COSTUMES BÍBLICOS

Jesus e os Fariseus

Convergência entre os Mestres
Fala-se de contendas, mas se esquece de que Jesus tinha inclusive amigos fariseus como José de Arimatéia e Nicodemos, As narrativas bíblicas também mencionam em pelo menos três ocasiões, por Lucas, que Jesus é convidado para comer na casa de fariseus (Lc 7.36; 11.37; 14.1). Existe inclusive um episódio em que Jesus foi avisado pelos fariseus que Herodes Antipas pretendia matá-lo (Lc 13.31).
Pode-se constatar inúmeras semelhanças entre os ensinamentos dos fariseus e os de Jesus. Os pensamentos são muito próximos e se faz nítida a convergência de ideias sempre no intuito de seguir a Torá com empenho e zelo. "Os próprios ensinamentos de Jesus se assemelham mais ao farisaísmo primitivo do que a qualquer outra escola de pensamento" (Winter, 1998, p.236).

Afinal, Jesus não veio abolir nem a lei e nem os profetas que os fariseus ensinavam, mas veio dar cumprimento a eles (Mt 5.17). "Sim, é verdade! Digo a vocês: até que os céus e a terra passem, nem mesmo um yud ou traço da Torá passará - não até que todas as coisas que precisam acontecer tenham ocorrido" (Mt 5.18). Está escrito de forma muito clara: "Maldito aquele que não confirmar as palavras desta Lei (Torá), para cumpri-las. E todo o povo dirá: Amém" (Dt 27.26).
Yud/Hebraico: Significado:
Uma mão; 
impulsionar;;
Formato. Um ponto suspenso,
com uma ponta projetando-se
 para cima
e um apêndice seguindo para baixo;
Décima letra do alfabeto hebraico.

Jesus, Mestre na interpretação da Lei

Quando questionado sobre qual o maior mandamento, Jesus responde com o Shemá Israel que é a confissão de fé monoteísta:

שָׁמַע יִשׂרָ•אֵל יְהוָה אֱלֹהִים יְהוָה אֶחָד
 
"Shemá Israel! Adonai Elohenu! Adonai Echad!"

"Ouve Israel! O Senhor nosso Deus! é o Único Senhor!"

