaridades vistas pelo pastor.
É comum ver no oriente médio, duas pessoas cuidando do rebanho. As vezes um jovem e um ancião,  uma moça e um rapazinho adolescente ou então uma criança. O motivo para esse comportamento está no fato de que a ovelha geralmente é um animal de que não aceita bem a troca de proprietário. Ela se acostuma tanto com o anterior, que fica deprimida com a sua ausência (ref. Jo 16.22). Recusando inclusive, a água ou comida que lhes seria dada pelo novo pastor que ainda lhe é um estranho. Por isso é costume vender ovelhas adultas, caso o pastor não esteja junto, para um matadouro. E nunca para outro pastor com o qual elas teriam dificuldades de se adaptar por melhor que sejam tratadas.
Para remediar esta situação, caso haja a necessidade do pastor de ovelhas se ausentar do rebanho por um tempo ou até mesmo definitivamente em caso de morte, a estratégia é colocar um segundo co-pastor frente do rebanho. Então as ovelhas, nesse caso, estariam acostumadas com esse e assim poderiam superar a ausência do primeiro. Como você vê, a relação pastor-ovelha, é bem mais forte do que poderíamos imaginar. Daí a beleza de sermos considerados, poeticamente, ovelhas que podem chamar o seu Deus, o Deus Altíssimo de O meu Pastor. Aquele que garante que nada me faltará. Aliás, uma breve análise na língua hebraica, o idioma original desse Salmo nos revela uma interessante surpresa. Quando o texto original diz Adonai Elohim está usando um título pra Deus, um pronome de tratamento, uma forma de chamá-Lo cujo sentido deveria ser vertido por Senhor o meu Pastor. E o complemento: nada me faltará, não tem originalmente o sentido de, terei tudo o que desejo conforme poderia se deduzir da tradução em português; mas sim de, de nada terei falta ainda que eu não tenha tudo.
Voltando a falar da ovinocultura oriental, outra coisa bastante marcante as ovelhas de um modo geral, é o seu constante senso de medo, de terror. Elas praticamente não possuem elementos naturais de auto defesa como garras, dentes afiados ou venenos. Logo é provavelmente em virtude disso, que elas tem medo praticamente de qualquer coisa. Nalgum casos, até do seu próprio reflexo na água. O barulho das correntezas também pode assustá-las. E é por isso que após a estafante travessia pelo deserto, o pastor deve conduzi-las às águas de descanso, isto é, águas que descansam e ao mesmo tempo, águas que sejam tranquilas para não assustá-las a ponto de impedir que saciam a sua sede. Que curioso! Imagine um animal que mesmo na frente de um manancial de água, morre de sede apenas porque tem medo! Pois este é o comportamento muito semelhante ao de todos nós. Exatamente. É semelhante ao comportamento humano. Afinal de contas, quantas pessoas há que perde a oportunidade de amor, carinho, vitória da vida apenas porque tem medo. Medo de amar, medo de servir, medo de se arriscar. Medo de Deus. São como ovelhas. Ovelhas sedentas, porém medrosas. Se tornam infelizes de tanto querer ser felizes.
Certo beduíno uma vez explicou que nalguma ocasiões, o pastor tem de pegar água com as próprias mãos e trazer até a boca da ovelha, para que a mesma possa beber e não morrer de sede! Isso aumenta ainda mais o sentido do pastor aplicado a Deus. Quando é dito que Ele nos leva à águas tranquilas e refrigera a nossa alma mesmo em meio aos nossos infernos existenciais. Mesmo em meio aos nossos temores.
Imagine agora a aparente monotonia de um dia de atividade pastoril do Oriente Médio! Os típicos pastores palestinos, a sua tarefa é vigiar as ovelhas. Não deixando que nenhum mal lhes aconteça e cuidando para que não passem necessidade. As roupas de um pastor, não são as mais bonitas que uma pessoa pode ter. E o sol escaldante do deserto castiga-lhes a pele todos os dias. Ele sabe que essa será novamente a sua rotina na manhã seguinte. Mas o pastor não se importa. Ele gosta do que faz e ama o seu rebanho.
Esse comportamento ilustra muito bem algumas comparações que Cristo faz a Sua Pessoa e a figura de um pastor de ovelhas. Através desse contexto, amplia-se mais o sentido profundo das palavras de Cristo que certa vez declarou na Bíblia: "Eu sou o bom Pastor. O bom Pastor da a vida por suas ovelhas. (Jo 10.11)
Cristo com certeza conviveu com muitos pastores de ovelhas numa sociedade que era predominantemente artesã e pastoril. O povo que o ouvia, compreendeu de modo bem claro a comparação que Ele fez ao equiparar o Seu amor pela humanidade ao de um pastor pelo seu rebanho.
Chega finalmente a tardinha e é hora de todos voltarem para o curral. O ideal é sair no momento em que não se pegue o escaldante sol do dia, nem o gelado vento da noite, que, pasmem, permeia as madrugadas do deserto obrigando todos a se agasalharem muito bem.
Foi talvez imaginando o caminho de volta ao aprisco, que Davi compôs "ele me guia pelas veredas da justiça por amor do seu nome". Isto quer dizer que Ele  me leva por caminhos retos, não tortuosos. Com Ele, estamos seguros de estarmos voltando para casa. Estar de volta para o lar.
O Deserto da Judeia
Mas o texto abre espaço para a possibilidade de provações ao longo do caminho. Noutras palavras, a companhia do bom pastor, oferece conforto e segurança. Mas não garante uma paisagem constantemente tranquila. Existe a possibilidade de andar pelo vale da sombra da morte. Alguns comentaristas supõe que o vale da sombra da morte descrito no Salmo, seria um lugar real, geograficamente parecido com este da foto ao lado.
Caminhos íngremes, e apertados em meio as rochas que oferece muitos riscos para a vida do rebanho desde o ataque de animais que ficavam nos penhascos até mesmo a queda em meio ao terreno bastante escorregadio. Por isso o nome "vale da sombra da morte". Isto é, os vales em que há constante riscos de morte.
Mas, se esse trajeto era inevitável, para poder voltar então pra casa, por que não enfrentá-lo? E como fazer pra que animais tão medrosos como as ovelhas, atravessassem uma região tão difícil e tão perigosa como esta? Bem, neste ponto, alguns pastores desenvolveram uma técnica de adestramento, bastante curiosa; bastante inusitada. Eles cantam ou tocam para que as ovelhas ao som de sua voz, se acalmem. Elas então formam uma fila indiana, exatamente como essa da foto ao lado, e passam através do lugar perigoso. Isto não é incrível?!
Elas simplesmente reconhece a voz do seu pastor, e, tal fenômeno nos faz lembrar aquela outra comparação feita por Cristo ao dizer certa vez: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz e me seguem" (Jo 10.27).
E se uma ovelha caísse? Como o pastor poderia resgatá-la? Bom, para isto, ele contava com um instrumento chamado cajado. Que normalmente se aparece como esse da foto, relacionada ao Antigo Oriente Médio. O que poucos sabem, é que o cajado poderia ter três funções; e duas delas estão relacionadas no Salmo. Daí a expressão: "a tua vara e o teu cajado". O cajado normalmente usado, era pra tocar o rebanho. Principalmente quando uma ou outra ovelha, começava a sair do grupo, dispersando-se. Aí, a sua função entrava como vara. O pastor batia na ovelha desobediente, fazendo-a voltar para o grupo. Devido ao fato de muitas ovelhas caírem em buracos de difícil acesso, a ponta teria a forma de um gancho [como na foto ao lado]. Literalmente, então, o pastor pescava a sua ovelha quando o seu corpo era machucado e estava fora do alcance da extensão do seu braço. Mas esta mesma ponta, guardava, muitas vezes, um segredo. Havia um encaixe embutido que a fazia se transformar rapidamente numa lança mortal que o pastor usaria em casos de perigo para o rebanho. Principalmente num ataque de um predador. Ao lado disso, é claro, havia um estilingue, ou funda, usado também, por muitos garotos palestinos até hoje na região do Oriente Médio. Como você ver, o mesmo instrumento tinha uma função protetora; a lança, salvadora; o cajado, e disciplinar; a vara. O mesmo Deus Pastor que acolhe e protege, também castiga aos que ama. Não para fazê-los sofrer, mas, para aprimorá-los. Sabendo que muitas vezes, a dor é o que nos ensina em certos momentos, que, de outro modo, não aprenderíamos. Essa afinal, é a dinâmica de nossa vida. Se sofrermos demais, não suportaremos. Mas se sofremos de menos, nunca saberemos quão mau é o mau e não desejaremos nos livrar dele. Por isso que Deus de maneira infinitamente sábia, administra a dosagem de varas, lanças e cajados em nossa caminhada pelo vale da sombra da morte, até chegarmos novamente ao lar que Ele prometeu. E por falar em lar, é emocionante ver a cena de um rebanho chegando ao aprisco. Elas parecem saber de algum modo, que estão chegando em casa. Que o deserto ficou para trás. Ali, o pastor costuma dar-lhes uma última refeição, que supri as suas energias, aquelas gastas na travessia do deserto. E elas estarão prontas pra dormir. Mas antes disso, o último trabalho deve ser feito. Uma recontagem das ovelhas. Todo pastor do Oriente Médio, conta várias vezes as suas ovelhas durante o dia. Sempre com o objetivo de verificar se não está faltando nenhuma. As condições adversas do lugar, somadas a falta de cercas, tornam o deserto, um local traiçoeiro para o rebanho, com possibilidade de extravio do grupo. Daí as constantes contagens e recontagens do rebanho. Aliás, Jesus também, lançou certa vez, mão desse costume, para contar a história ou parábola, de um pastor que tinha 100 ovelhas, e ao perceber que uma lhes faltava, deixou todas as outras no aprisco e voltou estrada a fora,, para encontrar aquela que havia ficado para trás no deserto. Ao encontrá-la, qual não foi a sua felicidade em festejar o achado do animal e comemorar com todos! Da mesma maneira, Ele nos diz que somos preciosos pra Deus. Poderia ser apenas uma ovelha. Porém, para Ele, ela era tão preciosa. Se tornava mais do que uma, ela era única em meio ao seu rebanho. Como o Próprio Cristo nos ensinou, tal parábola, ilustra o amor de Deus pelos seres humanos. Apesar de possuir bilhões e bilhões de filhos em todas as épocas e mundos, Ele nos trata como se fossemos os únicos de todo Universo. E comemora nossos acertos e conversões como se fossemos o mais precioso tesouro do Seu baú de riquezas!
Ter um pastor que nos cuida, é mais do que ter um pensamento positivo ou um otimismo mental. É sentir-se, literalmente amparado. Protegido por alguém que verdadeiramente nos ama. E como isso nos faz bem a alma e refrigera o nosso ser, ao atravessarmos o caótico deserto dessa existência!
Afinal, Ele nos fornece oásis que alivia nossa travessia e garantem que todo sofrimento, por mais duro que seja, será passageiro. Pois um dia habitaremos para sempre na casa que Ele mesmo, preparou para nós! Não será apenas por um tempo, mas será para todo sempre! NÓS AO LADO DO BOM PASTOR!
Creio que você, a partir de agora, não lerá mais da mesma forma este Salmo!
(Tema escrito sob o comentário de Dr.Rodrigo Silva-arqueólogo/Escrito, editado e modificado aqui por Costumes Bíblicos)

