COSTUMES BÍBLICOS: A TAREFA DA TRADUÇÃO


A TAREFA DA TRADUÇÃO

A TAREFA DA TRADUÇÃO
A maioria das pessoas não lê a Bíblia em si, mas versões da Bíblia na sua própria língua, [o que infelizmente nos deixa muito longe da escrita do hebraico. Língua original das Escrituras Sagradas. E, com isso, perdemos detalhes riquíssimos da História do Deus Eterno, da Criação e do povo judeu.], pois os livros da Bíblia foram escritos em três línguas antigas: hebraico, aramaico e grego.
[FOTOPergaminho da Torá -Manuscrito, do século 12, Mais antigo foi encontrado na biblioteca da Universidade de Bolonha]
A maior parte do Antigo Testamento foi escrita em hebraico, a língua dos israelitas. Algumas partes do Antigo Testamento estão em aramaico, a língua que era usada em Israel na época de Jesus e que está relacionada com o hebraico.
O Novo Testamento foi escrito em grego "comum" - a língua falada por muitas pessoas em todo o Império Romano na época de Jesus.

Os autores dos livros bíblicos escreviam para comunicar e, por isso, usavam a linguagem de seu público-alvo. Não demorou muito, no entanto, para que a mensagem começasse a ser levada a pessoas que não conheciam as línguas bíblicas. Isto tornou necessário o trabalho de tradução das Escrituras - uma tarefa que foi iniciada ainda antes do tempo de Jesus.

O ANTIGO TESTAMENTO EM GREGO

O povo judeu do século 3 a.C. produziu uma versão do Antigo Testamento em grego conhecida como Septuaginta. A septuaginta era usada para leitura em voz alta nas sinagogas localizadas em cidades do Império Romano onde se falava grego, cidades como Corinto, Antioquia e Roma. Os judeus que moravam nessas cidades muitas vezes não entendiam o Antigo Testamento em hebraico e então precisavam da Bíblia na língua que eles podiam compreender.
Algo semelhante acontecia em Israel por volta do mesmo período, pois a maioria das pessoas falava aramaico ao invés de hebraico e assim não entendiam muito do Antigo Testamento lido em hebraico. O "Targum" era uma versão aramaica do Antigo Testamento usada antes de e durante a época de Jesus - uma versão bastante expandida e parafraseada do original hebraico.

AS PRIMEIRAS TRADUÇÕES DO NOVO TESTAMENTO

Essas versões do Antigo Testamento foram feitas principalmente para ajudar aqueles que já eram judeus a entender sua fé. Nos primeiros 300 anos após a morte de Jesus, os cristãos produziram versões do Novo Testamento numa variedades de línguas - para que pessoas que não sabiam grego pudessem ler sobre Jesus e crer nele.
Eles começaram com o latim, a língua dos romanos (por volta de 150-220 d.C.), o siríaco, falado na Síria antiga (por volta de 160 d.C.) e o copta, uma língua do Egito (por volta do terceiro século d.C.), e depois passaram a traduzir para as línguas do Oriente Médio, do Norte da África e da Europa.
Estas primeiras traduções foram motivadas por dois fatores: eles acreditavam que os livros do Novo Testamento eram inspirados por Deus, e assimilaram o chamado de Jesus de "fazer discípulos de todas as nações" (Mt 28.19). Estas duas convicções os motivaram a tornar os livros do Novo Testamento acessíveis ao maior número possível de pessoas na língua que essas pessoas falavam - para que a vida delas também pudesse ser transformadas pela mensagem de Jesus.
Neste ponto o cristianismo contrasta de forma interessante com o islamismo, pois os muçulmanos falam sobre a produção de comentários do Corão e interpretações do mesmo (veja sobre o CORÃO E A BÍBLIA), mas não de traduções, pois entendem que o original (em árabe) é estritamente intraduzível.
Uma das primeiras
línguas que recebeu
uma tradução
do NT foi o copta (no Egito),
no século 3 d.C.
Esta é uma página
do Evangelho de João.
Pelo fato do cristianismo ser uma fé missionária, dedicada a ajudar os outros a encontrarem Deus por intermédio de Jesus Cristo, o Novo Testamento foi escrito originalmente na língua comum daquele tempo e depois traduzido para as línguas de muitos povos.

O AUMENTO DO NÚMERO DE TRADUÇÕES

No século 16, na Europa, houve um grande renascimento das traduções da Bíblia, à medida que os cristãos se deram conta outra vez da importância de levar a mensagem de Jesus aos outros, especialmente àqueles que não conheciam latim, a língua das pessoas cultas. O estudioso holandês Erasmo escreveu:
"Cristo quer que seus mistérios sejam amplamente divulgados... Eu gostaria que fossem traduzidos para todas as línguas de todo o povo cristão, para que pudessem ser lidos e conhecidos , não apenas pelos escoceses e irlandeses, mas também pelos turcos e sarracenos. Gostaria que o lavrador pudesse cantar parte deles enquanto vai arando o solo, que o tecelão possa recitar esses textos enquanto tece, que o viajante possa, com suas narrativas, espantar o cansaço da jornada."
Durante um tempo, esta convicção foi combatida por setores tradicionalistas da igreja daquela época, pois havia o temos de que as pessoas formulariam sua próprias interpretações da Bíblia, caso pudessem ler o texto em sua própria língua. Isto significaria que a igreja perderia o controle daquilo em que as pessoas criam.
Mas aqueles que queriam colocar a Bíblia na linguagem das pessoas simples não achavam que isto levaria à anarquia. Queriam apenas que o poder que a Bíblia tem de transformar vidas estivesse acessível a todos, não apenas aos eruditos.
A invenção da imprensa um pouco antes desse tempo propiciou um meio barato de tornar essas novas traduções disponíveis a muitas pessoas.
Atualmente, as Sociedades Bíblicas Unidas e a Associação Wycliffe de Tradutores Bíblicos continuam o trabalho de produzir versões da Bíblia em línguas diferentes. [Só desejaríamos, que não se distanciassem tanto do original hebraico!]
Das 6.071 línguas conhecidas mundialmente apenas 5% têm a Bíblia completa, outros 13% têm o Novo ou o Antigo Testamento e ainda outros 14% têm pelo menos um livro da Bíblia traduzido. Juntos, estes números significam que mais de 95% da população mundial têm pelo menos uma parte da Bíblia numa língua conhecida. [Estimativa feita no período em que este artigo foi feito - ano de 1999 texto redigido originalmente e impresso pela Sociedade Bíblica do Brasil no Manual Bíblico SBB - edição inglesa 1999 Lion Hudson - editado online por Costumes Bíblicos] Mas ainda existe muito por fazer!