Jesus é interpelado: "Mestre, qual é o grande mandamento na lei? Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma, e de todo o teu entendimento" (Mt 22.36-37). Reafirmando com clareza a fé de Israel "Ouve, ó Israel; o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças" (Dt 6.4-5).
A convergência de pensamentos entre o Mestre Jesus e os mestres fariseus fica ainda mais clara se observarmos as diversas passagens citadas pelos evangelhos, que encontram seus paralelos no Talmud e em outros textos da tradição judaica, como por exemplo:
Segundo Jesus: "Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia" (Mt 5.7)
Rabino Gamaliel diz: 'E Ele vos mostrará misericórdia e terá compaixão de ti e te multiplicará' (Dt 13.18), nos ensina que quem tem compaixão das criaturas de Deus receberá compaixão do Céu, e quem não tiver compaixão das criaturas de Deus não receba compaixão do céu. (Talmud, Shabat 151b)
Jesus diz: "Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esse" (Mc 12.31).
Hillel disse: E você amará seu semelhante como você - esse é um grande princípio na Torá. Pois você não deveria dizer: 'Desde que fui desprezado, deixe meu amigo ser desprezado'.
Tankhuma disse: 'Se você fez isso (desprezar o seu amigo), saiba a quem você despreza, (para) à semelhança de Elohim Ele o fez'. (Bereshit Rabbah 24)
A tradição farisaica e a tradição cristã, caminham muito próximas, pois o cristianismo herdou parte da doutrina judaica, especificamente farisaica. Alguns pontos deixam isso claro. Os fariseus acreditam na imortalidade da alma, na ressurreição dos mortos, no livre arbítrio do ser humano, no castigo eterno dos ímpios, pois o destino dos homens está nas mãos de Elohim (soberania do Eterno).
Tanto Jesus como os fariseus ensinam a humildade, o amor ao próximo, o *amor aos inimigos [*ato difícil, mas não impossível], às boas obras e a caridade. Ambos se dedicando mais aos pobres e necessitados, oprimidos pelo poderio romano. Jesus também demonstra o que é próprio da piedade farisaica, isto é, a confiança na misericórdia divina e a certeza de que o arrependimento conduz ao perdão.
O fato é que Jesus é um Judeu zeloso pela Torá, e de forma ortodoxa defende a prática de seus ensinamentos, o que não diverge dos fariseus.
§Toda a atividade dos fariseus consistia em proteger e propagar a Torá e não hesitavam em denunciar publicamente aqueles que a transgrediam. Esforçavam-se, também, para suscitar em toda parte locais de estudo e oração, a fim de santificar o povo através da observância escrita da Lei. E procuravam dar o exemplo. Para os fariseus, só mesmo o valor moral dos fiéis da Torá é que poderia salvar Israel. Sob este aspecto, os fariseus jamais se opuseram a Jesus, pois nele reconheciam um verdadeiro fiel.§ (EPHRAIM, 1998, p.137)
A Oração Pai Nosso
(em hebraico Avinu), a mais importante oração cristã, é claramente uma composição a partir de orações da liturgia judaica e de textos da tradição judaica. Isso não poderia ser diferente, uma vez que Jesus é um Judeu piedoso e profundo conhecedor da Torá escrita e oral. Veja abaixo como a oração do Pai Nosso é uma composição, feita por Jesus, a partir das muitas orações da liturgia judaica. Por essa razão pode-se dizer que essa oração é comum a cristãos e judeus.
Observe:
"Pai Nosso que está nos céus".
Pai nosso que estás nos céus. (Mishina Yoma, invocação comum)
"Santificado seja teu nome".
Que teu nome seja altamente santificado no mundo que tu criaste segundo tua vontade. (Qaddish, Qedushah e Shemone Esré (18 bênçãos) na oração cotidiana, cf. também Ez 38.23)
"Venha teu reino".
Que venha em breve e que seja reconhecido pelo mundo inteiro o teu reino e tua senhoria a fim de que teu nome seja louvado para sempre. (Qaddish)
"Que seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu".
Que seja feita a tua vontade no céu como na terra, dá a tranquilidade do espírito àqueles que te temem, e no resto, aja segundo tua vontade. (Tosephta Berakhot 3.7; Bali Berakhot 29b; cf. também 1Sam 3.18 e 1Mac 3.60)
"O pão nosso cotidiano, dá-nos hoje".
Faça-nos o pão que tu nos concedes cada dia. (Mekhilta sobre Êx 16.4; Beza 16a)
"E perdoa nossas dívidas assim como nós perdoamos nossos devedores".
Perdoa, nosso Pai, nossos pecados como nós perdoamos todos aqueles que nos fizeram sofrer. (Shemone Esre; no fim da Mishah Yoma; Tosephta Taanit 1.8; Babli Taanit 16a)
"E não nos deixes cair em tentação".
Não nos deixes cair em tentação. (Siddur: oração cotidiana; Berakhot 16b.17a.60b; Sanhedrin 107a)
"Mas livra-nos do mal".
Mas afasta-nos de todo mal. [Porque teu é o reino, o poder e a glória pelos séculos dos séculos.] Porque a grandeza e a glória, a vitória e a majestade são tuas assim como todas as coisas no céu e sobre a terra. A ti o reino e tu é o Senhor de todo ser vivente por todos os séculos. (1Cr 29.11)

OS ENSINAMENTOS DE JESUS E ENOQUE(*)