O LIVRO DE ECLESIASTES

ECLESIASTES - SENTIDO DA VIDA

INTRODUÇÃO

O autor observou a opressão e a corrupção e notou que a vida nem sempre é como se espera. Embora muitas coisas tenham mudado nos últimos 3.000 anos, essas mesmas observações fundamentais ainda se aplicam hoje em relação à vida debaixo do sol.
O livro de Eclesiastes é um livro sapiencial, e, como tal, ele transmite uma mensagem prática sobre como uma pessoa sábia deve viver neste mundo caído. Apesar de o livro envolver o leitor totalmente nas realidades do mundo natural, sua mensagem geral é positiva, e a sabedoria ensinada nele é facilmente aplicável no mundo de hoje. No entanto, a leitura de Eclesiastes não está livre de desafios, e muitos o consideram um dos livros mais intrigantes da Bíblia. Fora de contexto, muitas afirmações contidas nele podem ser interpretadas de forma a ensinar uma visão excessivamente negativa pessimista da vida. Além disso, Eclesiastes reflete sobre conceitos que exigem uma consideração cuidadosa para discernir as realidades da vida debaixo do sol e as conclusões, baseadas na sabedoria, que fornece uma base positiva para se aproveitar o máximo da vida neste mundo corrompido.
1. O sentido da palavra eclesiastes é dirigir-se a uma assembleia.
2. O propósito do livro:
Convencer os homens da inutilidade de toda visão mundana que não exceda o próprio horizonte humano. O livro pronuncia o veredito sobre a "vaidade das vaidades", ou seja, sobre toda filosofia de vida que considera o mundo criado e a felicidade humana, os propósitos principais da vida. (ARCHAR, Gleason L. A Survey of Old Testament Introduction.p.459)
Você não precisa procurar fora da Bíblia para encontrar uma filosofia de vida meramente humana. Deus descreve-nos, no livro de Eclesiastes, o registro de todo pensamento dos homens, bem como de toda religião natural que já foi descoberta e que trata do sentido ou do propósito da vida. Os argumentos no livro, portanto, não são feitos por Deus, mas são o registro  divino dos argumentos humanos. Isso explica por que passagens como Eclesiastes 1.15; 2.24; 3.3,4,8,11,19,20; 8.15 apresentam uma diferença positiva em relação ao restante da Bíblia. (MEARS, Henrietta C. What the Bible is All About.p.200)
3. Salomão ensina que não há vida após a morte? A resposta é não (veja Ec 3.17; 11.9; 12.14)!
4. As palavras e expressões fundamentais em Eclesiastes são homem (empregada 47 vezes), trabalho (36 vezes), sob o sol (30 vezes)e vaidade (37 vezes).
5. O livro de Eclesiastes pode ser resumido por duas afirmações: uma feita por um célebre advogado agnóstico, e outra por empregado do esgoto de Chicago. As duas afirmações buscam responder uma pergunta relativa à filosofia de vida pessoal de cada um.
"Há uma afirmação na Bíblia que resume minha vida. Ela diz: Havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos [Lc 5.5]" - Clarence Darrow.
"Eu cavo o  poço para conseguir dinheiro para comprar comida e fortalecer-me para cavar mais poços!" - Cook County, tratador do esgoto.

ANÁLISE

A. Os problemas afirmados (Ec 1--2).
Mesmo antes de começar sua busca pelo significado da vida, Salomão tem dúvidas:
Tudo na vida parece tão fútil (Ec 1.2).
Gerações vem e vão, mas nada parece fazer diferença (Ec 1.4).
O sol nasce e se põe, o vento vai e volta, mas nada disso parece levar a algum lugar ou cumprir algum propósito (Ec 1.5,6).
O rio corre em direção ao mar, mas o mar nunca está cheio. A água retorna novamente para os rios e flue depois, uma vez mais, em direção ao oceano (Ec 1.7).
Tudo parece tão indizivelmente exaustivo e tedioso (Ec 1.8). Nenhum homem parece satisfeito, apesar de tudo o que viu ou ouviu (Ec 1.8). A história contenta-se em repetir a si mesma - absolutamente nada de novo chega a acontecer sob o sol (Ec 1.9,10).
Daqui a 100 anos, tudo estará esquecido, não importa o que aconteça hoje (Ec 1.11). A vida era verdadeiramente assim em toda a parte? Um homem sábio e forte poderia encontrar paz e propósito na vida buscando o comprimento e a largura da terra? Salomão tentaria beber profundamente das fontes feitas pelos homens:

  1. Sabedoria humana (Ec 1.16,170. Salomão tinha mais capacidade natural de acumular e organizar fatos brutos do que qualquer outro homem que tenha vivido (fora Cristo). Todavia, o próprio Salomão concluiu melancolicamente: Porque, na minha sabedoria, há muito enfado; e o que aumenta em ciência aumenta em trabalho. Eclesiastes 1.18
  2. Prazer (Ec 2.1-3). A filosofia fracassara, diz o pregador, então, que a alegria seja tentada. Música, dança, vinho (não em excesso), a história cômica, a tirada esperta: eis o que agora é cultivado. Os palhaços são agora bem-vindos à corte onde antes apenas a séria filosofia era admitida. Os salões do palácio ressoam com felicidade e júbilo. (MEARS, Henrietta C. What the Bible is All About.p.201) Mas o sorriso e os liquores não conseguiam abrandar em nada a alma do homem. O rei conclui: Do riso disse: Está doido; e da alegria: De que serve esta? (Ec 2.2, veja também Ec 8.15).
  3. Álcool (Ec 2.3).
  4. Grandes projetos de edificação (Ec 2.4).
    Um Olival em Israel
  5. Belos jardins e parques (Ec 2.4-6).  Então, saborosas vinhas, jardins graciosos, flores raras e exóticas, plantas tropicais e outros focos de vegetação brotaram subitamente. Jerusalém e as cercanias floresceram tal como o jardim do Éden original. Mas, infelizmente, a geada da indiferença logo arruinou esse florescimento também!
  6. Indulgências pessoais (Ec 2.7). O rei tinha um servo pessoal para cada desejo. Mas ninguém podia atender o seu desejo de paz e propósito interiores.
  7. Grandes riquezas (Ec 2.7,8).
  8. Criação de gado (Ec 2.7). Grandes rebanhos de vacas, ovelhas, bois, cabras e outros animais se desenvolveriam sobre as verdes pastagens da Palestina. Mas, embora a pele e a carne desses animais pudessem vestir e alimentar o homem exterior, elas não conseguiam retirar a alma interior de seu estado de nudez e fome.
  9. Música (Ec 2.8). Mas a nota que está faltando para o contentamento não será encontrada na música, não importa quão bela seja a canção ou quão talentosos sejam os cantores.
B. Os problemas estudados (Ec 3--10).
Depois de completar uma exaustiva (e certamente exaurida) jornada, Salomão retornou para casa (Ec 4.1) e meditou sobre suas viagens. Ao considerar como é a vida longe de Deus, ele conclui:
  1. Elas é decididamente fútil (Ec 2.11).
  2. Tomada pela repetição (Ec 3.1-8).
  3. Permeada pela tristeza (Ec 4.1).
  4. Dolorosa e frustante (Ec 2.17).
  5. Ela é incerta (Ec 9.11,12).
  6. Ela não tem propósito (Ec 4.2,3; 8.15).
  7. Ela é incurável (Ec 1.15).
  8. Ela é injusta (Ec 7.15; 8.14; 9.11; 10.6,7).
  9. E encontra-se ao nível da existência animal (Ec 3.19).
C. O problema solucionado (Ec 11--12).
Salomão concluiu que até mesmo com Deus a vida é um mistério, mas, sem Ele, ela torna-se um terrível pesadelo. Portanto, é melhor que o homem:
Encontre Deus no começo da vida (Ec 11.9,10; 12,1,2).
Tema o Todo-Poderoso ao longo de sua vida (Ec 12.13,14). J. Vernon McGee resume adequadamente Eclesiastes 12.1-7:
  • 12.2: A visão falha faz parecer que o sol, a lua e as estrelas estão escurecendo. O tempo voa, e uma experiência fracassa após a outra - as nuvens retornam depois da chuva.
  • 12.3: A expressão no dia em que tremerem os guardas da casa refere-se às pernas. O idoso começa a cambalear. Homens fortes são os ombros que não mais ficam firmes. Moedores são os dentes. E os que olham pelas janelas referem-se à visão que começa a falhar.
  • 12.4: A expressão portas da rua se fecharem refere-se à dificuldade de ouvir. Já baixo ruído da moedura refere-se à língua. A voz da velhice afina-se. Se levantar à voz das aves - era necessário um relógio com alarme para acordá-lo antes, mas agora o chilrear de um pássaro bastava para perturbar o sono dele. Todas as vozes do canto se baixarem - indica que ele não pode mais cantar em coro e não consegue mais seguir a melodia.
  • 12.5: Temerem o que está no alto - coisas que antes não o amedrontavam. Houver espantos no caminho - ele não gosta mais de viajar. E florescer a amendoeira - nosso cidadão sênior está ficando com os cabelos brancos, isso se eles ainda não caírem. E o gafanhoto for um peso - pequenas coisas aborreceram-no. E perecer o apetite - a morte virá. O homem se vai à sua eterna casa - a morte virá.
  • 12.6,7: Cadeia de prata - a espinha vertebral. O copo de ouro - a cabeça. Cântaro - os pulmões. Roda - o coração.