COMO SE FAZ UMA TRADUÇÃO

Versões modernas da Bíblia geralmente são resultado do trabalho de um grupo ou de uma equipe de tradução e passam por quatro estágios antes de serem publicadas.

  • Um rascunho de cada livro é produzido, sendo que cada tradutor trabalha com determinado número de livros. Esse rascunho de tradução é levado a uma discussão com o grupo de tradutores. [Suspeitamos que é aí que detalhes ricos do original hebraico se perde e, ou, são excluídos] Algumas línguas não têm forma escrita, ou seja, existe apenas na forma oral. Assim, antes de se poder fazer uma tradução, são necessários muitos anos de trabalho árduo para reduzir a língua à escrita. Este trabalho é feito em conjunto com falantes nativos. Este passo envolve uma decisão sobre quais textos gregos, hebraicos e aramaicos serão usados. [Viu!] Não temos os manuscritos originais dos livros bíblicos escritos pelos primeiros autores; temos uma grande quantidade de cópias antigas dos textos bíblicos (mais de 5.000 apenas do Novo Testamento), (veja também O TRABALHO DOS EDITORES) mas as cópias nem sempre concordam entre si. Nenhum item essencial da fé cristã depende de uma diferença entre essas cópias antigas, mas a tradução de uma passagem específica pode depender de qual cópia antiga está mais próxima do original. A ciência da crítica textual (veja O TEXTO E A MENSAGEM) é usada para decidir qual cópia está mais próxima do original. Essa ciência leva em conta a idade das diferentes cópias e a disseminação de determinada formulação ou palavra no conjunto das cópias.
  • Um grupo de especialistas (consultores) dá orientações a respeito de certos assuntos, incluindo crítica textual, questões relacionadas com as línguas originais, assuntos ligados à arqueologia, ou simplesmente o estilo e a maneira de expressar o sentido do texto na língua alvo.
  • Pessoas que representam a igreja e outras entidades farão uma revisão do rascunho da tradução, às vezes usando o texto em grupos de estudo bíblico para testar trechos ou livros inteiros que foram traduzidos.
  • Finalmente, os tradutores originais "arrematam" o rascunho, preparando uma versão final para publicação. Nesse processo, às vezes eles tornam a consultar os especialistas para tirar dúvidas quanto a uma ou outra questão.

VERSÕES DIFERENTES

Grupos diferentes de tradutores produzem versões diferentes - às vezes bem diferentes umas das outras.
Por que são tão diferentes?
Foco na língua original - Em primeiro lugar, a língua focalizada pode ser diferente. Se hora de traduzir a poesia hebraica (tal como aparece nos Salmos), pois permite ao leitor ver como o original foi estruturado.
Foco na língua-alvo - Por outro lado, se os tradutores focalizarem a língua-alvo, o que resulta é uma versão de leitura fácil, mas que não é literalmente exata. No ponto extremo desta abordagem se encontram as paráfrases, que são uma reformulação bastante livre do original na língua-alvo, geralmente com o uso de formulações surpreendentes ou interessantes.
Na prática a maioria das versões fica entre os extremos do muito literal e da paráfrase. [Matou o original! Em nosso ponto de vista]
Foco no público alvo - Um segundo fator que ajuda a explicar a variedade de versões é o público-alvo.
Por exemplo, se uma versão é produzida tendo em mente as crianças, sua linguagem será mais simples e as frases mais curtas, em comparação com uma versão feita para adultos.
Se a versão é feita para pessoas para as quais a língua-alvo não é a materna, os tradutores evitarão palavras mais raras ou frases peculiares. [!!]
Uma versão para uso de pessoas eruditas e estudantes pode ser mais técnicas.
No caso de algumas versões modernas em certas línguas, é importante usar linguagem "inclusiva". Em português, por exemplo, isso significaria usar a palavra "pessoas" ao invés de "homens" quando o original claramente inclui também as mulheres nessa referência. Outras línguas não têm este problema, já que nelas existe um termo para "homens e mulheres" usado para grupos mistos. Tudo isto significa que é útil ter e usar mais de uma versão da Bíblia. [Mas que essas versões, não estejam tão longe do original hebraico!] Versões diferentes darão nuances diferentes do original, e, para quem não lê hebraico, aramaico e grego, isto ajudará sua compreensão da mensagem da Bíblia.
E haverá situações em que determinada versão será mais útil ou mais adequada do que as outras, como, por exemplo, quando se fizer uma leitura em voz alta na igreja, quando se estiver fazendo um estudo em particular, quando se estiver dirigindo uma discussão em grupo, ou quando se estiver ensinando a fé cristã às crianças.

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Filipenses 1:9-11

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