O Segundo Livro de Enoque não foi realmente escrito pelo Enoque que conhecemos do Gênesis, mas oferece uma janela única para o mundo antigo na época de Jesus. 2 Enoque nunca foi incluído entre os cânones bíblicos do judaísmo ou do cristianismo, mas suas palavras ressoam com os ensinamentos da Bíblia. O texto se originou em algum momento durante os primeiros três séculos EC e tem paralelos interessantes com o Novo Testamento. Por exemplo, compare o ensino de Jesus sobre juramentos e seu “sim” significando “sim” (Mateus 5:33-37) com as ideias de Enoque abaixo. Compare também o que Enoque diz com o comentário de Jesus de que “os mansos herdam a terra” (Mateus 5:5) ou sobre suportar perseguições imerecidas por amor de Deus (Mateus 5:11-12). A ética expressa no Sermão da Montanha é notavelmente semelhante à ética judaica expressa em 2 Enoque. 
Leia e compare você mesmo…

Capítulo 49: 1. Eu juro a vocês, meus filhos, mas não juro por nenhum juramento, nem pelo céu nem pela terra, nem por qualquer outra criatura que Deus criou. 2. O Senhor disse: Não há juramento em mim, nem injustiça, mas apenas verdade. 3. Se não há verdade nos homens, que eles jurem pelas palavras: Sim, sim, ou então, Não, não. 4. E eu juro a você, sim, sim, que não houve uma pessoa no ventre de sua mãe, como antes, mesmo para cada um há um lugar preparado para a tranquilidade dessa alma, e uma medida é fixada quanto se pretende ter para que um homem possa ser testado neste mundo. 5. Sim, filhos, não se enganem, pois já foi previamente preparado um lugar para a alma de cada pessoa.

Capítulo 50: 1. Eu coloquei a obra de cada homem por escrito e ninguém nascido na terra pode permanecer oculto nem suas obras permanecer ocultas. 2. Eu vejo todas as coisas. 3. Agora, meus filhos, passem o número de seus dias com paciência e mansidão, para que herdem a vida eterna. 4. Suportar por causa do Senhor toda ferida, toda injúria, toda palavra maligna e ataque. 5. Se coisas terríveis acontecerem com você, não procure fazer essas coisas nem ao próximo nem ao seu inimigo, porque o Senhor será o seu vingador no dia do grande julgamento, para que não haja vingança aqui entre os homens. 6. Quem gasta ouro ou prata por causa de seu irmão, ele receberá um grande tesouro no mundo vindouro por seu esforço. 7. Não pergunte coisas a viúvas, órfãos ou estranhos, ou a ira de Deus pode cair sobre você.

Capítulo 51: 1. Estenda suas mãos para os pobres de acordo com suas forças. 2. Não esconda sua prata na terra. 3. Ajude os fiéis na aflição, e a aflição não o encontrará no tempo de sua angústia. 4. E todo jugo doloroso e cruel que vem sobre você suporta tudo por causa do Senhor, e assim você encontrará sua recompensa no dia do julgamento. 5. É bom entrar de manhã, ao meio-dia e à tarde na morada do Senhor, para glória do teu criador. 6. Porque toda coisa que respira o glorifica, e toda criatura visível (física) e invisível (espiritual) lhe devolve o louvor. (2 Enoque 49-51)(*Esse texto é parte de um artigo publicado em Israel Bible Center)
logo,
Jesus é verdadeiramente para os cristãos, o Rabi. É o Mestre e não qualquer mestre, é o Mestre dos mestres profundo conhecedor da Torá, assim como os mestres fariseus, ele é em quase tudo semelhante aos sábios do movimento farisaico. Todavia, para os cristãos, supera os sábios de seu tempo. Porque para seus seguidores Ele, Jesus, é o Deus encarnado. Chamado Rabi por seus discípulos, seu comportamento demonstra isso, Ele anda no meio do povo e prega de preferência aos mais humildes, ensinando-lhes a Torá assim como faz qualquer outro Rabi ou Mestre fariseu, ser acompanhado por discípulos que seguem seus ensinamentos e os replicam é outra das características que denotam essas semelhanças.
A propósito, segundo o Talmud, os mestres fariseus formavam uma classe composta pelos mais diversos personagens da sociedade, bem como de diversas profissões. Existiam sapateiros, pescadores, carpinteiros, etc. Interessante lembrar que Jesus era filho de carpinteiro e também carpinteiro (Mc 6.3). E seus ensinamentos são profundamente judaicos! (Parte desse texto foi extraído do livro "Jesus, o Mestre entre os Sábios" de Marivan Soares Ramos)