CANTARES - Canções de Amor

Cantares é uma canção de amor semelhante, em muitos aspectos, a outras canções de amor do mundo antigo. Embora o assunto do cântico pareça estar fora de sintonia com o material religioso encontrado no restante da Escritura, ele desempenha função importante na literatura sapiencial hebraica. O livro ensina às pessoas como fazer escolhas sábias na vida terrena.
A capacidade de tomar decisões corretas no âmbito do amor romântico diz respeito a cada indivíduo pertencente ao povo de Deus, seja ele casado ou solteiro.
Talvez, o maior benefício que o cristão possa obter com o estudo de Cantares seja a lembrança de que o amor é um dom de Deus e deve ser apreciado como tal. Aquilo que Deus criou e considerou bom (Gn 1.31) deve ser apreciado no contexto do matrimônio. Apresentação positiva do relacionamento amoroso em Cantares faz o equilíbrio necessário com as proibições à expressão sexual ilícita vistas no restante da Escritura. Essa canção declara a força do verdadeiro amor, essencial ao casamento biblicamente correto.
Muitas pessoas surpreendem-se ao encontrar textos eróticos tão explícitos na Bíblia. Os casais não se envergonham de desfrutar o amor um do outro. Contudo, embora sensuais, os textos não são de mau gosto. Cantares ensina que o amor, o romance, o sexo e o casamento foram criados por Deus para serem desfrutados dentro do casamento entre um homem e uma mulher. Nesse sentido, Cantares serve como modelo para relacionamentos conjugais de todo o povo de Deus.

AUTOR

O título do livro, Cânticos dos Cânticos de Salomão (Ct 1.1 NVI), parece identificar o rei Salomão como autor. Ele pode ser traduzido literalmente do hebraico como "o maior cântico de Salomão". No entanto, a expressão "de Salomão" põe em dúvida se o cântico foi escrito "por Salomão", "sobre Salomão" ou "para Salomão". A favor da autoria salomônica está o fato de que 1 Reis 4.32 dá ao rei o crédito por, no mínimo, 1005 cânticos - o fato de que Salomão foi um compositor é inquestionável. Portanto, a implicação clara no título é que este é o  maior cântico de Salomão. Além disso, a distinção entre "por" e "sobre" é desnecessária, pois é possível que a canção apresente um elemento de reflexão autobiográfica e, por conseguinte, tenha sido escrita por Salomão e, ao mesmo tempo, seja sobre Salomão.
Jardim fechado, usado como
descrição em Cantares 4.12.
Mais uma evidência a favor da autoria salomônica - ou, ao menos, de um contexto salomônico - pode ser encontrada nas referências internas a especiarias exóticas, metais preciosos e um sistema político monárquico, uma vez que tudo isso fazia parte do reinado de Salomão. Além disso, há paralelos externos com poesias de amor egípcias anteriores ao período da monarquia unida, sendo possível, portanto, uma data anterior para o cântico. Diante de tudo isso, as evidências a favor da autoria salomônica são fortes.
Mark Rooker observa que o nome de Salomão aparece sete vezes no livro (Ct 1.1,5; 3.7,9,11; 8.11,12). Ele também observa que a citação de 21 variedades de lantas e 15 espécies de animais está em consonância com o conhecimento de Salomão sobre tais assuntos (1Rs 4.33). Referências a nomes de lugares em todo o Israel (de Jerusalém a Carmelo e de Hermom a En-Gedi) indicam a geografia da monarquia unida. E, ao todo, para descrever as complexidades do amor humano, 49 termos exclusivos fazem referência a figuras da natureza do mundo pré-moderno.

INTERPRETAÇÃO

Historicamente, o método mais comum para a interpretação de Cantares era tratá-lo como alegoria. A tradição judaica interpretava o livro alegoricamente, descontextualizando totalmente os versículos. Assim, os dois seios eram entendidos como Moisés e Arão, e o livro era visto como metáfora da história do relacionamento entre Israel e Deus. E muitos pais da Igreja consideravam o livro tipologicamente, como figura do amor de Cristo pela Sua noiva, a Igreja. Todavia, embora a Escritura utilize o casamento humano como tipo na descrição do relacionamento entre Deus e Israel e entre Cristo e a Igreja, Cantares, por diversas razões, não deve ser interpretado alegoricamente.
Primeiro, sempre que o relacionamento entre Deus e Israel é apresentado de forma alegórica no Antigo Testamento, o texto indica claramente que há uma alegoria sendo usada como meio de expressão, e as expressões figuradas são quase sempre definidas em relação ao respectivo referente. Além do mais, quando isso ocorre no Antigo Testamento, o relacionamento entre Deus e Israel é retratado com sentido negativo, não com o sentido positivo de Cantares (Ez 16; 23).
Segundo, alegorizar Cantares deixa muitos detalhes sem explicação quanto ao referente ou ponto de comparação. A história da interpretação alegórica de Cantares pode ser descrita como "fantasia ilimitada", e a imposição de conceitos teológicos na linguagem do texto tem pouca base em qualquer método natural de interpretação.
Além disso, algumas pessoas chegaram a questionar se a linguagem do livro pode ser aplicada apropriadamente ao relacionamento tipológico entre Cristo e a Igreja, sobretudo porque essa linguagem não é citada no Novo Testamento. Apesar de Paulo ter tido a oportunidade de citar Cantares quando justificou o grande mistério do amor de Cristo pela Igreja, ele optou por não o fazer e citou Gênesis 2.24 em sua admoestação a maridos e esposas em Efésios 5.22,33. Uma vez que os apóstolos não citaram, sequer ao fazer um argumento conceitual retratando o casamento de Cristo com a Igreja, parece improvável que eles tenham considerado Cantares como um tipo de relação entre Cristo e a Igreja. Por outro lado, o fato de o Novo Testamento ilustrar o relacionamento entre Cristo e a Igreja com uma metáfora do casamento poderia indicar uma alusão à linguagem de Cantares.
A gazela dama é uma espécie
de antílope encontrada em Israel.
Por fim, é natural que a Bíblia apresente uma expressão de uma das emoções humanas mais intensas, o  amor conjugal. Embora o tema do amor entre um homem e uma mulher possa parecer muito secular para o cânon inspirado, é preciso lembrar que Deus macho e fêmea os criou e, portanto, pareceu-lhe apropriado inspirar uma canção que abordasse a força do amor entre os sexos opostos.

FIGURAS E DRAMAS

Mesmo partindo de uma abordagem baseada no entendimento literal de Cantares como canção de amor inspirada, ainda encontramos desafios interpretativos. As canções de amor atuais, com suas figuras vívidas e expressões idiomáticas, podem ser difíceis de ser compreendidas - quanto mais uma música composta há cerca de 3.000 anos! Três problemas principais dificultam a leitura atual de Cantares.
Primeiro, as figuras poéticas da cultura do antigo Oriente Próximo são estranhas para os leitores modernos. Os amantes falam sobre especiarias e perfumes e comparam o outro a elementos agrícolas, o que soa pouco lisonjeiro para o ouvido moderno, mas, apesar disso, comunica um nível de atração e uma gama de emoções que demonstram toda a força e o potencial do amor erótico. Os detalhes são, em geral, difíceis de serem decifrados, mas a mensagem principal fica clara na maneira como os amantes conversam entre si.
Segundo, o enredo e a alternância de locutores em Cantares torna o livro, por vezes, difícil de acompanhar. O texto original não revela se era o homem, a mulher ou o coro falando (ou cantando), e, como acontece com qualquer poesia lírica, o enredo pode ser difícil de ser seguido. Embora Cantares, certamente, não seja uma peça destinada a ser representada sobre um palco nem um romance com personagens e tramas com o objetivo de ser lido, o livro parece partir do namoro romântico, passar pelo casamento e chegar à intimidade. Ao cantar um para o outro, os amantes (como em um dueto romântico) contam a história de amor que está desabrochando; contudo, não se deve ler Cantares como um drama histórico que reúne o enredo em uma trama detalhada. Em vez disso, tal qual uma canção de amor, deve-se procurar entender como os amantes sentem-se um em relação ao outro e observar como se comunicam. É aqui que a sabedoria de Cantares encontra-se. Apenas em segundo plano uma história dramática desenrola-se.
E o terceiro problema diz respeito ao drama que aparece subjazer às palavras de Cantares. A abordagem padrão é ver Cantares retratando o amor entre Salomão e sua amada,mas existe uma visão menos popular do assunto, que detalha um enredo dramático, o qual envolve uma mulher, seu amante pastor e Salomão, este na posição de vilão que procura levar a mulher para seu harém. O enredo dos três personagens, chamado de hipótese do pastor, parece improvável, pois isso significaria que Salomão escreveu ou aceitou uma canção na qual é retratado como monarca vilão que tenta roubar uma noiva dos braços de seu verdadeiro amor.
Norman Geisler sugere um enredo aceitável para a canção. Ele considera-o como uma canção de amor antifônica entoada pelo noivo e pela noiva no dia do casamento. Em uma espécie de "história da Cinderela" judaica, a virgem é enviada para a vinha pelos irmãos após a morte dos pais. Ao trabalhar ali, ela conhece um pastor e apaixona-se, e ele promete retornar algum dia. Durante sua ausência, ela sonha com ele, mas acorda e lembra-se de que ele não está ali. Por fim, quando retorna, ele não é ninguém menos do que o rei Salomão, e sua carruagem real leva-a para o palácio onde se casarão. Mais tarde, eles voltam para a aldeia da moça, e seus irmãos a exaltam (ela é um "muro" de virtude). Embora essa abordagem expresse um possível enredo, ela não explica completamente a intimidade da linguagem utilizada nas canções

ESTRUTURA

Apesar de algumas pessoas argumentarem que Cantares é uma antologia de canções menores, a progressão do relacionamento dos amantes gera um movimento perceptível que unifica o cântico do início ao fim. Além disso, uma coerência literária no nível da linguagem e do tema sugere um único autor, e não uma coletânea de canções. Todavia, é difícil esquematizar o livro segundo um enredo detalhado ou uma progressão linear de acontecimentos. Como cântico, as unidades individuais funcionam como fotografias em um álbum, oferecendo vislumbres líricos da progressão do relacionamento entre os amantes, desde o namoro e o casamento até a maturidade.
Cedro do Líbano
Embora se tente desenvolver um esboço estrutural detalhado segundo o ciclo de "cenas" individuais, uma abordagem mais simples seria acompanhar os movimentos maiores perceptíveis dentro do cântico,reconhecendo que os amantes alternam palavras de admiração e reflexão ao longo do texto. Esses ciclos de poemas de amor são interrompidos apenas por breves coros dos amigos e pela repetição de três refrões (não acordeis nem desperteis o meu amor, até que queira) no cântico (Ct 2.7; 3.5; 8.4). Assim, no geral, Cantares pode ser dividido em quatro partes.

