COSTUMES BÍBLICOS: O culto ao Imperador e o Apocalipse


O culto ao Imperador e o Apocalipse

O CULTO AO IMPERADOR
A idéia de dar ao Imperador romano o tratamento dispensado a uma divindade surgiu entre a população do Oriente, agradecida a Roma por ter reunido "todos os povos do Império" (Lc 2.1) sob um único governo e sistema econômico. Durante a "Paz Romana", a partir de 31 a.C., cessaram, em grande parte, as guerras civis, os piratas foram banidos do mar, e o comércio pôde florescer.
Em 29 a.C., as elites da Ásia Menor, em sinal de gratidão, pediram permissão a Otaviano (o novo líder mundial, que viria a ser conhecido como César Augusto) para que pudessem cultuá-lo como se fora uma divindade, na cidade de Pérgamo. Otaviano autorizou esse novo culto em honra tanto a Roma (a deusa Roma) quanto a Augusto (o imperador). João de Patmos, ao escrever o Apocalipse, se refere a Pérgamo como o lugar onde fica o "trono de Satanás" (Ap 2.13).
A partir deste pequeno precedente desenvolveu-se o costume de honrar o Imperador como deus, prática difundida em todo o Império. Após a morte de César Augusto, 14 d.C., o senado de Roma declarou que ele era divino, permitindo a Tibério (14-37 d.C.), filho adotivo e sucessor de Augusto, denominar-se "filho de um deus".
Este e outros títulos, como "salvador do mundo", atributos a imperadores do primeiro século, são os mesmos que os cristãos deram a Jesus. É comum encontrar em moedas do primeiro século a declaração de que o Imperador no poder era DIVUS ("divino"). Calígula (37-41 d.C.)tinha planos de colocar uma estátua sua no templo de Jerusalém, mas morreu antes de concluir o projeto. Domiciano (81-96 d.C.) gostava que seus súditos se dirigissem a ele como Dominus et Deus Noster ("nosso Senhor e Deus).
É possível que, ao escrever o Apocalipse, João de Patmos estivesse preocupado com esse culto ao Imperador. Muitos eruditos entendem que "a besta que emerge do mar" (Ap 13.1-10) é uma referência ao Império romano com suas "sete cabeças" (sucessão de sete imperadores), cada qual trazendo "nomes de blasfêmia" (títulos de deificação).
A seguinte inscrição, datada de 3 a.C. é procedente de uma cidade da Ásia Menor situada ao norte da região onde ficavam as sete igrejas do Apocalipse, reflete o sentimento de gratidão, típico das elites provinciais daquele tempo, que ajudou a desenvolver o culto ao Imperador:
"No terceiro ano a partir do décimo segundo consulado do Imperador César Augusto, filho de um deus... o seguinte juramento foi feito pelos habitantes de Paflagônia e pelos comerciantes romanos que moram entre eles: Juro por Júpiter; Terra, Sol, por todos os deuses e deusas, e pelo próprio Augusto, que serei leal a César Augusto e a seus filhos e descendentes durante toda a minha vida, em palavras, ações, e pensamentos, considerando amigos os que eles consideram amigos... que na defesa dos interesses deles não pouparei corpo, nem alma, nem vida, nem filhos..." 
A segunda besta (Ap 13.11-18) pode representar a vasta corporação de sacerdotes a serviço do culto ao Imperador, muitos dos quais tinham posição de liderança na política e no comércio da parte oriental do Império. Esse grupo de sacerdotes "faz com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta" (Ap 13.12).
A observação de que "ninguém podia comprar ou vender, a não ser que tivesse esse sinal (da besta)" (Ap 13.17) pode ser uma referência ao fato de que a participação nesse culto ao Imperador era quase que obrigatória para quem, no final do primeiro século, queria fazer negócios com associações comerciais e instituições financeiras. Tudo indica que os cristãos, que afirmavam lealdade exclusiva a Jesus, se viam empobrecidos e sem poder político num contexto daqueles (veja Ap 2.9; 3.8).

CESAR AUGUSTO, O Homem que mandava no Mundo quando Jesus nasceu

Se dos três filhos de Herodes entre os quais se dividiu o reino passarmos aos imperadores romanos, sob cuja jurisdição exerceram aquelas funções semi-régias, notaremos que os evangelistas só nomearam dois: Augusto, o primeiro que foi investido de tão elevada dignidade, e seu sucessor, Tibério. De fato, no reinado de ambos transcorreu toda a vida de Jesus.
Na Bíblia, é mencionado uma única vez Augusto (Lc 2.1), por ocasião do nascimento do Salvador em Belém. Ele gozava naquela época de ilimitado poder nos imensos territórios que os romanos haviam subjugado um após outro.
Augusto havia organizado aquele império, composto de povos muito diversos, de maneira tão hábil que lhe infundiu notável unidade e o mantinha sob sua obediência por meio de funcionários enérgicos que o representavam em todas as partes. Tem-se feito com frequência e com justiça esta observação: reinava então a paz depois de prolongadas guerras. Tão certo era que reinava a paz, que o Senado havia decretado, entre os anos 13 e 9 a.C., que fosse construído no Campo de Marte o altar da paz, cujas ruínas foram descobertas recentemente. Augusto poderia, pois, parecer o verdadeiro "príncipe da paz"; mas enquanto o império fundado por Augusto desapareceu há muito tempo, o reino fundado pelo Messias nascido em Belém, o verdadeiro Príncipe da Paz, tem duração eterna.

2 comentários:

  1. Boa Tarde
    Tem a fonte da informação?

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    1. Olá! Usamos de uma variedade de livros, e temos como base as Escrituras Sagradas em cujo texto há inúmeras referências. Não sei a que informação a amiga se refere, mas se for unicamente ao artigo da descrição sobre a elite da época em relação ao culto, Nossa fonte da informação: Manual Bíblico artigo de J.Nelson Kraybill-Presidente do Seminário Bíblico Menonita, Elkhart, Indiana; autor de Imperial Cult and Commerce in John's Apocalypse*Adoração do imperador e Apocalipse[um dos muitos livros que usamos para pesquisas e estudos] Graciosa paz

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Filipenses 1:9-11

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