A Carta de Aristeas sobre os Serviços Magníficos do Templo de Jerusalém

Serviços do Templo segundo Aristeas
A Carta de Aristeas é uma obra literária judaica helenística do século II aC. Escrito na forma de uma carta enviada da corte do rei Ptolomeu no Egito, é mais conhecido como a lenda da tradução da Septuaginta (LXX). Primeiro, os Cinco Livros de Moisés (e eventualmente outros livros da Bíblia) foram traduzidos para a língua grega por um processo que começou em algum momento no terceiro ou segundo século AEC. Além da elaborada narrativa de como esse projeto de tradução ocorreu, a Carta a Aristeas lança muitos vislumbres da vida antiga.
Flávio Josefo, que faz uma paráfrase de dois quintos da carta em suas Antiguidades Judaicas, atribui sua autoria a um certo Aristeias, membro da corte de Ptolomeu II Filadelfo, e dirigida a um tal Filócrates. A obra descreve o processo de tradução para o grego antigo da Torá judaica por setenta e dois sábios enviados ao Egito por Jerusalém a pedido do bibliotecário de Alexandria. O trabalho resultaria na tradução conhecida como Septuaginta. Embora o relato tenha sido considerado fictício, e portanto seu autor recebe o nome de pseudo-Aristeias, este é o primeiro texto que menciona a Biblioteca de Alexandria.
Conservam-se hoje vinte cópias manuscritas antigas dessa carta, além das citações em Flávio Josefo, Eusébio de Cesareia e Filo de Alexandria.

A obra conta como o rei do Egito, supostamente Ptolomeu II, teria recebido de seu bibliotecário Demétrio de Faleros um pedido para traduzir a Bíblia hebraica, o Pentateuco, e seus comentários (a Torá) para o grego, aumentando a coleção de obras da Biblioteca de Alexandria com os conhecimentos do povo hebreu. O rei dá apoio à iniciativa de Demétrio, liberta os judeus escravizados por seus antecessores e envia presentes para o Templo de Jerusalém. O sumo sacerdote elege seis sábios de cada uma das doze tribos, em um total de setenta e dois tradutores. Eles viajam para Alexandria, onde o rei os recebe e, durante setenta dias, formula a eles perguntas de caráter filosófico, cujas respostas são dadas de forma extensa. Os 72 tradutores terminam sua tarefa em exatamente 72 dias. Quando os judeus de Alexandria descobrem que a lei hebraica havia sido traduzida para o grego, pedem cópias e rogam uma maldição a todo aquele que deturpar a tradução do texto. O rei dá presentes aos tradutores e os envia de volta à sua terra.
Um dos objetivos principais do autor parece ser o de estabelecer a superioridade do texto grego da Septuaginta sobre qualquer outra versão da Bíblia hebraica. O autor é notoriamente pró-grego: retrata Zeus como outro nome de Yahveh e, embora critique a idolatria e a ética sexual grega, não se trata de um ataque direto, mas sim de um pedido de mudança. A forma com que o autor se concentra em descrever o judaísmo, e em particular o Templo de Jerusalém, pode ser vista como uma tentativa de proselitismo.
Abaixo estão algumas passagens que descrevem o trabalho do Templo. A história é deliberadamente moldada para dar a impressão de um relato de testemunha ocular observando as funções do Templo de Jerusalém no século II aC.