  • Romance (Ct 1.1--3.5)
  • Intimidade conjugal (Ct 3.6--5.1)
  • Expressão do amor conjugal (Ct 5.2--8.4)
  • Epílogo (Ct 8.5-14)

ROMANCE (Ct 1.1--3.5)

Após uma legenda (Ct 1.1), o cântico logo começa com a voz feminina expressando seu intenso desejo por afeto romântico - Beije-me ele com os beijos da sua boca (Ct 1.2) -, desse modo, ditando o tom de linguagem lírica que se intensifica ao longo do livro. Contudo, embora o desejo por intimidade seja claramente expresso nessa seção de namoro (veja Ct 1.4,16; 2.3-6,10-13; 3.4), os amantes mostram contenção até a noite de núpcias, quando, então, satisfazem seus desejos físicos (Ct 4.16--5.1).
Apesar de o segmento do namoro apresentar alternâncias constantes entre a voz do homem e a da mulher, dois temas consistentes podem ser observados nas palavras de ambos. Primeiro, a voz feminina reflete inseguranças frequentes quanto à própria aparência (Ct 1.7) e ao medo de perdê-lo (Ct 3.1-4). Segundo, os dois não deixam de elogiar a aparência um do outro (Ct 1.10,11,15,16; 2.14), de declarar o compromisso exclusivo que têm entre si (Ct 1.9; 2.2-4,16) e de expressar o desejo de estarem juntos (Ct 2.8-13). As descrições que eles fazem da aparência um do outro são como impressões mentais em uma época anterior à fotografia. Eles memorizam todas as características a fim de intensificar a saudade enquanto estiverem separados. Com palavras de elogio, eles declaram seu amor, preparando-se para o casamento futuro. As inseguranças da mulher em relação à sua aparência e ao medo de perder o amante são totalmente resolvidas com os elogios e a presença dele.

INTIMIDADE CONJUGAL (Ct 3.6--5.1)

A transição do namoro para o casamento é indicada pela imagem de um grande cortejo nupcial acompanhado por toda a extravagância da realeza (Ct 3.6-11). Nesse relato, Salomão é identificado pelo nome (Ct 3.7,9,11), e a indicação de que se trata de um cortejo nupcial é clara (Ct 3.11).
Depois da procissão, Cantares não descreve os aspectos cerimoniais do casamento, mas, em vez disso, celebra a consumação do desejo íntimo (Ct 4.16--5.1). Salomão enaltece a beleza de sua amada na noite de núpcias (Ct 4.1-7) e exprime a profundidade de seu amor por ela (Ct 4.8-11). Ele elogia sua pureza ( Ct 4.12) e a rica satisfação que seu amor oferece (Ct 4.13-15).
A consumação do casamento é expressa por meio de uma metáfora sutil, para celebrar a beleza sensual com bom gosto e elegância. Não há hesitação no convite do amado (Ct 4.16) uma vez que o casamento foi realizado, e a satisfação da intimidade sexual é irrestrita e celebrada como um dom do Criador (Ct 5.1).

EXPRESSÃO DO AMOR CONJUGAL (Ct 5.2--8.4)

O terceiro segmento de Cantares começa com outra sequência de sonho (como em Ct 3.1-4), na qual a amada é separada do amante (Ct 5.2-8). Porém, ela lamenta a separação (Ct 5.8) e declara seu amor por ele enaltecendo mais uma vez sua aparência (Ct 5.10-16). Com o incentivo dos amigos (Ct 5.9; 6.1), os amantes são reconciliados, e a intensificação do compromisso é reafirmada na íntegra: Eu sou do meus amado, e o meu amado é meu (Ct 6.3; veja também Ct 6.2). Depois dessa separação velada dos amantes, a voz masculina elogia novamente a aparência da amada e declara seu desejo por ela (Ct 6.4-9; 7.1-9) na mais bela e intensa linguagem de amor já escrita por mãos humanas. Por meio de uma canção, ela responde com mais um convite à intimidade (Ct 7.9b--8.3) e confirma a posse mútua um do outro (Ct 7.10).

EPÍLOGO (Ct 8.5-14)

A confirmação do amor do casal é expressa poeticamente como um selo sobre o coração e o braço, uma indicação de propriedade mútua de pensamentos e ações (Ct 5.6a). Em seguida, como clímax, Cantares irrompe proclamando o poder e a riqueza do amor romântico na melhor expressão encontrada na Escritura:

  • [...] pois o amor é tão forte quanto a morte, e o ciúme é tão inflexível quanto a sepultura. Suas brasas são fogo ardente, são labaredas do Senhor.Nem muitas águas conseguem apagar o amor; os rios não conseguem levá-lo na correnteza. Se alguém oferecesse todas as riquezas da sua casa para adquirir o amor, seria totalmente desprezado. Cânticos 8:6b,7 
Muito embora o poema expresse o poder e o valor do amor como clímax final de Cantares (Ct 8.6b-7), o texto continua com uma recordação da pureza da amada antes de seu relacionamento com Salomão (Ct 8.8-12) e com uma reiteração do desejo dos amantes de serem propriedade um do outro nos anos futuros do casamento (Ct 8.13,14).

IMPORTÂNCIA TEOLÓGICA

Como poesia lírica, Cantares exalta as virtudes do amor e evoca as profundas emoções presentes na atração que Deus criou entre sexos opostos. Como literatura sapiencial, Cantares ensina ao povo de Deus como expressar amor à pessoa a quem, por meio do casamento, entrega-se o coração e o corpo. No entanto, além dos aspectos práticos da instrução sobre comunicação e intimidade, Cantares serve, na Escritura, para demonstrar o poder supremo do amor e a vitória deste sobre a maldição (Gn 3.16-19). Embora o conflito entre os sexos seja resultado da queda, o relacionamento conjugal ainda pode, pela graça de Deus, ser tão satisfatório quanto era na criação (Gn 2.18-25). Para isso, a oração dos santos solteiros em todo o mundo deve ser: "Senhor, prepara-me para, em Seu próprio tempo, ter um relacionamento como o descrito em Cantares". Quanto aos filhos de Deus que já estão atados aos laços do Casamento, sua oração deve ser: "Senhor, coloca em mim e em meu cônjuge o amor exemplificado em Cantares e ajuda-me a traduzi-lo em palavras e ações". Apesar de as interpretações alegóricas de Cantares não serem baseadas em uma exegese cuidadosa do texto, a figura tipológica geral do amor conjugal, certamente, ilustra o amor de Deus pelo Seu povo. Portanto, escritores do Antigo e Novo Testamento empregam temas conjugais para descrever o relacionamento de Deus com Israel (Is 62.4,5; Jr 3.1-11; Os 2.19,20) e de Cristo com a Igreja (Ef 5.21-33; Ap 19.7-9; 20.9-11).

CONTEXTO DA HISTÓRIA

A. ATO um - a cinderela sulamita.
1) Salomão tinha um vinhedo na região  montanhosa de Efraim, nos arredores da pequena cidade de Sulam, a aproximadamente 80Km ao norte de Jerusalém (Ct 8.11).
2) A vinha era arrendada por uma família de meeiros constituída pela mãe, seus dois filhos e suas duas filhas. A mais velha das garotas era a sulamita, e a mais nova, a irmã pequena descrita em Cantares 8.8 (veja também Ct 6.13).
3) A sulamita era a cinderela da família, pois tinha grande beleza natural, ainda que isso não tivesse sido notado pelo mundo.
4) Seus irmãos lhe faziam trabalhar duro cuidando do vinhedo, de modo que ela tivesse poucas oportunidades para cuidar da própria aparência (Ct 1.6).

  • Ela podava as vinhas.
  • Fazia armadilha para as pequenas raposas (Ct 2.15).
  • Ela também cuidava dos rebanhos (Ct 1.8).
5) Por estar exposta ao sol tão frequentemente, ela acabou ficando morena (Ct 1.6).
B. ATO dois - o estranho pastor.
1) Um dia, um belo homem estrangeiro e misterioso apareceu na vinha e logo ganhou o coração da sulamita. Esse homem era desconhecido para ela; na verdade, era o próprio Salomão disfarçado de um pastor modesto.
2) Ela perguntou-lhe sobre seus rebanhos (Ct 1.7).
3) Ele respondeu evasivamente, mas foi bem decidido em relação ao seu amor por ela (Ct 1.8-10).
4) Ele foi embora, mas prometeu que voltaria um dia.
5) Durante sua ausência, ela sonhou com ele em duas ocasiões.
  • Primeiro sonho - que eles já estavam casados e que certa noite ela acordava e não o encontrava na cama. Ela vestiu-se rapidamente e saiu procurando-o (Ct 3.2-4).
    Muda de Mirra Perfumada
  • Segundo sonho - que o seu amado retornara e rogara-lhe que abrisse a porta e o deixasse entrar. Mas ela recusava-se, pois não estava disposta a vestir-se e a sujar seus pés no caminho até a porta. Todavia, logo o coração dela afligiu-a por esse comportamento inadequado, e, consequentemente, ela pulou em direção à entrada da casa. Contudo, infelizmente, ele já tinha ido embora (Ct 5.4-6)! Dr.J.Vernon McGee informa-nos de que um adorável costume daqueles dias levava o noivo a colocar mirra perfumada dentro da maçaneta da porta da noiva. A noiva começava, então, a procurar agitadamente o amado que havia ignorado descuidadamente. Durante a busca, os guardas da cidade maltrataram-na, e o vigia na muralha rasgou o seu véu. Ela pediu ajuda às mulheres de Jerusalém, para que elas buscassem seu amado e informassem-no acerca do amor que ela sentia por ele (Ct 5.6-8). De modo súbito e alegre, ela descobriu onde ele estava (Ct 6.2,3).
6) Esses foram, portanto, os dois sonhos relativos ao misterioso amado pastor da sulamita. Mas por que ele deixou-a? Onde ele foi? Ele retornaria?
C. ATO três - o poderoso monarca.
1) Um dia, a pequena cidade de Sulam recebeu notícias eletrizantes. O próprio rei Salomão aproximava-se da cidade. Mas a moça solitária e apaixonada não estava interessada naquilo e não recebeu mais notícias até ouvir que o poderoso monarca desejava vê-la.
2) Ela ficou confusa até o momento em que foi levada à presença do rei, quando pôde finalmente reconhecê-lo como seu amado pastor. Então, ele gentilmente lhe explicou que, embora já tivesse reunido seis esposas, 80 concubinas e inúmeras virgens, ela era a esposa escolhida e seu verdadeiro amor (Ct 6.8). Logo, convidou-a para ir com ele e prometeu que cuidaria de sua irmã pequena (Ct 8.8,9).
3) Em seguida, a noiva foi colocada sobre a carruagem do rei, feita de cedros do Líbano, com colunas de prata, estrado de ouro e assento de púrpra (Ct 3.9,10).
4) Juntos, eles dirigiram-se para o palácio real em Jerusalém, acompanhados de 60 poderosos espadachins e guarda-costas experientes (Ct 3.7,8).