O ministério dos sacerdotes era absolutamente insuperável em seu vigor e no arranjo de seu silêncio bem ordenado: todos trabalham duro por conta própria, com muito esforço, e cada um cuida de sua tarefa designada. Seu serviço é incessante, compartilhando os sacrifícios, alguns carregando lenha, outros óleo, outros farinha de trigo, outros especiarias doces, outros oferecendo holocaustos das partes da carne - todos eles exercendo sua força de maneiras diferentes. 93 Eles dividem as pernas dos novilhos com as duas mãos, embora tenham mais de dois talentos de peso em quase todos os casos, e então, com um movimento para cima, arrancam com cada mão de maneira surpreendente uma porção suficientemente grande com precisão infalível. As ovelhas e as cabras são tratadas de maneira semelhante de maneira notável, apesar do peso e da gordura.
94 Eles têm um banheiro reservado, onde se sentam os que estão descansando. Quando isso acontece, alguns dos que estão descansados ​​se levantam com entusiasmo, mas ninguém ordena os arranjos de seu ministério. 95 Reina um silêncio geral, de modo que se pode pensar que não havia um único homem no local, embora o número de ministros presentes seja mais de setecentos, além de um grande número de auxiliares trazendo os animais para o sacrifício: Tudo é realizado com reverência e de maneira condizente com a divindade suprema.
96 Foi uma ocasião de grande espanto para nós quando vimos Eleazar engajado em seu ministério, e todas as vestes gloriosas, incluindo o uso da “roupagem” com pedras preciosas sobre a qual ele está vestido; sinos dourados cercam a bainha (a seus pés) e fazem um som muito especial. Ao lado de cada um deles estão “borlas” adornadas com “flores” e de cores maravilhosas. 97 Ele estava vestido com um “cinto” extraordinariamente magnífico, tecido nas mais belas cores. Em seu peito ele usa o que é chamado de “oráculo”, ao qual estão presas “doze pedras” de diferentes tipos, engastadas em ouro, dando os nomes dos patriarcas na ordem original, cada pedra exibindo sua própria cor natural distinta. - bastante indescritível. 98 Sobre sua cabeça ele tem o que é chamado de “tiara”, e sobre esta a inimitável “mitra, ” o diadema sagrado tendo em relevo na frente no meio em letras sagradas em uma folha de ouro o nome de Deus, inefável em glória. O usuário é considerado digno de tais vestimentas nos serviços. 99 A aparência deles deixa alguém pasmo e pasmo: Um homem pensaria que saiu deste mundo para outro. Afirmo enfaticamente que todo homem que se aproxima do espetáculo que descrevi experimentará espanto e espanto além das palavras, seu próprio ser transformado pelo arranjo sagrado de cada detalhe.
100 Para a inspeção de toda a cena, escalamos a cidadela vizinha e a vimos de lá. Situa-se num terreno elevado, fortificado com várias torres, que por sua vez são construídas em pedras de grande dimensão até ao cimo, segundo as nossas informações, para proteção da área envolvente ao Templo (Carta de Aristeas 92- 100; trad., Charlesworth)

(Texto do conteúdo da carta com as passagens de 92 à 100 originalmente publicado em Israel Bible Center na categoria "Textos Extra-Bíblicos"/Montado com outras curiosidades e editado aqui por Costumes Bíblicos)

Satanás citou os Salmos e porque ele fez isso!

Por que Satan citou os Salmos?
Em Mateus 4:1-11 (// Lc 4:1-13), o diabo tenta Jesus no deserto. O Messias responde às tentações do diabo com três referências ao Deuteronômio (cf. Dt 6:13, 16; 8:3; Mt 4:4, 7, 10), mas Satanás escolhe citar do Salmo 91: “Ele dará ordens aos seus anjos a teu respeito e em suas mãos te sustentarão, para que não tropeces em alguma pedra” (Sl 91:11-12). É irônico que Satanás, o governante dos demônios, se refira a esse texto em particular, uma vez que o Salmo 91 era quase universalmente entendido no antigo mundo judaico como uma oração contra as forças demoníacas.