PROVÉRBIOS

O LIVRO DE PROVÉRBIOS

Provérbios - Palavras de sabedoria

A vida é repleta de escolhas. Ninguém pode passar pela vida sem ser confrontado por escolhas, e más decisões podem, muitas vezes, resultar em consequências negativas. Antigamente, a capacidade de tomar decisões sábias em todos os aspectos práticos da vida era extremamente valorizada.
A sabedoria do antigo Oriente Próximo compartilha da mesma ênfase básica encontrada na sabedoria da Bíblia hebraica, ou seja, compartilha do mesmo realce nas questões práticas e no sucesso na vida. (Veja sobre o Oriente Próximo, aqui: O ANTIGO TESTAMENTO E O ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO) No entanto, os sábios judeus inseriram, em sua literatura, a compreensão de que toda a sabedoria, até mesmo a relacionada às questões práticas do cotidiano, tem como princípio o temor do Senhor (Pv 1.7). Portanto, a literatura de sabedoria hebraica ensina às pessoas não apenas como fazer boas escolhas na vida, mas também como fazer escolhas puras. No Antigo Testamento, talvez não haja melhor exemplo do lado prático de uma vida santa e bem-sucedida do que os exemplos contidos no livro de Provérbios.
A. Um provérbio é uma frase curta baseada em uma longa experiência.
B. Muitos autores compuseram o livro de provérbios.

  • Salomão (Pv 1 ao 24). A passagem de 1 Reis 4.32 afirma-nos que ele escreveu 300 provérbios e compôs quase mil canções. Todavia, os capítulos 1 ao 24 trazem apenas uma fração desse número.
  • Os homens de Ezequias (Pv 24 ao 29).
  • Agur (Pv 30).
  • Lemuel (Pv 31).
C. O livro conta uma história. Traz a imagem de um jovem no começo da vida. A primeira lição que ele recebe lhe é dada em Provérbios 1.7. Duas escolas são propostas a ele e ambas enviam-lhe a literatura delas. Uma é a escola da sabedoria, a outra é a escola para tolos.
D. A palavra-chave de provérbios é, obviamente, sabedoria.
  • Sabedoria que protegerá seus estudantes (Pv 2.8).
  • Sabedoria que guiará seus estudantes (Pv 3.5,6).
  • Sabedoria que aperfeiçoará seus estudantes (Pv 4.18).
E. Há muitas passagens clássicas nesse livro.
  • Os avisos da sabedoria (Pv 1.20-31).
  • As recompensas da sabedoria (Pv 3.5,6).
  • A força da sabedoria (Pv 6.6-11).
  • A prostituta ateia (Pv 7.1-27).
  • O Salvador Soberano (Pv 8.22-31).
  • O rebelde turbulento (Pv 30.11-14).
  • Quinze fatos célebres (Pv 30.18-31).
  • A esposa devota (Pv 31.10-31).

Vamos analisar

1. Provérbios é, para o Antigo Testamento, aquilo que a carta de Tiago é para o Novo Testamento. É impossível oferecer uma análise cronológica desse livro. Pelo menos 11 temas principais são discutidos.
1) Um bom nome é um bom objetivo (Pv 10.7; 22.1).
2) A juventude precisa de disciplina para guiá-la (Pv 13.24; 19.18; 22.6,15; 23.13,14; 29.15,17; veja Pv 23.15-25; 30.11-14).

  • Um homem com um filho sensato é feliz, enquanto a mãe de um rebelde se entristece (Pv 10.1; 17.21,25; 19.13).
  • Um jovem sábio ouvirá seu pai, mas não o jovem zombeteiro (Pv 13.1).
3) Os negócios exigem honestidade, discernimento e perseverança.
  • Deus odeia uma partilha desonesta e deleita-se com a honestidade (Pv 11.1; 16.11; 20.10,23).
  • Não assine uma promessa por alguém que você mal conhece (Pv 6.1-5; 17.18).
  • Não atrase os pagamentos de seus débitos (Pv 3.27).
  • Deus não deixará um homem bom morrer de fome (Pv 10.3).
  • Preguiçosos empobrecem logo; quem trabalha duro tem abundantes suprimentos (Pv 10.4; 22.29).
  • Um sujeito preguiçoso é um tormento para seu empregador, tal como a fumaça para os olhos ou vinagre que irrita os dentes (Pv 10.26).
  • Aquele que confia em suas riquezas cairá (Pv 11.28).
  • É errado aceitar um suborno que distorça a justiça (Pv 17.23).
  • Dissolva seus negócios antes de edificar a casa (Pv 24.27).
  • Cuide das ovelhas e do seu gado o melhor que puder porque tanto as riquezas como os governos não duram para sempre. Primeiro você corta o feno; depois corta o capim dos montes enquanto espera que o feno cresça de novo. Aí você pode fazer roupas com a lã das suas ovelhas e comprar mais terras com o dinheiro que ganhou com a venda de alguns cabritos. E as cabras darão leite com  fartura para você, e para a sua família, e também para as suas empregadas (Pv 27.23-27 NTLH).
4) O casamento é construído com fidelidade a uma esposa virtuosa.
  • Beba água de sua própria cisterna (Pv 5.15).
  • Alegre-se com a esposa de sua juventude (Pv 5.18).
  • Uma mulher bonita a quem falta discrição e modéstia é como um sofisticado anel dourado no focinho de um porco (Pv 11.22).
  • Aquele que atormenta sua própria casa herdará o vento (Pv 11.29).
  • A mulher virtuosa é a coroa do seu marido, mas a que procede vergonhosamente é como apodrecimento nos seus ossos (Pv 12.4).
  • Toda mulher sábia edifica sua casa, mas a tola a derruba com as próprias mãos (Pv 14.1; 19.13).
  • Quem encontra uma esposa encontra algo bom e obtém o favor do Senhor (Pv 18.22).
  • Melhor é morar num canto de águas-furtadas do que com a mulher rixosa numa casa ampla (Pv 21.9; 25.24).
  • É melhor morar numa terra deserta do que com a mulher rixosa e iracunda (Pv 21.19).
  • Quem pode encontrar uma mulher virtuosa? Observação: a resposta mais detalhada para essa questão é dada no último capítulo de provérbios (Pv 31).
5) A imoralidade consome a vida de um homem, preenchendo-a com a morte.
  • Ela zomba da Lei de Deus (Pv 2.17).
  • Ela leva ao caminho da morte e do inferno (Pv 2.18; 7.27; 9.18).
  • Ela polui a consciência (Pv 5.4).
  • Ela leva o homem a gemer de angústia e vergonha quando a enfermidade atinge seu corpo (Pv 5.11).
  • Ela leva ao remorso mais amargo (Pv 5.12,13).
  • Ela será julgada por Deus (Pv 5.21).
  • Ela conduz o homem à pobreza (Pv 6.26).
  • Ela consumirá a alma tão seguramente como o fogo queima a pele (Pv 6.27,32).
  • E pode ser comparada a: (1) Um boi a caminho do matadouro (Pv 7.22). (2) Um veado preso aguardando a flecha da morte (Pv 7.22,23). (3) Um pássaro voando em direção à armadilha (Pv 7.23).
6) Más companhias devem ser evitadas a todo custo.

  • Recuse-as, pois, ao tentar enganar os outros, elas apenas enganam a si mesmas (Pv 1.10-19).
  • Recuse-as, pois elas comem o pão da iniquidade e bebem o vinho da violência (Pv 4.17).
  • Recuse-as, pois a gentileza delas é um truque e querem fazer de você o peão delas (Pv 23.6-8).
  • Recuse-as, pois o verdadeiro caráter de um homem é refletido pelos amigos que escolhe (Pv 27.19).
7) A sabedoria é o temor ao Senhor, reverência que traz vida e saúde.
  • O temor a Deus é a raiz da sabedoria (Pv 1.7,9.10).
  • Ela conquistará muitas honras para o sábio (Pv 1.9).
  • Ela manterá o sábio longe da imoralidade (Pv 2.16).
  • Ela direcionará o caminho dele (Pv 3.6).
  • Dará ao sábio rejuvenescimento, saúde e vitalidade (Pv 3.8).
  • Ela encherá os celeiros com trigo e cevada, transbordará os  toneis com o mais fino vinho (Pv 3.9,10).
  • A sabedoria é melhor do que a prata, do que o ouro ou do que preciosos rubis (Pv 3.14; 8.11,19).
  • Ela dá uma vida longa, bem como riquezas, honra, prazer e paz (Pv 3.16,17; 9.11).
  • A sabedoria foi o método de Deus na criação (Pv 3.19,20).
  • Ela é a coisa principal (Pv 4.7).
  • Deve ser amada como se fosse uma namorada(o) (Pv 7.4).
  • Ela traz o favor de Deus (Pv 8.35).
8) Autocontrole fortifica o indivíduo.
  • É melhor ter autocontrole do que conquistar uma poderosa cidade (Pv 16.32).
  • Um homem descontrolado frequentemente começa algo que não pode terminar (Pv 25.8).
  • Um homem sem autocontrole é tão vulnerável como uma cidade com muralhas arrasadas (Pv 25.28).
9) Bebida forte alimenta tolice e inspira malfeitos.
  • Ela dá falsa coragem e conduz a brigas (Pv 20.1).
  • Ela enche o coração com angústia e tristeza (Pv 23.29).
  • Deixa os olhos vermelhos de sangue e causa muitas feridas (Pv 23.29).
  • Pica como uma serpente venenosa (Pv 23.32).
  • Conduz à alucinações e delírios (Pv 23.33).
  • Leva uma pessoa a dizer tolices e coisas estúpidas (PV 23.33).
  • E faz com que o homem cambaleie como um marinheiro lançado ao mar (Pv 23.34).
  • Leva alguém a ser espancado sem nem mesmo perceber que está sendo ferido (Pv 23.35).
  • Conduz os líderes a esquecerem-se dos deveres e, desse modo, perverterem a justiça (Pv 31.5).
10) A amizade edifica cada amigo.
  • Um verdadeiro amigo é sempre leal e nasce para ajudar em tempo de necessidade (Pv 17.17).
  • As feridas causadas por um amigo são melhores do que os beijos oferecidos por um inimigo (Pv 27.6).
  • Nunca abandone um amigo - nem o seu, nem o de seu pai (Pv 27.10).
  • Sugestões amistosas são tão agradáveis como perfumes (Pv 27.9).
  • Uma discussão amistosa é tão estimulante como as faíscas que voam quando o ferro bate com outro ferro (Pv 27.17).
  • Um homem que tem muitos amigos deve ele mesmo ser amigável (Pv 18.24).
  • Um verdadeiro amigo aproxima-se mais do que um irmão (Pv 18.24).
11) As palavras e a língua são poderosas tanto para o bem como para o mal.
  • A língua do justo é como a prata seleta (Pv 10.20).
  • Aquele que se abstém de falar é sábio (Pv 10.19; 11.12).
  • Os lábios do justo alimentam muitos (Pv 10.21).
  • Um hipócrita usa sua boca para destruir o próximo (Pv 11.9).
  • Uma pessoa fofoqueira revela segredos, mas aquele que tem espírito fiel vela sobre o assunto (Pv 11.13).
  • Alguns falam como as perfurações de uma espada, mas a língua do sábio é saudável (Pv 12.18).
  • Aquele que guarda sua boca guarda sua vida, mas aquele que abre largamente seus lábios será destruído (Pv 13.3).
  • Um testemunho verdadeiro livra a alma (Pv 14.25).
  • Uma resposta doce faz desviar a fúria, mas as palavras ofensivas atiçam o ódio (Pv 15.1).
  • Uma língua saudável é a árvore da vida; enquanto uma língua perversa dilacera o espírito (Pv 15.4).
  • Uma palavra dita no tempo certo é boa (Pv 15.23).
  • O coração do justo estuda antes de responder (Pv 15.28).
  • Palavras agradáveis são como favo de mel: doce para a alma e saudável para os ossos (Pv 16.24).
  • Um causador de problemas semeia discussões, e aquele que cochicha separa grandes amigos (Pv 16.28; 17.9).
  • O começo da discussão é como deixar a água derramar. Portanto, deixe de lado a discussão, antes que ela envolva-o (Pv 17.14).
  • Para aquele que tem conhecimento poupa suas palavras (Pv 17.27).
  • As palavras do linguarudo ferem (Pv 18.8).
  • Aquele que responde à questão antes de ouvi-la é tolo e deve envergonhar-se (Pv 18.13).
  • Morte e vida estão sob o poder da língua (Pv 18.21).
  • Aquele que mente não escapará (Pv 19.5).
  • Uma palavra dita adequadamente é como um cesto de prata cheio de maçãs de ouro (Pv 25.11).
  • A longevidade persuade o príncipe, e a língua branda quebra os (duros) ossos (Pv 25.15).
  • O espectador que se envolve em confusão que não lhe diz respeito é como aquele que pega um cachorro pelas orelhas (Pv 26.17).
  • Onde não há madeira, não há fogo. Logo, onde não há fofoqueiros, as brigas cessam (Pv 26.20).
  • Deixe que o outro homem elogie-o, e não sua própria boca (Pv 27.2).

2. Os escritores de Provérbios agrupam as coisas que possuem qualidades similares.
A) Sete coisas que Deus odeia (Pv 6.16-19).

  • Um olhar arrogante.
  • Uma língua mentirosa.
  • Mãos que derramam sangue inocente.
  • Um coração ímpio e conspirador.
  • Impaciência para fazer algo errado.
  • Falso testemunho.
  • Semear discórdia entre irmãos.
B) Quatro coisas que nunca se dão por satisfeitas (Pv 30.15,16).
  • O túmulo.
  • O ventre estéril.
  • O deserto árido.
  • O fogo.
C) Quatro coisas maravilhosas e misteriosas (Pv 30.18,19).
  • Como a água plana  pelos céus.
  • Como a serpente se arrasta pela rocha.
  • Como um navio encontra seu caminho pelo oceano.
  • O crescimento do amor entre um homem e uma mulher.

D) Quatro coisas que a terra considera insustentáveis (Pv 30.21-23).

  • Um escravo que se torna rei.
  • Um tolo que tem abundância de pão.
  • Uma mulher amarga quando finalmente se casa.
  • Uma serva que se casa com o marido de sua senhora.
E) Quatro coisas pequenas, mas sábias (Pv 30.24-28).
  • Formigas (elas não são fortes, mas armazenam comida para o inverno).
  • Coelhos (animais pequenos e delicados que se protegem vivendo no meio das rochas).
  • Gafanhotos (embora não tenham líderes, eles permanecem juntos em exames).
  • Aranhas (são fáceis de pegar e de matar e, contudo, são encontradas até mesmo nos palácios dos reis).
F) Quatro monarcas imponentes (Pv 30.29-31).
  • O leão, rei dos animais (que não desvia de seu caminho por nada).
  • O cavalo de guerra.
  • O bode.
  • O rei ao conduzir seu exército.
G) Agur requer de Deus duas coisas (Pv 30.7-9).
  • Remove de mim a vaidade e as mentiras.
  • Não me dê nem pobreza - alimenta-me com comida suficiente. Para que eu não fique cheio de mim, negue-o e diga: Quem é o Senhor? Para que eu não fique pobre, roube e tome o nome de meu Deus em vão.
3. Além de tudo isso, há muitas outras passagens clássicas no livro de Provérbios. Algumas das mais importantes são: Pv 1.24-28; 3.5,6,9-12; 6.16-19; 8.22-31; 11.30; 14.12,34; 16.3,7,18; 18.10; 24.16,17,28,29; 25.19-22; 27.1; 28.13; 29.1,18; 30.4-9,11-14; 31.10-12,28,30.

A BELEZA DOS SALMOS - PARTE I

PARTE I
Aproximadamente 70 Salmos receberam a classificação "devocional", porque contêm (entre outras coisas) promessas nas quais todos os crentes podem confiar. Esses Salmos incluem desde gemidos de tristeza à cânticos alegres. Às vezes, os autores franzem o rosto, duvidam e clamam. Eles revisam o passado e predizem o futuro. Neles, a alma nua do homem é manifestada como talvez em nenhum outro escrito. A seguir, estão seleções dignas de nota nesses:

Salmos devocionais.