No hebraico original, o Salmo 91 lembra o leitor a não temer inimigos violentos ou desastres agrícolas: “Não temerás o terror da noite, nem a flecha que voa de dia, nem a peste ( דֶבֶר ; dever ) que espreita na escuridão , ou da destruição ( יָשׁוּד ; yashud ) que assola ao meio-dia” (Sl 91:5-6). Centenas de anos depois que este salmo hebraico foi escrito pela primeira vez - mas também centenas de anos antes de Jesus - os judeus que traduziram esses versículos para o grego viram uma referência ao demoníaco: "Você não terá medo do terror noturno nem da flecha que voa de dia, nem da coisa (πράγματος; pragmatos) que anda na escuridão… e o demônio (δαιμονίον; daimonion ) ao meio-dia.” (Sl 90:5-6 LXX). Para que não pensemos que o tradutor da Septuaginta estava brincando com o hebraico aqui, o grego realmente reflete uma maneira válida de ler o idioma original : dependendo de quais pontos vocálicos são anexados às letras hebraicas (esses pontos vocálicos, ou “ nikkud ,” não foram incluídas no antigo texto hebraico que os tradutores gregos usaram), as palavras podiam ser lidas como “pestilência” ( דֶבֶר ; dever ) e “destruição” ( שׁוּד ; shud ) ou “coisa” ( דָבָר ; davar) e “demônio” ( שֵׁד ; shed ) – o tradutor grego decidiu sobre os últimos significados, “coisa” e “demônio”.
Então, centenas de anos depois da Septuaginta, os tradutores aramaicos da Bíblia hebraica (por volta do século 4 EC/DC) seguiram os judeus de língua grega e encontraram referências a demônios em todo o Salmo 91: “Você não terá medo do terror do demônio ( מזיק ; maziq ) que anda à noite… nem da companhia de demônios ( שׁידין ; shedin ) que destroem ao meio-dia…. Nenhum mal acontecerá a você, e nenhuma praga ou demônios ( מזיקיא ; maziqaya ) chegará perto de sua tenda, pois ele dará ordens a seus anjos a seu respeito. (Salmos Targum 91:5-6, 10-11). Assim, a decisão do diabo de citar o Salmo 91 durante a tentação de Jesus é a pior escolha possível, pois os judeus do primeiro século sabiam que o Salmo 91 era uma oração que protegia contra demônios; de todas as possibilidades bíblicas, Satanás escolhe uma passagem que deveria afastá-lo! Esta comédia de erros satânicos teria arrancado gargalhadas dos leitores originais de Mateus, e mostra que, de acordo com o evangelista, o diabo é meio burro!

A Oração de Noé contra os demônios (Curiosidades do Hebraico Bíblico-Textos Extra-Bíblicos)