A. Salmos 4.3,8: a paz é um dos benefícios da vida cristã. Aqui, a oração de Davi lhe traz tranquilidade e descanso (nota : Sl 29.11; 119.165).
B. Salmos 9.17: apresenta o que eventualmente se tornará uma realidade horrível (veja Sl 11.6; Mt 25.31-46; Ap 14.10; 19.20; 20.11-15; 21.8).
C. Salmos 13.1,2: um equívoco muito comum em relação à Bíblia é acreditar que seus heróis eram homens superiores aos outros de algum modo; que nunca teriam sofrido uma derrota, nunca teriam se sentido desencorajados e sempre teriam sido bem-sucedidos, santos e sumamente felizes. Nada poderia estar mais longe da verdade. O fato é que cada um desses homens era sujeito às mesmas paixões que nós (Tg 5.17). Todos eles tiveram de suportar o amargo peso da derrota em muitas ocasiões. Foram, muitas vezes, tomados de desespero, assim como os filhos e filhas de Adão sofrem hoje. E tal abatimento é frequentemente evidenciado nas orações deles. O Salmo 13, por exemplo, apresenta as súplicas de uma alma sofredora.
D. Salmos 14.1: Davi aqui descreve o tolo ateu. Em termos bíblicos, tolo é uma pessoa atormenta em seu coração, não em sua mente.
E. Salmos 17.8: Davi aqui usa dois termos suaves que descrevem a afeição de Deus pelo crente:
  1. Menina do olho (veja também Dt 32.10; Zc 2.8).
  2. Sombra das Tuas asas (veja também Dt 32.11,12; Sl 36.7; 57.1; 91.1,4; Mt 23.37).
F. Salmo 18.16,19,28,35: no versículo 16, Davi fala sobre ser retirado de muitas águas, águas que são empregadas frequentemente no livro de Salmos como símbolo de angústia e tribulação (veja Sl 69.1,2; 144.7; Is 43.2). Em um sentido muito real a filha de Faraó, ao retirar o bebê das águas do Nilo, apelidou inconscientemente todos os filhos de Deus quando chamou o seu nome Moisés [...] e das águas o tenho tirado (Êx 2.10). Davi aqui declara que o Senhor o retirou de muitas águas. Anos mais tarde, o apóstolo João escreveria: O cordeiro [...] lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida [...] (Ap. 7.17).
G. Salmo 23: essa é certamente a oração mais famosa de todos os tempos, com a possível exceção da chamada oração do Senhor em Mateus 6.9-13.
Davi afirma que o Senhor é seu Pastor. Consequentemente, continua o salmista: Nada me faltará; ou seja:
  1. Quando a alma do salmista necessitar de alívio espiritual, o Pastor providenciará verdes pastos.
  2. Quando a alma dele estiver fatigada, o Pastor providenciará águas calmas.
  3. Quando a alma dele necessitar de reavivamento, o Pastor irá restaurá-la.
  4. Quando a alma dele precisar de orientação, o Pastor o conduzirá aos caminhos certos.
  5. Quando a alma dele estiver diante da morte, o Pastor estará junto a ele.
  6. Quando a alma dele for confrontada com inimigos, o Pastor fornecerá Sua mesa da vitória.
  7. Quando a alma dele ferir-se, o Pastor ungirá sua fronte com óleo.
  8. Quando a alma dele precisar de companhia, o Pastor reservará bondade e misericórdia para acompanhá-lo
  9. Quando Davi deixar sua moradia temporária na terra, o Pastor lhe providenciará uma moradia eterna nos céus. Assim, o testemunho de Davi foi: Nada me faltará. Contraste essa afirmação com a mensagem a Belsazar (Dn 5.26,27).
H. Salmo 34.6-9: nosso gracioso Pai celestial frequentemente usa seus mensageiros angelicais para ajudar, proteger e encorajar Seus filhos na terra (veja 2 Rs 6.17; At 12.7; Hb 11.14).
I. Salmo 35.11-13: esse tipo de oração é realmente difícil -- interceder pela pessoa que está em necessidade, mas que talvez não deseje nem mesmo que se ore por ela e que possivelmente até se alegre, caso a mesma tribulação a atinja. Mas o crente é comandado para fazer tal oração malgrado todas essas condições.
J. Salmo 37.1-5,7,12,13,18,23-25,28: esse salmo de oração poderia ser chamado de "escalada para o sublime" ou "da frustração (Sl 37.1) à exaltação (Sl 37.34)". Há cinco degraus nessa escada de ascensão, e eles são descritos nos versículos, constituindo o primeiro degrau de cada uma das séries de ascensão:
Não se aflija - Eu tenho um problema (Sl 37.1,2).
Confie - Eu acredito que Deus pode resolver o meu problema (Sl 37.3).
Deleite-se - Eu acredito que Ele resolverá o meu problema (Sl 37.4).
Comprometa-se - Eu levo o meu problema até Ele (Sl 37.5).
Descanse - Eu entrego o meu problema para Deus (Sl 37.7).
Frequentemente, no livro de Salmos, aquele que ora pede ao Senhor uma impressão da brevidade dessa vida na terra, para que ele possa comprometer cada dia precioso de sua vida ao Seu Criador. Temos uma referência a essa demanda aqui (Sl 37.18) e em outras orações (Sl 31.15; 39.4; 90.12; 119.84).
Nesse Salmo, os versos 23, 24, 25 e 28 descrevem o plano de Seguridade Social de Deus, junto com todos os Seus benefícios adicionais, destinado aos Seus obreiros.
K. Salmo 40.1-3,5.
  1. Os versículos 1-3 ilustram as diferenças entre o cristianismo e todas as outras religiões. Considere esta história: eis um homem que caiu dentro de um poço escuro e sujo, quebrando suas pernas e braços ao atingir o chão. Logo, seu choro doloroso e desamparado por alívio começam a sair do poço. Nessa ilustração, Confúcio se aproxima, olha para baixo e diz: "Amigo, deixe-me dar-lhe esse sábio conselho: se você conseguir sair daí, tenha cuidado com o lugar por onde anda, para que não volte a cair em um lugar como esse". Depois disso, o filósofo chinês segue seu caminho. Pouco depois, Buda passa por ali, observa o homem abandonado e diz: "Amigo, você precisa de ajuda. Se puder subir até a metade do caminho, eu o ajudarei a escapar. Escale só um pouquinho e estique suas mãos em minha direção". Mas o homem alquebrado e ensanguentado não consegue mover-se. Infelizmente, Buda vai embora. O homem desesperado comprime-se em sua prisão de dor, com sua esperança quase exaurida. Mas consegue bradar um último clamor por salvação. Então, o Salvador de todos os homens olha para baixo com compaixão e amor. Sem dizer palavra de conselho ou admoestação, Ele desce pela borda do poço, coloca o viajante gentilmente sobre Seus ombros fortes e escala as paredes com ele, saindo finalmente do abismo. Em seguida, o Redentor sara os ossos quebrados, coloca os pés daquele homem na direção dos céus e preenche o coração dele com uma canção. Isso é a salvação.
  2. No versículo 5 dessa oração, Davi menciona as obras maravilhosas que Deus lhe fez, bem como os incontáveis pensamentos que o Altíssimo lhe dedicou. Outras passagens põem em foco essa preciosa verdade (veja Sl 92.5; 139.17,18; Jr 29.11).
L. Salmo 42.5,11; 43.5: esses três versículos são aqui mencionados em função da considerável repetição deles. Muitas vezes, o mundo observa zombeteiramente  ser correto um homem conversar consigo mesmo, mas, se ele responde para si mesmo, ora, isso é mau. Contudo, tal pensamento não está de acordo com os filhos de Corá. O salmista tanto pergunta como responde suas próprias interrogações. Essa auto segurança da alma é uma prática benéfica. Às vezes, é útil repreender-se e consolar-se, tal como se faria com outra pessoa.
M. Salmo 46.1-3,6-9: esse pode tornar-se o salmo favorito do israelita remanescente e amedrontado que estiver escondido do anticristo em Petra durante o derradeiro e terrível período da grande tribulação (veja Is 26.19,20; Ap 6.12-14 e, sobretudo, Mt 24.15,16; Ap 12.14).
N. Salmo 50.5,10-14: Existem aqueles críticos que acusaram o Antigo Testamento por apresentar um sanguinário Deus de uma tribo hebraica, estando mais interessado em sacrifícios sangrentos do que em ajudar os homens. Nesse salmo, Asafe esmaga essa mentira com um machado. Ele afirma que Deus desejava mais a alma dos homens do que seus sacrifícios. A devoção fervorosa era muito mais preciosa aos olhos do Altíssimo do que animais ensanguentados. Não era o altar de bronze visível que agradava ao Senhor, mas sim o invisível altar do coração. E quatro séculos antes disso, Moisés já lembrara aos israelitas esse mesmo princípio fundamental (veja Dt 10.112-16).
O. Salmo 56.8,13: as doces palavras do versículo 8 confortam e alegram o coração mais abatido. Davi pede a Deus que preserve suas lágrimas (veja Não chores: Apocalipse 5.5)
P. Salmo 63.6: o salmo registra Davi orando em vários momentos do dia. Contudo, ele desfruta dessas orações sobretudo quando busca Seu Pastor na calada da noite, tal como relata no versículo 6 (observem essas mensagens da meia-noite endereçadas para Deus: Sl 4.4; 17.3; 22.2; 42.8; 77.6; 92.2; 119.55; 149.6).
Q. Salmo 66.18: a necessidade absoluta de confessar é um fundamento da oração afirmada ao longo de toda a Bíblia e aplica-se tanto aos pecadores quanto aos santos. O sangue de Cristo nos perdoará de todos os pecados confessados, mas não cobrirá qualquer de nossas desculpas miseráveis (veja Pv 15.29; 28.9; Is 1.15; 59.1,2; Jo 9.31; Tg 4.3).
R. Salmo 68.17: aqui, Davi numera os anjos no céu entre milhares. Essa estimativa é levada em conta por outras referências bíblicas, como em Daniel 7.10, Mateus 26.53 e Apocalipse 5.11. Em Lamentações, Jeremias ecoa as palavras de Davi (compare Sl 68.19 com Lm 3.21-23).
S. Salmo 69.13: quando é esse "tempo aceitável" para orar?
T. Salmo 71.5,9,18: esse trecho poderia ser corretamente chamado de "O salmo da velhice". Um dos principais "benefícios extras" garantidos ao crente é que a velhice simplesmente o aproxima do propósito glorioso de assemelhar-se a Cristo. Isso é totalmente diferente de todos os objetivos mundanos, tais como aqueles do campo de jogo esportivo ou das muitas carreiras profissionais, onde juventude, cérebro, força e aparência são cruéis capatazes, e o desafortunado indivíduo é rude e brutalmente abandonado em sua velhice (veja Sl 25.7; 37.25; Ec 11.9,10; 12.1).
U. Salmo 73.2,3,5,7,12-14,16-19: Asafe aqui faz uma pergunta que tem incomodado inúmeros cristãos ao longo da história: Por que os ímpios prosperam, enquanto os justos sofrem? Lázaro deve ter ponderado sobre isso quando, mal vestido, pessimamente alimentado e coberto de chagas latentes, sentou-se diante dos portões de um milionário imprudente e desalmado (Lc 16.19-31). Samuel foi certamente atormentado por esse pensamento ao observar o ungido Davi fugindo do arrogante Saul.
V. Salmo 75.6,7: talvez nenhum outro rei em toda a história atestou mais a exatidão dessas palavras do que o poderoso monarca Nabucodonosor, da Babilônia. Ele sonhara com uma poderosa árvore sendo cortada pelo comando de Deus. Daniel corretamente profetizou que tal sonho era um aviso divino, para que o orgulhoso regente se tornasse mais humilde e, desse modo, seu tamanho não fosse cortado. Não apenas isso acabaria acontecendo, mas o rei também sofreria um período de sete anos de insanidade. Mesmo assim, o arrogante monarca não quis humilhar-se ou curvar-se. Consequentemente, a tempestade rompeu-se (veja Dn 4.29-37).
W. Salmo 80.8: esse salmo de oração escrito por Asafe poderia ser corretamente chamado de "O salmo da vinha à beira da morte". A vinha aparece muita vezes na Bíblia como símbolo de Israel. Note o que Asafe afirma sobre essa vinha. Ele declara:

  1. Deus a tirou do Egito (Sl 80.8).
  2. O Altíssimo plantou essa vinha na terra que Ele escolheu (Sl 80.8).
  3. O Todo-poderoso limpo o terreno e lavrou o solo para plantá-la (Sl 80.9).
  4. A vinha se enraizou e cresceu por um tempo (Sl 80.9).
  5. Ela cobriu as montanhas e cresceu tanto quanto as árvores de cedro (Sl 80.10).
  6. E se estendeu do mar Grande ao rio Eufrates (Sl 80.11).
  7. Deus, então, quebra as cercas que protegem sua vinha (Sl 80.12).
  8. Estrangeiros aparecem e pilham as uvas (Sl 80.12).
  9. O javali da selva a devasta, e  as feras do campo a comem (Sl 80.13).
  10. Inimigos a cortam e a queimam (Sl 80.16).
X. Salmo 81.10-14: quase dez séculos depois, o rejeitado Redentor de Israel estaria no monte das Oliveiras, observando Jerusalém e concedendo voz poderosa a palavras similares (veja Mt 23.37-39).
Y. Salmo 84.5-7: o verso 7 fala de crescer com força. A palavra força é muito importante no vocabulário bíblico da oração e da santificação. Note a afirmação que descreve a força interna do homem (veja Sl 22.15; 31.10; Dn 10.8) em oposição à força onipresente de Deus (Is 40.28-31; 41.10, veja também Sl 27.1; 28.7; 29.11; 43.2; 46.1; 81.1; 118.14; 119.28; Rm 5.6; 2Co 12.9; Ef 3.16; Fp 4.13; 2Tm 4.17; 1Pe 5.10).
Z. Salmo 85.6,10: nenhuma outra oração talvez seja mais bem-vinda aos ouvidos de Deus do que essa oração por reavivamento, tal como expressa no verso 6. Apenas um filho do Altíssimo pode ser reavivado; pecadores não podem, pois precisam ser ressuscitados. Uma pessoa morta não pode ser reavivada; apenas um vivo pode ou deve ser reavivado.
Mais tarde, Habacuque faria uma oração similar por si e pelos israelitas restantes (Hc 3.2).
O incrível poder de oração é visto no verso 10. Eis dois pares de coisas irreconciliáveis: misericórdia versus verdade e justiça versus paz. A misericórdia olha para o pecador e diz: "Poupe-o"; mas a verdade diz: O salário do pecado é a morte. A paz considera a alma atormentada do pecador e anseia por acalmá-la, mas a justiça determina que a alma que pecar, essa morrerá. O que poderia ser feito? Foi quando veio o milagre - o amor encontrou uma solução: Cristo.
Assim, esses dois pares de conceitos opostos puderam reconciliar-se e beijar-se.
AA. Salmo 88.3: de longe, essa é a oração mais melancólica e mais desesperada em toda Bíblia. Nenhum raio de esperança surge.
BB. Salmo 90.10,12: frequentemente, essa passagem é chamada de "O Salmo da morte" ou "O Salmo do primeiro Adão". Ele foi escrito por Moisés. A duração média da vida de um homem em 70 anos (Sl 90.10) é uma queda dramática em relação aos primeiros tempos da era patriarcal encontrados em Gênesis 5. Contudo, tal como o primeiro Adão logo descobriria, um dos frutos amargos do pecado é a morte física. Nesse contexto, a única conclusão lógica para o homem é afirmada no verso 12. Um pecador deve aceitar Cristo hoje (pois esse é o começo da sabedoria), e o cristão deve consumir seus dias tão sabiamente quanto é exortado a gastar seu dinheiro, ou ainda mais sabiamente, pois o tempo desperdiçado nunca poderá ser recuperado. (Você gostará de lê este artigo aqui: CRESCIMENTO ESPIRITUAL)
CC. Salmo 91.1,11,12: essa passagem é conhecida como "O Salmo da vida" ou "O Salmo do segundo Adão". Ele descreve principalmente como Deus manteve o poder relativo ao Seu Filho, enquanto este caminhava sobre a terra. O verso 11 fala que Deus aos seus anjos dará ordem a teu respeito. Esses anjos serviram e ministraram para nosso Senhor Jesus de numerosas formas:

  1. Eles adoraram-no (Hb 1.6).
  2. Eles anunciaram Seu nascimento (Mt 1.20-23; Lc 1.26-38; 2.8-14).
  3. Eles ministraram para Ele: a) No deserto (Mt 4.11). b) No Jardim (Lc 22.43).
  4. Eles retiraram a pedra do túmulo (Mt 28.2).
  5. Eles anunciaram Sua ressurreição (Mt 28.6).
  6. Eles estavam presentes na ascensão de Cristo (At 1.10,11).
  7. Eles acompanharão a segunda vinda (2Ts 1.7,8).
Durante as tentações terríveis de Jesus, Satanás citou o Salmo 91.11,12 (veja Mt 4.6). Shakespeare estava certo quando escreveu: "O diabo pode citar as Escrituras".
DD. Salmo 94.18: esse verso, como outros em Salmos, ensina sobre a eterna segurança do crente. Ele descreve não o filho de Deus desesperadamente dependente do Pai para tentar estimar a própria vida, mas sim a frágil mão poderosamente apertada pelo forte aperto da mão celestial (veja também Sl 37.23,24).
EE. Salmo 100: esse salmo ficou conhecido como "O antigo centésimo". Pelo estilo, beleza e conteúdo, merece ser colocado ao lado do Salmo 23.
FF. Salmo 103: esse salmo é possivelmente o maior, mais importante e mais glorioso poema de louvor a Deus já escrito. Nele, o zelo de Davi atinge seu zênite. O alcance dele é o maior, seus pensamentos são os mais profundos, suas canções são as mais doces, e seu coração é mais mobilizado do que em qualquer outra oração de louvor na Bíblia.
GG. Salmo 107.9,10,29: enquanto ele estava na terra, nosso Senhor literal e amorosamente cumpriu o que foi prenunciado nestes versos:
  1. Ele cumpriu 107.9,10 em Mateus 4.16 e em Hebreus 2.14,15.
  2. Ele cumpriu 107.29 em Mateus 8.26.
HH. Salmo 111.10: a palavra temor, na Bíblia, é intimamente conectada com a oração e o louvor, sobretudo no livro de Salmos, no qual é empregada aproximadamente uma centena de vezes. Esse tipo determinado de temor não é o do pavor doentio, mas o do respeito cheio de reverência. Essa espécie santa de temor está certamente fazendo falta ao mundo de hoje. Como Paulo disse ao descrever a impiedade da raça humana, não há temor de Deus diante de seus olhos (Rm 3.18). A palavra temor sempre está relacionada à oração e à amizade com Deus (Dt 10.12; Sl 2.11; 5.7; Ml 3.16).
II. Salmo 118.18,23,24: a vida e as experiências de Jó servem como um grande comentário ao verso 18. Os versos 23 e 24 podem corretamente ser clamados por todos os cristãos com base em Romanos 8.28, até mesmo no dia do funeral de seus entes queridos.
JJ. Salmo 119.11,71,75,89,99,105,130: o Salmo 119 é o mais longo e tem a oração com maior extensão em toda a Bíblia. Seu tema único é a Palavra de Deus. Exceções feitas a cinco, ela é referida em cada um dos 176 versos.
Sobre o verso 11, D.L.Moody afirma que ou a Bíblia afasta-nos do pecado, ou o pecado afasta-nos da Bíblia. Em relação ao verso 71, Deus frequentemente nos aflige com infortúnios para instruir-nos acerca de Sua Palavra (veja também Sl 94.12). O autor do livro de Hebreus baseia-se no verso 75 (veja Hb 12.5-15).
Sobre o verso 89, nosso Senhor disse certa vez: O céu e aterra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar (Mt 24.35, veja também Mt 5.18, 1Pe 1.23,25).
Em relação ao verso 99, o salmista não está alardeando seu poder mental, nem depreciando todos os instrutores. Ele está simplesmente afirmando que, em assuntos da vontade de Deus para a vida dele, mais pode ser apreendido de um estudo das Escrituras do que de todos os conselheiros bem-intencionados e, contudo, humanos. De vez em quando, mesmo o mais piedoso instrutor pode dar o conselho errado para outro crente. Um exemplo clássico desse fato é o encorajamento de Natã ao plano de Davi para construir o templo (veja 1Cr 17.1-4). Em sua primeira carta, o apóstolo João escreve sobre isso (1Jo 2.27).
Já em relação ao verso 105, pode ser apontado que Satanás também é descrito como um tipo de irradiador de luz. Mas existe uma diferença: a luz de Deus é direcionada para os pés do homem e guia, portanto, o olhar dele; enquanto a luz de Satanás é lançada sobre os olhos do homem para cegá-lo. Como Paulo declararia posteriormente:[...] O deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus (2Co 4.4, veja também Sl 97.11).
Em relação ao verso 130, pode-se dizer que a Palavra de Deus é suficientemente acessível para abençoar o coração do crente mais simples e, ao mesmo tempo, suficientemente profunda para desafiar a mente do crente mais inteligente. Ela é tanto leite para a criança quanto carne para o adulto.
KK. Salmo 123.1,2: na civilização ocidental, onde a sociedade advoga (ao menos no papel) a igualdade de todos os homens, um cidadão que ler as palavras desse salmo não poderá compreender seu sentido completo, senão fragilmente, uma vez que ele não conhece nada a respeito da submissão e da lealdade absolutas existentes nos antigos relacionamentos entre senhores e servos. O servo deveria fixar seu olhar sobre as mãos de seu senhor ao estar na presença deste. Assim, ao menor movimento ou gesto daquelas mãos, o servo era levado a agir imediatamente e com toda a atenção. Com certeza, esse significado pode ser atribuído às palavras de Deus a Davi no Salmo 32.8,9. Em Romanos 1.1, Paulo refere-se a si mesmo como servo de Jesus Cristo, e essa atitude certamente contribuiu com suas obras poderosas dedicadas a Deus.
LL. Salmo 136.1: esse salmo contém o mais importante refrão de misericórdia das Escrituras. A frase porque a sua misericórdia dura para sempre (ARA) aparece 26 vezes, uma em cada verso.
MM. Salmo 139.1: há mais sobre a onisciência de Deus nesse Salmo de Davi do que em qualquer outra oração da Bíblia. De acordo com o salmista:
  1. Deus sabia quando ele estava de pé ou sentado (Sl 139.2).
  2. Deus conhecia todos os seus pensamentos (Sl 139.2).
  3. Deus conhecia todos os seus hábitos (Sl 139.3).
  4. Deus sabia de todas as suas palavras (Sl 139.4).
  5. Deus sabia de cada passo que ele dava (Sl 139.5).
  6. Deus conhecia-o antes de ele nascer (Sl 139.16).
Em razão dessa sabedoria maravilhosa, Davi dá graças a Deus:
Por criá-lo (Sl 139.13-16).
Por guardá-lo:
  • Mesmo que ele ascenda aos céus (Sl 139.8).
  • Mesmo que ele desça ao túmulo (Sl 139.8).
  • Mesmo que ele esteja no mais profundo oceano (Sl 139.9).
  • Mesmo que ele esteja coberto com a noite mais negra (Sl 139.11,12).
Por pensar nele (Sl 139.17,18).

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PARTE II


                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  

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