Este trecho é do Livro dos Jubileus, uma obra judaica do século II aC. Embora este livro nunca tenha sido considerado canônico, alguns o chamaram de “Pequeno Gênesis” porque reconta muitas das histórias do Gênesis, incluindo comentários interpretativos e detalhes adicionais. O valor dos Jubileus é a percepção das antigas tradições que o livro preserva, dando-nos uma janela para certas crenças judaicas antes que o Novo Testamento fosse escrito. A passagem a seguir, que descreve Noé intercedendo por seus filhos, é notável porque contém vários termos relacionados ao reino espiritual invisível. Nesse único texto, o autor menciona os demônios, os espíritos malignos, os vigilantes, o chefe dos espíritos chamado Mastema e Satanás. Como eles estão todos relacionados às vezes não está claro.
1 Na terceira semana daquele jubileu, os demônios poluídos começaram a desviar os filhos dos filhos de Noé e a levá-los à loucura e a destruí-los . 
2 E os filhos de Noé vieram a Noé, seu pai, e contaram a ele sobre os demônios que estavam enganando , cegando e matando seus netos. 
3 E ele orou perante o SENHOR, seu Deus, e disse: “Deus dos espíritos que estão em toda a carne, que agiu misericordiosamente comigo e salvou a mim e a meus filhos das águas do dilúvio e não me deixou perecer como você fez aos filhos da perdição, porque grande foi a tua graça sobre mim, e grande foi a tua misericórdia sobre a minha alma. 
4 Que a tua graça seja elevada sobre meus filhos, e não deixe que os espíritos malignos governem sobre eles, para que não os destruam da terra. Mas abençoe a mim e a meus filhos. E vamos crescer e aumentar e encher a terra. 
5 E você sabe o que seus Vigilantes ( עִירִין ; irin / grego: ἐγρήγοροι; egregoroi ), os pais desses espíritos, fizeram em meus dias e também desses espíritos que estão vivos. Cale-os e leve-os ao lugar de julgamento. E não deixe que eles causem corrupção entre os filhos de seu servo, ó meu Deus, porque eles são cruéis e foram criados para destruir. 
6 E que eles não governem os espíritos dos vivos porque só você conhece o julgamento deles, e não deixe que eles tenham poder sobre os filhos dos justos de agora em diante e para sempre. ”
7 E o Senhor nosso Deus nos falou para que prendêssemos todos eles. 
8 E o chefe dos espíritos, Mastema ( מַשְׂטֵמָה , mastemah , hebraico para “hostilidade” ou “perseguição”), veio e disse: “Ó Senhor, Criador, deixe alguns deles diante de mim e deixe-os obedecer à minha voz . E que façam tudo o que eu lhes disser, porque se alguns deles não forem deixados para mim, não poderei exercer a autoridade da minha vontade entre os filhos dos homens porque eles são (destinados) a corromper e desviar antes meu julgamento porque o mal dos filhos dos homens é grande”. 
9 E ele disse: “Deixe um décimo deles ficar diante dele, mas nove partes desçam para o lugar de julgamento.”
10 E ele disse a um de nós para ensinar a Noé todas as suas curas porque ele sabia que eles não andariam retamente e não se esforçariam retamente. 
11 E agimos de acordo com todas as suas palavras. Todos os malignos, que eram cruéis, nós prendemos no lugar de julgamento, mas um décimo deles nós deixamos permanecer para que eles pudessem estar sujeitos a Satanás ( שָּׂטָן , satan : hebraico para “acusador” ou “adversário” / grego : διάβολος; diabolos ) sobre a terra. 
12 E a cura de todas as suas doenças junto com suas seduções nós dissemos a Noé para que ele pudesse curar por meio de ervas da terra. 
13 E Noé escreveu tudo em um livro assim como nós o ensinamos de acordo com todo tipo de cura. E os espíritos malignos foram impedidos de seguir os filhos de Noé. 
14 E ele deu tudo o que escreveu a Shem, seu filho mais velho, porque ele o amava muito mais do que todos os seus filhos. (Jubileus 10:1-14, c. 2º século aC, tradução de Charlesworth)

Rumine isso aqui:

Será que esses espíritos malignos estão trabalhando ativamente nas mentes sombrias da pessoa não regenerada?
Para o nascido de novo, uma pessoa renovada, um seguidor de Cristo, tudo se resume à guerra espiritual descrita em Efésios 6. (Parece que as coisas não mudaram muito durante e depois da época de Noé)
Mas, quem anda com Deus está nas mãos dele. O Pai sempre protege seus filhos. E cada um de nós, no final, deve olhar para Hashem e clamar a ele por proteção quando nos sentirmos em perigo.
Há muito a dizer, mas ore plenamente porque estamos cercados por um espírito invisível 2 Coríntios 4:18 e Efésios 6: 2
Às vezes, nos perguntamos como devemos orar em relação a nós mesmos quando estamos enfrentando coisas e elas, é claro, parecem ser de demônios. Cristo derrotou o inimigo, mas o que devemos orar? Como, pode ser uma pergunta melhor?
Devemos então pedir proteção e misericórdia a Deus, pedir que nos impeça de errar é sempre uma boa ideia!

Os Salmos estão entre os textos mais amados e duradouros de toda a Bíblia. 

Para informações mais antigas sobre os Salmos como estes e outros textos das Escrituras, clique aqui para se inscrever em nossos empolgantes cursos do hebraico bíblico!

(Todo o artigo foi montado aqui, com partículas de artigos dos estudos do Hebraico Bíblico publicados originalmente em Israel Bible Weekly, por Costumes Bíblicos)

Postagem em destaque

Fineias: o zelote da Bíblia

Phinehas (também soletrado Pinchas ou Phineas no hebraico ) A história de Fineias, o zelote Linhagem de Phinehas Finéias era filho de Elaz...